Acta n.º
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- Luana Gonçalves Caires
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1 OFICINA DE MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS -Presente o processo relativo ao funcionamento de uma oficina de reparação de viaturas, na Rua Dr. Magalhães Lemos, freguesia de Margaride, do qual consta o seguinte parecer da Assessoria Jurídica: No âmbito do processo de vistoria n. 553/06, em 18 de Maio de 2006 foi realizada uma vistoria na qual intervieram os funcionários desta Câmara Municipal, Eng. Fernando Ferreira, técnico superior e Jorge Guimarães, Fiscal Municipal, e ainda o Dr. Fernando Dinis, Delegado Concelhio de Saúde, vistoria que incidiu sobre um edifício sito na Av. Magalhães Lemos, nesta cidade e concelho de Felgueiras, mostrando-se daquele processo e de outra documentação existente nesta Câmara Municipal que se trata de um prédio urbano destinado a garagem, composto de um edifício com a área coberta de 241 m2, inscrito na matriz urbana da freguesia de Margaride sob o artigo 435 e descrito na Conservatória do Registo Predial sob o n / Todavia, consta daquela descrição matricial e daquela descrição predial que tal prédio urbano tem apenas a área de 187,50m2, sendo do conhecimento da Câmara Municipal que o primitivo edifício da garagem foi ampliado em profundidade pelo respectivo arrendatário, ocupando actualmente uma área suplementar de 53,50m2 que pertencerá aos herdeiros de Eugênio Teixeira Ribeiro o qual, por sua vez, a terá adquirido a Maria Josefina Coutinho da Fonseca e outros. Aquele prédio urbano com a área registrai de 187,50m2 é actualmente propriedade do Município, como se vê da inscrição G-1 da ficha 1
2 02285/030800, crendo-se que a restante área de 53,50m2 pertence aos mencionados herdeiros de Eugénio Teixeira Ribeiro. Tal área de 53,50m2 resultará de uma ampliação do primitivo edifício, desconhecendo-se a data dessa ampliação e se a mesma foi devidamente licenciada pela Câmara Municipal, como também se desconhece se o primitivo edifício ou o estabelecimento nele instalado foram licenciados por quaisquer entidades, supondo-se que não. Na mencionada vistoria afirma-se que o edifício vistoriado é uma oficina antiga que não oferece risco de segurança para pessoas e bens e não afecta o domínio público, acrescentando-se que actualmente nela só são efectuadas lavagens de automóveis, mas pretende-se que a mesma está sujeita a licença de utilização segundo o regime do D.L. n.º 370/99, de 18 de Setembro, razão pela qual deverão corrigir-se certas deficiências e efectuadas certas obras que estão discriminadas sob as diversas alíneas do ponto 4 do relatório da mesma vistoria. Concorda-se com a afirmação feita na vistoria quanto à sujeição da actividade exercida no edifício ao regime do D.L. n.º 370/99, de 18 de Setembro, porquanto se trata de uma oficina normalmente destinada a manutenção e reparação de veículos automóveis, sendo irrelevante a circunstância de actualmente nesse edifício se proceder apenas a lavagens de automóveis, porque esta reduzida actividade pode ser meramente temporária. Com efeito, das disposições combinadas dos n.º 1 do artigo 2 daquele D.L. n. 370/99, de 18 de Setembro e do Anexo III da Portaria n.º 33/2000, de 28 de Janeiro, emerge que fica sujeita aos respectivos regimes a 2
3 instalação de estabelecimentos de oficinas de manutenção e reparação de veículos automóveis, entre muitos outros. Por sua vez, o artigo 32 do mesmo D.L. n.º 370/99, de 18 de Setembro, dispõe que os estabelecimentos abrangidos pelo mesmo diploma já em funcionamento à data da sua entrada em vigor, que não possuam o alvará de licença sanitária previsto na Portaria n.º 6065, de 30 de Março de 1929, ou a autorização de funcionamento emitida ao abrigo da Portaria n.º , de 20 de Outubro de 1967 e do Despacho Normativo n.º 148/83, de 25 de Junho, ou de legislação anterior, dispõem do prazo de 1 ano para requerer a licença de utilização prevista nesse diploma e de 2 anos para procederem às adaptações exigidas. Simplesmente, aquele primitivo edifício foi dado de arrendamento à sociedade "Eugénio Teixeira Ribeiro & companhia, Lda.", ao que se crê por mero contrato verbal celebrado há dezenas de anos, tendo por objecto a actividade de oficina de manutenção e reparação de veículos automóveis, como é do conhecimento geral, embora eventualmente tal actividade esteja hoje reduzida a lavagem de veículos e eventualmente à prestação de pequenos serviços acessórios. Sendo assim, nas relações entre o proprietário do edifício, na qualidade de locador, e o arrendatário, vigora o regime do arrendamento urbano, com relevo para a alínea b) do artigo 1031 do Código Civil, na qual se dispõe que são obrigações do locador assegurar ao locatário o gozo da coisa locada para os fins a que se destina. Este preceito é complementado pêlos artigos 12 até 18 da RAU, dispondo-se no artigo 12 que as obras de conservação ordinária do 3
