Manifestações patológicas em fachadas de Habitações de Interesse Social: estudo de caso do Residencial Querência, na cidade de Pelotas/RS
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- Miguel Bandeira Ximenes
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1 1 Manifestações patológicas em fachadas de Habitações de Interesse Social: estudo de caso do Residencial Querência, na cidade de Pelotas/RS Mônica Navarini Kurz MBA Projeto, Execução e Controle de Estruturas & Fundações Instituto de Pós-Graduação e Graduação - IPOG Porto Alegre, RS, 19 de janeiro de 2015 Resumo No Brasil, tem-se observado, nas habitações de interesse social, uma alta incidência de manifestações patológicas responsáveis pela necessidade de uma frequente ação de manutenção para garantir as funções básicas das habitações. Conhecer os tipos de manifestações patológicas, suas causas e origem, permitem estabelecer medidas preventivas no projeto, na execução e na especificação de materiais. Os revestimentos de fachada são os mais visados quando possuem manifestações patológicas, pois os mesmos compõem a paisagem urbana de uma região. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo identificar e descrever as manifestações patológicas das fachadas do Residencial Querência, uma habitação do tipo PAR, localizado na cidade de Pelotas/RS, relacionando as manifestações patológicas com suas possíveis origens e propondo soluções para correção dos problemas encontrados. A análise baseou-se através de vistorias no local e levantamento fotográfico, para posteriormente ser realizadas sugestões de medidas corretivas para os problemas identificados. As manifestações patológicas encontradas foram fissuras, sujidade, manchas de umidade, descolamento com pulverulência e presença de ferrugem e corrosão nas esquadrias (portas). Com os resultados obtidos foi possível concluir que a falha na execução, as propriedades dos materiais e a falta de manutenção da edificação são fatores que influenciam na presença das manifestações patológicas nas fachadas. Palavras-chave: Manifestações patológicas. Fachadas. Habitações de Interesse Social. 1. Introdução A função primordial da habitação é a de abrigo. Com o desenvolvimento de suas habilidades, o homem passou a utilizar materiais disponíveis em seu meio, tornando o abrigo cada vez mais elaborado. Mesmo com toda a evolução tecnológica, sua função primordial tem permanecido a mesma, ou seja, proteger o ser humano das intempéries e de intrusos (ABIKO, 1995). Ainda segundo Abiko (1995), o termo Habitação de Interesse Social (HIS) define uma série de soluções de moradia voltada à população de baixa renda. O termo tem prevalecido nos estudos sobre gestão habitacional e vem sendo utilizado por várias instituições e agências, ao lado de outros equivalentes, como:
2 2 - Habitação de Baixo Custo (low-cost housing): termo utilizado para designar habitação barata sem que isto signifique necessariamente habitação para população de baixa renda; - Habitação para População de Baixa Renda (housing for low-income people): é um termo mais adequado que o anterior, tendo a mesma conotação que habitação de interesse social; estes termos trazem, no entanto a necessidade de se definir a renda máxima das famílias e indivíduos situados nesta faixa de atendimento; - Habitação Popular: termo genérico envolvendo todas as soluções destinadas ao atendimento de necessidades habitacionais. Dentre os programas de Habitação de Interesse Social, consta o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) que é um projeto promovido pelo Governo Federal Brasileiro, por meio do Ministério das Cidades, possuindo a Caixa Econômica Federal como o agente executor e o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) como financiador. O empreendimento é realizado