Tecnologias no Ensino da Matemática: mapeamento de laboratórios de informática nas escolas públicas no sul da Bahia e usos efetivos
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- Theodoro Sabala da Silva
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1 Tecnologias no Ensino da Matemática: mapeamento de laboratórios de informática nas escolas públicas no sul da Bahia e usos efetivos Patrícia Benevides de Oliveira 1 GD6 Educação Matemática, Tecnologias Informáticas e Educação à Distância. Nas últimas décadas, as escolas públicas, doravante denominadas instituições da Educação Básica (IEBa) no Brasil, vem sendo equipadas com laboratórios de informática por meio de programas governamentais que investem na melhoria da qualidade do ensino nestas instituições, podendo contribuir na multiplicação de possíveis modalidades didáticas do Professor no processo educativo mediado pelas tecnologias, em particular os ambientes computacionais de aprendizagem. Com base nesta constatação empírica, estamos investigamos os laboratórios das IEBa da região coberta pela Diretoria Regional de Educação (DIREC) 07 no sul da Bahia, que foram atendidas com o referido investimento onde analisaremos as modalidades didáticas utilizadas pelos Professores de Matemática em suas práticas pedagógicas envolvendo estes laboratórios. Esta investigação está sendo desenvolvida com base em: mapeamento dos laboratórios por meio de questionários e suas análises; análise institucional, considerando o Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) 5 no sul da Bahia e as Escolas da DIREC 07 que possuem laboratório de informática, como instituições de referências; e entrevista com os Professores de Matemática. Para isso, nos apoiamos na Teoria da Instrumentação (Rabardel, 1995) e na Teoria Antropológica do Didático (Chevallard, 1992) que constituem o nosso quadro teórico. Palavras-chave: Educação Matemática. Prática Pedagógica. Professor de Matemática. Instituição. O governo brasileiro, através do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) tem investido na implantação da informática educativa nas instituições de Educação Básica (IEBa), visando particularmente as possibilidades de facilitar a aprendizagem dos alunos. Este programa foi criado com o objetivo principal de promover o uso pedagógico de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas escolas públicas da Educação Básica, além de articular as ações dos Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTE) no Brasil. Estes núcleos são locais dotados de infraestrutura (laboratórios) de informática e comunicação, contando com profissionais capacitados pelo ProInfo para auxiliar as escolas no processo de incorporação das novas tecnologias e qualificação dos educadores capazes de utilizarem a 1 Universidade Estadual de Santa Cruz, pattybenevides@gmail.com, orientador: Afonso Henriques.
2 tecnologia, em particular a internet como meio educacional. O NTE 5 no sul da Bahia está localizado no Município de Itabuna e atende hoje a 54 escolas estaduais nesta região, equipadas ou não com laboratórios de informática do ProInfo, promovendo a qualificação dos educadores e gestores escolares, articulado ao ProInfo Integrado, o programa de capacitação continuada do governo federal. O Problema No entanto, mesmo com todos os esforços para equipar as escolas com computadores e propiciar as diferentes possibilidades de seu uso, existem pesquisas, como a divulgada pela Fundação Victor Civita 2, que apontam que ainda são poucos os Professores que os utilizam em sua prática pedagógica e essa utilização é geralmente advinda de iniciativas individuais. Segundo