CURUPIRA E O EQUILÍBRIO DA NATUREZA
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- Beatriz Palmeira Guimarães
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1 CURUPIRA E O EQUILÍBRIO DA NATUREZA Samuel Murgel Branco ILUSTRAÇÕES: LÉLIS SUGESTÕES PEDAGÓGICAS E DE ATIVIDADES Maria Lúcia de Arruda Aranha Marisa de Freitas Rodrigues
2 2 Samuel Murgel Branco O AUTOR Biólogo e naturalista, é professor titular de Saneamento e Ecologia Aplicada da Universidade de São Paulo. Como consultor internacional da OMS (Organização Mundial da Saúde), ministrou cursos em muitos países da América Latina. É autor, pela Editora Moderna, de obras de divulgação científica voltadas ao Ensino Fundamental e Ensino Médio. A OBRA Curupira e o equilíbrio da natureza Curupira e o equilíbrio da natureza O O Curupira, famoso personagem do folclore indígena, resolve proibir os animais predadores de caçar os animais mais fracos e indefesos da floresta. Então, institui o Reino dos Vegetarianos, e faz com que todos os animais se tornem herbívoros. Sem querer, o Curupira cria um grande desequilíbrio na natureza. Muitos animais começam a morrer; outros, se reproduzem sem controle, pois não sofrem mais a ameaça dos predadores. As árvores não conseguem produzir folhas e frutos suficientes para todos. A insatisfação é geral. A sábia Coruja explica ao Curupira que não devemos interferir de forma indevida na natureza, e cita, como exemplo, algumas intervenções impróprias feitas pelo ser humano, como o desmatamento indiscriminado e o uso abusivo de inseticida nas plantações. Depois de aprender com a Coruja, o Curupira agora ajuda a proteger o equilíbrio da natureza, permitindo que cada bichinho da floresta realize a sua função nesse equilíbrio. TEMAS ABORDADOS Seres vivos: características e hábitos alimentares Diversidade dos seres vivos em diferentes ambientes Animais herbívoros e carnívoros Importância da preservação do hábitat para a manutenção do equilíbrio na natureza Desrespeito à natureza
3 3 SUGESTÕES PEDAGÓGICAS Formando o leitor Formando o leitor E Enquanto nos livros de ficção conta-se uma história, as obras de não-ficção ou expositivas visam oferecer informação. Mesmo quando o autor se utiliza de uma pequena história como neste livro, ela é sempre pretexto para facilitar a compreensão do assunto de determinada área do conhecimento. No entanto, o texto expositivo não se restringe à transmissão de informações. Isso porque, no mundo atual, ocorreu uma incrível mudança com a crescente ampliação do campo do saber e o avanço da tecnologia, sobretudo no setor das comunicações, o que tornou a informação bastante acessível. Por isso mesmo, o leitor precisa ter condições de selecionar essas informações e de lançar sobre elas um olhar crítico, o que só é possível pelo desenvolvimento da autonomia do pensar e do agir. A formação do leitor autônomo supõe que a informação seja contextualizada: que parta do que é familiar ao aluno e, ao final, retorne à realidade vivida, para que não se reduza a abstrações, mas adquira sentido vital. Assim, o conhecimento deixa de ser uma aventura apenas intelectual, porque se encontra enriquecido por contornos afetivos e valorativos. Mais ainda, conhecer é um procedimento que vai além do esforço solitário da reflexão, porque se faz também pelo diálogo, pelo confronto de opiniões, que mobiliza cada um na busca de outras explicações possíveis ou na elaboração de novas indagações. Daí a importância de acrescentar às atividades individuais os trabalhos em equipe, os projetos coletivos, as discussões em classe, as assembléias. Preparando para a cidadania Preparando para a cidadania O O conhecimento contextualizado, inserido nas situações vividas, deixa de ser passivo, como acontece com o saber acabado e recebido de fora. De fato, quando o aluno consegue identificar os problemas e conflitos da realidade, tudo o que aprende adquire sentido novo para sua vida e para a comunidade. O saber incorporado ao
