CARACTERÍSTICAS ANDROLÓGICAS DE CARNEIROS JOVENS DA RAÇA TEXEL
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1 CARACTERÍSTICAS ANDROLÓGICAS DE CARNEIROS JOVENS DA RAÇA TEXEL Pauline Beatriz Guidoni (Bolsista PIBIC/CNPQ-UNOPAR), Carlos Augusto Capelassi Gomes, Luis Gustavo Benthien Miquelão, Jeniffer Naryman Hirt, Fabiana Storm Barbosa, Flávio Antônio Barca Junior, Celso Koetz Junior, Marcos Barbosa Ferreira, Flávio Guiselli Lopes (Orientador), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) / Curso de Medicina Veterinária, Unidade Arapongas. Medicina Veterinária ( ). Reprodução Animal ( ). Introdução No Brasil, a ovinocultura vem se destacando como alternativa de produção e rentabilidade para pequenos, médios e grandes produtores. Nesta perspectiva, há necessidade de se conhecer o material genético e o potencial produtivo e reprodutivo dos animais produzidos. Ao desempenho reprodutivo, deve-se dar atenção especial, principalmente, devido às particularidades apresentadas pela espécie e por este expressar a eficiência da multiplicação dos genótipos e, consequentemente, a lucratividade do sistema produtivo (PACHECO & QUIRINO, 2010). As biotecnologias da reprodução estão continuamente estudadas. A inseminação artificial e a transferência de embriões, assim como a melhoria nos processos de criopreservação de sêmen, podem contribuir para maximizar o uso de reprodutores. Porém, é importante lembrar que para obter bons resultados com essas biotécnicas, deve-se partir de um sêmen de boa qualidade (MAIA et al., 2015). Em regiões de clima tropical, a elevada temperatura ambiental, observada na estação seca, é o principal fator limitante à eficiência reprodutiva, pois pode interferir na termorregulação testicular, refletindo negativamente na espermatogênese e, consequentemente, na qualidade do sêmen (MOREIRA et al., 2001). Diante de todas as variáveis que podem estar associadas ao desempenho reprodutivo dos machos, a ausência de estudos é recorrente e corre-se o risco de deixarmos de inserir em nossos rebanhos de ovinos, material genético com características produtivas desejáveis. O objetivo do presente estudo foi avaliar o potencial reprodutivo e selecionar os carneiros da raça Texel aptos a reprodução. Material e Métodos
2 O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) para uso de animais em experimentação. O presente estudo foi conduzido em duas partes. A primeira parte foi realizada em propriedade rural no município de Pitanga/ PR, com a coleta e a avaliação física do sêmen dos reprodutores. Além disso, foi realizada a termografia infravermelha da superfície escrotal. A segunda parte foi realizada no Laboratório de Reprodução Animal da Unopar/ Unidade Arapongas/PR, com a avaliação da concentração espermática e as características morfológicas do sêmen. Quinze carneiros da raça Texel, hígidos, foram submetidos ao exame andrológico (exame clínico geral; exame especial dos órgãos reprodutivos e avaliação seminal), no mês de junho de As avaliações seguiram os parâmetros recomendados pelo CBRA (2013). Além disso, foi mensurada a temperatura superficial do escroto por meio da termografia infravermelha e a temperatura retal, por meio de um termômetro clínico digital. Os reprodutores se encontravam em condição corporal intermediária, com peso médio de 28 Kg. Todos os animais foram mantidos sobre condições uniformes de manejo e nutrição, em condição extensiva. A água e o sal mineral foram fornecidos ad libitum durante todo o período. Foram realizadas análises descritivas (média, desvio padrão e coeficiente de variação) de todas as variáveis estudadas. Resultados e Discussão As médias, os desvios-padrão, os coeficientes de variação e os valores mínimos e máximos para as variáveis estudadas estão apresentadas nas Tabelas 1 e 2. No presente estudo, 66,6 % (n=10) dos reprodutores foram considerados aptos ou satisfatórios e 33,4 % (n=5) considerados inaptos ou insatisfatórios temporariamente à reprodução. Dos carneiros aptos, a média observada para idade e perímetro escrotal foi de 7,6 ± 0,8 meses e 27,8 ± 0,8 cm, respectivamente. A média observada para volume do ejaculado, turbilhonamento, vigor e motilidade progressiva e concentração espermática foi de 0,3 ± 0,1 ml; 0,9 ± 0,7; 3,2 ± 0,4; 73,5 ± 3,2 % e 73,1 ± 6,3 x 10 6, respectivamente. Quanto às características morfológicas, foi observada média de 8,2 ± 1,1; 7,5 ± 0,8; 15,7 ± 1,4 %, para os defeitos maiores (DM), defeitos menores (Dm) e defeitos espermáticos totais (DT), respectivamente (tabela 1). A média observada para temperatura da superfície escrotal e temperatura retal foi de 32,7 ± 1,0 e 38,6 ± 0,4 C, respectivamente.