Penteado (1999, p. 298), este tem sido um dos fatores que dificultam a consolidação do seu uso nas escolas, uma vez o professor é tido como um elemento fundamental nesse processo. Neste sentido, os computadores vistos como suportes no ensino e na aprendizagem de saberes, pode promover uma mudança positiva na educação, se os Professores estiverem qualificados e dispostos a mudar as suas práticas pedagógicas, para fazerem uso efetivo dessa ferramenta. Pois, de acordo com Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 46), se, de um lado, pode ser considerado relativamente simples equipar as escolas com essas tecnologias, de outro, isso exige profissionais que saibam utilizá-las com eficácia na prática escolar. Nesse âmbito é que buscamos conhecer e compreender melhor as condições propiciadas pelos laboratórios de informática instalados nas Instituições da Educação Básica (IEBa) na região de influência da UESC, surgindo assim, a seguinte questão principal para o nosso trabalho de Dissertação do Mestrado: Os laboratórios de informática das escolas da DIREC 07 estão sendo utilizados efetivamente pelos Professores de Matemática no ensino de conteúdos matemáticos? Desta questão surgiram outras que decidimos investigar: 2 Disponível em: < usocomputadores.shtml?page=0>. Acesso em: 04 ago. 2014
3 Quais escolas da DIREC 07 3 possuem laboratórios de informática? Qual é o estado de conservação e funcionamento destes laboratórios? Quais são os conteúdos (objetos) matemáticos que são privilegiados pelos Professores no uso dos computadores e com quais ambientes computacionais de aprendizagem (ferramentas) nestes laboratórios? Como ocorre a relação dos Professores com tais ferramentas? Os Professores encontram obstáculos que geram resistências para utilizar tais laboratórios? Se sim, quais? Estes questionamentos nos motivaram na condução das investigações que estamos realizando no âmbito da Informática na Educação Matemática, visando os seguintes objetivos. Os Objetivos Geral Fazer um mapeamento dos Laboratórios de Informática das escolas estaduais da Educação Básica na Bahia, vinculadas à DIREC 07, e analisar como ocorrem as relações dos Professores de Matemática com os ambientes computacionais (ferramentas) de modo a identificar se, e como se dá, o uso dessas ferramentas em suas práticas pedagógicas. Específicos Verificar o estado físico dos equipamentos de informática e os softwares instalados nos laboratórios nas escolas; Verificar as estruturas físicas dos laboratórios de informática nas escolas, a adequação dos imóveis, o sistema de segurança, a iluminação e a climatização; Identificar os softwares educativos e os conteúdos que são privilegiados pelos Professores no ensino de matemática utilizando estes laboratórios; Investigar e analisar as modalidades didáticas adotadas pelo Professor no ensino da Matemática utilizando o laboratório de informática da sua escola; Analisar as vantagens/desvantagem e eventuais dificuldades encontradas pelo Professor no ensino da Matemática utilizando o laboratório de informática da sua escola. 3 As Diretorias Regionais de Educação (DIREC) são unidades regionais da Secretaria de Educação do Estado e tem suas tipologias definidas por níveis, de acordo com o número de municípios, unidades escolares e alunos de escolas estaduais a elas vinculados. A DIREC 07, pertencente ao nível A, refere-se à unidade de Itabuna- BA (BRASIL. Decreto n , de 14 de fevereiro de Define critérios para a Organização Administrativa das Diretorias Regionais de Educação e as unidades escolares da rede estadual de ensino público da Bahia. Disponível em: < Acesso em: 05 set. 2013).
