BOLETIM PROJETO CHUVA 14 DE JUNHO DE 2011

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1 BOLETIM PROJETO CHUVA 14 DE JUNHO DE 2011 Condições Climáticas O campo de Temperatura da Superfície do Mar (TSM), que pode ser analisado através da Figura 1, mostra anomalias positivas de TSM sobre o Atlântico Tropical Norte (10 N- 20 N) de até 2,0 C, um padrão de neutralidade com pequenas áreas de anomalias negativas sobre a região equatorial (próximo a África) e outra área de anomalias negativas próxima da costa do nordeste Brasileiro. Essa configuração deixa a litoral paraense e maranhense com pouca nebulosidade significativa, por causa do posicionamento dos sistemas meteorológicos de grande escala mais próximo ao Hemisfério Norte (HN). A distribuição espacial do acumulado de precipitação para o dia 14 de Junho é mostrada na Figura 1b, onde se pode verificar que os maiores índices de chuva ocorreram sobre a porção sul do estado do Amapá, Ilha de Marajó (com registro de até 40 mm), no nordeste paraense e litoral maranhense. A distribuição desta chuva configura a ocorrência de uma Linha de Instabilidade (LI). A região sudoeste e Ilha de Marajó também houve registro de chuvas, porém com menores acumulados. Figura 1. (a) Anomalia de TSM para o período de 01 a 12 de Junho de Fonte: National Centers for Environmental Prediction (NCEP), processado pelo Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM).

2 Análise Sinótica Pela Figura 2, podem-se analisar os sistemas de grandes escalas que estão atuando na América do Sul e no Oceano Atlântico. Com é o caso da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), a qual está posicionada mais ao norte, devido à presença de águas mais quentes no Atlântico Tropical Norte e favorece sua ativação sobre essa área. Entretanto, isso não impede a ocorrência de eventos de chuva na porção norte dos Estados do Pará e Maranhão. Sobre o Atlântico Sul, observar-se a presença de um resquício de sistema frontal, o qual está ajudando a organizar a nebulosidade sobre as regiões Sul e Sudeste do Brasil. Na parte central do Brasil um sistema de Alta pressão em altos níveis, está ajudando a inibir a formação de nebulosidade significativa sobre essa região, deixando a atmosfera estável. Figura 2. Imagem de satélite no canal Infravermelho (IR) às 12UTC de 14 de Junho 2011 do METEOSAT-09. Fonte: CENSIPAM/CR-BELÉM. Mesoescala GMT dia 14/06/11 (Figura3a e b) Pelas imagens de satélite das 06 e 12 GMT, observar-se que em grande parte do estado do Pará, o amanhecer foi de céu claro entre poucas nuvens, exceto no Baixo Amazonas, onde durante a madrugada, houve registro de chuva. O Estado do Maranhão amanheceu com tempo bom. No entanto, a partir de aproximadamente 16 GMT, a atmosfera começou a ficar instável, formando-se núcleos convectivos com direção predominante de leste/nordeste, sobre o litoral paraense, devido ao contraste térmico entre o oceano e o continente. ^

3 Mesoescala 18GMT dia 14/06/11 (Figura3c) A partir deste horário, começaram a se formar mais núcleos convectivos com temperatura do topo de nuvem de até -60 C, por causa do efeito local da circulação de brisa aliada com um pulso da ZCIT. Esse sistema convectivo se organizou em forma de linha sobre o litoral paraense e adentrou o continente, especificamente o nordeste paraense. Com isso, houveram registros de chuvas nestas regiões, com destaque para a Região Metropolitana de Belém onde foi registrado ventos médios de 11 Kt e rajadas de ventos de até 26 Kt. Além do nordeste paraense, esse sistema conectivo atingiu a Ilha de Marajó e a porção Central do estado do Amapá. Mesoescala 00GMT dia 15/06/11 (Figura3d) Para este período, o sistema convectivo começou a entra em dissipação na Ilha do Marajó e no nordeste paraense, provocando apenas chuvas fracas e isoladas. Na porção oeste do Baixo Amazonas, áreas de instabilidade começaram a se organizar e houve registro de chuva. Para a porção sul do estado, o tempo permaneceu estável. (a) (c) (d) Figura 3. Imagens de satélite GOES-12 realçadas no canal infravermelho (IR) referentes aos horários de (a) 06GMT do dia 14/06/11, 12GMT do dia 14/06/11, (c) 18GMT do dia 14/06/11 e (d) 00GMT do dia 15/06/11. Fonte: CPTEC/INPE.

4 Perfil Termodinâmico de Belém Observando a sondagem das 12 UTC (Figura 4), ao qual mostra o perfil vertical da atmosfera sobre Belém, verifica-se que da superfície até o nível de 650 hpa aproximadamente, existe uma camada com pouca umidade sobreposta a uma camada de ar bastante seca, indicando que existe condição favorável a formação de tempestades de intensidade fraca. Analisando-se o vento em superfície, percebe a presença de um pequeno cisalhamento. A análise conjunta da Energia Potencial Disponível para Convecção (CAPE) apresentou valores acima de 1000 JKg -1 e os índices de Instabilidade K, total totals (TT) e Lifted Index (LI) dispostos na tabela ao lado do diagrama skew-t, indicam uma atmosfera instável, ou seja, com condições favoráveis para a formação de tempestade. Figura 4. Perfil termodinâmico da atmosfera em Belém às 12 UTC para o dia 14 de Junho de 2011, sendo a temperatura do ar (T) a linha vermelha à esquerda e de temperatura do ponto de orvalho (Td) a linha azul à direita. RADAR meteorológico banda S de Belém A análise da variação espacial da refletividade do dia 14 de junho observada através dos dados do Radar de Belém, utilizando o Software TITAN, registrou um total de 55 células convectivas. A distribuição da refletividade para esse dia mostrou a nordeste do radar, os maiores valores de refletividade (dbz). A variação para esse evento foi de 53 dbz a 28 dbz. A distribuição dos dbz sobre a ilha de Mosqueiro e Outeiro foi de 45 a 54 dbz (Figura 5a).

5 Para os eventos de chuva do dia 14 de junho é mostrado na Figura5b, o registro das alturas das células que variaram entre 15 km e 3 km. Entretanto, foram registrados valores acima de 14 km e ao Sul do Radar de Belém. A nordeste do Radar, os valores variaram de 7 a 9 km de altura. (a) Figura 5. (a) Distribuição espacial do valor de refletividade em (dbz) e distribuição espacial dos valores dos topos das células convectivas (km), para o dia 14 de junho de 2011, na área abrangente do Radar de Belém-CENSIPAM.