ANÁLISE DA PASSAGEM DE UMA FRENTRE FRIA NA REGIÃO SUL DO PAÍS NOS DIAS DE JULHO DE 2006, UTILIZANDO SENSORIAMENTO REMOTO

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1 ANÁLISE DA PASSAGEM DE UMA FRENTRE FRIA NA REGIÃO SUL DO PAÍS NOS DIAS DE JULHO DE 2006, UTILIZANDO SENSORIAMENTO REMOTO Aline Schneider Falck 1, Paulo Roberto Pelufo Foster 2 RESUMO - Este trabalho tem por objetivo monitorar o deslocamento de um sistema frontal que ocorreu entre os dias oito e dez de julho de 2006 no sul do Brasil. Foram utilizados dados dos radares meteorológicos localizados no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Resultados indicam que o monitoramento de sistemas frontais por imagens de radar em conjunto com imagens de satélite, facilita o trabalho dos profissionais que trabalham nos centros operacionais. ABSTRACT This work has for objective to monitor the displacement of a system frontal that occurred between days eight and ten of July of 2006 in the south of Brazil. The meteorological radars has been used are located in the Rio Grande do Sul and Santa Catarina. Results indicate that the monitoring of systems frontals for images of radar in set with images of satellite facilitates the work of the professionals who work in the operational centers. Palavras-chave: sistema frontal, radar, satélite. INTRODUÇÃO A passagem de frentes fria ocorre com freqüência no sul do país, normalmente no sentido pólo-equador e podem ser detectadas com o auxílio do sensoriamento remoto. Dados de superfícies tais como vento, pressão e temperatura são úteis para localizar frentes numa carta de superfície. Denomina-se frente fria quando uma massa de ar frio desloca-se substituindo o ar quente (Figura 1). Assim, a massa de ar pré-frontal é quente e a massa de ar pós-frontal é fria. O ar frio é mais denso, logo a superfície frontal fria se estende para traz, por sobre o ar frio invasor, tendendo permanecer justaposto à superfície terrestre (VAREJÃO, 2005). 1 Bolsista do Programa de Educação Tutorial (MEC/SESU) Grupo PET-Meteorologia. Universidade Federal de Pelotas UFPEL. Campus Universitário Capão do Leão. Caixa Postal 354, CEP Pelotas, RS. asfalck@yahoo.com.br. 2 Professor Doutor, Departamento de Meteorologia. Universidade Federal de Pelotas UFPEL. Campus Universitário Capão do Leão. Caixa Postal 354, CEP Pelotas, RS. pfoster@ufpel.edu.br.

