Universidade de São Paulo Faculdade de Direito SYLLABUS 2017

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1 Universidade de São Paulo Faculdade de Direito SYLLABUS 2017 (Syllabus completo disponível em (Apostila do curso, contendo todo o material de leitura obrigatória e parte do material de apoio, disponível em Código: DES0118 Disciplina: Direito Constitucional I Departamento: DES Professor: Prof. Dr. Marcos Paulo Verissimo Créditos: 3 Horários: Turmas 13 e 14 (Sala Conselheiro Crispiniano) Segundas-feiras, das 7:45 às 10:00 (sem intervalo) Descrição do curso: Disciplina obrigatória para os alunos do primeiro semestre do curso de direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Objetivos do curso: Introduzir os alunos aos principais aspectos teóricos e dogmáticos do direito constitucional, permitindo um ambiente de discussão e problematização em torno dos temas correspondentes. Treinar o aluno para a leitura, compreensão e crítica de textos teóricos e de casos judiciais relacionados ao objeto do curso. Desenvolver a capacidade de crítica do aluno diante dos fenômenos jurídicos, bem como sua capacidade de analisar problemas, identificar interesses conflitantes e valores subjacentes, e perceber as principais variáveis envolvidas na adoção de uma entre as várias soluções possíveis para dado problema jurídico constitucional. Treinar o aluno para a exposição consistente de argumentos em geral e, em particular, para o manejo da argumentação jurídica baseada em normas constitucionais. Tópicos do programa: 1. Introdução e apresentação do curso Teoria da Constituição: 2. O Constitucionalismo e o(s) conceito(s) de Constituição 3. A teoria do poder constituinte. Soberania e auto-vinculação. A Constituição como pacto e a constituição como norma 4. Eficácia das normas constitucionais 5. A interpretação constitucional e seus dilemas

2 A Constituição Brasileira: aspectos gerais e organização política fundamental 6. O constitucionalismo brasileiro: peculiaridades e evolução. O processo constituinte e a Constituição de 1988: visão geral 7. Bases constitucionais da organização política brasileira: a democracia, as democracias e a democracia brasileira 8. A separação de poderes na Constituição brasileira I 9. A separação de poderes na Constituição brasileira II 10. O sistema presidencialista no Brasil 11. Federalismo e repartição vertical de competências na Constituição do Brasil 12. Direitos políticos e seu exercício 13. O regime constitucional dos partidos políticos Metodologia: O curso é estruturado a partir de dois grandes conjuntos de aulas, além da aula introdutória inicial. O primeiro conjunto engloba as aulas 2-5 e tem por objetivo apresentar ao aluno as principais questões ligadas àquilo que poderia ser chamado de uma Teoria Geral da Constituição. Esse bloco de aulas explora os temas do constitucionalismo, do poder constituinte, da idéia de constituição como norma de maior hierarquia em um sistema normativo (supremacia constitucional), da interpretação e da eficácia das normas constitucionais. Já o segundo conjunto de aulas corresponde a uma apresentação geral da Constituição e do constitucionalismo brasileiros (aulas 6) e ao início daquilo que poderia ser chamado de bases constitucionais da organização política brasileira (aulas 7-13). Esses temas resumem o conteúdo programático do primeiro semestre da disciplina de Direito Constitucional, que percorre todo o primeiro ano do curso de direito na FDUSP. O segundo semestre será basicamente concentrado no estudo da organização particular de cada um dos poderes da República (Legislativo, Executivo e Judiciário), além do estudo dos mecanismos de controle de constitucionalidade no Brasil. O tema dos direitos fundamentais, que junto com esses encerraria o núcleo básico dos estudos constitucionais no início do curso de Direito, é objeto de uma disciplina específica, homônima, que está alocada no terceiro semestre do curso. Em todas as aulas do semestre, o objetivo fundamental do professor será o de discutir os temas correspondentes a partir da leitura e problematizarão da literatura obrigatória indicada para a aula. Sem prejuízo de poder haver, nessas aulas, maior ou menor conteúdo expositivo a cargo do professor, a premissa adotada não é a de utilização da sala de aula como espaço prioritário para a aquisição de informação. Ao contrário, espera-se que parte relevante das informações essenciais sobre os conteúdos trabalhados no curso seja adquirida pelo aluno por meio da leitura da bibliografia obrigatória, reservando-se uma porção substancial do tempo em classe para a discussão e problematização dos temas, à luz da informação já adquirida. Nesse sentido, a leitura prévia dos textos indicados na bibliografia obrigatória é mandatória e essencial ao bom funcionamento do curso, sendo que os alunos serão cobrados e avaliados, a todo momento, por essa leitura. Material didático: Não será adotado nenhum manual universitário como texto-base da disciplina, que será apoiada, como dito acima, pela bibliografia obrigatória e complementar indicada a seguir. Além disso, pressupõe-se que aulas teóricas e os textos que as apóiam serão recursos didáticos indissociavelmente complementares e jamais alternativos. O objetivo dessa seleção de textos não é o de apresentar ao aluno os melhores ou os mais corretos conceitos acerca da matéria, mas sim o de prepará-lo para compreender os elementos que estruturam os debates teóricos correspondentes e as razões e implicações das divergências entre vários autores, habilitando-o, assim, a tornar-se um ator ativo nesses debates, e não simplesmente um reprodutor de informações não refletidas e não adequadamente assimiladas.

