A ENVOLVENTE DOS EDIFÍCIOS. Sessão de Actualização Técnica

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "A ENVOLVENTE DOS EDIFÍCIOS. Sessão de Actualização Técnica"

Transcrição

1 Sessão de Actualização Técnica A ENVOLVENTE DOS EDIFÍCIOS Maria do Rosário Veiga Laboratório Nacional de Engenharia Civil João Viegas Laboratório Nacional de Engenharia Civil António Pinto Laboratório Nacional de Engenharia Civil Hipólito de Sousa Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto J. Amorim Faria Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

2 CONSTRUÇÃO 2004 ACÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PAREDES DEZEMBRO DE 2004 Maria do Rosário Veiga, Investigadora Principal do LNEC

3 CAPÍTULO 1 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL E REQUISITOS PRINCIPAIS DOS REVESTIMENTOS DE PAREDES 1 1. INTRODUÇÃO No tipo de construção mais comum no nosso País a qualidade dos revestimentos de paredes tem uma influência significativa nas condições de habitabilidade dos edifícios e por isso é fundamental estudar a solução de parede como um todo e verificar as características do revestimento que, em cada caso, proporcionam as condições requeridas. De facto, os revestimentos exteriores de paredes têm um papel importante na estanquidade à água das paredes exteriores (figs. 1, 2 e 3), podem fazer a diferença no isolamento térmico (figs. 4, 5 e 6), influenciam a existência de condensações no interior, protegem as alvenarias e estruturas exercendo uma influência determinante na sua durabilidade. Por último, mas não menos importante, condicionam o aspecto estético dos edifícios e nessa medida são um factor de grande importância no desenho das nossas cidades e na qualidade de vida das populações (figs. 7 e 8). Por seu lado, os revestimentos interiores garantem a regularidade e o aspecto estético dos espaços interiores, condicionam o conforto higrométrico, influenciam a acústica e podem ter um papel no conforto térmico. São também de primordial importância na estética dos compartimentos. Há algumas décadas as funções referidas eram cumpridas a contento, com o contributo de uma mãode-obra especializada, que praticava a arte de bem construir e fazia gala de dominar as regras da boa arte. Hoje, sabemo-lo, não é assim: a construção absorve, a par dos poucos bons profissionais do sector, uma mão-de-obra indiferenciada, frequentemente mal preparada e, com grande probabilidade, desconhecedora da nossa tradição construtiva, até por incorporar muitos trabalhadores estrangeiros. Mas esta não é a única razão que deve levar os técnicos a definir com rigor os requisitos a estabelecer para os revestimentos. De facto, existem hoje novos materiais e tecnologias para paredes (diversos tipos de blocos, painéis, etc.) e para revestimentos (revestimentos revestimentos pré-doseados aplicáveis por projecção, revestimentos com isolante incorporado, tintas muito elásticas e impermeáveis) que exigem conhecimentos específicos para serem bem utilizados e realizarem o efeito desejado. A título de exemplo refere-se que alguns revestimentos tradicionais podem ser incompatíveis com determinados materiais de suporte inovadores (figs. 9 e 10) e é preciso saber detectar estes efeitos e resolvê-los. 2. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL Como especificar revestimentos tão diversificados, para aplicar em suportes também tão diferentes, sem ter tempo de adquirir uma grande prática de aplicação? A filosofia exigencial é a mais adaptada às situações onde a inovação surge com frequência e implica três passos: definição das funções que pretendemos ver desempenhadas pelo revestimento numa determinada situação; identificação das características do revestimento relevantes para o desempenho das funções definidas; estabelecimento de métodos de quantificação e de avaliação dessas 1 Texto baseado no artigo da autora publicado na revista Arquitectura e Vida, Janeiro 2001, pp , Revestimentos de Paredes Funções e Exigências 2

