Movimento Outubro Rosa e a utilização das redes sociais digitais como meio de comunicação com seus públicos 1

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1 Movimento Outubro Rosa e a utilização das redes sociais digitais como meio de comunicação com seus públicos 1 Amanda Vieira Ferrari GASPARIN 2 Dulce Margareth BOARINI 3 Universidade Metodista de São Paulo, São Paulo, SP RESUMO A área da saúde tem se valido da ubiquidade da tecnologia digital, da mobilidade e da crescente sensação de autonomia do cidadão para disseminar a importância da prática da prevenção a doenças. O movimento Outubro Rosa, focado no combate ao câncer de mama, teve início por meio de mobilizações no mundo até então puramente analógico, mas hoje se vale da força das redes sociais digitais para conquistar a atenção de mais audiência. A comunicação ganhou força no mundo virtual. Este artigo analisa, através de revisão bibliográfica e estudo de caso, como o movimento, neste ano, alcançou mais aderência, graças às novas mídias, por meio de referências e pesquisa na rede social Facebook. PALAVRAS-CHAVE: saúde; mídias sociais digitais; comunicação; audiências. 1 Trabalho apresentado no GT Comunicação e Saúde, do PENSACOM BRASIL Mestranda do Curso de Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), avferrari@gmail.com 3 Mestranda do Curso de Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), magaboarini@gmail.com 1

2 INTRODUÇÃO A comunicação como ciência social e como forma de interação e diálogo entre os seres humanos se relaciona com outras áreas do conhecimento e uma delas é a saúde. De acordo com Almeida (2012), a interação entre comunicação e saúde é relevante para a disseminação de informações com foco em políticas públicas, que garantem a dignidade humana e os respeito aos direitos dos cidadãos. Desta forma, a conexão entre comunicação e saúde promove o diálogo entre a sociedade de modo a garantir que a população tenha acesso a informações acerca da prevenção e combate a doenças, promovendo a cidadania. As mídias sociais online, por não apresentarem as barreiras físicas e temporais - características das mídias tradicionais -, proporcionam um maior alcance e um acesso mais veloz às informações, criando novos espaços para ações sociais. Safko e Brake (2010) definem as mídias sociais como atividades e práticas entre grupos de indivíduos que se reúnem no ambiente online para dialogar e compartilhar informações por meio de aplicativos da web. No que tange à área da saúde essas novas mídias podem ser um meio de interação social e promoção de campanhas essenciais à população no combate e prevenção às enfermidades. As novas mídias, em especial as mídias sociais, trazem possibilidades de interação nunca antes experimentadas, eliminando barreiras físicas e temporais e proporcionando espaço para novas formas de mobilização social. Um instrumento, portanto, que pode garantir maior alcance de informações essenciais à sociedade no que diz respeito à sua saúde, como políticas de prevenção, campanhas de vacinação, entre outros. (ALMEIDA, 2012, p.4) E um exemplo de mobilização social na área da saúde - onde as mídias sociais online intensificaram a propagação da campanha - é o Movimento Outubro Rosa, direcionado à prevenção do câncer de mama. 2

3 Assim, este trabalho tem por objetivo analisar como o movimento Outubro Rosa vem ganhando visibilidade por meio da utilização da rede social online Facebook como forma de comunicação e interação com o público. Primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica para referencial teórico. Depois foram consultados e analisados o website da campanha e de associações participantes e, por fim, também pesquisa na rede social Facebook. A ÁREA DA SAÚDE E AS REDES SOCIAIS ONLINE O surgimento da internet intensificou e aprimorou os estudos das redes sociais e os elementos que a compõe, tendo em vista que estruturas comunicacionais foram surgindo, modificando relações sociais e as formas como os indivíduos dialogam e compartilham informações. Conforme Recuero (2014, p. 403): O conceito de rede social passou a receber renovada atenção após a década de 1990, de modo especial, com o surgimento e popularização da internet [...] Tal circunstância era ideal para que essas interações fossem mapeadas, trazendo o foco para a construção, a modificação e a apresentação das redes sociais. Deste modo, a popularização do acesso a novas tecnologias - como as redes sociais online - tem provocado transformações nas formas de se comunicar, pois hoje o receptor não é somente um reagente à mensagem, mas também um ator no processo comunicacional. Ferrari (2011) corrobora como as transformações nos processos comunicacionais vêm sofrendo ao afirmar que as mudanças sociais ocorridas, principalmente em 3

