O GOZO A MAIS DO FEMININO E A FALHA EPISTEMOSSOMÁTICA INTRODUÇÃO

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1 1 O GOZO A MAIS DO FEMININO E A FALHA EPISTEMOSSOMÁTICA Vivian Anijar Fragoso Rei 1 Roseane Freitas Nicolau 2 Jamile Luz Morais 3 Ana Carla Silva Pereira 4 INTRODUÇÃO Este trabalho é fruto de reflexões no grupo de pesquisa O Sintoma do Corpo, o qual suscitou a articulação teórica entre o gozo a mais do feminino e a falha epistemosomática que, da ordem do inapreensível pelas palavras, faz comparecer no corpo o pathos característico do fenômeno psicossomático. A feminilidade, por seu caráter obscuro, foi objeto de estudo de Freud e continuou sendo investigada por inúmeros autores pós-freudianos. Dentre estes, destacamos neste trabalho Jacques Lacan, o qual, através de frases polêmicas como não há representação psíquica para o sexo ou a mulher não existe abordou o universo feminino como não-todo banhado pelo campo simbólico (ZALCBERG, 2007). Levando em consideração a posição feminina da qual trata a psicanálise, este estudo pretende abordar como a feminilidade se apresenta no contexto da psicossomática ou, mais especificamente, no que Lacan (1966), na conferência Psicanálise e Medicina, denominou de falha epistemo-somática, uma vez que a falta de cobertura simbólica comparece em ambas. A falha epistemo-somática, segundo Lacan, caracteriza-se por uma falha no saber, na própria cadeia de significantes, que se encontra paralisada e, portanto, não representa o sujeito 5. No Seminário II, Lacan ( /1985) pontua que os fenômenos 1 Psicóloga, membro do Grupo de Pesquisa O Sintoma do Corpo desenvolvido na Clínica de Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Pesquisadora do Laboratório de Psicanálise e Psicopatologia Fundamental da UFPA. 2 Psicóloga, Psicanalista e Professora do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Social da Universidade Federal do Pará. 3 Psicóloga, mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Social da UFPA. 4 Psicóloga, membro do Grupo de Pesquisa O Sintoma do Corpo desenvolvido na Clínica de Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Social (UFPA). 5 Para Lacan, o sujeito é representado pela cadeia de significantes na qual um significante representa o para outro significante. O Sujeito aparece entre os significantes, na falha do discurso (CHEMAMA; VANDERMERSCH; 2007).

2 2 psicossomáticos se apresentam no registro do real, devido à falha na cadeia de significantes. O que falha no simbólico, comparece no real do corpo. Sendo assim, o presente estudo aborda um tema de especial relevância para a teoria e clínica psicanalítica, visto que objetiva articular, através da pesquisa bibliográfica, questões acerca do feminino com a falha epistemo-somática. Com este propósito, levantamos o seguinte questionamento: será que a particularidade do gozo feminino favorece ou possibilita o aparecimento dos fenômenos psicossomáticos, na medida em que tanto a feminilidade como tais manifestações somáticas apresentam, conforme pontua Lacan, uma particularidade no que se refere ao gozo? Para responder a esta questão, apresentamos em primeiro lugar as formulações de Freud e Lacan a respeito do enigma da feminilidade. Destacamos na obra freudiana considerações acerca do complexo de Édipo feminino, pois é através deste que há a inserção do sujeito no campo simbólico. Na perspectiva lacaniana, abordamos o gozo a mais que circunda o processo de tornar-se mulher, sendo este marcado pela falha no campo simbólico. Por ser um tema de bastante complexidade, o continente negro da feminilidade é algo que nunca se esgota na teoria e clínica psicanalítica, principalmente quando levado em consideração que não há universalidade no feminino, ou seja, as mulheres só existem no uma a uma (ZALCBERG, 2007). A segunda parte deste trabalho se destina à abordagem dos fenômenos psicossomáticos, os quais, caracterizados como uma falha do saber que se expressa no corpo, são constantemente encaminhados para a clínica psicanalítica como doentes sem causa. Ressalta-se, com isso, a importância desta reflexão teórica para orientar a escuta do psicanalista, pois, retomando aos fundamentos da psicanálise, a clínica pode ser constantemente revista e atualizada frente às demandas que emergem rotineiramente. 1. SOBRE A FEMINILIDADE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO FEMININO NA PSICANÁLISE. Desde o início, a psicanálise esteve mergulhada em questões que cercavam o universo feminino. Além de correlacionar a feminilidade com a histeria, Freud desenvolveu, ao longo de sua obra, toda uma teorização metapsicológica acerca de tal questão.