4 características (por exemplo, definição de métodos de ensaio e de valores limites considerados satisfatórios). É possível classificar os revestimentos de diversas formas: conforme o material, a espessura ou o grau de tradicionalidade, por exemplo; mas, para facilitar a utilização da filosofia exigencial, é mais útil classificá-los de acordo com as funções principais que desempenham [1, 2, 3]. Algumas das principais funções dos revestimentos de paredes são a regularização dos toscos, o acabamento dos paramentos e a protecção das alvenarias, formando uma barreira às acções externas potencialmente deteriorantes. Alguns revestimentos específicos - exteriores ou interiores - podem ainda ter funções de isolamento térmico,deisolamento acústico ou outras. Resumem-se nas tabelas 1 e 2 classificações funcionais dos revestimentos utilizados em Portugal, respectivamente em paramentos exteriores e interiores de paredes. Em geral esperamos que os revestimentos exteriores desempenhem funções de impermeabilização, ou seja, que contribuam significativamente para a estanquidade global da parede. A classificação funcional que adoptamos no LNEC para os revestimentos exteriores centra-se essencialmente nesta função e admite três níveis, aos quais se acrescentou um quarto relacionado com a função de isolamento térmico: Estanquidade Conseguem, por si sós, garantir a estanquidade da parede à água da chuva. Ou seja, em teoria, mesmo que a parede esteja fendilhada, o revestimento deve conseguir evitar a entrada de água para o interior. Contudo, este critério não é absoluto. Por exemplo os revestimentos de impermeabilização de ligante sintético (correntemente conhecidos por membranas elásticas), mesmo armados, só mantêm a estanquidade da parede até um certo limite de fendilhação do suporte, em geral da ordem de 3 a 5 milímetros. Impermeabilização Dão uma contribuição significativa ao tosco da parede, mas não asseguram, só por si, a estanquidade. Nestes casos, se a parede não tiver boas condições de estanquidade, por exemplo se for simples e pouco espessa, ou se estiver fendilhada, o revestimento não chega para evitar a entrada de água. Note-se que os vulgares rebocos, aos quais frequentemente pedimos demais, são apenas revestimentos de impermeabilização, pelo que é bom começarmos a olhar para o que está por detrás deles quando detectamos infiltrações de água. Isolamento Térmico Têm como função principal, já não a estanquidade à água, mas sim o isolamento térmico. No que diz respeito à capacidade de protecção contra a água, são, em geral, de estanquidade (por exemplo os ETICS ou os os painéis fixados mecanicamente à parede, com caixa de ar figs. 4, 5 e 6), ou de impermeabilização. Acabamento Têm como função principal o acabamento das paredes, sendo pouco significativa a contribuição para a estanquidade à água. As tintas para exteriores incluem-se nesta classificação, ou seja, ao contrário do que por vezes se pensa, não é a pintura que deve evitar as infiltrações de água, a não ser que se trate de uma membrana elástica, que aqui designamos por revestimento de impermeabilização de ligante sintético. Repare-se que os azulejos, também muitas vezes erroneamente considerados responsáveis pela impermeabilização da fachada, não têm essa função, já que as juntas fendilham facilmente, tornando o revestimento permeável à água. O mesmo se passa com as placas de pedra natural coladas ao suporte. Com efeito, estes revestimentos são resistentes à água, são laváveis, mas não são impermeáveis, nem deles se pode esperar que impermeabilizem paredes (fig. 3). 3