pela iniciativa privada e foi elaborado para ajudar os municípios e os estados a atenderem à necessidade de moradia da população de baixa renda. As edificações são construídas para terem um bom desempenho e boa durabilidade, porém, segundo Romano (2009), é significante o crescente número de edificações que apresentam deterioração precoce, apresentando manifestações patológicas de diversas origens. As manifestações patológicas das construções podem ser entendidas, analogamente à ciência médica, como o ramo da engenharia que estuda os sintomas, formas de manifestação, origens e causas das doenças ou defeitos que ocorrem nas edificações. Segundo Carmona Filho (2009), é uma ciência relativamente nova, que estuda os diversos problemas a que as construções estão sujeitas, sejam eles decorrentes de falhas de projeto, de execução, mau uso ou o envelhecimento natural das edificações. Para Helene (1992), "[...] pode ser entendida como parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema [...]". As manifestações patológicas aparecem em todos os componentes da edificação, estes passando a ter um desempenho insatisfatório, necessitando fazer, segundo Cremonini (1988), uma análise dos defeitos, suas origens e causas, mecanismos de ocorrência e consequências. No Brasil, tem-se observado, nas edificações voltadas à população de baixa renda, uma alta incidência de manifestações patológicas responsáveis pela necessidade de uma frequente ação de manutenção para garantir as funções básicas das habitações. Conhecer os tipos de manifestações patológicas, suas causas e origem, permitem estabelecer medidas no projeto, na execução, na especificação de materiais e/ou no manual do usuário que evitem anomalias em outros empreendimentos. Helene (1992) relata que no diagnóstico das manifestações patológicas, os problemas podem ser separados em dois tipos: os que afetam as condições de segurança da estrutura (mais urgentes); e os que comprometem somente as condições de higiene e estética, denominadas condições de serviços, associadas aos estados-limites de utilização. Os revestimentos de fachada são os mais visados quando possuem manifestações patológicas, pois os mesmos compõem a paisagem urbana de uma região. Além disso, segundo Chaves (2009), os revestimentos de fachada são elementos funcionais em um edifício, possuindo papel de proteção, acabamento final e complemento das vedações.
3 3 Para os autores Just e Franco (2001), os revestimentos, principalmente das fachadas, são formadores de imagem do imóvel, sugestionando o que se deve encontrar em seu interior. Por isso a importância de se verificar as manifestações patológicas e propor soluções para correção e manutenção. Ainda sobre as fachadas, Roméro e Simões (1995) apontam que os detalhamentos construtivos são responsáveis pela harmonização dos materiais para o processo executivo, facilitando a construtibilidade e compatibilidade dos elementos que formam as fachadas, não permitindo as omissões construtivas dos acabamentos responsáveis para aumentar a durabilidade dos componentes. Estes mesmos autores citam que estatísticas internacionais apontam que mais de 50% das patologias construtivas são oriundas da falta de detalhamento adequado, mas que alguns detalhes de proteção de fachadas são responsáveis pela sensível redução destas estatísticas. A vida útil e a durabilidade das fachadas estão ligadas à agressividade do meio ambiente, às propriedades dos elementos e dos seus componentes e à interação entre estes ao longo do tempo. Como requisitos de durabilidade, o edifício deve manter a capacidade funcional durante a vida útil prevista em projeto sem os sinais de desgaste, desde que realizadas as intervenções periódicas de manutenção e conservação (NBR 15575, 2013). Para Helene (1992), a manutenção