3 3 Freud, no texto A organização genital infantil (1923), inaugura uma nova perspectiva frente à questão da sexualidade, ao propor as diferenças sexuais para além do biológico. Assim, o sexo é percebido enquanto um processo de subjetivação, em que o fundador da psicanálise revela a indeterminação e insuficiência da questão anatômica para delimitar a diferenciação entre os sexos no inconsciente. Confirmando tal posicionamento, na conferência XXXIII, denominada Feminilidade (1933 [1932]), Freud ressalta que a distinção entre os sexos se dá em uma ordem para além da anatomia, onde a diferenciação entre masculino e feminino é estabelecida, sobretudo, através de posicionamentos psíquicos. Constata-se, portanto, a existência de posições subjetivas distintas, em que masculino e feminino se associam a uma lógica sexual diferente e oposta, resultante do percurso infantil frente à identificação sexual. Também nesta conferência, Freud (1933 [1932]) defende a bissexualidade humana, visto que uma pessoa, independente do sexo anatômico, pode se comportar ora de modo masculino, ora feminino. Assim, a masculinidade encontra-se intimamente articulada à posição ativa, enquanto a feminilidade associa-se à passividade, fato este que não elimina a possibilidade de uma mulher assumir posições ativa e um homem apresentar-se passivamente em determinadas situações. A fim de sustentar teoricamente este processo de subjetivação, Freud (1923) redefine o conceito de castração, o qual se fundamenta na passagem da primazia do pênis para a primazia do falo. A compreensão desta distinção entre masculino e feminino é um dos pontos nodais da psicanálise, na medida em que promove um corte epistemológico com as demais ciências e fundamenta o funcionamento psíquico a partir das leis inconscientes. Entretanto, apesar de ser um tema bastante abordado por Freud, as investigações a respeito da feminilidade não foram capazes de responder totalmente este enigma, fato este que culminou, em uma de suas últimas obras, na declaração de insatisfação e decepção frente aos impasses acerca do feminino, sendo tais sentimentos expressos através da impossibilidade de responder ao que quer uma mulher (FREUD, 1937). a) Freud e o enigma da feminilidade: considerações sobre o complexo de Édipo feminino.

