Acidentes de origem eléctrica em Portugal
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- Bruno Lancastre Silveira
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1 0. Introdução Este relatório é o resultado do registo dos acidentes e incidentes de origem eléctrica que foram noticiados pela imprensa nos serviços online a nível nacional no ano de 2011, à imagem dos relatórios efectuados com base nas ocorrências registadas quer no primeiro, quer no segundo semestre do mesmo ano. Não pretende ser uma análise científica e estatisticamente relevante dos acidentes que ocorrem em Portugal, pretendendo tão só consciencializar a opinião pública para uma situação que existe e que por vezes, no entender da CERTIEL, não é suficientemente valorizada, sendo mesmo com frequência descurada, e cujas consequências em termos humanos e materiais são por vezes significativas. De referir que neste relatório apenas são considerados os acidentes cuja notícia indica como causa um fenómeno relacionado directamente com a utilização da electricidade, onde não se inserem, por razões óbvias, os acidentes resultantes do furto de cobre e equipamentos das instalações: Curto-circuito; Sobrecarga; Contactos directos e indirectos; Avaria de equipamentos; Utilização incorrecta dos aparelhos.
2 1. Informação global Da informação recolhida, resultaram 123 registos de acidentes relacionados com a utilização de energia eléctrica, sendo a grande maioria causadores de incêndio ou chamada de corpo de bombeiros. Este valor difere da soma dos dois semestres pelo facto de uma ocorrência ter sido verificada após a elaboração do relatório afecto à primeira metade do ano já divulgado, no qual esta deveria constar. Constata-se que numa distribuição geográfica dos registos verificados, a região norte do país acumula cerca de 45 % das ocorrências, sendo a região Sul e regiões autónomas as que registam menor número de ocorrências, facto a que não será alheia a distribuição das próprias instalações. Fig.1 - Distribuição de 123 registos pelo território nacional
3 2. Resultados Neste capítulo serão apresentados alguns gráficos representativos, que nos permitem tirar algumas conclusões acerca do fenómeno em estudo Distribuição no tempo Constata-se, pelos dados recolhidos, que a distribuição dos acidentes é homogénea durante os meses do semestre, verificando-se apenas um súbito aumento no mês de Junho, facto sobre o qual não é possível tirar ilações conclusivas por falta de elementos comparativos Fig.2 - Distribuição mensal das 123 ocorrências
4 2.2. Tipo de ocorrência O gráfico circular, em baixo, representa o tipo de acidente ou ocorrência noticiado, sendo que a causa nem sempre é explícita. Assim, a causa agora definida é resultado da informação obtida directa ou indirectamente conjugada com a experiência profissional e face ao relatado ou noticiado CD ou falha de isolamento curto-circuito sobrecarga erro utilização Fig.3 Distribuição de ocorrências A grande maioria dos registos é reportada como curto-circuito, mas o CD - Contacto Directo, ou falhas de isolamento têm resultados, geralmente, mais gravosos em termos de danos pessoais.
5 2.3. Acidente por tipo de utilização Constata-se, que a grande maioria dos acidentes está relacionada com o parque habitacional. Neste caso, temos no gráfico, a distinção entre moradia e apartamento por se entender que a concepção de cada uma das instalações tem critérios distintos, sendo no entanto a soma de ambas responsável por de 50 % dos 123 registos efectuados. Escolar 1 Industria 11 Não definido 6 ERP 25 Moradia 35 Serv. Público 13 Apartamento 27 Agrícola Fig. 4 Ocorrências por tipo de utilização da instalação eléctrica Os ERP - estabelecimentos recebendo público, onde também devemos incluir as instalações aqui denominadas como Serviço Público, são também instalações com relevante incidência, representando mais de 30% das ocorrências.
6 3. Danos verificados Infelizmente, os danos associados a um incidente com origem numa instalação eléctrica, para além de materiais, são também, com elevada frequência, pessoais Danos no edificado e estabelecido Com base em 103 registos de ocorrências com incêndio, foram definidas categorias de danos causados para dois tipos de instalações (habitação e não habitação), registos esses que permitem definir: Hab. DT - Habitação com destruição total; Hab. DP - Habitação com destruição parcial; Hab. DL - Habitação com destruição localizada; N Hab. DT - Não Habitação com destruição total; N Hab. DP - Não Habitação com destruição parcial; N Hab. DL - Não Habitação com destruição localizada; S/D Sem danos relatados Hab DT Hab DP Hab DL N Hab DT N Hab DP N Hab DL S/D Fig. 5 Destruição por incêndio A destruição localizada reporta-se à destruição de apenas o local de origem do incêndio, permitindo após reparação (maior ou menor) a continuidade de utilização do local.
7 3.2. Danos em pessoas e animais Sendo esta a maior preocupação e razão de ser do estudo em causa, é com grande preocupação que se verifica, em apenas 1 ano, a morte de 20 pessoas, das quais duas são crianças. Foram contabilizados 47 feridos, dos quais 12 apresentam queimaduras graves (2.º e 3.º grau), sendo os restantes resultado de quedas e intoxicações na sua grande maioria. Não podemos deixar de ter em atenção o número de desalojados, ou seja, foi relatado o facto de pelo menos 138 pessoas ficaram privadas da sua habitação, para além dos eventuais postos de trabalho em risco. Este valor soma aos feridos e mortes, donde resulta uma incidência directa em 205 pessoas, em escalas distintas, naturalmente. Acresce ainda a morte de um número considerável de animais que se encontravam nas instalações agrícolas atingidas. 10% 6% 67% 17% Óbitos Feridos graves Feridos ligeiros Desalojados Fig. 6 Relação dos danos com pessoas envolvidas
8 Conclusão: Num ano, com base apenas em casos que são notícia, totalizamos 205 vítimas, isto é, uma média de mais de 17 pessoas por mês, de onde podemos retirar uma média de 5,5 pessoas com danos físicos; Em 31 ocorrências, das quais 25 são em habitação, verificamos a totalidade dos óbitos e feridos; Do total de 123 ocorrências registadas, 39 são responsáveis por mortos ou feridos, isto é, cerca de 1/3 dos acidentes noticiados com referência explícita ao uso de energia eléctrica.
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