Monitoramento do funcionamento do sistema digestório de equinos: exame físico mediante auscultação
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- Renata Diegues Morais
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1 Monitoramento do funcionamento do sistema digestório de equinos: exame físico mediante auscultação Monitoring the functioning of the digestive system of horses: physical examination by auscultation Monitoreo del funcionamiento del sistema digestivo de caballos: examen físico por auscultación Jéssica Eunice Souza Graduanda em Medicina Mariana Brettas Silva Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Thayne de Oliveira Silva Médica Melina de Almeida Assis Graduanda em Medicina José de Oliveira Pinto Doutorando do Programa de Pós-Graduando em Medicina Felícia Velten Paes Médica Maria Verônica de Souza* Professora de Clínica Médica de Grandes Animais Departamento de - Universidade Federal de Viçosa * Autora para correspondência RESUMO: A avaliação da motilidade intestinal é uma variável utilizada no exame físico geral do equino, particularmente naqueles com histórico de afecções do trato gastrointestinal. O objetivo do estudo foi monitorar a frequência dos movimentos intestinais de animais aparentemente sadios, para verificar o comportamento fisiológico de parte do sistema digestório. Foram utilizados quatro equinos hígidos machos castrados, com idade entre 8 e 18 anos (15±4,76). Eles foram mantidos livres em piquetes e foram adaptados ao manejo alimentar com forragem e concentrado. Sal mineral e água eram deixados ad libitum. Avaliação individual da motilidade intestinal (intestinos delgado e grosso) foi realizada por auscultação com estetoscópio. O tempo de auscultação variou entre 2 e 5 min, sendo os animais avaliados durante um total de 10 semanas no período da manhã e outras 10 semanas no período da tarde. A avaliação foi semanal, e consistiu de duas auscultações ao dia (manhã ou tarde), com intervalo de uma hora entre elas, o que resultou em um total de 20 auscultações/período/animal. Os dados foram analisados por estatística descritiva. O número de descargas cecais foi bastante variável, com predomínio de 2 a 4 movimentos/5 min. O animal mais jovem chegou a apresentar 7 movimentos/5 min, o que revela variação individual. O movimento do intestino delgado sofreu pouca alteração. A auscultação dos cólons revelou pouca variação entre animais, embora um animal tenha apresentado tendência a hipomotilidade em duas avaliações realizadas no período da manhã, e outro a hipermotilidade em uma das auscultações registradas no período da tarde. Existe variação individual na motilidade cecal, com menor variabilidade dos borborigmos das demais regiões intestinais avaliadas por auscultação. Esses resultados devem ser considerados ao se examinar o trato digestório de um equino suspeito de desconforto abdominal. Unitermos: cavalos, sistema gastrointestinal, motilidade intestinal ABSTRACT: The evaluation of the intestinal motility is a variable used in the general physical examination of the horse, particularly those with a history of disorders of the gastrointestinal tract. The objective of the study was to monitor the frequency of intestinal motility of animals apparently healthy, to verify the physiological behavior of the digestive system. Four healthy gelding horses, aged between 8 and 18 years (15±4.76) were used. They were kept free in paddocks and had adapted to feed forage and concentrate. Mineral salts and water were offered ad libitum. Individual evaluation of intestinal motility (small and large intestine) was performed by auscultation with stethoscope. The auscultation period ranged from 2 to 5 min, being the animals evaluated for a total of 10 weeks in the morning and another 10 weeks in the afternoon. The evaluation was weekly, and consisted of two auscultations a day (morning or afternoon), with an interval of one hour between them, which resulted in a total of 20 auscultation/period/animal. Data were analyzed using descriptive statistics. The number of cecal motility was highly variable, with a predominance of 2-4 movements/5 min. The youngest animal reached 7 movements/5 min, which indicates individual variation. The movement of the small intestine presented little