4 4... O amor infantil é ilimitado; exige a posse exclusiva, não se contenta com menos do que tudo (...), sendo incapaz de obter satisfação completa, e, principalmente por isso, está condenado a acabar em desapontamento... (FREUD, 1931). Apesar do que se poderia pensar sobre o complexo de Édipo - ou seja, o desejo incestuoso pelo genitor do sexo oposto-, a constatação psicanalítica sobre a sexualidade infantil feminina é que esta, primordialmente, envolve a relação mãe e filha. Segundo Freud (1923), este momento em que a menina tem a mãe como objeto de amor é denominado de fase pré-edípica, a qual é de fundamental importância para a estruturação psíquica infantil, pois é caracterizada pela eqüidade entre os sexos, onde menino e menina adotam atitudes semelhantes perante o objeto sexual. A vinculação estabelecida entre mãe e filho (a) se dá, dentre outras coisas, pelo desamparo original, situação a qual o bebê humano está submetido ao nascer. Freud (1950 [1895a]) desde o início das suas reflexões se refere ao estado de desamparo original do ser humano. Para este autor, os recém-nascidos, de ambos os sexos, devido à pré-maturação biológica e psíquica, dependem inteiramente dos cuidados alheios para sobreviver. Este traço de submissão ao desejo do outro será marcado psiquicamente e poderá se repetir a qualquer momento da vida. Zalcberg (2003) ressalta que a criança pequena não consegue eliminar o acúmulo de tensão sentida em seu corpo e, por isso, recorre ao outro para que este possa realizar a ação de descarga libidinal. Segundo Freud (1950 [1895a]), esta operação é efetuada a fim de manter o nível de energia constante no aparelho psíquico, uma vez que a acumulação de tensão gera desprazer e, conseqüentemente, a descarga proporciona sensações prazerosas. Constata-se, neste primeiro momento, que não há nada que diferencie a posição feminina e masculina, fato este proporcionado pelo não reconhecimento da diferença anatômica entre os sexos. Sobre isso, Freud (1908; 1923) pontua que, nesta primeira etapa do desenvolvimento sexual, a criança, a partir das teorias sexuais infantis 6, percebe o órgão 6 No texto Sobre as teorias sexuais das crianças, Freud (1908) descreve algumas criações míticas desenvolvidas por meninos e meninas. Dentre estas, a crença de que o clitóris é um pênis em miniatura e, que, por conseqüência, crescerá tardiamente, tem finalidade de amenizar a angústia proveniente da

5 5 genital masculino nos meninos e a ausência deste nas meninas. Entretanto, esta idéia de falta é rejeitada, sob o argumento de que o pênis, ainda pequeno, crescerá posteriormente nas meninas. Assim, a conclusão emocional significativa de que a ausência de pênis nas mulheres é resultado de uma castração só ocorrerá posteriormente, quando a crença de que as mulheres têm o crescimento tardio deste órgão não se sustenta mais. Para o sujeito em constituição, há a dificuldade em reconhecer no órgão sexual feminino a existência de um objeto, uma vez que a relação da criança com o mundo é baseada na dialética presença-ausência. Diante disto, Freud (1923) pontua que não se trata de uma primazia do órgão sexual masculino, mas da primazia do falo, onde, o que está ausente se encontra em oposição ao que está presente. Segundo a perspectiva psicanalítica, a constituição do sujeito perpassa pelo confronto deste com a castração e com a conseqüente repercussão psíquica da diferenciação anatômica entre os sexos. Para Freud (1923), a principal característica da organização genital infantil é a diferenciação entre os sexos, em que o órgão sexual masculino recebe um destaque primordial, instaurando a primazia do falo. Através de pesquisas infantis, a criança descobre, posteriormente, que o pênis não é uma possessão comum a todos os seres. Apesar da rejeição primeira em relação a tal diferenciação, quando o confronto com a ausência do órgão masculino não sustenta tal teoria,... A falta de um pênis é vista como o resultado da castração e, agora, a criança se defronta com a tarefa de chegar a um acordo com a castração em relação a si própria... (FREUD, 1923, p.159). Mais tarde, em uma conferência denominada Feminilidade, Freud (1933[1932]), na tentativa de compreender o enigma da sexualidade feminina, situa o complexo de castração como o principal motivo que leva à desvinculação entre a menina e sua mãe. O fundador da psicanálise destaca as conseqüências psíquicas que a distinção anatômica entre os sexos promove, sendo que, no sexo feminino, constata-se a responsabilização das mães pela falta de pênis nas meninas, pois, uma vez castradas, as mulheres produziram filhas igualmente nesta condição. Freud (1933[1932]) ressalta, ainda, que o complexo de castração nas meninas, assim como nos meninos, inicia-se com a visualização dos genitais do sexo oposto. A percepção feminina da diferença promove o sentimento de injustiça, o qual culminará na inveja do pênis. Para o autor, a inveja, nas meninas, é estruturante, visto que diferenciação anatômica entre os sexos.