2 Figura 1 - Modelo de uma superfície frontal Fria. (VAREJÃO, 2005) Este estudo tem por objetivo localizar a passagem de uma frente fria associada a uma ciclogênese, comparando imagens de radar Meteorológico Doppler banda S e imagens de satélite geoestacionário GOES-12. Foi também utilizado dados meteorológicos de superfície para explicar os fenômenos físicos do sistema observado. MATERIAL E MÉTODOS O sistema frontal atuou sobre a região sul do país nos dias 08, 09 e 10 de Julho de 2006 e foi monitorado pelas imagens dos radares Meteorológicos Doppler Banda-S, das localidades de Canguçu e Santiago (RS) e Morro da Igreja (SC), além do mosaico que sobrepõe as imagens geradas pelos radares e imagens de satélites, formando uma única imagem. As imagens dos radares são do tipo MAXCAPPI-400km, em intervalos de 15 minutos, no período em que o radar encontrava-se operando. As imagens de satélite utilizadas correspondem a num intervalo de 30 minutos, cobrindo a região sul do Brasil. Os dados de radar e satélite, foram obtidos via internet no site da Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica ( As cartas de superfície de vento, pressão, advecção de temperatura e umidade relativa, além do geopotencial em 500 e 850 hpa, para a América do Sul, nos intervalos entre 00 e 12Z e 00, 06, 12 e 18Z foram igualmente obtidos via internet no site do National Centers for Environmental Prediction ( Para melhor visualização do deslocamento do sistema frontal em estudo, usou-se um software de animação (Active GIF Creator ). Este software possibilita animar as imagens de radar, de satélite e as cartas de superfície, facilitando a análise do deslocamento e evolução do sistema frontal. Marca Registrada Microsoft.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A massa de ar frio que invade o continente traz suas respectivas características físicas por onde passa, e influencia as condições adversas do tempo. O forte gradiente de temperatura, a baixa pressão e a direção e intensidade dos ventos à superfície, entre outros fatores, são suficientes para localizar a passagem de uma frente fria na região sul do país. A análise das cartas de geopotencial em 850hPa mostraram que a frente fria estava associada a uma ciclogênese. Este sistema permaneceu entre os dias oito e dez de julho de 2006, sobre o sul do Brasil. Os monitoramentos de sistemas frontais observados pelas imagens de radares meteorológicos são muito eficientes para a previsão local. O sistema foi detectado no extremo sul do país no dia 08 de Julho às 22:00 UTC, pelas imagens geradas pelo radar meteorológico de Canguçu, que permitiu o monitoramento de seu deslocamento até às 05:00 UTC do dia 09 de Julho de 2006 (Figura 2). Além disso, o radar de Santiago, também, detectou o sistema sobre o estado no período das 00:00 às 03:00 UTC do dia 9 de setembro de 2006 (Figura 3). A análise das figuras correspondentes 10:00 UTC mostra que o sistema já se encontrava sobre o estado de Santa Catarina, conforme imagens do radar do Morro da Igreja (10:00 às 17:30 UTC, Figura 4). A nebulosidade detectada pelos três radares indica que ocorreu precipitação sobre a região sul do Brasil, em diversas localidades. 08 Jul :00 08 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 Figura 2 - Imagens do Radar de Canguçu (RS).

4 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 Figura 3 - Imagens do radar de Santiago (RS). 09 Jul :00 09 Jul :30 09 Jul :30 09 Jul :30 Figura 4 - Imagens do radar Morro da Igreja (SC). As cartas de superfície (Figura 5), mostram o deslocamento da frente fria sobre o estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina no decorrer do dia 9 de Julho, e a nebulosidade associada. No dia 10 de Julho a frente já se encontra sobre o estado do Paraná e continua se deslocando até o Rio de Janeiro. 09/07/06 06 UTC 09/07/06 12 UTC 09/07/06 18 UTC 10/07/06 00 UTC Figura 5 - Cartas à superfície REDEMET.

5 Analisando as imagens de satélite GOES-12 (Figura 6) podemos notar o deslocamento do sistema sobre os estados do Rio grande do Sul e Santa Catarina. Observou-se que no dia 11 de julho de 2006 o sistema já estava se deslocando em direção ao oceano Atlântico. 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 09 Jul :00 10 Jul :00 10 Jul :00 Figura 6 - Imagens do satélite GOES-12. As cartas de vento e pressão à superfície, mostram ventos no sentido horário com o ciclone no centro da baixa pressão e ventos perpendiculares na parte posterior da frente fria e, paralelos na parte anterior da mesma. Também podemos notar que a pressão decai até a passagem da frente fria porque o ar frio é mais denso e empurra o ar quente, caracterizando o ramo frio do sistema.

6 09 Jul 00UTC 09 Jul 1200UTC 09 Jul 00UTC Figura 7 - Cartas de vento e pressão à superfície NCEP. CONCLUSÕES Pelos resultados obtidos podemos concluir que o monitoramento de sistemas frontais por imagens de radar em conjunto com imagens de satélite e dados de superfície facilita o trabalho dos profissionais que trabalham nos centros operacionais. Entretanto a quantificação do valor real da precipitação ao nível de superfície é difícil de ser obtido através do radar meteorológico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VAREJÃO SILVA, Mário Adelmo.: Meteorologia e Climatologia: Versão Digital, Recife, Pernambuco, Julho BECHTOLD, P.; BALIZE, E.: The November 1999 flash Flood in Soutern France. In: ERAD, BETTS N. L.: Analysis of an Anomalously Severe Thunderstorm System over Northern Ireland. In: ERAD, NATIONAL CENTERS FOR ENVIRONMENTAL PREDICTION REDE DE METEOROLOGIA DO COMANDO DA AERONÁUTICA