5 Os revestimentos interiores são classificados de acordo com a capacidade para desempenhar as funções em geral mais pedidas no interior: regularização das paredes, resistência à água (importante para as zonas húmidas dos edifícios) e decoração. TABELA 1 Revestimentos exteriores de paredes Classificação Funcional Revestimentos de Estanquidade Revestimentos de Impermeabilização Revestimentos de Isolamento Térmico Revestimentos de acabamento ou decorativos Tipos Principais de Revestimentos exteriores de Paredes usados no nosso país Placas de pedra natural fixadas mecanicamente ao suporte, com lâmina de ar Placas de outros materiais (fibrocimento, materiais plásticos, materiais cerâmicos) fixadas mecanicamente ao suporte, com lâmina de ar Revestimentos de ligante sintético armados Rebocos tradicionais Rebocos pré-doseados (monocamada ou outros) Revestimentos de ligante misto (cimento e resina) Revestimentos de ligante sintético Revestimentos por elementos descontínuos independentes com isolante na caixa de ar Revestimentos por componentes isolantes Revestimentos aplicados sobre isolante (ETICS) Revestimentos por elementos descontínuos colados ou fixados mecanicamente sem lâmina de ar (ladrilhos, azulejos) Revestimentos por pintura TABELA 2 Revestimentos interiores de paredes Classificação Funcional Revestimentos de regularização Revestimentos de acabamento Revestimentos resistentes à água Revestimentos decorativos Tipos Principais de Revestimentos interiores de Paredes usados no nosso país Rebocos tradicionais Rebocos pré-doseados Revestimentos de ligante misto Estuques tradicionais de gesso e cal Estuques pré-doseados de gesso Estuques pré-doseados sintéticos Estuques tradicionais de gesso e cal (camada de acabamento) Estuques pré-doseados de gesso (camada de acabamento) Estuques pré-doseados sintéticos (camada de acabamento) Revestimentos cerâmicos colados Revestimentos de pedra natural colados Revestimentos de pedra artificial colados Revestimentos epoxídicos Revestimentos de ligante sintético (esmaltes e vernizes) Revestimentos em rolo (de papel, plásticos, têxteis, de cortiça) Revestimentos em placas de aglomerado de cortiça expandida Revestimentos por pintura 4

6 3. EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS A Directiva dos Produtos da Construção [4] estabelece as seguintes seis Exigências Essenciais para os produtos, materiais e sistemas a utilizar na construção de edifícios: estabilidade (EE1); segurança contra riscos de incêndio (EE2); higiene, saúde e ambiente (EE3); segurança no uso (EE4); protecção contra o ruído (EE5); economia de energia (EE6). A durabilidade eaadequabilidade ao uso são, por seu lado, propriedades essenciais para que as exigências referidas façam sentido. As Exigências Essenciais são aplicáveis às paredes no seu conjunto, mas os revestimentos têm que dar o contributo necessário em cada caso. Assim, cada tipo de revestimento de paredes tem que verificar determinados requisitos para desempenhar as funções que lhe são atribuídas e para que a parede onde se integra possa cumprir as exigências essenciais. Numa primeira análise pode parecer que a estabilidade, por exemplo, é um problema que não se põe aos revestimentos, mas na verdade não é bem assim. Pensemos num caso relativamente vulgar: um revestimento exterior de fachada de um edifício de 10 andares, constituído por placas de granito, com dimensões de 800 mm x 500 mm x 25 mm. Imediatamente percebemos a importância de garantir que nenhuma pedra se destaque da fachada (por exemplo por inadequação ou degradação do sistema de fixação ao suporte) e caia em zonas frequentadas por pessoas. Um erro destes poderia ser fatal para alguém. Naturalmente, este é um caso em que o problema da estabilidade tem que ser considerado, ou seja, o sistema de fixação tem que ser calculado ou ensaiado de forma a garantir a estabilidade, de forma durável, na situação concreta de aplicação. Consideremos agora um revestimento de impermeabilização de ligante sintético, do tipo correntemente designado por membrana elástica. É claro que não faz sentido avaliar a sua estabilidade, mas por outro lado as exigências de higiene, saúde e ambiente edesegurança contra riscos de incêndio devem ser consideradas com particular atenção. Algumas das exigências essenciais estão cobertas por regulamentos. É o caso da EE1 (quando aplicável) e da EE2. Noutros casos, em que não existem documentos desse tipo, é mais difícil definir exigências. Estão neste caso a EE3, que pode implicar características como, por exemplo, contacto não-agressivo e ausência de emissões tóxicas ou poluentes; a EE4 que implica, em geral, reduzida permeabilidade à água; elevada permeabilidade ao vapor de água; reduzida susceptibilidade à fendilhação; reduzida tendência para aderência de sujidades; facilidade de limpeza; ou ainda a durabilidade que pode implicar resistência à água; compatibilidade química com o suporte; resistência à fendilhação; resistência aos choques. Finalmente, há que ter em conta que, para além das situações mais correntes, que inspiraram as classificações das tabelas 1 e 2 e que são consideradas nas definições mais gerais de requisitos, existem situações específicas, que obrigam a considerar como fundamentais outras exigências que até agora não sublinhámos [5]. Por exemplo, nos revestimentos para edifícios antigos, nomeadamente com valor patrimonial e histórico, são particularmente importantes aspectos como: não degradar as paredes pré-existentes; compatibilidade química, física e mecânica com os materiais antigos; reversibilidade, ou, pelo menos, reparabilidade das intervenções [6, 7] (figs. 7 e 8). 4. AVALIAÇÃO DA BOA QUALIDADE DOS REVESTIMENTOS E DA SUA ADEQUABILIDADE AO USO Assim, a definição das exigências a fazer e o estabelecimento dos métodos de as verificar, para tipos diversificados de revestimentos e para situações variáveis, surge, por vezes, como uma tarefa complexa. Em muitos casos, existem normas ou documentos normativos, portugueses, estrangeiros ou internacionais, de definição de métodos de ensaio para quantificar algumas características. Contudo, são menos frequentes os documentos que estabelecem os valores limites das características que 5