6 6 deixará marcas indeléveis em seu desenvolvimento psíquico, sendo estas constatadas, posteriormente, na vida adulta. No momento do confronto com a castração, o temor pela ausência do órgão leva o menino a renunciar ao amor materno optando por uma escolha narcísica - seu próprio pênis -, diferentemente das meninas, as quais, marcadas pelo ódio, separam-se da mãe por se sentirem por ela privadas deste atributo fálico. Por isso, Nasio (1997) ressalta que, no sexo masculino, a escolha diante do complexo de castração encerra o complexo de Édipo, ao passo que, nas mulheres, o Édipo nasce, mas não termina com a castração, uma vez que gera hostilidade e rancor em relação à mãe por tê-la feita faltosa. Por apresentarem no corpo a inscrição da falta, Freud (1933 [1932], p.129) diz em relação às mulheres que:... O complexo de castração prepara para o complexo de Édipo, em vez de destruí-lo; a menina é forçada a abandonar a ligação com sua mãe através da influência de sua inveja do pênis, e entra na situação edipiana como se esta fora um refúgio. Na ausência do temor de castração, falta o motivo principal que leva o menino a superar o complexo de Édipo. As meninas permanecem nele por um tempo indeterminado; destroem-no tardiamente e, ainda assim, de modo incompleto... Segundo Freud (1933 [1932]), o reconhecimento da falta de pênis não é uma tarefa fácil, fato este evidenciado no desejo feminino de possuir algo semelhante, mesmo que este se configure, através de modificações sublimadas do desejo outrora reprimido. Tais sublimações podem ser expressas através da inveja e do ciúme, afetos estes que desempenham um papel de maior relevância no psiquismo das mulheres. Constata-se, com isso, a relevância que a ausência de pênis provoca no psiquismo feminino, posto que, seja como for, ao final dessa primeira fase de ligação à mãe, emerge, como motivo mais forte para a menina se afastar dela, a censura por a mãe não ter dado um pênis apropriado, isto é, tê-la trazido ao mundo como mulher (FREUD, 1931, p ). O complexo de Édipo feminino, diferentemente do masculino, inicia com a transferência do objeto de amor, onde o pai, caracterizado como o detentor do falo, é concebido como aquele capaz de dar um filho - pênis - à menina. No momento em que a figura masculina é investida como objeto de amor, a hostilidade contra a mãe é intensificada, uma vez que esta se torna a rival a qual recebe tudo o que deseja do pai. Assim, o Édipo feminino ocorre de modo diferenciado em relação ao dos meninos. Nestes, enquanto o complexo de castração propicia à dissolução do complexo de Édipo, nas meninas a castração dá início à operação edípica (FREUD, 1923).