4 Estrutura da Dissertação A título de organização, buscamos estruturar a nossa Dissertação em quatro partes: Primeira Parte: Implantação da Informática Educativa no Brasil Nesta parte, procuramos entender como se deu a implantação da Informática Educativa no Brasil, apresentando um pouco da sua história. Damos ênfase no Programa de Tecnologia na Educação (ProInfo); na implantação dos NTE na Bahia; nas relações do Professor de Matemática com as tecnologias informáticas; em alguns software educativos; no sistema operacional Linux Educacional, e algumas pesquisas que envolvem o uso do laboratório de informática e do computador como ferramenta no ensino de Matemática. Tais obras consistem em artigos de revistas, teses, livros e em documentos oficiais do governo brasileiro sobre o tema em discussão, como os de Moraes (1997), Andrade (1996), Valente (1999), Damasceno, Bonilla e Passos (2012), Henriques (2006), Borba e Penteado (2007), Penteado (1999), Demo (1992), Carlini e Tarcia (2010), Frota e Borges (2008), Tajra (2001), Viccari (1996), Araújo e Freire (2009). Além disso, apresentamos uma revisão de literatura sobre trabalhos publicados em periódicos, que abordam o uso de laboratórios e de software educativos no ensino da Matemática, como os de Silvano (2011), Saraiva (2011), Rodrigues (2011), Santos (2012) e Chinelatto (2014). Não apresentaremos aqui as ideias trazidas destes trabalhos devido à limitação do espaço. Segunda Parte: Quadro Teórico É constituído por duas teorias: a Abordagem Instrumental, de Rabardel (1995a, 1995b), e a Teoria Antropológica do Didático, de Chevallard (1992, 1998), que descrevemos a seguir. 1. A Abordagem Instrumental de Rabardel Rabardel (1995a) faz uma reanálise das funções dos instrumentos técnicos, chamados de artefatos/ferramentas, utilizados pelo homem e pela sociedade. Para ele, uma ferramenta não é automaticamente um instrumento eficaz e prático, é um dispositivo que pode ser material ou simbólico. E para tornar-se um instrumento é necessário a sua construção pelo sujeito ao longo de um processo de transformação, que ele chama de Gênese Instrumental, aliado às potencialidades e limitações da ferramenta/artefato e às atividades do sujeito (seus conhecimentos, experiências e habilidades).
5 Para análise de situações emergentes da relação do sujeito com os objetos de estudo, mediada pelo instrumento, Rabardel e Vérillon propõem o Modelo SAI - Situação de Atividades Instrumentais (RABARDEL, 1995a, p ) com o objetivo essencial de evidenciar a multiplicidade de interações que intervêm nas atividades instrumentais e delinear as relações entre o sujeito e o objeto sobre o qual ele age. Nesse contexto, além da interação usual sujeito-objeto [S-O], outras interações são consideradas, tais como as interações entre o sujeito e o instrumento [S-i], o instrumento e o objeto [i-o] e o sujeito e o objeto pela mediação do instrumento [S(i)-O]. S - i Softwares educativo s i - O Professor de Matemática S - O Ambiente Objeto m atemático Figura 3(a) - Modelo da Situação das Atividades Figura 3(b) - Modelo SAI adaptado à nossa Instrumentais (SAI). pesquisa. Fonte: Henriques, A Figura 3(a) é uma ilustração desse modelo, no qual Rabardel (1995a) distingue duas dimensões no processo de gênese instrumental: Instrumentação, orientada para a constituição de esquemas de utilização; Instrumentalização, que se refere à emergência das propriedades funcionais e estruturais do artefato. Na Figura 3(b), fizemos uma adaptação do modelo SAI com os elementos da nossa pesquisa com o objetivo de evidenciar as possíveis interações que ocorrem no laboratório de informática quando o Professor de Matemática se mobiliza para dar a sua aula neste ambiente, sem necessariamente buscar entender os esquemas de utilização que este Professor desenvolve. 2. A Teoria Antropológica do Didático de Chevallard O ponto de partida desta teoria é que tudo é objeto. Chevallard distingue, no entanto, os tipos de objetos específicos, a saber: instituições (I), pessoas (X) e as posições que as pessoas ocupam nas instituições, considerados como termos primitivos desta teoria. A palavra instituição tem um significado mais amplo do que no seu uso corrente, podendo ser um espaço social como um todo ou apenas uma parte muito pequena deste, mas que permite e impõe para pessoas X que vivem e ocupam diferentes posições oferecidas em I, colocando