change. Auscultation of the colon showed little variation among animals, although an animal showed a tendency to hypomotility in two evaluation held in the morning, and another to hypermobility in one of the auscultation recorded in the afternoon. There is individual variation in cecal motility, with lower variability of intestinal borborygmus from other regions assessed by auscultation. These results should be considered when examining the digestive tract of an equine suspect of abdominal disconfort. Keywords: horses, gastrointestinal tract, intestinal motility RESUMEN: La evaluación de la motilidad intestinal es una variable utilizada en el examen físico general del caballo, en particular en aquellos con historial de trastornos del tracto gastrointestinal. El objetivo del estudio fue evaluar la frecuencia de los movimientos intestinales en animales aparentemente sanos, para verificar el comportamiento fisiológico del sistema digestivo. Se utilizaron cuatro caballos sanos, machos castrados, con edades comprendidas entre los 8 y los 18 años (15±4,76). Los animales fueran mantenidos libres en potreros y han sido adaptados al manejo alimentar con forraje y concentrado. Sal mineral y agua fueron dejados ad libitum. La evaluación individual de la motilidad intestinal (intestino delgado y grueso) se obtuvo por medio de auscultación con estetoscopio. El período de auscultación varió de 2 a 5 min, siendo los animales evaluados por un total de 10 semanas en el período de la mañana y otras 10 semanas en la tarde. La evaluación fue semanal, y consistió en dos auscultaciones al día (mañana o tarde), con un intervalo de una hora entre ellas, lo que resultó en un total de 20 auscultaciones/período/ animal. Los datos se analizaron mediante estadística descriptiva. El número de descargas cecales fue muy variable, con predominio de 2-4 movimientos/5 min. El animal más joven llegó a presentar 7 movimientos/5 min, lo que indica la variación individual. El movimiento del intestino delgado presentó poco cambio. La auscultación del colon mostró poca variación entre los animales, a pesar de que un animal ha presentado tendencia a hipomotilidad en dos auscultaciones realizadas por la mañana, y otro a hipermotilidad en una de las auscultaciones registradas en la tarde. Existe una variación individual en la motilidad del ciego, con una menor variabilidad de los movimientos intestinales de otras regiones intestinales evaluadas por auscultación. Estos resultados deben de ser considerados cuando se examina el tracto digestivo de un caballo sospechoso de dolor abdominal. Palabras clave: caballos, tracto gastrointestinal, motilidad intestinal 26
2 Introdução A síndrome cólica nos equinos é um problema muito frequente, que causa preocupação aos médicos veterinários e, principalmente, proprietários dos animais acometidos. Caracterizada pelo quadro de dor abdominal, normalmente de aparecimento agudo, a cólica é a segunda principal causa de óbitos nos equinos. Os fatores que podem desencadear uma crise de cólica são muitos, dentre eles, o tipo e qualidade do alimento, alterações súbitas na dieta, baixa ingestão de água 1,2, verminose, estresse decorrente do nível de atividade física, assim como de mudança de ambiente, estabulação por tempo prolongado 3,4,5, episódios anteriores de cólica 6, entre outros fatores predisponentes e determinantes. Estudos epidemiológicos têm demonstrado que a dieta é uma das causas mais comuns da síndrome cólica. Dietas ricas em feno de baixa digestibilidade e, principalmente, de baixa qualidade, aumentam as chances do animal apresentar o quadro 1. Já dietas ricas em forragem de qualidade diminuem esse risco 1,7. De acordo com Cohen et al. 1 (1999), cerca de 31% das cólicas são resultado da compactação (retenção da digesta no intestino grosso), e 29% são gasosas ou espasmódicas. Uma vez que possuem o estômago relativamente pequeno (15 a 18 litros), a alimentação dos equídeos deve ser oferecida em pequenas quantidades, várias vezes ao dia 4, sendo a distensão normalmente resultante da sobrecarga por grãos ou gases produzidos por alimentos altamente fermentáveis 8,9. Adicionalmente, feno de baixa qualidade e digestibilidade, assim como excesso de fibra na dieta aumentam a probabilidade de cólica por