7 7 Para Freud (1933 [1932]), a feminilização de uma menina é ocasionada por duas substituições, sendo estas a modificação de zona erógena e a de objeto. A primeira das mudanças diz respeito à substituição do clitóris principal zona erógena da fase fálica - pela vagina; paralelamente, na segunda mudança, que é referida ao objeto de amor, a mãe, por ocasião da situação edipiana, é substituída pelo pai. Diante disto, no curso do desenvolvimento feminino, geralmente, o objeto paterno é eleito como definitivo. Zalcberg (2003) diz que a menina, diferentemente do menino, sai do Édipo sem um objeto identificatório característico do universo feminino, sendo encontrado tal solução através da relação com um homem ou pela compensação que o filho geraria pela vertente fálica. b) Lacan e o gozo 7 a mais do feminino.... Cada mulher deve criar sua maneira de ser uma mulher, na medida em que ela é não toda fálica, não toda castrada. (ZALCBERG, 2007). Lacan, na primeira parte de seu ensino, acreditava que, apesar da diferença quanto à resolução, o Complexo de Édipo feminino e masculino estavam, ambos, articulados à vertente falo-castração. Na medida em que introduz novos conceitos, o exame lacaniano a respeito do Édipo exclui a articulação falo-castração para dar conta do complexo edípico feminino (ZALCBERG, 2003). Dentro desta perspectiva, operaria na menina uma lógica mais-além do falo, onde a metáfora paterna 8 se mostra, em parte, inoperante, visto que, diferentemente do menino, que recebe o significante falo, o resto proveniente da substituição do significante do desejo da mãe pela metáfora paterna não oferece um significante que representa especificamente o sexo feminino. Desta forma, a ausência de algo que representa psiquicamente a feminilidade exclui da mulher a total cobertura pelo manto simbólico 9, caracterizando um simultâneo dentro e fora deste registro. O fato da lógica fálica se encontrar, em parte, inoperante, faz com que a mulher seja parcialmente 7 Conceito desenvolvido por Lacan (1960a) que, a partir do texto A subversão do sujeito e a dialética do desejo no inconsciente freudiano, foi articulado à castração, iniciando, com isso, um novo momento no seu ensino. Sabendo-se que a obra lacaniana se fundamenta nos textos freudianos, a idéia de gozo está associada à noção de satisfação pulsional. 8 A metáfora paterna é um termo lacaniano que designa a função paterna, ou seja, a interdição ao gozo ilimitado, caracterizando a inscrição do sujeito na linguagem. 9 O simbólico, assim como o real e o imaginário, são formulações lacanianas que têm por objetivo pensar o processo de subjetivação, pois, dependendo da forma como estes três registros se articulam, será possível definir o funcionamento psíquico do sujeito (LACAN, ).

8 8 castrada. Assim, o universo feminino se encontra em um campo mais-além da total submissão à castração (LACAN, ). A partir de uma leitura lacaniana, Zalcberg (2007) diz que, diferentemente dos homens, todas as mulheres são castradas, não havendo exceção. Apesar de parecer paradoxal, a falta de exceção acarreta na não confirmação da regra, não estabelecendo, portanto, a universalidade. A conseqüência das mulheres não formarem um conjunto é que elas só existem no singular, no uma a uma (...) As mulheres elas próprias podem se colocar no lugar da exceção... (p.97). Prates (2001) ressalta que, se a regra é fundada na exceção, logo, o fato de não haver exceção quanto à castração feminina faz com que não exista universalidade entre as mulheres. Sobre isso, Zalcberg (2003) ressalta a dupla divisão feminina:... Além da divisão que a marca, como todo ser falante (...) a mulher apresenta esta outra divisão específica a ela: em parte é marcada pela castração, em parte, não.... (p.118). Verifica-se, com isso, que a inscrição parcial na lei edípica é da ordem do não - todo, onde, o que escapa do campo simbólico, recai no registro do Real. Para Lacan ( ), há uma parte inatingível pelas palavras, a qual situa a mulher, parcialmente, fora do discurso. Sobre isso, Zalcberg (2007) diz que Essa exclusão do campo das