preventiva é a maneira mais barata e correta de se manter em boas condições de uso uma edificação. A falta de uma manutenção preventiva durante o uso do edifício pode até quintuplicar o custo para a realização de uma ação. As medidas corretivas são os reparos dos problemas levantados durante os trabalhos de diagnóstico, prognóstico e desenvolvimento das formas de intervenção. A essas atividades pode-se associar, geralmente, um custo de aproximadamente 125 vezes superior ao custo das medidas que poderiam ter sido tomadas durante as fases iniciais da construção (HELENE, 1992). 2. Objetivo Este trabalho tem como objetivo geral contribuir com o processo de projeto, gestão da construção e utilização das habitações de interesse social, ao oferecer diretrizes para a correção das manifestações patológicas encontradas e a possível causa de suas origens. Os objetivos específicos desta pesquisa são: (a) identificar e descrever as manifestações patológicas encontradas nas fachadas sudeste e noroeste de residencial na cidade de Pelotas, através de um levantamento visual e fotográfico; (b) relacionar as manifestações patológicas com as possíveis origens de sua ocorrência; e (c) propor soluções para correção dos problemas encontrados. 3. Metodologia Segundo Prodanov e Freitas (2013), o método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento. Para análise dos problemas apresentados pela edificação em questão, simplificou-se a metodologia proposta por Lichtenstein (1986), conforme mostra a Figura 01. A adaptação fez-se necessária, pois não foi objetivo do artigo analisar as propriedades físicoquímicas dos materiais, mas sim, a identificação visual dos problemas seguidos do seu
4 4 diagnóstico. A análise baseou-se através de vistorias no local e levantamento fotográfico das fachadas, para posteriormente ser realizadas sugestões de medidas corretivas e preventivas para os problemas identificados. O ambiente da pesquisa foi o Residencial Querência, uma edificação do tipo PAR entregue no ano de 2006, na cidade de Pelotas. Figura 01: Adaptação da metodologia de Lichtenstein (1986)
5 5. 4. Caracterização do Residencial Querência Dentre os residenciais do tipo PAR existentes na cidade de Pelotas/RS, o objeto de estudo deste trabalho é o Residencial Querência (Figura 02), entregue em outubro de 2006, constituído de sobrados e composto por três blocos, o Querência I, Querência II e Querência III, conforme Figura 03. Estes blocos totalizam 218 unidades, sendo subdivididos de acordo com mostrado na Tabela 01. O sistema construtivo é em alvenaria estrutural de blocos cerâmicos. A cobertura é composta de telhado de fibrocimento, os entrepisos são de lajes pré-moldadas, o revestimento externo é em argamassa revestida com tinta, as portas externas são de ferro e as janelas de alumínio. O residencial em questão foi construído pela empresa Roberto Ferreira Comercial e Construtora Ltda., fundada em 1953 e atuante na área da construção civil, direcionando-se predominantemente ao setor habitacional.
6 6 Figura 02 Vista do PAR Querência Figura 03 Implantação do PAR Querência
7 7 Fonte: Roberto Ferreira Com. e Const. Ltda. (2014) Tabela 01 Dados dos blocos do Residencial Querência Nome do Conjunto Endereço Nº de Un. Habitacionais Área Unid. Habitacional Querência 1 Rua Alcides Veleda, ,56 m² Querência 2 Rua Alcides Veleda, ,56 m² Querência 3 Rua Alcides Veleda, ,56 m² 5. Análise das Manifestações Patológicas Segundo Thomaz (2001), a agência Qualiform, com base em levantamentos executados por companhias seguradoras francesas na década de 80, apontava como origem das manifestações patológicas as seguintes estatísticas: - projetos: 42%; - processos de construção: 24%; - materiais 17%; uso indevido das obras: 10%; - e outras origens (acidentes, erosão, etc.): 7%.
