CONDIÇÕES SINÓTICAS ASSOCIADAS À OCORRÊNCIA DE CHUVA INTENSA EM PELOTAS-RS EM MAIO DE INTRODUÇÃO

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1 CONDIÇÕES SINÓTICAS ASSOCIADAS À OCORRÊNCIA DE CHUVA INTENSA EM PELOTAS-RS EM MAIO DE 2007 VAGHETTI, Naile Nunes ¹, COUTO, Flavio Tiago ², CARVALHO, Maria Helena ³ 1,2 Acadêmicos do curso de Meteorologia. Faculdade de Meteorologia. UFPEL. 3 Profª. Mestre da Faculdade de Meteorologia. Departamento de Meteorologia. UFPEL. nailevaghetti@ig.com.br, flaviotiago.couto@gmail.com, mhelena@ufpel.edu.br 1. INTRODUÇÃO A ocorrência de eventos de chuvas intensas sobre a região sul do Brasil, em especial sobre o Rio Grande do Sul (RS), é freqüentemente observada durante todo o ano. A forte precipitação registrada nestes eventos geralmente é causadora de vários transtornos à sociedade, podendo associar-se a enchentes, deslizamentos de terra, perdas de bens materiais e até de vidas humanas. Os casos de intensa precipitação são associados a diversos tipos de sistemas meteorológicos; no entanto, de acordo com Teixeira (2005), estes eventos estão relacionados principalmente a dois deles: ondas de latitudes médias de escala sinótica (associadas a frentes frias) e aos Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), (MADDOX, 1980). Tal precipitação está relacionada à alta atividade convectiva presente em nuvens de grande desenvolvimento vertical (Cumulunimbus), as quais são observadas nesses sistemas. Neste trabalho foi analisado um evento de chuva intensa sobre a região de Pelotas-RS que ocorreu entre os dias 04 e 05 de maio de Segundo o Boletim Agroclimatológico da Estação Agroclimatológica de Pelotas, o acumulado para o dia 05 foi igual a 88,2 mm. O principal objetivo deste estudo é o de analisar as condições sinóticas que foram responsáveis pela ocorrência da intensa precipitação registrada. 2.MATERIAL E MÉTODOS Para a identificação do caso em análise utilizaram-se dados de precipitação coletados na Estação Agroclimatológica de Pelotas Convênio Embrapa/UFPel/INMet ( localizada em: 31 52' 00'' S e 52 21' 24'' W, numa altitude de 13,24 m. Após a escolha do caso foram analisadas cartas sinóticas de pressão ao nível médio do mar elaboradas pelo Departamento de Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN/Marinha), disponíveis na página além de imagens de satélite no canal infravermelho do satélite meteorológico GOES-10, obtidas no banco de dados do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) da Universidade Federal de Pelotas. Também foram analisados campos meteorológicos de divergência em 925 hpa e água precipitável no NCEP (National Centers for Enviromental Prediction). Para se verificar a instabilidade atmosférica foi usado o diagrama

2 termodinâmico Skew T- log P para Porto Alegre disponibilizados pela Universidade do Wyoming ( 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 são apresentadas as cartas de pressão ao nível médio do mar para o dia 04 de maio de 2007 às 12 UTC (Figura 1.a), e para o dia 05 de maio às 00 UTC (Figura 1.b). Na primeira carta (Figura 1.a) observa-se um sistema de baixa pressão com 1006 hpa no seu centro, localizado próximo à região de Buenos Aires, o qual estende um cavado sobre o Rio Grande do Sul (RS). Nota-se também que existia uma frente fria ao sul do sistema de baixa, situada sobre o Golfo de San Matias. Na carta de superfície para o dia 05 de maio, às 00 UTC (Figura 1.b), notase que a frente fria já havia alcançado o Uruguai, e foi neste período de doze horas que ocorreu a maior parte das fortes chuvas em Pelotas, ou seja, de acordo com os pluviogramas a precipitação iniciou por volta das 21 UTC (18 horas local) do dia 04 e seguiu até, aproximadamente, às 03 UTC (00 hora local) do dia 05, isto é, a precipitação ocorreu antes da passagem da frente fria, ou seja, no ambiente préfrontal. Vários índices de instabilidade que são disponibilizados junto com o diagrama termodinâmico para a estação do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre mostravam que a atmosfera encontrava-se instável no dia 05 de maio, às 00 UTC. (a) 04/05/07 12 UTC (b) 05/05/07 00 UTC Figura 1-Cartas sinóticas de superfície, para o dia 04 de maio de 2007, às 12 UTC (a) e para o dia 05 de maio de 2007, às 00 UTC. De acordo com as imagens de satélite (Figura 2), observa-se que o sistema esteve associado a uma forte convecção representada por nuvens do tipo Cumulonimbus presentes no sistema de baixa pressão.

3 (a) 04/05/07 12 UTC (b) 04/05/07 18:30 UTC (c) 05/05/07 00:30 UTC Figura 2- Imagens coloridas do satélite GOES-10, para o dia 04 de maio de 2007, às 12 UTC (a), às 18:30 UTC (b) e para o dia 05 de maio de 2007, às 00:30 UTC. Na Figura 3 é apresentado o campo de água precipitável referente ao dia 04 às 12 UTC, no qual é possível observar que os valores deste parâmetro eram altos na região em estudo, entre 35 e 45 Kg/m 2, os quais estavam associados com a presença do sistema de baixa pressão na região. Figura 3 Campo de água precipitável, para o dia 04 de maio de 2007, às 12 UTC. No campo de divergência em 925 hpa para o dia 04 de maio de 2007, às 12 UTC, mostrado na Figura 4, é possível notar uma banda de convergência associada à presença do sistema frontal no Oceano Atlântico. Os maiores valores de convergência sobre o Uruguai e nordeste da Argentina estavam relacionados ao sistema de baixa pressão observado na carta de superfície para o mesmo dia e horário.

4 Figura 4 Campo de divergência em 925 hpa, para o dia 04 de maio de 2007, às 12 UTC. Considerando o diagrama termodinâmico Skew T- log P para o dia 5 de maio de 2007, às 00 UTC (Figura 5), observa-se que o ar próximo à superfície se encontrava com grande quantidade de umidade, pois as curvas de temperatura da superfície (T) e de temperatura do ponto de orvalho (Td) estavam próximas. Analisando os índices de instabilidade Showalter, Lifted.Index e SWEAT (Severe WEAther Threat) e a CAPE (Convective Available Potential Energy), verifica-se que seus valores são indicativos de instabilidade atmosférica. Figura 5 - Diagrama termodinâmico, para o dia 05 de maio de 2007, às 00 UTC. 4. CONCLUSÕES De acordo com os dados analisados neste estudo, conclui-se que devido ao encontro de um sistema frontal com um sistema de baixa pressão que se encontrava sobre a região de Pelotas, foram proporcionadas condições favoráveis para a ocorrência de precipitação intensa, pois, conforme foi mostrado, a atmosfera encontrava-se com alto teor de umidade e existia convergência em baixos níveis, o

5 que favoreceu o levantamento de ar. Além disso, o ar encontrava-se instável, o que permitiu a formação de nuvens convectivas. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOLETIM AGROCLIMATOLÓGICO DA ESTAÇÃO AGROCLIMATOLÓGICA DE PELOTAS. Disponível em < Acesso em Acesso em 08 ago TEIXEIRA, M. S. Atividade de Ondas Sinópticas relacionada a episódios de chuvas intensas na região sul do Brasil f. Dissertação (Mestrado em Meteorologia) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos.