UNIDADE IV FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO, DÉFICIT E DÍVIDA PÚBLICA
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- Victorio Cortês de Paiva
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1 UNIDADE IV FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO, DÉFICIT E DÍVIDA PÚBLICA 131 Daniele Oliveira, Dra. Déficit Público (R) (G) equilíbrio orçamentário ou superávit fiscal situação considerada pelas escolas clássica e neoclássica como indicadora de boa e sadia administração financeira. (R) < (G) desequilíbrio orçamentário ou déficit fiscal Keynes como principal defensor. Pode se transformar no mais eficaz instrumento capaz de atenuar as flutuações cíclicas do capitalismo e de garantir a trajetória de crescimento. 132 Visões teóricas sobre os efeitos e as consequências dos déficits públicos Escola neoclássica e os monetaristas os déficits são sempre sinônimos de malefício e devem, a todo custo, ser evitados, dados os efeitos nocivos que provocam sobre o nível de preços e sobre a alocação de recursos redução da eficiência do sistema. Escola Keynesiana os déficits representam um instrumento de política econômica, cujo manejo é justificado para atenuar as flutuações cíclicas do sistema e viabilizar os objetivos de plano emprego sempre que a economia se defronta com insuficiência de demanda efetiva sistema se torna mais eficiente, sem os riscos de provocarem impactos sobre o nível de preços, ou quando há necessidade de prover o governo de recursos não inflacionários. 133
2 Visões teóricas sobre os efeitos e as consequências dos déficits públicos Escola novo-clássica (ressureição da ortodoxia) Estado e déficit público voltaram a ser considerados vilões dos desequilíbrios macroeconômicos e, consequentemente, da instabilidade do sistema Métodos e conceitos tradicionais: Resultado Orçamentário = diferença entre as Receitas (Correntes e de Capital) e as Despesas (também Correntes e de Capital). Inclui a rubrica Operações de Crédito = dívida contratada para cobrir algum desequilíbrio; um resultado orçamentário equilibrado pode esconder uma situação de efetivo desequilíbrio dessas contas. Resultado Fiscal = Receitas Operações de Crédito Despesas). Resultado Corrente = considera apenas a Receita Corrente (exclui portanto as Receitas de Capital), comparando-o à Despesa Corrente. Revela a capacidade do setor público de financiar as despesas de capital sem ter de recorrer ao endividamento. Se negativo, finanças se encontram em situação crítica. 136
3 PS: O Orçamento pode conduzir a conclusões equivocadas sobre suas condições de equilíbrio ou de desequilíbrio, utilizando-se qualquer um desses métodos, pois inclui receitas e despesas de caráter esporádico, transitório e excepcional. 137 A medida das necessidades de financiamento do setor público (NFSP): A medida de aferição do resultado das contas do setor público desde 1983 no Brasil = NFSP. Caso R>G, as necessidades de financiamento são negativas; as contas apresentam-se superavitárias, dispensando financiamento. Caso R<G, as necessidades são positivas, indicando uma posição deficitária que necessita de financiamento. Referem-se ao montante de financiamentos internos e externos tomados a terceiros pelo setor público, para cobrir suas necessidades de recursos no caso de apresentarem negativas; são divulgadas em termos líquidos, excluindo-se de sua medição, portanto, o refinanciamento das amortizações de empréstimos contratados anteriormente. 138 Os resultados das contas das esferas de governo são apresentados de forma consolidada, em três segmentos: Governo Central (inclui o Governo Federal, o Banco Central e o INSS); Estados e Municípios; e Empresas Estatais. Imprecisão das NFSP: não se restringem à aferição dos resultados orçamentários do setor público, mas consideram o montante de recursos necessários para cobrir o excesso de dispêndios realizados. Limita possibilidades de investimentos, principalmente se tiver de ser realizado com a contratação de dívida e impede que as empresas sejam usadas como instrumentos de política econômica. 139
4 As NFSP podem ser aferidas nos conceitos nominal, operacional e primário. Nominais = corresponde ao montante de financiamento demandado pelo setor público para cobrir suas despesas, também com o pagamento de juros devidos da dívida pública interna e externa e com a atualização monetária e cambial de seu estoque, para as quais suas receitas não são suficientes = variação da dívida nominal. 140 Operacionais = as NFSP são obtidas excluindose, das NFSP nominais, a correção monetária e cambial da dívida = (NFSP nominal correção monetária e cambial da dívida). Primárias = excluem-se, das NFSP operacionais, os gastos com o pagamento de juros nominais da dívida = NFSP nominais juros nominais (correção + juros reais do governo). Resultado das contas ativas/reais do governo, que exclui a dimensão financeira da dívida de seu cálculo. 141 Em sua origem, surge como instrumento complementar de financiamento de gastos do Estado, sempre que os impostos se mostravam insuficientes para cobrir suas necessidades e este esbarrava em resistências da sociedade para aumentá-los. Foi decisivo o papel desempenhado pela dívida pública para a emergência da sociedade capitalista e para o fornecimento dos mercados nacionais. Ver Marx (Livro I, Capítulo XXIV): 142
5 A dívida lançou o poder do Estado de impulsionar a acumulação primitiva muito além do que lhe propiciaria a cobrança de impostos para financiar atividades essenciais para o modo de produção capitalista e de garantir, por meio do pagamento de seus encargos, a multiplicação dessa riqueza e o fortalecimento e a expansão da burguesia nascente. 143 Com a dívida pública nacional cimentaram-se as bases necessárias para impulsionar o desenvolvimento de um sistema de crédito internacional, indispensável para garantir o avanço do processo de internacionalização do modo capitalista de produção. 144 Marx: a dívida pública ajudou a gerar o capitalismo, ao mesmo tempo que se tornou seu filho indissolúvel. Níveis atuais de desenvolvimento e velocidade de sua ocorrência não teriam sido possíveis sem a ajuda da dívida (e do Estado). Alimenta o capital e põe em força ou lastreia movimentos que põem em risco sua reprodução. 145
6 Economistas clássicos opção que comprometeria o bom funcionamento do sistema capitalista. Keynes papel da dívida pública e a política fiscal ganharam espaço de legitimidade no pensamento econômico como instrumentos de política eonômica que deveriam ser utilizados para atingir os objetivos de pleno emprego. 146 De instrumento de política econômica política fiscal e dívida pública transformam-se em âncora que garante ganhos e assegura o pagamento da remuneração do capital financeiro aplicado em títulos públicos. Novo papel no processo de valorização do capital. 147 Tipos, custos e riscos da dívida A dívida pública apresenta-se sob diversas formas: i) emissão de moeda, que representa um débito do Estado para com a sociedade; ii) contratual, que resulta de contratos assinados na aquisição de produtos, serviços e empréstimos realizados pelo setor público junto a agentes internos e/ou externos; iii) mobiliária, com a qual o governo obtém recursos que necessita vendendo título no mercado financeiro, com prazos determinados de resgate. 148
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