8 8 Esta pesquisa confirma o resultado de tantas outras, apontando o projeto como maior responsável pelas manifestações patológicas das construções. O autor afirma que as "falhas de projeto" compreendem operações de construção que foram mal executadas por falta de detalhamento, omissões ou equívocos dos projetos relativos aos materiais e às técnicas construtivas. Segundo Fiess et al. (2004), falhas de execução compreendem aqueles serviços que apresentam manifestações patológicas em razão da falta de controle dos serviços, omissão de alguma especificação que conste em projeto e falta de cumprimento da normalização técnica. E para os mesmos autores, falhas provenientes da qualidade dos materiais compreendem aqueles elementos que, independentemente da qualidade de seu projeto e/ou execução, encontram-se deteriorados. Já as falhas decorrentes do uso dizem respeito àqueles elementos que foram prejudicados pela falta das atividades necessárias à garantia de seu desempenho satisfatório ao longo do tempo (SOUZA; RIPPER, 1998). Neste trabalho, a coleta de dados foi realizada em duas etapas, a primeira identificou as manifestações patológicas existentes nas fachadas dos prédios e a segunda analisou as possíveis causas destas manifestações. As manifestações patológicas encontradas no residencial, após o levantamento e coleta de dados, foram as seguintes: fissuras, sujidade, manchas de umidade, descolamento com pulverulência e presença de ferrugem e corrosão nas esquadrias (portas) Fissuras O autor Thomaz (1992) destaca as fissuras como sendo a mais importante devido a três aspectos: o aviso de algum problema sério na estrutura, o comprometimento do desempenho da obra em serviço e o constrangimento psicológico que a fissuração exerce sobre seus usuários. A incidência de fissuras, nas argamassas de revestimento, quando não está ligada a movimentação ou fissuração da base, está condicionada a fatores relativos à execução do revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas e principalmente por retração hidráulica da argamassa (BAUER, 1997). Thomaz (1992) indica três fatores causadores de fissuras decorrentes de movimentações térmicas entre materiais. O primeiro refere-se às fissuras causadas pela junção de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica, expostos às mesmas variações de temperatura, como, por exemplo, as aberturas nas alvenarias, pois os cantos apresentam acentuada concentração de tensões, geradas pela variação de temperatura da parede, ocasionando fissuras, principalmente quando não são executadas as vergas e/ou contravergas. Um segundo fator que causa fissuras de movimentações térmicas entre materiais é a exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas naturais. Em geral as coberturas planas são mais expostas às mudanças de temperaturas do que os paramentos verticais ocorrendo, assim, movimentos diferenciados entre os elementos verticais e horizontais. Como exemplo, pode-se citar o concreto e as alvenarias, nos quais o coeficiente de dilatação térmica do concreto é aproximadamente duas vezes maior que o da alvenaria. O terceiro fator que causa fissuras decorrentes de movimentações térmicas entre materiais é o gradiente de temperaturas ao longo de um mesmo componente da edificação. Thomaz (1992)
9 9 refere-se às fissuras que ocorrem em lajes de cobertura provocadas por esforços internos diferenciados, decorrentes da diferença de temperatura entre as superfície externa da laje e a superfície inferior da laje. As fissuras observadas nas fachadas deste residencial possuem origem por retração hidráulica da argamassa (Figura 04) e por falta ou má execução de vergas e contra vergas (Figura 05). A má execução ocorre quando não é realizado o transpasse indicado das vergas e contra vergas. Figura 04 Fissuras causadas por retração da argamassa Figura 05 Fissuras causadas por falta ou má execução de vergas e contra vergas A correção das fissuras causadas por retração da argamassa pode ser realizada com a substituição do revestimento argamassado e repintura. Já as fissuras ocasionadas por ausência