4 4 vivido é condição importante para a formação integral do aluno porque estimula a atitude crítica e responsável, preparando-o para se tornar um cidadão ativo na sociedade, membro integrante da comunidade e possível agente transformador. Longe, porém, de imaginarmos uma aula especial para ensinar valores aos alunos, estamos propondo que em cada disciplina sejam discutidos os laços indissolúveis entre o conteúdo estudado e os valores humanos. Isso significa que os temas éticos, políticos e estéticos devem ser realçados no processo de apropriação do saber como temas transversais, isto é, como temas que atravessam os diferentes campos do conhecimento. É o que veremos a seguir, a propósito deste livro. Explorando o texto Curupira e o equilíbrio da natureza NNeste livro os animais agem como se fossem seres humanos e nos ensinam a conviver com a natureza, usufruindo dos seus recursos sem destruí-la. A propósito dessa fábula, podemos indagar quais seriam as diferenças entre o comportamento dos animais e o dos seres humanos. Observamos que os animais matam por instinto para se defender ou se alimentar, garantindo a preservação da espécie. Já o ser humano, ainda que também possa matar em legítima defesa, muitas vezes o faz por desvio de conduta, porque é um ser livre capaz de escolha, podendo agir bem ou mal. Nesta fábula, o Curupira, para proteger os animais mais fracos, tenta alterar a ordem da natureza, o que provoca um terrível desequilíbrio. Isso nos faz lembrar que na história humana existem pessoas que estabelecem relações desiguais de exploração ou, à frente dos governos, agem como tiranos. Nesses casos, também podemos falar em desequilíbrio, porque o ideal de uma sociedade democrática é que os adultos se entendam sem que uns oprimam outros e que os conflitos sejam resolvidos pelo diálogo. O livro trata da alimentação adequada para os bichos: também os humanos devem ter uma alimentação saudável. No entanto, muitas vezes essa alimentação está desequilibrada, quando, por exemplo, as pessoas abusam da gordura e desprezam as proteínas e as vitaminas. Não só. Se observarmos a população
5 5 mundial, descobriremos que embora haja alimentos para todos, a distribuição deles é desequilibrada, de modo que uma porcentagem imensa de pessoas passa fome. Também é desequilibrada a sociedade em que nem todas as crianças tenham acesso à escola ou em que nem todos os adultos possam ter emprego e teto para morar. A busca do equilíbrio da natureza, portanto, deve ser entendida a partir do uso que fazemos dos bens naturais, sem destruí-los, mas também de como os distribuímos entre as pessoas. Ou seja, o equilíbrio é algo que se busca também nas relações humanas democráticas, circunstâncias em que prevalecem os sentimentos de participação, solidariedade e respeito pelo coletivo em todos os níveis. SUGESTÕES DE ATIVIDADES Lembramos que você não precisa, necessariamente, seguir todas as sugestões apresentadas, podendo selecionar as que são mais adequadas ao tempo disponível e ao interesse dos alunos. Algumas vezes, elas podem funcionar como inspiração para outras propostas, a partir de acontecimentos circunstanciais vividos na comunidade. Na última página deste suplemento, oferecemos breves pistas para algumas das perguntas formuladas. A seguir, apresentamos três momentos ou fases em que as atividades se dividem: estimular a classe para a leitura do livro; acompanhar os alunos durante a leitura, dando-lhes subsídios; verificar a compreensão dos conteúdos e sua fixação. ANTES DA LEITURA Essa fase tem por função sensibilizar o aluno para a leitura, levando-o a antecipar o conteúdo do texto por meio de hipóteses e a expressar o que já sabe a respeito do tema. É recomendável estimular o manuseio do livro: folheá-lo, observar as ilustrações, ler a 4 a capa, indagar sobre o significado do título, identificar a editora e o autor.
