Figura 1 Anomalia de precipitação de abril de 2009.

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1 CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA PREDOMINANTE DURANTE O MÊS DE ABRIL DE 2009 E SUA RELAÇÃO COM A OCORRÊNCIA DE CHUVAS ANÔMALAS EXTREMAS SOBRE PARTE DAS REGIÕES NORTE E NORDESTE DO BRASIL Durante o mês de abril foram registrados acumulados significativos de chuva em parte das Regiões Norte e Nordeste do Brasil, principalmente nos Estados do Pará (PA), Amazonas (AM), Maranhão (MA), Piauí (PI), Ceará (CE) Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB) e Pernambuco (PE). Muitos municípios destes Estados afetados ficaram alagados devido à quantidade de chuva que fez transbordar diversos rios desta grande área. Milhares de famílias ficaram desabrigadas, houve muitos prejuízos e registro de mortes em algumas cidades. Por vários dias consecutivos as chuvas ultrapassaram os 100 mm diários em algumas cidades. À Figura 1 apresenta o campo de anomalia de precipitação sobre o Brasil, correspondente ao mês de abril de Nota-se que as anomalias positivas mais significativas se localizaram sobre parte das Regiões Norte e Sudeste e em várias áreas desta amplia região, os valores anômalos duplicaram os valores médios climatológicos. Figura 1 Anomalia de precipitação de abril de A análise da circulação atmosférica em altitude predominante ao longo do mês de abril (Figura 2 acima), mostra a presença de um anticiclone sobre o oceano, aproximadamente em 8S, 20W, de onde se estende uma crista em direção ao continente. A nordeste deste centro anticiclônico, já no hemisfério Norte, observa-se outra ampla área anticiclônica, centrada aproximadamente em 10N, 5W. Entre ambos os centro anticiclônicos pode-se notar anomalias negativas significativas (inferiores a -10 m/s) da componente zonal do vento estendendo-se em direção ao norte da Região Nordeste do Brasil. Esta configuração anômala dos ventos em altitude favoreceu o aumento da ventilação neste nível devido à forte difluência dos ventos. Assim, a divergência em

2 altitude é maior favorecendo, conseqüentemente, a intensificação da convergência nas camadas mais baixas da atmosfera. Desta maneira, o mecanismo de levantamento viu-se reforçado o que ajudou a manter mais ativa e um pouco mais ao sul a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e o Cavado Equatorial (CE). É possível observar que a forte difluência concentrou-se sobre os Estados do norte da Região Nordeste, no TO e sobre parte do leste e nordeste do PA, áreas onde as chuvas foram mais extremas e anomalamente positiva. Figura 2 Linha de Corrente e anomalia da componente zonal do vento em 250hPa durante abril de 2009

3 A análise das duas quinzenas, por separado (Figura 2 abaixo), mostra que o sinal mais forte refletido no mês todo foi visto, principalmente, no segundo período do mês (Figura 2 abaixo direita). Durante a primeira quinzena (Figura 2 abaixo esquerda) nota-se uma região anticiclônica bem mais intensa sobre o continente, mostrando a presença da Alta da Bolívia. Pode-se observar, também, a presença de um cavado invertido sobre o oceano na altura do norte da Região Sudeste e da Região Nordeste. Este sistema reflete a atuação dos dois eventos de ZCOU mencionados anteriormente, sistema que tem provocado fortes chuvas sobre parte do sul e sudoeste da Bahia (BA) e em parte de Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES). Este sistema também ajudou, de alguma maneira, a trazer a ZCIT um pouco mais ao sul, permitindo sua atuação sobre o norte da Região Nordeste. A análise mensal da circulação atmosférica em 850 hpa (Figura 3 acima) mostra anomalias negativas da componente meridional do vento (vento norte) concentradas sobre o norte do continente Sul-americano e influenciando especialmente a Região Norte do Brasil. Durante a primeira quinzena (Figura 3 abaixo esquerda) o fluxo anômalo do norte penetrou também sobre parte do norte da Região Nordeste fazendo com que a ZCIT (ou pulsos deste sistema) ficasse deslocada um pouco mais a sul provocando chuvas extremadamente anômalas sobre alguns Estados desta Região..

4 Figura 3 Linha de corrente e anomalia de vento meridional em 850hPa de abril de A componente zonal do vento em 850 hpa (Figura 4 acima) permite observar um fluxo anômalo do leste sobre o Atlântico Tropical e sobre o interior do Nordeste favorecendo a intrusão de ar úmido e, conseqüentemente, a intensificação das chuvas.

5 Figura 4 Linha de corrente e anomalia de vento zonal em 850hPa de abril de Nota-se também que durante a segunda quinzena (Figura 4 abaixo direita) o fluxo anômalo do leste foi mais intenso sobre o interior do Nordeste e também sobre o Estado do Tocantins (TO), em relação ao primeiro período. Um dos fatores que também pôde ter contribuído à intensificação das chuvas sobre as Regiões Norte e Nordeste foi o comportamento da Oscilação de Madden e Julian (OMJ). Esta flutuação de escala intrasazonal (30 60 dias) esteve mais ativa e favorável principalmente durante a última semana do mês. Por último, outro fator determinante foi a persistente atuação da Zona de Convergência Intertropical que esteve deslocada um pouco mais ao sul da sua posição climatológica ajudando, desta maneira, a intensificação das chuvas sobre as áreas mencionadas anteriormente. Este comportamento pode ter sido favorecido pela presença de anomalias positivas na temperatura da superfície do mar em parte do oceano Atlântico tropical, justamente onde a ZCIT ficou mais concentrada.