10 10 ou má execução das vergas e contra vergas podem ser corrigidas utilizando sela-trinca e colocação de tela de poliéster Sujidade e manchas de umidade A sujidade nas fachadas pode ser descrita como o comportamento dos elementos de servir de suporte para deposição de poluentes atmosféricos e que, pela ação da chuva, são transportados para superfícies verticais, tornando-se visíveis (FREITAS, 2012). A presença da umidade aumenta significativamente a adesão da poeira atmosférica sobre os paramentos. As manchas de umidade, que surgem por capilaridade, infiltração, condensação e falta ou má execução de detalhes construtivos, também proporcionam sujidade nas fachadas, como mostra a Figura 06. As manifestações patológicas da umidade podem ocorrer em diversas partes das edificações, tais como paredes, lajes, tetos, fachadas e pisos e representam um dos problemas mais difíceis de serem corrigidos dentro da construção civil (PEREZ, 1988). Segundo Verçoza (1991), a umidade não é apenas uma causa de patologias, ela age também como um meio necessário para que grande parte das patologias em construções ocorra. Nas edificações pode manifestar-se de diversas formas e tem as seguintes origens: a) da fase de obras: umidade remanescente nos materiais utilizados na construção, se mantendo por um tempo e diminuindo gradualmente até desaparecer; b) da absorção e capilaridade dos materiais: absorção da água existente no solo pelas fundações, migrando para fachadas e pisos; c) de infiltrações: água da chuva que penetra na edificação; d) da condensação: provenientes do vapor de água que se condensa nas superfícies ou no interiordos elementos de construção; e) de eventos acidentais: umidade resultantes de vazamento em redes hidráulicas A incidência de umidade constante, principalmente em áreas não expostas ao sol, propicia o surgimento de mofo ou bolor na superfície, que tende a desagregar o revestimento (CINCOTTO, 1988). No residencial foram encontradas sujidades e manhas de umidade provenientes de absorção e capilaridade. A manutenção periódica da edificação auxilía no não aparecimento de sujidades, e seu reparo deve ser com limpeza e, se necessário, pintura da superfície. Para a umidade por capilaridade sugere-se remoção do revestimento; impermeabilização da alvenaria; novo revestimento; e pintura à base epóxi. Figura 06 Manchas de umidade por capilaridade e sujidades na fachada
11 Descolamento com pulverulência Os descolamentos ocorrem de modo a separar uma ou mais camadas dos revestimentos de argamassa e podem apresentar extensão que varia desde pequenas áreas até abranger a totalidade da alvenaria. Podem se manifestar com empolamento, em placas ou com pulverulência (BAUER, 1987). No descolamento com empolamento, o reboco se destaca do emboço, formando bolhas cujo diâmetro aumenta progressivamente. As principais causas são: infiltração de umidade e hidratação retardada do óxido de magnésio da cal. Queda de porções ou da quase totatlidade do revestimento, não restando vestígios de aderência do revestimento à base caracterizam o descolamento em placas (TERRA, 2001). Para Veiga (1990), as causas prováveis são: ausência de aderância; base lisa; ausência de camada de chapisco; argamassa muito rica; argamassa aplicada em camada muito espessa; substrato com execsso de substância hidrófuga; interface com o substrato apresentando placas frequentes de mica. Segundo relata Bauer (1994), o descolamento com pulverulência apresenta ocorre quando a película de tinta desloca arrastando o reboco que se desagrega com facilidade. As causas prováveis são: camada de revestimento muito espessa; ausência de carbonatação da cal; traço com excesso de cal; argamassas muito pobres; execsso de finos no agregado. No Residencial Querência, o descolamento com pulverulência ocorre na parte inferior das fachadas, podendo ter como causa a camada de revestimento muito espessa, argamassa muito pobre, excesso de finos no agregado e presença de umidade, conforme Figura 07. Figura 07 Descolamento com pulverulência
12 12 A solução para esta manifestação patológica é a extração do revestimento descolado, tratamento da superfície (melhorando a aderência), aplicação de novo revestimento e repintura do local Ferrugem e corrosão A ocorrência de ferrugem e corrosão nas portas está ligada a reação química do material e a falta de manutenção nas esquadrias, conforme mostrado nas Figuras 08 e 09. O ferro e o aço enferrujam quando são expostos à umidade, sofrendo uma corrosão gradual. A reação química entre o metal, o oxigênio do ar e a água ácida devido a sujidade e a poeira costumam ser a causa da ferrugem. Figura 08 Presença de ferrugem nas portas