7 podemos considerar aceitáveis. Face a um conjunto de valores obtidos em ensaios, como decidir se um revestimento é ou não adequado a uma situação dada? As Normas Europeias Harmonizadas estabelecem alguns requisitos mínimos face às Exigências Essenciais para alguns tipos de revestimentos de paredes; é o caso dos revestimentos pré-doseados de ligante mineral, nomeadamente os do tipo monocamada [8]. Os Guias Europeus de Aprovação Técnica abrangem um outro conjunto de produtos (nos quais se incluem os ETICS [9]), permitindo a Aprovação Técnica Europeia em qualquer dos Países da UE segundo regras comuns a todos. Nos casos que não são cobertos nem por Normas Harmonizadas nem por Guias Europeus, a figura da Homologação pode ser um auxiliar importante para os técnicos, já que se constitui como um parecer favorável do LNEC sobre a adequabilidade ao uso de um revestimento (neste caso), tendo em conta explicitamente todos os factores referidos e ainda outros que o não foram, como as condições de fabrico e as condições de aplicação em obra. Além disso define o campo de aplicação e caracteriza o revestimento em causa. Nos capítulos seguintes serão abordados mais em pormenor alguns dos revestimentos exteriores aqui referidos. 6

8 Fig. 1 Revestimento de placas de pedra (ardósia) fixados mecânicamente ao suporte (Lisboa) Fig. 2 Pormenor com vista dos gatos de fixação Fig. 3 Escamas de ardósia numa empenas e ladrilhos colados em fachadas (Porto: Ribeira) Fig. 4 Revestimento de placas de pedra com isolante na lâmina de ar (Lisboa: Centro Cultural de Belém) 7

9 Fig. 5 Sistema de isolamento térmico pelo exterior com revestimento aplicado sobre isolante (tipo ETICS) (Lisboa) Fig. 6 Sistema de isolamento térmico pelo exterior com revestimento aplicado sobre isolante (tipo ETICS) (Norte de Portugal) Fig. 7 Edifício antigo com pintura de cal (Luz de Tavira, Algarve) Fig. 8 Igreja com pintura de cal (Tavira, Algarve) Fig. 9 Revestimento incompatível com o suporte não-tradicional Fig. 10 Revestimento incompatível com o suporte não-tradicional 8