compactação 1,10. Por outro lado, estudos epidemiológicos revelaram que alimentação com forragem de qualidade auxilia na redução da incidência de síndrome cólica 1,7,9. Recentemente Dias et al. 11 (2012) mencionaram a elevada casuística de equinos atendidos com cólica no Hospital Veterinário do Departamento de da Universidade Federal de Viçosa (HOV-DVT/UFV), resultante da compactação da digesta. De acordo com os autores, esse fato está frequentemente associado com a qualidade do capim fornecido aos animais. A dor abdominal, que pode ser resultado da distensão intestinal pela produção de gases, ingesta compactada ou acúmulo de líquido 12, se manifesta por sinais de desconforto e mudanças de comportamento. Em geral os animais começam a deitar e levantar com muita frequência e alguns começam a rolar no solo como uma tentativa de aliviar a dor 6,9. Adicionalmente, dirigem seu olhar constantemente para a região abdominal. Dependendo do tipo de cólica, pode haver aumento, diminuição ou até ausência dos movimentos intestinais, assim como do número de defecações. O diâmetro abdominal também se encontra comprometido em muitos casos, além das variáveis físicas frequência cardíaca, frequência respiratória, tempo de enchimento capilar, grau de hidratação e aspecto das mucosas 6. Conforme comentado previamente, a alteração do movimento intestinal, que é determinado mediante auscultação abdominal, pode ser um sinal clínico observado nos animais com cólica. O aumento da intensidade e frequência dos sons intestinais (hipermotilidade) pode estar associado à cólica espasmódica, irritações no intestino ou a fase inicial de um processo obstrutivo, mas também podem estar indicando uma melhora do quadro 6. Por outro lado, a redução da intensidade e frequência dos sons (hipomotilidade), ou mesmo a atonia, pode estar associada a processos estrangulantes do íleo 13. Segundo Bentz 14 (2004) nas compactações pode-se auscultar o som de pings resultante da presença de gás e líquido. Isso ocorre mesmo sem motilidade intestinal progressiva 15. O objetivo do presente estudo foi monitorar a frequência e intensidade dos movimentos intestinais de equinos aparentemente sadios, para verificação do comportamento fisiológico por um longo período de tempo. Material e Métodos O movimento intestinal de quatro equinos sadios, machos, castrados, com idade entre 8 e 18 anos foi avaliado no período de setembro de 2013 a fevereiro de 2014, no HOV-DVT/UFV. Os animais pertenciam ao DVT/UFV e eram mantidos livres em piquetes com 0,7 ha de área, onde se alimentavam com capim nativo, capim elefante (Pennisetum purpureum) picado e ração produzida na UFV, com 14% de proteína. Sal mineral e água eram deixados ad libitum. A motilidade do trato intestinal, determinada pela auscultação dos borborigmos, foi realizada conforme mencionado por Gomes et al. 16 (2012), com modificações. Os autores avaliaram quatro quadrantes do corpo do animal, ou seja, a região dorsal (base do ceco, cólon dorsal) e ventral (corpo e ápice do ceco, e cólon ventral) do lado direito do abdômen, assim como região dorsal e ventral do lado esquerdo do abdômen, correspondendo ao cólon dorsal e ventral, respectivamente. No presente estudo, além dos quatro quadrantes mencionados, foi verificada a motilidade na fossa paralombar esquerda, considerada como o local de auscultação do intestino delgado (jejuno). Exceto a auscultação na região referente à base do ceco, cujo tempo realizado foi de cinco minutos, nas demais regiões foi de apenas dois minutos, tendo em vista que os borborigmos, semelhantes a pings, devem ser, em condições normais, bastante frequentes. O maior período de tempo para avaliação na base do ceco se deve ao fato dos movimentos serem menos frequentes nesta região, tendo em vista que resulta da mistura da digesta, porém são altos e bem definidos e geralmente duram cerca de 10 a 20 segundos, conforme mencionado por Speirs 17 (1999), que inclusive relata que se pode encontrar de 1 a 2 movimentos em dois minutos, ainda que essa quantidade dependa de vários fatores, entre eles o tempo decorrido após a última alimentação. Nesse contexto, em condições normais, caso já tenha passado muito tempo da última alimentação, pode-se inclusive encontrar apenas 1 movimento em quatro minutos. Por