3 Além disso, a seleção do material reservado para leitura dos alunos, disponibilizado em sua maior parte na apostila do curso, procurou também propiciar a exposição dos estudantes a uma variedade de materiais distintos, incluindo: manuais universitários propriamente ditos, textos acadêmicos estrangeiros, especialmente em língua inglesa, textos clássicos de filosofia política, trabalhos importantes de ciência política contemporânea, seja sob uma perspectiva eminentemente brasileira, seja comparada, além de decisões do Supremo Tribunal Federal. Essa variedade de materiais deve proporcionar ao aluno, ao final do curso, uma visão mais ampla das abordagens e diferentes tradições acadêmicas que têm marcado os estudos constitucionais no Brasil e no mundo, familiarizando-o, também, com uma pequena seleção de seus autores mais importantes. Avaliação A avaliação dos estudantes, que determinará sua aprovação ou reprovação, é composta de duas notas, com os seguintes pesos: Uma prova final, realizada após o término do curso, respondendo por 60% da avaliação geral, e Um trabalho escrito, cujas instruções específicas de execução serão fornecidas em torno da 5ª semana de aula, respondendo por 40% da avaliação geral. A prova final avaliará o aproveitamento do aluno em relação a todos os conteúdos e objetivos do programa, bem como em relação a todas as aulas ministradas, e incluirá a verificação de leitura da bibliografia obrigatória indicada no programa. A média final necessária para aprovação é de 5,0 (cinco) em um total de 10,0 (dez) pontos. Programa detalhado semana a semana: Semana 1 SEX 13/03 Introdução e apresentação do curso

4 SEX 20/03 O Constitucionalismo e o(s) conceito(s) de Constituição WALUCHOW, Wil. Constitutionalism. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy Disponível em [itens 1 a 6] Semana 2 KAY, Richard S. American Constitutionalism. In: Alexander, Larry. Constitutionalism: Philosophical Foundations. Cambridge: Cambridge University Press, WALDRON, Jeremy. The Rule of Law. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy Disponível em SILVA, José Afonso da, Curso de direito constitucional positivo, 40 a ed. São Paulo: Malheiros, 2017 [título I, capítulo II, tópicos I e II]. BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, 5 a ed. São Paulo: Saraiva, 2015 [parte I, capítulos I, II e III]. SEX 27/03 A teoria do poder constituinte. Soberania e auto-vinculação. A Constituição como pacto e a Constituição como norma Semana 3 SILVA, José Afonso da, "Constituinte", in José Afonso da Silva, Poder constituinte e poder popular, São Paulo: Malheiros, 2000, pp KAY, Richard S. Constituent Authority. In: American Journal of Comparative Law. Vol 59, TROPER, Michel. La máquina y la norma. Dos modelos de constitución. In: Doxa, vol. 22, BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, 5 a ed. São Paulo: Saraiva, 2015 [parte I, capítulos IV, V e VI].