4 prédio estão a cargo do senhorio e no artigo 13 que as obras de conservação extraordinária e de beneficiação ficam igualmente a cargo do senhorio quando, nos termos das leis administrativas em vigor, a sua execução lhe seja ordenada pela Câmara Municipal competente. Num e noutro caso, após a realização das obras há lugar à actualização das rendas por banda do senhorio, mas certo é que a obrigação de realização de obras impende sobre o senhorio, no caso concreto sobre a Câmara Municipal. Por outro lado, o senhorio só pode resolver o contrato nos casos tipificados no n.º 1 do artigo 64 da RAU e, mesmo nesses casos, a resolução só pode ser decretada pelo tribunal em acção de despejo proposta para esse efeito, acrescentando-se que também o Novo Regime do Arrendamento Urbano, que deu nova redacção ao artigo 1083 do Código Civil, contém disciplina idêntica quanto às causas de resolução do contrato. Ora, no caso concreto não se vê que o arrendatário tenha incorrido em qualquer das situações previstas como causa de resolução do contrato, salvo eventualmente pelo que respeita à violação reiterada de regras de higiene, situação esta prevista na alínea a) do n.º 2 do citado artigo 1083 do Código Civil, mas esta norma só vai entrar em vigor no dia 28 do corrente mês de Junho e, de qualquer modo, parece pouco consistente para fundamentar a resolução do contrato. Mas certo é que, esquecidas as relações meramente civis entre as partes, o direito administrativo sobressai e sobrepõe-se àquelas relações privadas, mormente se sobrepondo o actual Regime Jurídico da 4
5 Urbanização e da Edificação constante do D.L. n.º 555/99, de 16 de Setembro. De acordo com o disposto no artigo 89 desse regime, as edificações devem ser objecto de obras de conservação pelo menos uma vez em cada período de 8 anos, podendo sempre a Câmara Municipal determinar oficiosamente e em qualquer tempo obras de conservação necessárias à correcção de más condições de salubridade, mediante vistoria prévia com as formalidades previstas no artigo 90 do mesmo regime jurídico. Simplesmente, como acima se disse, tais obras incumbirão ao Município e não ao arrendatário, razão pela qual este caminho não levará à resolução do contrato. Do mesmo modo, a ampliação do edifício, se foi executada na vigência do RGEU ou posteriormente, necessitará de legalização, entenda-se uma legalização agora para toda a área do edifício, com vista à obtenção da respectiva licença de utilização. Mas também aqui a solução se afigura duvidosa pois que a legalização do edifício compete normalmente ao proprietário e, no caso em apreço, a Câmara Municipal é proprietária da maior parte do edifício e da outra parte será proprietária ou a acima nomeada Josefina ou a própria arrendatária - o que se desconhece. Acresce que nos termos do artigo 109 ainda do actual Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação, o Presidente da Câmara Municipal é competente para ordenar e fixar prazo para a cessação da utilização de edifícios ou de sua fracções autónomas quando sejam ocupados 5
6 sem a necessária licença ou autorização de utilização - como é manifestamente o caso. Tudo considerado, entende-se que a Câmara Municipal deverá averiguar quem é o actual proprietário da parcela de terreno com a área de 53,50m2 sobre a qual foi construída a ampliação da garagem, bem como a data da execução dessa ampliação e, por último, se tal ampliação estava ou não sujeita a licenciamento e, no caso afirmativo, se foi licenciada. Não tendo sido objecto de licenciamento e devendo sê-lo, deverá então notificar-se o respectivo proprietário para requerer a legalização dessa ampliação, o que certamente implicará a legalização global do edifício -e, não sendo legalizado, poderá ordenar-se a sua demolição. Para tal efeito, e uma vez que se entende aplicável o regime do D.L. n.º 370/99, salienta-se que a vistoria a realizar no âmbito deste diploma deverá ter a composição prevista no artigo 25 do mesmo diploma, ou seja, nela devem intervir dois técnicos a designar pela Câmara Municipal, o Delegado Concelhio de Saúde, o representante do SNB, se for o caso, e ainda as pessoas indicadas no n. 3 do artigo 13 ainda desse diploma. Na verdade, a vistoria que foi efectuada ao prédio, pelo que se vê do respectivo auto, não teve a composição e não observou as formalidades acima apontadas Igualmente consta do processo o seguinte auto de vistoria: Aos vinte e quatro dias do mês de Agosto do ano dois mil e seis a Comissão de Vistorias composta pêlos peritos a seguir designados:
7 a) Técnicos da Câmara Municipal: Arq. Alfredo Justino Ribeiro Machado e Arq. Fernando Miguel Camarneiro Costa; b) Adjunto do Delegado de Saúde: Dr. Luís Carlos Barbosa Vicente; c) Representante do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil: Procederam, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 370/99, de 18 de Setembro, à vistoria de um estabelecimento destinado a oficina de manutenção e reparação de veículos automóveis, situada na Av. Magalhães Lemos, freguesia de Margaride, deste concelho, requerida por Câmara Municipal de Felgueiras para efeitos de concessão de autorização de utilização. Porque, nos termos do que dispõe o n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 370/99 de 18 de Setembro, a presente vistoria, para efeitos de concessão de autorização de utilização para a referida OFICINA DE MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS, (CAE-50200) se destina a comprovar, para além da conformidade da obra concluída com o projecto aprovado, e ainda a adequação do estabelecimento ao uso previsto, bem como a observância das normas estabelecidas nos regulamentos específicos vigentes e ainda as relativas às condições sanitárias e à segurança contra riscos de incêndio, os peritos terminaram por se pronunciar da seguinte forma: Técnicos da Câmara Municipal e Adjunto do Delegado de Saúde: Deverão ser colocados meios de segurança contra-incêndios de acordo com o D.L. n.º 368/99 de 18 de Setembro, regulamentado pela Portaria n.º 1299/01, de 21 de Novembro. 7
8 Deverão ser aterradas as fossas existentes na oficina com terra vegetal, após limpeza de desinfecção das mesmas, pois não estão garantidas as condições de estanquicidade. Com eliminação das fossas e sabendo que no local existe rede pública de saneamento, deverá ser colocado um separador de hidrocarbonetos de dupla decantação do tipo Ecodepur para captação e tratamento das águas de lavagem da oficina com resíduos de óleos, antes de serem descarregadas na rede pública (artigo n. 117 do D.R. n. 23/95 de 23 de Agosto). A caixa de ramal de ligação ao saneamento deverá ser colocada junto ao passeio. O W.C., zona de armazém, zona de vestiários deverão ter um pé direito mínimo de 3.00m (ponto 3 do artigo n.º 65 do RGEU), O W.C. deverá estar provido de sanita em compartimento isolado, urinol e lavatório em antecâmara, com as dimensões legais, e ventilados, O abastecimento de água deverá ser feito a partir da rede pública com ramal mínimo de 32mm em P.EA.D. PN10, Deverão ser colocados tubos e caleiras de águas pluviais no edifício em questão com diâmetros mínimos de 110mm, Deverão ser substituídas as telhas em fibrocimento por painéis de isolamento térmico e acústico do tipo "Sanduíche", Deverá ser colocada ventilação natural no interior da oficina, com entrada e saída de ar nas portas e janelas à altura regulamentar, Deverá ser pintada a oficina com tinta lavável e impermeável, Deverão ser substituídos os vidros que se encontram partidos, 8
9 Deverá ser substituída a antiga cabalagem eléctrica por nova cabalagem eléctrica até ao contador de luz, As lâmpadas deverão ser protegidas com armação. Assistiram ainda a esta diligência, como a lei lhes permite, mas sem direito a voto, - como requerente da autorização de utilização, - como autor do projecto de arquitectura, - como responsável pela Direcção Técnica da Obra. Por último, consigna-se que as pessoas atrás referidas que estiveram presentes, mas sem direito a voto, conforme dispõe o n.º 3 do art.º 13 do já referido Decreto-Lei n.º 370/99 de 18 de Setembro, a tudo assistiram como acharam conveniente. Posto isto, foi elaborado o presente auto de vistoria, em duplicado, e achado conforme desfavorável à concessão da autorização pretendida, e, depois de assinado, vai ser entregue o original ao Ex.ma Sr.a Presidente da Câmara Municipal, e o duplicado ao requerente da licença Deliberação A Câmara delibera aprovar o auto de vistoria. Notifique-se. Esta deliberação foi tomada por unanimidade
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