palavras explica porque nem tudo da mulher pode ser dito; pelo motivo (...) de ela em alguma parte estar ausente de si mesma e não alcançável no registro do simbólico... (p.99). Sabendo que o universo simbólico é caracterizado pela imersão do sujeito na linguagem, algo do feminino encontra-se inalcançável, ou seja, está em um campo maisalém das palavras. Zalcberg (2003) ressalta que as peculiaridades da sexualidade feminina encontram-se mais-além da significação, sendo este campo denominado por Lacan de Real. Dentro desta perspectiva, a falta de um significante especificamente feminino faz com que a mulher tenha uma maior proximidade com o registro do real, em que a falta de cobertura simbólica propicia a manifestação de um gozo mais-além da linguagem. Nos primeiros momentos de vida, a criança ainda não inscrita na linguagem, obtém um gozo denominado por Lacan (1960a) de gozo do ser, o qual é caracterizado por ser ilimitado e pela utilização do próprio corpo para obtê-lo. No momento em que o sujeito se vê castrado pela linguagem, há a perda deste gozo, fato este que permite á

9 9 homens e mulheres atingir a ordem do desejo, em que, através do registro da falta, propiciará a obtenção de um gozo permitido: o gozo sexual ou gozo fálico. Desta forma, Lacan (1960a) destaca a prevalência do desejo em detrimento do gozo do ser, onde, consequentemente, o sujeito renunciando ao gozo ilimitado, submete-se à lei do desejo. Apesar da importância de tal substituição, o sujeito não aceitará facilmente a castração, procurando, em sua fantasia, reaver o gozo perdido. Segundo Zalcberg (2003), o objeto (a) causa de desejo significa a tentativa de restauração deste gozo que, enquanto produto da operação de separação, tentará reaver o mais-de-gozar correspondente a este gozo residual. O objeto a é algo sem materialidade e representação, que pertence ao registro do real na medida em que é o resto, o que não foi recoberto pelo processo de simbolização. Desta forma, Zalcberg (2007) ressalta que o objeto a tem a função de tentar preencher o vazio causado pelo gozo perdido. Constata-se, portanto, que, ao tentar recuperar o gozo, o objeto a adquire um valor a mais diante do a menos provocado pela castração; justamente por causa desta função, ele também é denominado de objeto mais-de-gozar. Na sexualidade feminina, o objeto mais-de-gozar terá uma função específica, principalmente no que diz respeito á relação com os filhos, sendo estes tomados como objeto a na fantasia das mulheres. Desta forma, Lacan (1960b) considera o gozo masculino diferente do gozo feminino. Enquanto o primeiro encontra um limite através do gozo fálico, o segundo, envolto pela contigüidade, encontra-se em um campo do mais-além do limite. Nesta perspectiva, diferentemente dos homens, que só podem obter o gozo sexual, a mulher apresenta dois tipos de gozos: o fálico e o mais-além do falo. Por ter esta característica a mais, Lacan (1960b) o denomina de suplementar. Diferentemente do gozo fálico que perpassa pelo simbólico, o gozo suplementar escapa à linguagem, fato este que o impossibilita de se expressar através das palavras. A descoberta deste gozo feminino e da sua conseqüente cobertura simbólica fez com que Lacan retomasse a idéia freudiana de enigma a respeito da sexualidade feminina, sendo esta considerada um continente negro que, da ordem do indizível, pouco se pode falar. Apesar dos esforços freudianos e lacanianos, Zalcberg (2003) diz que... O continente negro da sexualidade feminina é obscuro na medida em que permaneceu, em