isso a importância de se auscultar essa região por um maior período de tempo. Ainda de acordo com esses autores, para a propulsão do colón maior, é possível auscultar picos de borborigmos a cada 10 a 20 segundos. O som do intestino delgado, que normalmente é contínuo, por possuir maior quantidade de líquido, costuma ser mais agudo, sendo assim considerado como som gorgolejante. A classificação adotada para definir a motilidade intestinal foi baseada na descrita por Gomes et al. 16 (2012), sendo, 0: ausência, 1: motilidade reduzida, 2: motilidade normal e 3: motilidade aumentada. No ceco, o número de descargas cecais foi anotado a cada auscultação. A auscultação foi realizada durante 10 semanas no período da manhã, entre 8:00 e 10:00 horas, e por 10 semanas no período da tarde, entre 14:00 e 16:00 horas. Foram realizadas duas auscultações por dia em cada período do dia, com intervalo de uma hora entre elas, totalizando 20 auscultações por animal no final do período de avaliações. Na avaliação realizada pela manhã os animais ainda não haviam recebido o capim picado no cocho e a ração. Todos os dados obtidos foram tabulados em Excel e analisados por estatística descritiva. Foram realizados gráfico por animal e por período do dia para cada parte do intestino avaliada. 27
3 Resultados e Discussão A Figura 1 apresenta o movimento do ceco no período da manhã e da tarde em cada animal, discriminando cada um dos animais. No equino de número 1 se observa uma variação menor entre o número máximo e o mínimo de descargas cecais observadas. Adicionalmente, na auscultação realizada no período da tarde se observa uma menor variação durante as 10 semanas avaliadas, sendo observadas, em sua maioria, 2 ou 3 descargas. O animal 2 apresentou maior variação em relação ao número mínimo e máximo das descargas cecais, e a constância nas auscultações se mostrou maior durante o período da tarde, assim como no primeiro animal. O animal 3 apresentou um número maior de descargas no período da tarde, sendo que na maioria das auscultações (tanto na manhã quanto na tarde) o número de descargas variou entre 3 e 5. Já o animal 4 apresentou uma movimentação cecal bastante intensa, variando desde 2 descargas até 7. Portanto, não se observou uma padronização na movimentação cecal desse animal, tanto nas avaliações realizadas no período da manhã como da tarde. Comparando os quatro animais, observa-se que, independentemente do período do dia, o número de descargas cecais é bastante variável, com predomínio de um total de 2 a 4 movimentos em cinco minutos. Adicionalmente, o quarto animal, que era o mais jovem, apresentou motilidade um pouco mais variável, o que sugere uma variação individual. De acordo com a literatura científica, a motilidade do ceco (que é a primeira estrutura do intestino grosso) está associada à mistura da digesta oriunda do intestino delgado. Trata-se de uma câmara de fermentação, onde ocorre contrações de baixa amplitude a cada 3 ou 4 minutos, de forma a transferir a digesta de uma saculação para outra 18. Segundo Thomassian 19 (2005), o movimento permite a digestão de carboidratos, gorduras e fibras, que é promovida pela microbiota presente nesta região. Por outro lado, em caso de compactação da digesta ou a presença de parasitas nesta região ou em outra parte do intestino pode ocasionar diminuição no movimento 9, o que seria um dos possíveis sinais da síndrome cólica. O movimento do intestino delgado na avaliação realizada na fossa paralombar esquerda sofreu pouca alteração, sendo classificado na maioria dos casos como de grau 2, ou seja, normal (Figura 2). Entretanto, o grau 3 que segundo a classificação adotada 16 pode representar motilidade aumentada, esteve presente nos animais de número 2 e 3 no período da tarde em uma das avaliações, porém não esteve associada a nenhum desconforto abdominal. O animal 1 também apresentou alteração em uma das avaliações sendo registrada uma movimentação menos intensa (grau 1) no período da manhã. De acordo com Laranjeira et al. 9 (2008), a variação da motilidade do intestino delgado pode estar relacionada ao comprimento da alça, que no animal adulto pode alcançar aproximadamente 20 metros de comprimento, mas também com a idade, tipo de alimento fornecido, e principalmente