10 CAPÍTULO 2 ARGAMASSAS DE REBOCO PARA PAREDES DE EDIFÍCIOS ANTIGOS 2 1 INTRODUÇÃO Grande parte das intervenções sobre edifícios antigos incide sobre os revestimentos exteriores de paredes. De facto, estes elementos encontram-se particularmente expostos a acções agressivas, portanto é natural que sejam dos elementos mais necessitados de reparação. Por outro lado, os revestimentos de paredes condicionam decisivamente o aspecto dos edifícios e um dos objectivos destas intervenções é justamente a melhoria da imagem, objectivo este, aliás, frequentemente alvo de críticas, por tender a dissimular problemas mais graves eventualmente existentes nas paredes. No entanto, se é sem dúvida necessário tratar as causas da patologia antes de reparar os seus efeitos, a verdade é que a reparação dos revestimentos, restituindo-lhes as suas funções e a sua eficácia protectora, é de grande importância para a conservação dos edifícios, desde que executada atempadamente (antes que problemas mais graves, nomeadamente de índole estrutural, se tenham já instalado) e desde que seja adequada. A necessidade de garantir a boa imagem dos edifícios e, em consequência, a urgência em solucionar os problemas dos revestimentos de paredes, sem que haja um conhecimento correcto sobre as respectivas funções, em particular no caso dos revestimentos de edifícios antigos, traduz-se frequentemente em opções mal fundamentadas por soluções que se revelam inadequadas, descaracterizadoras dos edifícios e, mesmo, potenciadoras de patologia, por vezes mais gravosa que a que originou a intervenção (fig. 11). Com efeito, é corrente substituírem-se integralmente os rebocos de uma construção antiga por outros novos, de aspecto liso e coeso e cor homogénea, que no momento restituem um aspecto agradável e são às fachadas, mas nos quais, alguns meses depois, se observa uma degradação generalizada, constituída, nomeadamente, por fendilhação e perda de aderência em largas zonas (evidenciada por som a oco quando percutidos). Ainda pior, podem surgir indícios de degradação da alvenaria que lhe serve de suporte, designadamente por perda de coesão e destacamento de camadas. Para projectar a intervenção é fundamental conhecer as funções do revestimento e os mecanismos do seu desempenho. É também necessário respeitar critérios científicos na decisão quanto ao tipo de intervenção a realizar conservação; consolidação; reparação localizada; substituição parcial ou integral e na selecção das soluções materiais e tecnologia de aplicação a implementar. 2 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO Numa intervenção num edifício antigo, a primeira opção deve ser sempre a conservação. Esta opção é, como se sabe, mais correcta do ponto de vista da ética da conservação que, não nos esqueçamos, está hoje também relacionada com a ecologia por via da sustentabilidade. Mas, ao contrário do que muitas vezes se pretende fazer crer, é também, em geral e desde que se conheçam bem as técnicas e materiais a usar, a solução mais económica. Finalmente é, quase sempre, a que assegura maior durabilidade. 2 Texto baseado em artigo da autora, em co-autoria com Fernanda Carvalho, publicado em Cadernos de Edifícios, nº 2, Outubro de 2002, pp , com o título Argamassas de reboco para paredes de edifícios antigos. Requisitos e características a respeitar. 9

11 Muitas vezes os rebocos antigos apresentam-se superficialmente degradados - com micro-fendilhação, manchas devidas a ataque biológico e à acção da humidade, lacunas resultantes de destacamentos pontuais mas encontram-se fundamentalmente sãos: coesos, aderentes à base na maior parte da sua área e com uma resistência razoável (fig.12). Nesses casos é preferível mantê-los, com as reparações pontuais necessárias para restaurar as suas funções e recuperar o aspecto estético. Noutros casos existem já algumas zonas com degradação profunda, com perda de aderência ou coesão deficiente, mas o valor patrimonial do revestimento, devido à existência de pinturas murais, de ornamentos, de vestígios de técnicas raras fingidos, grafitos, esgrafitos -, justifica, mesmo assim, a opção pela conservação, recorrendo a técnicas de consolidação [10] (fig. 13). Quando a degradação do reboco atingiu um nível tal que não é possível conservá-lo integralmente, é necessário substituí-lo, parcial ou totalmente, por outro compatível com os elementos pré-existentes com os quais irá interagir. Nestas tomadas de decisão é necessário ter em conta os aspectos relacionados com a fidelidade histórica, de preservação dos valores culturais. De facto, hoje pensa-se que o edifício antigo vale não só pela sua arquitectura formal, mas também pelo conjunto funcional e pelos materiais e tecnologia utilizados, os quais constituem, em si próprios, valores a preservar [11 ]. Também por razões práticas e económicas, é necessário garantir a durabilidade do conjunto. Tendo em conta os princípios referidos, é possível estabelecer os critérios gerais de decisão que se esquematizam sinteticamente no quadro 1. 10