13 13 Figura 09 Presença de corrosão nas portas Portanto, para reparar este dano deve ser realizada uma limpeza na área enferrujada, reparo da corrosão com massa de poliéster, aplicação de um líquido neutralizador de ferrugem e repintura com tinta antiferrugem Causas e Reparos das Manifestações Patológicas As manifestações patológicas presentes no residencial estão sintetizadas na Tabela 02, a qual mostra a manifestação patológica, sua possível causa e possibilidades de reparos. Tabela 02 Manifestações patológicas, sua causa e seu reparo Ficha de Manifestações Patológicas do Residencial Querência Pelotas/RS Descrição da Manifestação Patológica Possíveis Causas da Patologia Possíveis Soluções de Reparação Fissuras - retração hidráulica da argamassa - substituição do revestimento argamassado - Repintura - falta ou má execução de vergas e contra vergas - sela-trinca - Colocação de tela de poliéster - Repintura Sujidade - Falta de manutenção e limpeza - Limpeza da superfície
14 14 - Repintura (se necessário) Manchas de umidade - Alta absorção de água pelas fundações; - Falta de impermeabilização das fundações - Remoção do revestimento - Impermeabilização da alvenaria - Novo revestimento - Pintura à base epóxi Descolamento com pulverulência - Camada de revestimento muito espessa; - Argamassa muito pobre; - Excesso de finos no agregado - Presença de umidade - Extração do revestimento descolado; - Tratamento da superfície (melhorar aderência); - Aplicação de novo revestimento; - Repintura Presença de ferrugem e corrosão nas esquadrias (portas) - Falta de manutenção e limpeza - Presença de umidade - Limpeza na área enferrujada - Reparo da corrosão com massa de poliéster - Aplicação de um líquido neutralizador de ferrugem - Repintura com tinta antiferrugem 6. Conclusão A partir dos dados obtidos neste trabalho, conclui-se que as manifestações patológicas observadas estão relacionadas à falha na execução, às propriedades dos materiais e à falta de manutenção da edificação, que podem ser reparadas conforme indicado neste estudo. Cabe esclarecer que tais manifestações não causam nenhum risco aos usuários, somente desconforto visual. Mesmo assim, o reparo faz-se necessário para uma melhor conservação da edificação. Acredita-se que é na fase de concepção do projeto que se encontra a direção para a melhoria de qualidade das construções e a consequente diminuição das manifestações patológicas, que são comuns em fachadas de edificações. É importante compreender a necessidade de se estudar as manifestações patológicas, no sentido de evitar o seu aparecimento no presente e prevenindo-se problemas futuros. Referências Bibliográficas ABIKO, Alex Kenya. Introdução à gestão habitacional. São Paulo: EPUSP, ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações habitacionais - Desempenho - Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013.
15 15 BAUER, Roberto José Falcão. Falhas em revestimentos, suas causas e sua prevenção. São Paulo: Centro Tecnológico Falcão Bauer, Materiais de Construção. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, Patologia em revestimentos de argamassa inorgânica. In: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, Salvador: Anais CETA/ANTAC, p CARMONA FILHO, Antonio. Panorama da Edificação Sob a Ótica da Patologia. Conexão AEC: CHAVES, Ana Margarida Vaz Alves. Patologia e Reabilitação de Revestimentos de Fachadas. Dissertação Universidade de Minho, Guimarães, Portugal, CINCOTTO, Maria Alba. Patologia das argamassas de revestimento: análise e recomendações. In: Tecnologia de edificações. São Paulo: Pini, P CREMONINI, Ruy Alberto. Incidência de Manifestações Patológicas em unidades escolares na região de Porto Alegre: Recomendações para projeto, execução e manutenção. Dissertação Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, FREITAS, Juliana Gomes. A influência das condições climáticas na durabilidade dos revestimentos de fachada [manuscrito]: estudo de caso na cidade de Goiânia - GO. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil. Universidade Federal de Goiás, 2012 HELENE, Paulo Roberto Lago. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2.ed. São Paulo: Pini, Introdução da vida útil no projeto das estruturas de concreto NB 1/2001. São José dos Campos: Workshop Eletrônico Sobre Durabilidade das Construções e Workshop Sobre Durabilidade das Construções, 2001, p JUST, Angelo; FRANCO, Luiz Sérgio. Descolamentos dos revestimentos cerâmicos de fachada na cidade do Recife. São Paulo: Boletim Técnico Escola Politécnica de São Paulo, p. LICHTENSTEIN, Norberto. Patologia das construções. Boletim técnico n. 06. São Paulo: USP, PEREZ, Ary Rodrigo. Umidade nas Edificações: recomendações para a prevenção de penetração de água pelas fachadas. Tecnologia de Edificações, São Paulo: Pini, IPT
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