5 SEX 03/04 Eficácia das normas constitucionais SILVA, José Afonso da, Aplicabilidade das normas constitucionais, 7. ed., São Paulo: Malheiros, 2007, pp [título II, capítulo I]. Semana 4 VIEIRA, Oscar Vilhena. Neoliberalismo e Estado de Direito. Revista Brasileira de Ciências Criminais. São Paulo: Revista dos Tribunais, Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, ano 4, nº 14, abril-junho, 1996, pp O DONNELL, Guillermo. Poliarquias e a (in)efetividade da lei na América Latina: uma conclusão parcial. In Juan E. Méndez, Guillermo O Donnell, Paulo Sérgio Pinheiro. São Paulo: Paz e Terra, pp SCHOR, Miguel. Constitutionalism Through the Looking Glass of Latin America. In: Texas International Law Joiurnal. Vol. 41, N. 1, BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, 5 a ed. São Paulo: Saraiva, 2015 [parte I, capítulo VII]. Não haverá aula no dia 10/04

6 SEX 17/04 A interpretação constitucional e seus dilemas BARAK, Aharon, "Hermeneutics and Constitutional Interpretation", Cardozo Law Review 14 (1992): Semana 5 TROPER, Michel. Uma Teoria Realista de la Interpretación. In: Ensayos de Teoria Constitucional. Mexico: Fontamara, KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Capítulo 8 WALUCHOW, Wil. Constitutionalism. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy Disponível em [itens 7 a 10] BALKIN, Jack. The Framework Model and Constitutional Interpretation. In: Dyzenhaus, David, Thorburn, Malcom (ed.). Philosophical Foundations of Constitutional Law. Oxford: OUP, BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, 5 a ed. São Paulo: Saraiva, 2015 [parte II, capítulos III e IV]. SEX 24/04 O constitucionalismo brasileiro: peculiaridades e evolução. O processo constituinte e a Constituição de 1988: visão geral Semana 6 ROSENN, Keith S. Brazil s New Constitution: An Exercise in Transient Constitutionalism for a Transitional Society. American Journal of Comparative Law, n. 38, p (1990). SILVA, José Afonso da, Curso de direito constitucional positivo, 40. ed., São Paulo: Malheiros, 2017, [título I, capítulo III ("Da evolução político-constitucional do Brasil"), tópicos II e III]. BONAVIDES, Paulo, Curso de direito constitucional, 7. ed., 2. tir., São Paulo: Malheiros, 1998, pp [capítulo 11, "O Estado brasileiro e a Constituição de 1988", tópicos 1, A, B e C e 2] Não haverá aula no dia 01/05

7 SEX 08/05 Bases constitucionais da organização política brasileira: a democracia, as democracias e a democracia brasileira Semana 7 LIJPHART, Arend. Modelos de democracia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, Cap. 1, 2 e 3. AMORIM NETO, Octavio. O Brasil, Lijphart, e o Modelo Consensual de Democracia. In: Inácio, Magna, Rennó, Lucio. Legislativo Brasileiro em Perspectiva Comparada. Belo Horizonte: UFMG, DAHL, Robert. Poliarquia. São Paulo: Edusp, Cap. 1, 2 e 3. HELD, David. Models of Democracy. Malden: Polity Press, SEX 15/05 A separação de poderes na Constituição brasileira I Semana 8 MONTESQUIEU, Charles-Louis de Secondat. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. 6 (Da Constituição da Inglaterra). HAMILTON, Alexander; MADISON, James. The Federalist Papers. Artigo n. 10. KAVANAGH, Aileen. The Constitutional Separation of Powers. In: Dyzenhaus, David, Thorburn, Malcom (ed.). Philosophical Foundations of Constitutional Law. Oxford: OUP, SEX 22/05 Semana 9 A separação de poderes na Constituição brasileira II STF, Relatório e voto do Min. Cezar Peluso na Ação Direta de Inconstitucionalidade n