6 em jogo as maneiras de fazer e de pensar próprios. Em nosso trabalho, as instituições em foco são o NTE 5 e as escolas da DIREC 07 que possuem laboratórios de informática. Henriques (2006) explica que, ocupando determinadas posições, as pessoas tornam-se sujeitos ativos que contribuem na existência das instituições. O conhecimento - e o saber, como certa forma de organização de conhecimento - entra então em cena com a noção de relação. A Figura 4 esquematiza as relações entre os termos primitivos (instituição, objeto do saber e pessoa) que Chevallard (1992) explica como segue: Figura 5 - Relações entre instituição (I), Figura 4 - Relação entre instituição objeto do saber (O) e pessoa (X) (I), objeto do saber (O) com um instrumento (i). Fonte: e pessoa (X). Henriques, Fonte: Henriques, Um objeto O (que é o objeto/conteúdo matemático, por exemplo) existe para uma pessoa X (no nosso caso, o Professor de Matemática) se existe uma relação pessoal, denotada R(X, O), da pessoa X ao objeto O. Isto é, a relação pessoal O determina a maneira em que X conhece O. De maneira análoga, se define uma relação institucional de I (no nosso caso, o NTE 5 e as Escolas da DIREC 07) a O denotada por R(I, O) que exprime o reconhecimento do objeto O pela instituição I. Assim, O é um objeto da instituição I, isto é, reconhecido institucionalmente por I. Segundo Chevallard (1998), todo saber está ligado ao menos a uma instituição na qual é colocado em jogo em um dado domínio real. Para o autor, a relação pessoal de uma pessoa a um objeto de saber só pode ser estabelecida quando a pessoa entra na instituição onde existe esse objeto. Particularmente no que diz respeito à integração de novas tecnologias nas instituições de ensino da Matemática, Henriques (2006) levanta um questionamento sobre o reconhecimento dos instrumentos tecnológicos pelas instituições, isto é, sobre a R(I, O). Nesse contexto, ele se propõe estudar o instrumento como objeto da instituição e esquematiza essas relações conforme mostra a Figura 5, levando em conta os três termos
7 primitivos considerados por Chevallard, que agora passam a interagir com o instrumento do qual Rabardel se refere, quando i se torna um instrumento da instituição I. A Figura 6 ilustra uma adaptação à nossa pesquisa, o esquema das relações entre os elementos primitivos da TAD considerado por Henriques (Figura 3) no reconhecimento de instrumentos nas instituições. Nas instituições consideradas estão os laboratórios de informática utilizados pelos Professores da Educação Básica, em particular, os Professores de Matemática. Estes laboratórios são oficialmente reconhecidos pelas IEBa e pelo NTE por fazerem parte de um projeto do governo, o ProInfo, assim podemos julgar que estes laboratórios deveriam ser utilizados pelos Professores, mas precisamos constatar se eles estão presentes no Projeto Político Pedagógico (PPP) de suas escolas. Destacamos ainda que, para que o Professor de Matemática utilize o laboratório na sua prática pedagógica ele precisa conhecer as ferramentas tecnológicas (softwares) para ensinar os conteúdos matemáticos previstos nos documentos curriculares. Neste sentido, cabe ao NTE fornecer a formação da utilização da ferramenta tecnológica pretendida pelo Professor de Matemática. Instituições NTE 5 IEBa/DIREC 07 Laboratório de Informática S ( i) -O S-i Software educativ s i-o Professor Matemátic S-O Ambient Objet matemátic Figura 6 - Relações entre as instituições NTE 5 e IEBa/DIREC 07 (I), o laboratório de informática, os objetos matemáticos (O), o Professor de Matemática (X), e os softwares educativos (i). Levando em conta que a noção de relação pessoal e institucional pode nos permitir responder às nossas questões de pesquisa, julgamos importante analisar os programas e projetos educacionais nas instituições consideradas, pois eles permitem obter dados oficiais de objetos de ensino, como destacamos, por conseguinte, na descrição da metodologia.