12 TIPO DE DEGRADAÇÃO Degradação superficial pontual Degradação superficial generalizada Degradação profunda pontual Degradação profunda generalizada VALOR HISTÓRICO, ARQUITECTÓNICO OU ARTÍSTICO Quadro1 Critériosgeraisdedecisãosobreotipodeintervenção OPÇÃO DE INTERVENÇÃO SELECÇÃO DOS MATERIAIS SELECÇÃO DAS TÉCNICAS Elevado Conservação, e, se necessário, consolidação Materiais compatíveis e idênticos Técnicas tradicionais e/ou especializadas Reduzido Conservação, e, se necessário, consolidação ou reparação localizada Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto - Elevado Conservação, e, se necessário, consolidação Materiais compatíveis e idênticos Técnicas tradicionais e/ou especializadas Reduzido Elevado Conservação e consolidação ou reparação localizada Conservação, consolidação e reparação localizada Reduzido Substituição parcial Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto Materiais compatíveis e idênticos Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto - Técnicas tradicionais e/ou especializadas Técnicas de aplicação de acordocomasregrasda boa arte Elevado Consolidação Materiais compatíveis e idênticos Técnicas tradicionais e/ou especializadas Reduzido Substituição integral Materiais compatíveis dos pontos de vista funcional e de aspecto Técnicas de aplicação de acordocomasregrasda boa arte 11 OUTROS ASPECTOS Reversibilidade; reparabilidade; aspecto idêntico Reparabilidade; aspecto compatível Reversibilidade; Reparabilidade; aspecto idêntico Reparabilidade; aspecto compatível Reversibilidade; reparabilidade; aspecto idêntico Reparabilidade; aspecto compatível Reversibilidade; reparabilidade; aspecto idêntico Reparabilidade; aspecto compatível

13 3 REQUISITOS DOS REBOCOS DE SUBSTITUIÇÃO Quando é necessário recorrer à substituição, parcial ou total, do reboco antigo, o revestimento a escolher deverá, em primeiro lugar, respeitar os seguintes requisitos gerais: a ) b ) c ) d ) Não contribuir para degradar os elementos pré-existentes, nomeadamente as alvenarias. Proteger as paredes. Não prejudicar a apresentação visual da arquitectura, nem descaracterizar o edifício. Ser durável (e contribuir para a durabilidade do conjunto). Não contribuir para degradar os elementos pré-existentes é, naturalmente, o primeiro requisito, principalmente porque o respeito pelas exigências de autenticidade implica a preservação dos elementos mais antigos do edifício durante o máximo tempo possível. Com efeito, uma argamassa inadequada pode provocar degradação, em lugar de proteger os elementos com os quais está em contacto: por introdução de tensões excessivas num suporte eventualmente fraco e com deficiências de coesão, em geral originadas pela retracção ou por variações dimensionais de origem térmica [12, 13]; no caso dos rebocos, através da tendência para reter a água no suporte, em lugar de facilitar a sua secagem [14, 15, 16] (fig.14), provocando a patologia associada à humidade [17]; no caso do refechamento de juntas, através da alteração dos caminhos preferenciais de circulação da água e do vapor de água, das argamassas, que eram primitivamente mais porosas e permeáveis, para a pedra ou o tijolo, se as argamassas de reparação forem mais impermeáveis; a pedra ou o tijolo passarão assim a sofrer novos fenómenos de degradação relacionados com a humidade, como as eflorescências e a perda de coesão [16, 18, 19]; através da introdução, nas alvenarias e nas outras argamassas, de sais solúveis que não existiam antes, provenientes, por exemplo, do cimento. Assim, a argamassa a formular não deve desenvolver tensões elevadas quando sofre variações dimensionais restringidas; deve dificultar a penetração da água até ao suporte, mas principalmente deve favorecer a evaporação da água que se introduziu, quer através da própria argamassa, quer através das fundações, por capilaridade ascendente, quer ainda através de coberturas e remates; não deve ter na sua constituição materiais ricos em sais solúveis. Para cumprir o segundo requisito é necessário que o revestimento desempenhe as funções principais a que se destinam, protegendo e contribuindo para a conservação geral das alvenarias e outros elementos estruturais que recobrem. Não é por acaso que se verifica frequentemente que, enquanto as zonas das alvenarias antigas que permaneceram recobertas pelos revestimentos originais se mantêm em bom estado de conservação, outras zonas das mesmas alvenarias que permaneceram algum tempo à vista (ou as mesmas zonas às quais foram posteriormente extraídos os revestimentos) sofrem rápidos processos de degradação (fig. 15). As argamassas de revestimento devem proteger a parede da acção da água, da acção directa dos agentes climáticos, de acções mecânicas de choque e erosão, da acção química da poluição e dos sais solúveis contidos nos materiais, na água e no solo. Para poder desempenhar essas funções, o revestimento deve ter resistência mecânica suficiente, ser relativamente deformável, apresentar impermeabilidade suficiente e ter um bom comportamento aos sais. 12