10 10 partes, inatingível pelas palavras. É o que torna inabordável o mistério do gozo feminino (p ). Em decorrência da inacessibilidade através da linguagem, a subjetividade feminina mantém uma maior aproximação com o real, podendo-se concluir, portanto, que as mulheres podem estar mais propensas às manifestações que estão mais-além da representação. Dentre estas, a partir de uma leitura lacaniana, destacam-se os fenômenos psicossomáticos que são concebidos como falhas epistemo-somáticas, as quais dizem respeito às manifestações corporais de algo que escapou da simbolização. 2. SOBRE A FALHA EPISTEMOSSOMÁTICA E O FEMININO: O MAIS DE GOZAR EXPRESSO NO CORPO. A expressão psicossomática é comumente utilizada, tanto no meio leigo quanto acadêmico, como sinônimo de doença emocional a qual, sem uma etiologia orgânica definida, intriga a equipe de saúde e os pacientes acometidos por tais fenômenos. Diferentemente da medicina, a psicanálise propõe uma outra forma de concebê-los, analisando-os para além dos sinais físicos. Na psicanálise, a psicossomática é uma temática bastante citada, embora, nem sempre abordada minuciosamente, dada a dificuldade de definição etiológica e a complexidade do tratamento. Ao longo da teoria freudiana, não se constata o uso deste vocábulo. Entretanto, na obra de Freud (1895b), a noção que mais se aproxima da psicossomática é a de neuroses atuais, as quais são classificadas em um grupo diferente das neuroses. Para Freud (1926), o sintoma neurótico é concebido como um retorno do que outrora fora recalcado, através dos mecanismos de condensação e deslocamento, sendo considerado substituto de uma satisfação pulsional. Deste modo, os sintomas remetem ao sujeito propriamente dito. Diferentemente, os fenômenos psicossomáticos não remetem a nada, uma vez que não passaram pelo processo de substituição. Em decorrência disto, estes são considerados puros, pois se expressam no corpo sem nenhuma lapidação psíquica. Apesar de tamanha complexidade, os fenômenos psicossomáticos comparecem na clínica psicanalítica causando sofrimento e mutilações físicas que se associam, segundo Assoun (1997), ao gozo mortífero do masoquismo. Assim, tais constatações mobilizaram alguns autores pós-freudianos a estudarem este tema. Dentre estes, neste

11 11 estudo, utilizamos o percurso teórico de Jacques Lacan e os adeptos de suas proposições. A primeira vez em que se constata na obra lacaniana a referência à tais fenômenos é no seminário II ( ), quando Lacan os situa em um campo fora do simbólico ou, dito de outro modo, como algo da ordem do inapreensível pelas palavras. Justamente por ser algo fora do registro do simbólico, Lacan (1964), no seminário XI, retoma a temática dos fenômenos psicossomáticos e os coloca no mesmo nível que as psicoses, destacando, naqueles a falha simbólica como determinante para o adoecimento somático. A partir de uma referência lingüística, Lacan, neste mesmo seminário, utiliza a terminologia Holófrase 10 para se referir ao congelamento do primeiro par de significante (S1---S2) que, diante da impossibilidade de deslizar simbolicamente na cadeia, impede o aparecimento do sujeito. Constata-se, portanto, um prejuízo no registro simbólico, o qual impossibilita a leitura e o saber desta inscrição corporal. Por isso, Lacan (1966), na conferência intitulada Psicanálise e medicina, utiliza a denominação falha epistemo-somática para se referir a tais fenômenos. Posteriormente, na Conferência de Genebra sobre o sintoma (1975), este autor ressalta que no corpo dos sujeitos ditos psicossomáticos, expressam-se verdadeiros hieróglifos impossíveis de serem lidos. Por estar fora do campo simbólico, as falhas epistemo-somáticas são inscrições enigmáticas expressas no real do corpo, mais especificamente, no órgão onde falhou o banho da linguagem. A ausência de cobertura simbólica evidencia o domínio do registro do Real sob tais fenômenos. Caracterizado como um signo bizarro inscrito no corpo, Nicolau (2001) aponta que a falha epistemo-somática pode ser pensada como uma solução encontrada para um defeito de filiação simbólica, a qual fixa no órgão lesionado uma cifra particular de gozo referente à posição do sujeito na relação com o Outro. O gozo é um conceito desenvolvido por Lacan, o qual é definido no seminário A ética da psicanálise ( ) como a satisfação de uma pulsão que, através do vínculo de oposição entre prazer e repetição, necessita de uma barreira. Em muitos casos, Nicolau (2001) diz que o limite se dá pela dor. 10 Segundo o dicionário Houaiss & Villar (2001) holófrase se refere ao enunciado que condensa uma sentença, repleta de sentido.