8 Terceira Parte: Metodologia Para desenvolvermos a nossa pesquisa nos baseamos na metodologia inspirada na Análise Institucional. Encontramos em Henriques (2006), na sua tese de doutorado, e em Henriques, Nagamine e Nagamine (2012), artigo publicado no Bolema, v. 22, n. 44, uma definição que julgamos fundamental e explicativa para a pesquisa que decidimos realizar. Na última obra, os autores explicam: Uma análise institucional é um estudo realizado em torno de elementos institucionais a partir de inquietações/questões levantadas pelo pesquisador no contexto institucional correspondente, permitindo identificar as condições e exigências que determinam, nessa instituição, as Relações Institucionais e Pessoais a objetos do saber, em particular, os objetos matemáticos, as organizações ou praxeologias destes objetos que intervém no processo ensino/aprendizagem. (HENRIQUES; NAGAMINE; NAGAMINE, 2012, p. 1268) Os autores sublinham que em geral, no desenvolvimento de uma pesquisa em Educação, mesmo que o pesquisador não explicite ou não use o termo instituição, o seu trabalho está sempre inserido em uma instituição, constituída por um ou mais elementos de estudo. Para os autores, a Educação Básica como um todo, por exemplo, é uma instituição, assim como as suas partes (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), podendo ser caracterizadas como instituições de referência e/ou de aplicação. Neste conceito de instituição, podemos então dizer que, cada ano escolar destas instituições, uma classe ou sala de aula, assim como os laboratórios de informática, são microinstituições. O termo referência é sugestivo, na medida em que identifica o local institucional da realização/aplicação da pesquisa, afirmam os autores. Ao adotarmos essa metodologia, consideramos o NTE 5 e as Escolas da DIREC 07 que possuem laboratório de informática, como instituições de referência, onde analisaremos, portanto, os seguintes elementos: os laboratórios de informática (no NTE e nas Escolas); o projeto de implantação (no NTE); o PPP (nas Escolas); e os Professores de Matemática (nas Escolas). As análises serão desenvolvidas com base: No mapeamento dos laboratórios por meio de documentos oficiais e visitas nas instituições de referência; Na análise institucional pontual dos elementos institucionais que escolhemos. Pontual no sentido de ser centrada em um documento ou elemento específico, tal como: o PPP, um software, um livro didático, as práticas efetivas de um aluno ou de um Professor, etc.; e Nas entrevistas com os Professores de Matemática das referidas instituições (Escolas).
9 Este último nos permite identificar os Professores de Matemática que utilizam o Laboratório de Informática em suas práticas pedagógicas e, analisarmos como ocorrem as relações destes Professores com os ambientes computacionais (ferramentas) a fim de utilizarem os laboratórios das suas respectivas escolas no ensino. Quarta Parte: Dados Na quarta parte, apresentamos os dados coletados da nossa pesquisa sobre o mapeamento realizado nas escolas vinculadas à DIREC 07. Esta é a fase em andamento da nossa pesquisa e apresentamos parcialmente na próxima seção. Finalmente, após concluída esta última parte na qual nos situamos, apresentaremos na Dissertação as nossas considerações fundamentadas nas análises realizadas, as Referências, e os Anexos que foram úteis no desenvolvimento do presente estudo. O Estado Atual da Pesquisa Como já sublinhamos, no presente momento estamos na fase da coleta dos dados da nossa pesquisa, logo, a título de ilustração de alguns resultados alcançados, apresentamos resumidamente o estado dos laboratórios nas instituições escolares dos municípios que já visitamos: Ibicaraí, Barro Preto, Itapé, Floresta Azul, Santa Cruz da Vitória, Almadina, Coaraci, Itapitanga, Itajuípe e Itabuna. A escolha inicial pelas escolas destes municípios se deu pelo fato de estarem próximas uma da outra. Existem atualmente 54 escolas vinculadas à DIREC 07, localizadas em 19 municípios. Segundo as informações que obtivemos junto a direção da DIREC 07 e confirmada pela coordenação do NTE 5, todas estas escolas receberam do ProInfo os equipamentos necessários para a instalação de Laboratórios de Informática, e todas têm estes laboratórios instalados, embora nem todos estejam efetivamente funcionando, afirmam DIREC 07 e NTE 5. De fato, constatamos que estas instituições escolares apresentam realidades diferenciadas, pois algumas delas nem chegaram sequer a instalar os laboratórios. Dentre os problemas inerentes, encontramos: laboratórios em estado precário, instalação física inadequada, defasagem dos equipamentos, falta de manutenção de softwares e dos hardwares, sem esquecermos a falta de periféricos, por terem sido quebrados ou roubados e, por conseguinte, a falta da segurança.