4 decorrência do impacto da chegada da web e suas inúmeras formas de interação transformaram o público (receptor) em agente. Ainda para Santaella (apud DI FELICE, 2008, p.45): O emissor não emite mais mensagens, mas constrói um sistema com rotas de navegações e conexões. A mensagem passa a ser um programa interativo que se define pela maneira como é consultado, de modo que a mensagem se modifica na medida em que atende às solicitações daquele que manipula o programa. E a área da saúde tem se utilizado da ubiquidade e da mobilidade das redes sociais online para dialogar e informar o cidadão acerca da importância da prática da prevenção a doenças. O MOVIMENTO OUTUBRO ROSA Conforme informações constantes no site oficial no movimento no Brasil 4, o Outubro Rosa surgiu nos Estados Unidos, direcionado à prevenção do câncer de mama. O laço rosa é o símbolo da campanha e foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e foi distribuído pela primeira vez aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em Figura 01 - Laço rosa símbolo da Campanha Outubro Rosa editado pelas autoras 4 Fonte: 4

5 Em 1997, entidades das cidades de Yuba e Lodi nos Estados Unidos, começaram efetivamente a comemorar e fomentar ações voltadas à prevenção do câncer de mama, denominando como Outubro Rosa. Hoje o movimento é conhecido mundialmente e a primeira iniciativa no Brasil foi iluminação em rosa do monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista (mais conhecido como o Obelisco do Ibirapuera), situado em São Paulo-SP. No dia 02 de outubro de Cada ano vem aumentando a adesão ao movimento mundial "Outubro Rosa", que visa chamar atenção, diretamente, para a realidade atual do câncer de mama e a importância do diagnóstico precoce. (OUTUBRO ROSA, 2015). Conforme o INCA 5 o câncer de mama é o segundo tipo que mais agride pessoas no mundo e o que mais atinge as mulheres. Quando diagnosticado de forma precoce, o paciente tem aproximadamente 90% de chance obter a cura. Ainda conforme o Instituto, os eixos da campanha de prevenção ao câncer de mama são: divulgação de informações gerais sobre a doença; promoção do conhecimento, postura de atenção às mamas e necessidade oportuna de investigação; informação das recomendações nacionais para o rastreamento, benefícios e riscos da mamografia, dando à mulher segurança para decidir sobre o exame. (INCA, 2015). OUTUBRO ROSA E O FACEBOOK As redes sociais online permitem a criação de comunidades que são formadas por indivíduos com interesses comuns que se utilizam do ambiente virtual para dialogarem e compartilharem informações sobre um determinado assunto. Bauman (2001, p.1) define comunidade como uma coisa sempre boa, um lugar cálido, um lugar confortável e aconchegante. 5 Instituto Nacional de Câncer (fonte: fonte: 5

6 E, para Levy (1999, p. 92): Uma comunidade virtual é alicerçada de acordo com as afinidades e interesses mútuos dos indivíduos, que interagem, cooperam e trocam informações entre si, transcendendo barreiras geográficas e filiações institucionais. E, para a área de saúde, essas comunidades virtuais são um meio eficaz de estabelecer relações de confiança com a sociedade, objetivando a disseminação de informações, o diálogo e a interação. Conforme Almeida (2012, p. 10): As comunidades virtuais, em seus processos de auto-organização, já fazem uso das mídias sociais para falar sobre temas ligados a saúde e qualidade de vida, mesmo sem a mediação de um profissional capacitado. É uma utilização legítima, que não pode nem deve ser impedida, entretanto, é preciso buscar formas de se aprimorar o uso destas ferramentas, garantindo também fontes oficiais e confiáveis de conhecimento alimentadas por profissionais capacitados para tal. E o Facebook é uma rede social que permite essa interação e a disseminação de informações, bem como a criação de comunidades em que as pessoas compartilham interesses mútuos. Para Recuero (2014), o Facebook vem influenciando bastante a percepção das ações nas redes sociais, por sua abrangência e apropriação social. Segundo o Relatório de Resultados 6, apresentado pelo Facebook em 29 de julho de 2015, a rede social contabiliza 968 milhões de usuários diariamente, representando um crescimento de 17% sobre o ano anterior. O número de usuários ativos mensalmente chega a 1,49 bilhão, o que equivale um crescimento de 13% sobre (FACEBOOK REPORTS SECOND QUARTER, 2015). Numa breve pesquisa na rede Facebook, é possível constatar como o tema Movimento Outubro Rosa é disseminado através desta rede social online: 6 Facebook Reports Second Quarter 2015 Results (fonte: htttp://investor.fb.com/releasedetail.cfm?releaseid=924562) 6