6 6 1. Vocês sabem o que é uma fábula? 2. Já ouviram falar no Curupira? Já leram alguma lenda indígena? 3. Atualmente fala-se muito em meio ambiente. Vocês sabem o que é isso? 4. Vocês acham que os seres humanos agridem a natureza? DURANTE A LEITURA Visando ao envolvimento do aluno, são apresentadas algumas questões e oferecidos subsídios para facilitar a leitura e contornar dificuldades, ajudando-o, por exemplo, a identificar a estrutura do texto ou esclarecendo alguma dúvida de vocabulário. Pode-se sugerir que sejam feitos os seguintes sinais a lápis nas margens do livro: (!) se alguma informação constitui novidade; (?) se outra não foi bem compreendida; ou (#) se o aluno não concorda com o autor em algum trecho. 1. Vocês sabem o que quer dizer equilíbrio? E equilíbrio da natureza? (p. 3) 2. Agora que vocês já começaram a ler, respondam: quem é o Curupira e o que ele propôs aos animais da floresta? (p. 4 e 6) 3. Do que se alimenta um vegetariano? (p. 6) 4. Quais foram as mudanças nos hábitos alimentares da onça e do gavião e o que aconteceu aos passarinhos, borboletas, coelhos, ratos, formigas e cupins? (p. 8 a 10) 5. Que explicações a Coruja deu ao Curupira sobre: a) a fonte de energia dos animais (p. 12); b) a produção de alimento pelas plantas (p. 12); c) os animais carnívoros (p. 13). APÓS A LEITURA Nessa fase, verifica-se inicialmente, por meio das questões sugeridas, o que o aluno aprendeu, se é capaz de contar o que leu, seja oralmente ou por escrito. Em seguida, a fim de finalizar a contextualização, retoma-se o entrelaçamento entre o assunto estudado e os problemas da vida cotidiana, provocando novas indagações que, muitas vezes, podem extrapolar a abordagem feita no livro.
7 7 Nesse momento, poderá ser revisto o item Explorando o texto Curupira e o equilíbrio da natureza. 1. O que vocês acharam da atitude do Curupira ao decretar o Reino dos Vegetarianos na floresta? 2. Alguns animais de médio e grande portes se alimentam apenas de plantas. Citem os que foram mencionados no texto. (p. 7) 3. A ordem do Curupira foi cumprida. Por que os animais a obedeceram sem contestação? (p. 8) 4. Qual a diferença entre animais herbívoros e carnívoros? (p. 13) 5. Façam uma tabela dos animais citados no texto. De um lado selecionem os animais carnívoros; do outro, os animais herbívoros. 6. Vocês acham que as pessoas matam alguns animais por maldade, por ignorância ou para se alimentar? 7. É possível mudarmos a ordem da natureza? Isso prejudica o equilíbrio do meio ambiente? 8. Qual a lição que o Curupira aprendeu? (p. 13 a 15) 9. Vocês acham que a natureza deve ser protegida? De que forma e por quem? 10. Para pesquisar: a) A prática da caça predatória. b) O uso de inseticidas nas plantações. Atividades interdisciplinares Arte: Ilustrem o trecho da história que descreve o desequilíbrio na floresta: animais magros, reprodução descontrolada de algumas espécies, árvores sem folhas e frutos etc. Português: Escrevam um texto dizendo que tipo de leis vocês criariam se fossem o Curupira. História: Assim como na natureza, a sociedade humana também precisa viver em equilíbrio. O que vocês pensam sobre as pessoas que passam fome no mundo e sobre os governantes que são autoritários?
8 8 RESPOSTAS PARA ALGUMAS QUESTÕES As questões sem resposta são as que dependem de posicionamento pessoal do aluno. Durante a leitura 1. Equilíbrio significa harmonia entre duas ou mais forças, dois ou mais elementos, objetos etc. Equilíbrio da natureza é a organização dos seres da natureza de tal forma que nunca haja excesso ou falta de um ou mais elementos em um determinado ambiente. 2. O Curupira é o protetor de nossas florestas e dos animais, é pequeno como um menino e tem os pés virados para trás. Ele propôs que todos os animais da floresta fossem herbívoros. 3. Um vegetariano se alimenta apenas de vegetais (plantas). 4. A onça passou a comer saladas e a tomar chá de folhas, e o gavião passou a comer milho e arroz. Por não terem predadores, passarinhos, borboletas, coelhos, ratos, formigas e cupins passaram a se reproduzir sem controle. 5. a) A energia dos animais vem dos alimentos que eles comem. b) As plantas produzem alimento usando a energia que vem do Sol e retirando água e sais minerais do solo, pelas raízes. c) Os animais carnívoros não conseguem retirar das plantas todas as substâncias de que necessitam. Após a leitura 2. Anta, capivara e elefante. 3. Os animais gostavam muito do seu protetor e o respeitavam. 4. Animais herbívoros se alimentam de plantas e carnívoros se alimentam de carne. 5. Herbívoros: borboleta, besouro, cigarra, anta, capivara, elefante, taturana, lagarta, gafanhoto, coelho, formiga e cupim. Carnívoros: coruja, aranha, gavião, passarinho, rato, tamanduá, sapo, morcego, cobra e gambá. 8. O Curupira aprendeu que não se deve interferir de forma indevida na natureza.
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