8 SEX 29/05 O sistema presidencialista no Brasil ABRANCHES, Sérgio Henrique Hudson de. Presidencialismo de Coalizão: O Dilema Institucional Brasileiro. In: Tavares, José Antonio Giusti (org). O Sistema Partidário na Consolidação Democrática Brasileira. Brasília: Instituto Antônio Villela, ABRANCHES, Sérgio Henrique Hudson de. Presidencialismo de Coalizão e Crise de Governança. In: Tavares, José Antonio Giusti (org). O Sistema Partidário na Consolidação Democrática Brasileira. Brasília: Instituto Antônio Villela, Semana 10 AMORIM NETO, Octavio. O Presidencialismo de Coalizão Revisitado: Novos Dilemas, Velhos Problemas. In: Tavares, José Antonio Giusti (org). O Sistema Partidário na Consolidação Democrática Brasileira. Brasília: Instituto Antônio Villela, CINTRA, Antônio Octávio. Presidencialismo e parlamentarismo: são importantes as instituições? In: Avelar, Lucia; Cintra, Antônio Octávio. Sistema Político Brasileiro: uma introdução. São Paulo: Unesp, 2007, p CINTRA, Antônio Octávio. O Sistema de Governo no Brasil. In: Avelar, Lucia; Cintra, Antônio Octávio. Sistema Político Brasileiro: uma introdução. São Paulo: Unesp, 2007, p AMORIM NETO, Octavio. O Poder Executivo: Centro de Gravidade do Sistema Político Brasileiro. In: Avelar, Lucia; Cintra, Antônio Octávio. Sistema Político Brasileiro: uma introdução. São Paulo: Unesp, 2007, p LIMONGI, Fernando / Figueiredo, Argelina C., "Bases institucionais do presidencialismo de coalizão", Lua Nova 44 (1998): [republicado em Figueiredo, Argelina C. / Limongi, Fernando, Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional, 2. ed., Rio de Janeiro: FGV, 2001, pp ].

9 SEX 05/06 Federalismo e repartição vertical de competências na Constituição do Brasil Semana 11 COSTA, Valeriano. Federalismo. In: Avelar, Lucia; Cintra, Antônio Octávio. Sistema Político Brasileiro: uma introdução. São Paulo: Unesp, 2007, p ALMEIDA, Fernanda Dias Menezes de. Competências na Constituicão de 1988, 2. ed., São Paulo: Atlas, 2000, pp e [tópicos 4.1, 4.2, 4.3 e 6.1, 6.2, 6.3] SOUZA, Celina. Federalismo, Desenho Constitucional e Instituições Federativas no Brasil Pós Revista de Sociologia Política, n. 24, p (2005). ABRUCIO, Fernando Luiz, "A formacão do federalismo brasileiro", in Fernando Luiz Abrucio, Os barões da federacão, São Paulo: Hucitec. SEX 12/06 Semana 12 Direitos políticos e seu exercício STF, Medida Cautelar em Mandado de Segurança n

10 SEX 19/06 O regime constitucional dos partidos políticos FLEISCHER, David. Os Partidos Políticos. In: Avelar, Lucia; Cintra, Antônio Octávio. Sistema Político Brasileiro: uma introdução. São Paulo: Unesp, 2007, p Semana 13 STF, Voto do Min. Gilmar Mendes na ADI n DF NICOLAU, Jairo. O Sistema Eleitoral de Lista Aberta no Brasil. In: Dados Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Vol. 49, N NICOLAU, Jairo. Sistemas Eleitorais, 5 a ed. Rio de Janeiro: FGV, SANTOS, Fabiano ; VILAROUCA, Marcio Grijó. Tendências do Sistema Partidário Brasileiro. In: Alzira Alves de Abreu. (Org.). Caminhos da Cidadania. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009, v., p KLEIN, Cristian. O desafio da reforma política: conseqüências dos sistemas eleitorais de listas abertas e fechadas. Capítulos 1 e 2.