Acta n.º

Transcrição

1 CESSÃO DE UTILIZAÇÃO E DESPEJO DE OFICINA DE REPARAÇÃO DE AUTOMÓVEIS - Presente o processo referente à cessação de utilização e despejo de um estabelecimento de reparação de automóveis, no lugar de Monte, freguesia de Refontoura, explorado por João Ferreira Gomes, residente no mesmo lugar Do processo consta o seguinte parecer da Assessoria Jurídica: No processo de fiscalização acima referenciado, no qual é interessado João Ferreira Gomes, residente no lugar do Monte, da freguesia da Refontoura, deste concelho de Felgueiras, foi proferido pela Senhora Presidente da Câmara despacho datado de 24 de Janeiro de 2007, no qual se refere que pareceria incorrecto o procedimento administrativo de encerramento de qualquer estabelecimento ou do seu despejo com fundamento na falta de licença de utilização, procedimento esse previsto no n. 2 do artigo 109 e no artigo 92 do D.L. n. 555/99, de 16 de Dezembro, devendo antes seguir-se o procedimento de aplicação de sanção acessória de encerramento do estabelecimento ou medida análoga em sede de aplicação de coimas no competente processo de contra-ordenação. E pretende-se nesse despacho que o parecer sobre a matéria seja presente a reunião da Câmara Municipal. **** No caso concreto trata-se de uma oficina de reparação de motociclos, mas certo é que esta assessoria jurídica já produziu diversos e extensos pareceres devidamente fundamentados relativamente a todas as actividades e estabelecimentos em geral, designadamente em sede de estabelecimentos de restauração e análogos que frequentemente vêm à apreciação da Câmara Municipal. 1

2 Importa recordar que nesse âmbito foram proferidos três pareceres de ordem geral, um datado de 3 de Janeiro de 2002, outro datado de 16 de Dezembro de 2003, dito parecer complementar, e um último datado de 11 de Janeiro de 2007, todos reforçados pela Informação n. 5/MF/2004, de 9 de Janeiro de 2004, prestada pela Provedoria de Justiça e transmitida a esta Câmara pela ANMP através do seu Oficio Circular n. 43/2004, de 9 de Março de 2004, cujas conclusões se transcrevem: a) O encerramento dos estabelecimentos de restauração e de bebidas pode ser ordenado em sede de processo de contra-ordenação, como sanção acessória da correspondente coima, aplicado pela entidade administrativa; b) Se o infractor não acatar a ordem de encerramento, o processo será remetido ao Tribunal Comum para execução dessa sanção, nos termos do n. 4 do artigo 89 do Regime Geral das Contra-Ordenações e Coimas; c) Se eventualmente o procedimento contra-ordenacional for declarado extinto por prescrição ou por outro fundamento legal, o encerramento do estabelecimento já não pode ser decretado nesse processo uma vez que não pode haver sanção acessória sem concomitantemente haver a sanção principal de aplicação de coima; d) Não obstante a via contra-ordenacional que fica apontada, pode sempre a Câmara Municipal, paralelamente ao procedimento contra-ordenacional ou 2

3 independentemente dele, ordenar a cessação da utilização ou o despejo administrativo dos correspondentes prédios ou fracções de prédios, quando estes estejam a ser ocupados sem a respectiva licença de utilização, nos termos dos n. s 1 e 2 do artigo 109, com referência ao artigo 92, ambos do D.L. n. 555/99, de 16 de Dezembro; e) No caso de não ser cumprida o ordem de cessação da utilização referida na alínea anterior, tal comportamento implica responsabilidade criminal, na forma de crime de desobediência, nos termos do n. 1 do artigo 100 do mesmo diploma, desde que a ordem de cessação seja acompanhada de tal advertência. f) A via administrativa que fica apontada nas alíneas d) e e) supra, deverá ser observada sempre que, acatada pelo infractor a sanção acessória de encerramento do estabelecimento, esta tenha entretanto caducado - pois que as sanções acessórias de encerramento de estabelecimento não podem ter duração superior a 2 anos, contados da decisão condenatória definitiva, como se estipula no n. 2 do artigo 21 do mesmo Regime Geral das Contra-Ordenações e Coimas. Mantêm-se integralmente aqueles três pareceres, especialmente as conclusões que acima ficam elencadas, com o esclarecimento de que, em sede contra-ordenacional, o encerramento de estabelecimento ou medida análoga só podem ser ordenados em 3

4 casos especiais e não "ad libitum", ou seja, a bel-prazer da entidade administrativa competente. Assim, no âmbito do D.L. n. 370/99, de 18 de Setembro, com aplicação às oficinas de reparação de motociclos e ciclomotores, pelo que respeita a sanções acessórias o artigo 28, n. 1 dispõe que "Em função da gravidade das infracções e da culpa do agente, podem ser aplicadas as seguintes sanções acessórias... Encerramento do estabelecimento por um período até dois anos." No âmbito do D.L. N. 168/97, de 4 de Julho, com aplicação aos estabelecimentos de restauração e bebidas, pelo que respeita a sanções acessórias o artigo 39, n. 1 dispõe que "Em função da gravidade e da reiteração das contra-ordenações previstas no artigo anterior e no regulamento nele referido, bem da culpa do agente e do tipo e classificação do estabelecimento, podem ser aplicadas as seguintes sanções acessórias... Encerramento do estabelecimento." Finalmente, o Regime Geral das Contra-Ordenações e Coimas, aprovado pelo D.L. n. 433/82, de 27 de Outubro, com diversas alterações posteriores, no n. 1 do seu artigo 21 dispõe que "A lei pode, simultaneamente com a coima, determinar as seguintes sanções acessórias, em função da gravidade da infracção e da culpa do agente... f) Encerramento de estabelecimento cujo funcionamento esteja sujeito a autorização ou licença de autoridade administrativa" - acrescentando-se no n. 2 do mesmo artigo que tais sanções têm a duração máxima de 2 anos, contados da decisão condenatória definitiva. Quer isto dizer que em processo de contra-ordenação as sanções acessórias de encerramento de estabelecimento ou medidas análogas 4

5 só podem ser aplicadas naqueles casos de especial gravidade da infracção, da culpa ou da reiteração, devidamente fundamentados. Nesses casos, se o infractor não cumprir voluntariamente a medida acessória aplicada, esta será executada pelo tribunal nos termos da disposição legal apontada nas mencionadas conclusões. Finalmente, quer seja quer não seja possível seguir este caminho contra-ordenacional e judicial ou quando no final não seja conseguido tal objectivo pretendido - o encerramento - pode sempre a entidade administrativa, concretamente a Câmara Municipal, socorrer-se paralelamente ao procedimento contra-ordenacional ou independentemente dele, do procedimento administrativo tendente à cessação da utilização ou ao despejo administrativo dos correspondentes prédios ou fracções de prédios, quando estes estejam a ser ocupados sem a respectiva licença de utilização, nos termos dos já citados n.º s 1 e 2 do artigo 109, com referência ao artigo 92, ambos do D.L. n.º 555/99, de 16 de Dezembro. É o que nos cumpre esclarecer Deliberação Baixe à PM para fiscalizar e caso esteja em funcionamento elaborar a respectiva participação. À Divisão de Contencioso para que se o estabelecimento não estiver encerrado aplique em sede de contra-ordenação a sanção acessória de encerramento. Esta deliberação foi tomada por unanimidade