com o tempo de permanência do alimento no trato digestivo. Portanto, vários aspectos podem influenciar os borborigmos do intestino delgado, não devendo essa avaliação ser considerada de forma isolada durante o exame físico de um equino. Os resultados obtidos com relação a avaliação dos cólons ventrais e dorsais direito e esquerdo são apresentados nas Figuras de 3 a 6. Praticamente não houve variação entre os animais e entre período do dia. Entretanto o animal 1 apresentou uma tendência a hipomotilidade em duas das avaliações no período da manhã (Figura 3-6) e o equino de número 3 a hipermotilidade (Figura 3-6), já que apresentaram os graus 1 e 3, respectivamente. Por outro lado, o equino de número 4 apresentou movimento intestinal mais constante. Da mesma forma como ocorre para a motilidade do intestino delgado, a movimentação dos cólons depende de fatores, como a idade do animal, sendo maior nos animais mais jovens, tipo de alimento fornecido, sendo que o volumoso fica mais tempo retido no intestino grosso (cólon maior e ceco), e quando ricos em fibra de difícil digestão, o tempo de retenção é ainda maior do que o feno e o volumoso verde 9. Figura 1: Frequência de descarga cecal em cada um dos animais examinados no período da manhã e da tarde ao longo do tempo. O comportamento do movimento por período considerando todos os animais também é demonstrado 28
4 Figura 2: Frequência do movimento do intestino delgado em cada um dos animais examinados no período da manhã e da tarde ao longo do tempo. O comportamento do movimento por período considerando todos os animais também é demonstrado Figura 3: Frequência do movimento no cólon ventral direito em cada um dos animais examinados no período da manhã e da tarde ao longo do tempo. O comportamento do movimento por período considerando todos os animais também é demonstrado. Em condições patológicas, a hipermotilidade intestinal pode estar associada a irritações intestinais, ao início de um processo obstrutivo ou mesmo com a fase de convalescência da síndrome cólica. Entretanto, também está associada a estresse 4. No presente estudo, acredita-se que tenha sido decorrente do estado de agitação em que os animais se encontravam nos dias das avaliações, já que os mesmos se movimentavam mais frequentemente no pequeno piquete onde eram deixados durantes as avaliações. Já a hipomotilidade, que inclusive pode estar relacionada à compactação da digesta 9, também está associada ao tempo de permanência do alimento no intestino. A hipomotilidade observada pode indicar paralisia do íleo, o que pode resultar em cólica por compactação. O animal 1, que apresentou hipomotilidade no período da manhã, se mostrou desde o início do estudo, mais quieto do que os demais e, inclusive, com movimentação cecal mais próxima aos valores mínimos. 29
5 Figura 4: Frequência do movimento no cólon dorsal direito em cada um dos animais examinados no período da manhã e da tarde ao longo do tempo. O comportamento do movimento por período considerando todos os animais também é demonstrado. Figura 5: Frequência do movimento no cólon ventral esquerdo em cada um dos animais examinados no período da manhã e da tarde ao longo do tempo. O comportamento do movimento por período considerando todos os animais também é demonstrado. 30 Adicionalmente, os sons auscultados no intestino delgado (Figura 2) e cólons (Figuras 3-6) foram em geral mais baixos e bem menos nítidos do que nos demais equinos. Além dos fatores previamente mencionados como associados ou não à alteração fisiológica na motilidade intestinal, existem outros aspectos que devem ser considerados, como a eficiência da mastigação, quantidade de água ingerida ou mesmo a microbiota intestinal 20. Portanto, fatores individuais provavelmente estejam associados a essa discreta redução na motilidade intestinal. O equino que apresentou maior intensidade e frequência na motilidade colônica foi o de número 4, que por coincidência ou não, é o mais jovem do grupo. Considerando todas as regiões examinadas, esse equino foi o que apresentou maior variação entre os dias e horários, assim como entre os valores mínimos e máximos. Esse aspecto deverá ser posteriormente investigado em estudos utilizando maior número de animais, e com diferentes classes de idade.