3 Tabela 1. Variáveis estudadas dos reprodutores da raça Texel, classificados como aptos à reprodução. X ± DP CV Mín. Máx. Idade (meses) 7,6 ± 0,8 11,1 6,0 8,0 Perímetro escrotal (cm) 27,8 ± 0,8 2,8 27,0 29,0 Temperatura da superfície escrotal C 32,7 ± 1,0 2,9 30,7 33,9 Temperatura retal C 38,6 ± 0,4 1,1 37,8 39,2 Características físicas Volume do ejaculado (ml) 0,3 ± 0,1 38,9 0,1 0,4 Turbilhonamento (1-5) 0,9 ± 0,7 82,0 0,0 2,0 Vigor (1-5) 3,2 ± 0,4 13,2 3,0 4,0 Motilidade progressiva (%) 73,5 ± 3,2 4,7 65,0 80,0 Concentração espermática (x 10 6 ) 73,1 ± 6,3 8,6 64,6 85,0 Características morfológicas Defeitos maiores (%) 8,2 ± 1,1 13,8 7,0 10,0 Defeitos menores (%) 7,5 ± 0,8 11,3 6,0 9,0 Defeitos totais (%) 15,7 ± 1,4 9,0 13,0 18,0 Legenda: X = média; DP = Desvio padrão; CV = Coeficiente de variação; Mín. = mínima; Máx. = máxima. Com relação aos carneiros inaptos temporariamente, a média observada para idade e perímetro escrotal foi de 6,4 ± 0,9 meses e 24,6 ± 0,5 cm, respectivamente. A média observada para volume do ejaculado, turbilhonamento, vigor e motilidade progressiva e concentração espermática foi de 0,2 ± 0,1 ml; 0,0 ± 0,0; 2,2 ± 0,4; 58,0 ± 4,5 % e 50,4 ± 4,3 x 10 6, respectivamente. Quanto às características morfológicas, foi observada média de 13,6 ± 2,4; 14,0 ± 2,1 e 27,6 ± 1,3 %, para os defeitos maiores (DM), defeitos menores (Dm) e defeitos espermáticos totais (DT), respectivamente. A média observada para temperatura da superfície escrotal e temperatura retal foi de 33,3 ± 0,9 e 38,1 ± 0,3 C, respectivamente. Tabela 2. Variáveis estudadas dos reprodutores da raça Texel, classificados como inaptos temporariamente à reprodução. X ± DP CV Mín. Máx. Idade (meses) 6,4 ± 0,9 14,0 6,0 8,0 Perímetro escrotal (cm) 24,6 ± 0,5 2,2 24,0 25,0 Temperatura da superfície escrotal ( C) 33,3 ± 0,9 2,8 31,8 34,1 Temperatura retal ( C) 38,1 ± 0,3 0,8 37,9 38,7 Características físicas Volume do ejaculado (ml) 0,2 ± 0,1 35,4 0,1 0,3 Turbilhonamento (1-5) 0,0 ± 0,0 0,0 0,0 0,0 Vigor (1-5) 2,2 ± 0,4 20,3 2,0 3,0 Motilidade progressiva (%) 58,0 ± 4,5 7,7 50,0 60,0 Concentração espermática (x 10 6 ) 50,4 ± 4,3 8,4 44,6 54,0 Características morfológicas Defeitos maiores (%) 13,6 ± 2,4 17,7 11,0 16,0 Defeitos menores (%) 14,0 ± 2,1 15,2 11,0 16,0 Defeitos totais (%) 27,6 ± 1,3 4,9 26,0 29,0 Legenda: X = média; DP = Desvio padrão; CV = Coeficiente de variação; Mín. = mínima; Máx. = máxima. Em relação aos cinco reprodutores considerados inaptos temporariamente, foi verificado padrões seminais não desejáveis para efeito de seleção por monta natural, principalmente para defeitos espermáticos. Isto se deve provavelmente a reprodutores jovens, imaturos sexualmente.
4 As variações encontradas entre os animais e sua fertilidade reforçam a necessidade de se realizar o exame periodicamente. As reprovações podem apresentar taxas que variam enormemente dependendo da idade, raça, do estágio e do local em que se encontram o rebanho. Figura 1. Termografia infravermelha da superfície escrotal de um reprodutor da raça Texel. Conclusão Fonte: arquivo pessoal. Com os resultados obtidos, daremos início às próximas etapas do presente estudo. Assim, os animais aptos à reprodução serão insulados no mês de agosto de 2017 e, posteriormente avaliados durante três meses consecutivos. Agradecimentos Agradeço ao PIBIC/CNPq pela concessão de bolsa de iniciação científica, no projeto de pesquisa, intitulado Efeitos da insulação na termorregulação testicular e nos parâmetros seminais de ovinos Dorper. Agradeço à UNOPAR pelo apoio e por ceder toda a estrutura e equipamentos para a realização do estudo. Referências COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO - Cbra. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 3ª.ed. Belo Horizonte: CBRA, 2013, 104p. MAIA, M.S.; SILVA, J.V.C. MEDEIROS, I.M. et al. Características seminais de carneiros das raças Dorper, Santa Inês e mestiços em condições de clima tropical. Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 18, n. 1/2 p janeiro/agosto, MOREIRA, E.P.; MOURA, A.A.A.; ARAÚJO, A.A. Efeito da insulação escrotal sobre a biometria testicular e parâmetros seminais em carneiros da raça Santa Inês criados no estado do Ceará. Revista Brasileira Zootecnia, v.30, p , 2001.
5 PACHECO, A.; QUIRINO, C.R. Comportamento sexual em ovinos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.34, n.2, p.87-97, 2010.
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