10 Até o momento, visitamos 20 instituições escolares, sendo que três delas não possuem Professores de Matemática efetivos e entrevistamos 15 Professores de Matemática. De antemão, notamos que nem todos são formados na área de Matemática. Dos 15 Professores, 6 já utilizaram o laboratório de informática em suas práticas de ensino, tanto para fazer pesquisas com os alunos, quanto para ensinar conteúdos de Matemática através de softwares, e não utilizam mais devido, principalmente, à inadequação dos laboratórios. Na nossa Dissertação, apresentaremos os resultados com mais propriedades e descrições, além de suas análises. Mas queremos apresentar alguns destaques que nos chamaram atenção, descritos a seguir, em relação ao estado dos laboratórios. Encontramos uma instituição escolar do Município de Itajuípe (BA) que há mais de dois anos recebeu os equipamentos de Informática para a instalação do laboratório, mas o mesmo ainda não foi instalado aguardando o técnico. Além disso, a rede elétrica não é adequada para poder suportar o consumo dos computadores. Em outra instituição escolar do mesmo Município, encontramos um laboratório instalado com 12 computadores em uma sala bastante ampla, bem iluminada e climatizada, com caixas acústicas, tela de projeção, data show, impressora, scanner, quadro branco, sistema de alarme e câmeras, muitas cadeiras organizadas em filas, assemelhando-se a um auditório. Os 12 computadores estavam dispostos em volta da sala, com mobília adequada e internet disponível. Dos 12 computadores instalados, apenas metade estava funcionando. Uma escola no município de Ibicaraí recebeu 19 computadores em 2010, mas não tinha sala adequada para a instalação dos mesmos, então dividiram uma das salas de aulas em duas partes, e a adaptaram para instalar o laboratório. Mas, dos 19 computadores, fizeram a instalação de apenas 12 por não haver tomadas suficientes. Logo, estes computadores não estão sendo utilizados e os outros restantes estão sendo utilizados em outras salas (do professor, administração e secretaria). No município de Coaraci, em um das escolas encontramos 12 computadores empilhados em um armário na sala de aula, junto com outros materiais em desuso, como carteiras, retroprojetores, impressora, teclados e outros periféricos quebrados. A sala tinha aspecto de depósito, mas depois que entramos para investigar as máquinas, professor e alunos entraram para terem aula. Os computadores eram antigos e a coordenadora não soube informar porque a escola não recebeu nova remessa do ProInfo.