6 Figura 6: Frequência do movimento no cólon dorsal esquerdo em cada um dos animais examinados no período da manhã e da tarde ao longo do tempo. O comportamento do movimento por período considerando todos os animais também é demonstrado Conclusões O presente estudo demonstrou que existe variação entre animais na movimentação do ceco de equinos e que essa variação também é intraindividual de acordo com o período do dia em que o animal é examinado. Por outro lado, os borborigmos no intestino delgado e cólons são mais constantes, com pouca variação, ou as mesmas não são consideradas importantes em equinos aparentemente sadios. Esses resultados devem ser considerados quando se avalia equinos com suspeita de alteração do trato intestinal. Referências 1 - COHEN, N.D.; GIBBS, P.G.; WOODS, A.M. Dietary and other management factors associated with colic in horses. Journal of American Veterinary Medical Association, v.215, n.1, p.53-60, DURHAM, A.E. The role of nutrition in colic. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, v.25, n.1, p.67-78, HILLYER, M.H.; TAYLOR, F.G.R.; FRENCH, N.P. A cross-sectional study of colic in horses on Thoroughbred training premises in the British Isles in Equine Veterinary Journal, v.33, n.4, p , PIMENTEL, M.M.; CÂMARA, F.V.; PINHEIRO, M. et al. Manejo nutricional de equinos utilizados em provas de vaquejada no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Brasílica, v.7, n.1 p.61-65, WILLIAMS, S.; HORNER, J.; ORNOR, E. et al. Water intake, faecal output and intestinal motility in horses moved from pasture to a stabled management regime with controlled exercise. Equine Veterinary Journal, v,47, n.1, p , DIAS, R.V.C.; BEVILACQUA, P.D.; RIBEIRO FILHO, J.D. et al. Avaliação física e laboratorial da síndrome cólica de equinos em parque de vaquejada. e Zootecnia, v.20, n.4, p , TINKER, M.K.; WHITE, N.A.; LESSARD, P. et al. Prospective study of equine colic risk factors. Equine Veterinary Journal, v.29, n.6, p , CARTER, G.K. Gastric diseases. In: ROBINSON, N.E. Current therapy in equine medicine 2. Philadelphia: Saunders, Cap.1, p LARANJEIRA, P.V.E.H.; ALMEIDA, F.Q. Síndrome cólica em equinos: ocorrência e fatores de risco. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, v.28, n.1, p.64-78, PUGH, D.G.; THOMPSON, J.T. Impaction colics attributed to decreased water intake and feeding coastal Bermuda grass hay in a boarding stable. Equine Practice, v.14, p.9-14, DIAS, R.V.C.; SOUZA, M.V.; RIBEIRO FILHO, J.D. Potenciais fatores de risco da síndrome cólica em equinos. Revista CFMV, v.18, p.35-42, MOORE, J.N.; MELTON, T.; CARTER, W.C.; WRITH, A.L.; SMITH, M.L. A new look at equine gastrointestinal anatomy, function and selected intestinal displacements. American Association of Equine Practitioners, v.47, p.53-60, SINGER, E.R.; SMITH, M.A. Examination of the horse with colic: is it medical or surgical? Equine Veterinary Education, v.14, n.2, p.87-96, BENTZ, B.G. Understanding equine colic. Lexington: Blood-Horse Publication, 2004, 192p PLUMMER, A.E. Impactions of the small and large intestines. Veterinary Clinical of North America: Equine Practice, v. 25, n. 2, p , GOMES, C.L.N.; RIBEIRO FILHO, J.D. Laxative effects of polyethylene glycol 3350 and electrolyte solutions in equines. Arquivo Brasileiro de Medicina e Zootecnia, v.64, n.4, p , SPEIRS, V.C. O sistema alimentar. In:. Exame clínico de equinos. Porto Alegre: Artmed, Cap.11, p GENOUD, J.M.; MOIRON, A.I. Diagnóstico prematuro do abdômen agudo em cavalos: nota técnica parte Acessado em 15 de jul. de Online. Disponível em: < artigos/abdome5.htm> 19 - THOMASSIAN, A. Afecções do aparelho digestivo. In:. Enfermidades dos cavalos. 4.ed. São Paulo: Varela, Cap.12, p WOLTER, R. Alimentacion del caballo. 2.ed. Zaragoza: Acribia, 1977, 172p. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CA- PES) por disponibilizar bolsa de estudo à primeira autora pelo Programa Jovem Talentos para a Ciência, a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio e suporte nas atividades de pesquisa da professora orientadora. COMITÊ DE ÉTICA As atividades realizadas no projeto referem-se a exame físico, e estão relacionadas com a Disciplina VET 374 Clínica Médica de Ruminantes e Equídeos, que tem parecer favorável da Comissão de Ética de Uso Animal (CEUA) para serem executadas. 31
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