12 12 Por serem fenômenos que implicam em dores e mutilações, não se pode deixar de pensar em um gozo que transborda no corpo. Entretanto, questionamos qual o gozo implicado nas falhas epistemo-somáticas? Alguns autores (NASIO, 1993; GUIR, 1988) teorizaram que a eclosão do fenômeno psicossomático é resultado de um congelamento no par de significante S1 e S2, ocorrendo a paralisação do sujeito. Impossibilitados de encontrar um sentido no circuito da linguagem, na falha epistemo-somática é o gozo do Outro que opera. Diferentemente da psicose, onde a carência de simbolização faz suplência pela metáfora delirante, nos fenômenos psicossomáticos o que não foi simbolizado retorna no real do corpo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim como no universo feminino, a falha epistemo-somática encontra uma aproximação com o que é da ordem do Real, uma vez que a cobertura simbólica é falha em ambos. No que diz respeito à feminilidade, esta se encontra em um campo mais-além da submissão à castração. Deste modo, a operância parcial da metáfora paterna coloca a mulher psíquica num campo específico de gozo mais além do fálico. De modo análogo, a falha epistemo-somática faz comparecer no corpo uma economia de gozo que está além do simbólico, sendo esta caracterizada pelo sem-sentido que permeia o registro do real. Enquanto propostas de futuras investigações, sugerimos o estudo da feminilidade correlacionada ao corpo e às manifestações não simbolizadas que neste se expressam. As dificuldades de acesso às questões acerca da feminilidade e da falha epistemo-somática não devem servir de barreira para abordar tais temáticas, pois, enquanto problemática que emerge constantemente na clínica psicanalítica, a obscuridade destes buracos negros devem ser o motor na busca de um saber capaz de rever, retomar e atualizar o savoir-faire do psicanalista, tanto na clínica como nos seus estudos teóricos. REFERÊNCIAS

13 13 ASSOUN, Paul-Laurent. Corp set Symptôme Tome 1: Clinique du corps. Paris: Econmica Ed, CHEMAMA, R; VANDERMERSCH, B. Dicionário de Psicanálise. RS: Editora Unisinos, FREUD, Sigmund. (1950[1895a]). Projeto para uma psicologia científica. Rio de Janeiro: Imago, v. I. (1895b). Sobre os critérios para destacar da neurastenia uma síndrome particular intitulada neurose de angústia. Rio de Janeiro: Imago, v. III. (1908) Sobre as teorias sexuais das crianças. Rio de Janeiro: Imago, v. IX. (1923) A organização genital infantil. Rio de Janeiro: Imago, v. XIX. (1926). Inibições, Sintomas e Ansiedade. Rio de Janeiro: Imago, v. XX. (1931) Sexualidade feminina. Rio de Janeiro: Imago, v. XXI. (1933 [1932]) Conferencia XXXIII: feminilidade. Rio de Janeiro: Imago, v. XXII. (1937) Análise terminável e interminável. Rio de Janeiro: Imago, v. XXII. GUIR, Jean. A Psicossomática na Clínica Lacaniana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1988 HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, LACAN, Jacques ( ). O Seminário II, o Eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, ( ). O Seminário VII, a ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, (1960a). A subversão do sujeito e a dialética do desejo no inconsciente freudiano. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, (1960b). Diretrizes para um congresso sobre a sexualidade feminina. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, (1964). O seminário XI, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, (1966). Psychanalyse et médécine. In Petits écrits et conférences Inédito. ( ). O Seminário XX, Mais, Ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, ( ). O Seminário XXII, RSI. Seminário ainda não publicado em português. (1975). Conferencia in Ginebra sobre el sintoma. In: Intervenciones y textos. Buenos Aires: Manantial. NASIO, Juan-David. Psicossomática: as formações do objeto a. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Lições sobre os sete conceitos cruciais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, NICOLAU, Roseane Freitas. Corpo e Gozo. Revista a linha, Psicanálise & Transmissão. Ano 3; n. 2. Fortaleza, PRATES, Ana Laura. Feminilidade e experiência psicanalítica. São Paulo: Hacker: FAPESP, ZALCBERG, Malvine. A relação mãe e filha. Rio de Janeiro: Elsevier, Amor paixão feminina. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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