11 Com esse destaque pretendemos mostrar as condições propiciadas pelos laboratórios de informática nas escolas públicas que receberam investimentos do ProInfo onde hipoteticamente os Professores deveriam utilizar em suas práticas pedagógicas. Considerações Parciais Entendemos que incluir o computador como recurso didático para o ensino da Matemática é um desafio para as instituições escolares da Educação Básica, bem como para os Professores. Para estas instituições cabe a tarefa de viabilizar a inserção e institucionalização das tecnologias, buscando um redimensionamento das relações institucionais e adequação do ambiente escolar de forma a promover e incentivar a utilização destas tecnologias. Para o Professor, particularmente de Matemática, a utilização da informática deve surgir como um recurso complementar ou a mais para a sua prática pedagógica. Mas, cabe a ele também gerenciar mudanças de sua postura e reorganização de suas modalidades de ensino no seu trabalho, com um planejamento adequado, para utilizar a tecnologia de tal forma que ajude a potencializar as aprendizagens dos seus alunos, usufruindo dos laboratórios instalados nas respectivas instituições, caso seja necessário. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. B. Informática e formação de professores. Coleção Informática para a mudança na Educação. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Programa Nacional de Informática na Educação ANDRADE, P. F. Modelo brasileiro de informática na educação. Anais do III Congresso Iberoamericano de Informática Educativa - RIBIE. 8 a 11 de julho de Barranquilla, Colômbia, Disponível em: < Acesso em: 08 jul ARAÚJO, L.; FREIRE, K. X.. ProInfo Integrado: a formação em Linux Educacional no DF. Anais do IX Congresso Nacional de Educação EDUCERE. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. PUC-PR, 26 a 29 de outubro de Disponível em: < pdf/2731_1847.pdf>. Acesso em: 20 jun BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Disponível em: < =859>. Acesso em: 06 jul BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Parecer CNE/CEB nº 7/2010 aprovado em 07/04/2010. Dispõe sobre: Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Disponível em: < Acesso em: 06 jul
12 BRASIL. Portaria nº 522/MEC, de 9 de abril de Criação do Programa Nacional de Informática na Educação ProInfo. Diponível em: < fndelegis/action/urlpublicasaction.php?acao=abriratopublico&sgl_tipo=por&num_ato= &seq_at o=000&vlr_ano=1997&sgl_orgao=med>. Acesso em: 20 jun BRASIL. Decreto 6.300, de 12 de dezembro de Dispõe sobre o Programa Nacional de Tecnologia Educacional Proinfo. Disponível em: < ccivil_03/_ato /2007/decreto/d6300.htm>. Acesso em: 20 jun BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Diretoria de Infraestrutura em Tecnologia Educacional. Núcleos de Tecnologia Educacional NTE. Caracterização e Critérios para Criação e Implantação. Disponível em: < Acesso em: 20 jun BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Programa Nacional de informática educativa. Brasília: PRONINFE, p. CARLINI, A. L.; TARCIA, R. M. L. Contribuições didáticas para o uso das tecnologias de educação a distância no ensino presencial. IN: CARLINI, A. L.; TARCIA, R. M. L. 20% a distância e agora?: orientações práticas para o uso da tecnologia de educação a distância no ensino presencial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, CHEVALLARD, Y. Concepts fondamentaux de la didactique: perspectives apportées par une approche anthropologique. Recherches em Didactique des Mathématiques, v 12, n. 1, p , CHEVALLARD, Y. Analyse des pratiques enseignantes et didactique des mathématiques: L'approche anthropologique Disponível em: < Acesso em: 08 de abr CHINELLATO, T. G. O uso do computador em escolas públicas estaduais da cidade de Limeira/SP. Rio Claro, SP: UNESP, DAMASCENO, H. L. C.; BONILLA, M. H. S.; PASSOS, M. S. C. Inclusão digital no Proinfo integrado: perspectivas de uma política governamental Disponível em: < Acesso em: 20 jun DEMO, P. Formação de formadores básicos. Em Aberto. Brasília, v. 11, n. 54, abr./jun FROTA, M. C. R.; BORGES, O. Perfis de entendimento sobre o uso de tecnologia na educação Matemática. GT: Educação Matemática, n.19, CNPQ, Disponível em: < Acesso em 08 ago HENRIQUES, A. L enseignement et l apprentissage des intégrales multiples: analyse didactique intégrant l usage du logiciel Maple. UJF-Grenoble: Lab. Leibniz, ; NAGAMINE, A.; NAGAMINE, C. M. L. Reflexões Sobre Análise Institucional: o caso do ensino e aprendizagem de integrais múltiplas. BOLEMA, Rio Claro (SP), v. 26, n. 44, dez ; ATTIE J. P.; FARIAS L. M. S. Referências teóricas da didática francesa: análise didática visando o estudo de integrais múltiplas com auxílio do software Maple. Educação Matemática Pesquisa, v. 9, n.1, p.51-81, LORENZATO, S. Para aprender matemática. Campinas, SP: Editora Autores Associados, (Coleção Formação de Professores).
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