7 - Página Facebook Instituto Neo Mama Figura 02 Página Facebook Instituto Neo Mama (fonte: - Página Facebook Pink October Malta Figura 03 Página Facebook Pink October Malta (fonte: - Posts da campanha compartilhado na rede social Figura 04 Posts da campanha (fonte: 7

8 Figura 05 Posts da campanha (fonte: O Movimento Outubro Rosa é um exemplo de ação que se utiliza de vários meios de comunicação para interagir com seus públicos, contudo o Facebook tem sido um elemento comunicacional eficaz da propagação da campanha, tendo em vista seu alcance e grande aceitação social, além de favorecer o lastro de confiança entre as pessoas. CONSIDERAÇÕES FINAIS As redes sociais online são meios de transformação dos processos comunicacionais, tendo em vista que o emissor também se torna agente. E a área da saúde tem se apropriado das redes sociais online como forma de dialogar, interagir e disseminar informações de prevenção, combate e tratamento de doenças. A proposta do trabalho foi verificar se o Facebook tem colaborado na disseminação do Movimento Outubro Rosa. A pesquisa evidenciou que esta rede social online, potencializou a propagação da campanha, tornando-a mais visível para toda a opinião pública, colaborado para promover a conscientização de cuidado e prevenção do câncer de mama propostos pela causa Outubro Rosa. 8

9 O uso do Facebook colaborou para intensificar a divulgação da campanha e levar o conhecimento e o debate do tema para muitas pessoas. Sua abrangência e apropriação social foram importantes para disseminar não apenas a própria existência da causa defendida pelo movimento Outubro Rosa, bem como a importância de sua realização e aderência, estimulando a participação, o diálogo e o compartilhamento. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Marília de Almeida e. A promoção da saúde nas mídias sociais Uma análise do perfil do Ministério da Saúde no Twitter. Disponível em: < as_m%c3%addias_sociais_-_mar%c3%adlia_almeida.pdf>. Acesso em: 01 out BAUMAN, Zygmunt. Comunidade A Busca por uma Segurança no Mundo Atual. Rio de Janeiro. Ed. Zahar e E-Reader KOBO, DI FELICE, M. Do púbico para as redes: A comunicação digital e as novas formas de participação social. São Caetano do Sul: Difusão, FACEBOOK. Reports Second Quarter 2015 Results. Disponível em: < Acesso em 01 nov FERRARI, Pollyana. Narrativas tageadas nos fluxos sociais. Impresso in: S. Squirra (org.). Ciber mídias: extensões comunicativas, expansões humanas. 1 ed. Porto Alegre: Buqui, p. 21 a 34. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Disponível em: < Acesso em: 12 out

10 INSTITUTO Neo Mama. Disponível em: < Acesso em 15 nov LÉVY, Pierre Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, OUTUBRO Rosa. História. Disponível em: < Acesso em: 02 out PINK October Malta. Disponível em: < Acesso em 12 nov RECUERO, Raquel. Redes Sociais. Impresso in: Citelli, Adilson et al. (orgs). Dicionário de Comunicação: escolas, teorias e autores. São Paulo: Contexto, p SAFKO, L.; BRAKE, D. K. A bíblia da mídia social. São Paulo: Blucher,