14 É importante enfatizar que estas funções são garantidas pelo revestimento no seu conjunto e não por uma única camada de argamassa, executada em condições normalizadas, que é o que geralmente é objecto de ensaio. Assim, o número de camadas, a respectiva espessura, a composição relativa dessas camadas e a tecnologia de aplicação são aspectos tão importantes como o material utilizado. Não prejudicar a apresentação visual da arquitectura, nem descaracterizar o edifício, contribuindo assim para a manutenção de uma imagem histórica e esteticamente compatível, é um requisito relacionado com a composição dos revestimentos, nomeadamente em termos de textura e características cromáticas, mas também com a tecnologia de aplicação, que confere uma textura própria, e pode ou não manter a forma, os efeitos decorativos, os ornamentos [20, 21]. A durabilidade é essencial para que os restantes requisitos adquiram significado. Com efeito, embora no limite os revestimentos tenham que ser encarados como camadas sacrificiais, já que é mais importante a correcta preservação das alvenarias antigas que dos revestimentos substituídos, portanto novos, recorde-se que a degradação do revestimento arrasta, em geral, a degradação rápida da alvenaria. Os elementos que se pretende proteger podem ser centenários, por vezes milenários, é a esta escala de tempo que é preciso pensar em conservação. A durabilidade implica boa resistência mecânica, nomeadamente aos choques, boa coesão interna, boa aderência ao suporte e entre camadas - mas não excessiva, para não impedir a reversibilidade - e boa resistência química, designadamente aos sais existentes nas paredes antigas. Implica também um bom comportamento à água: absorção relativamente lenta e, de novo, facilidade de secagem. Com efeito, para muitos autores [21, 22], a durabilidade das argamassas de cal está fundamentalmente relacionada com a estrutura porosa, que comanda a capacidade para transportar, reter e expulsar a água por evaporação, influenciando também, em consequência, o comportamento aos sais e ao gelo. Além disso, a estrutura porosa condiciona decisivamente a resistência mecânica. A durabilidade implica ainda resistência à colonização biológica, que se relaciona com a composição (os adjuvantes orgânicos podem tornar as argamassas mais susceptíveis a este tipo de degradação), mas também com o comportamento à água, já que períodos longos de humedecimento aumentam a probabilidade de fixação de fungos. 4 CARACTERÍSTICAS DOS REBOCOS Para verificar os requisitos referidos, o reboco tem que ser compatível com os elementos préexistentes, o que implica duas condições fundamentais: Uma execução cuidada, de acordo com as regras da boa arte. Uma argamassa com determinadas características, que garantam essa compatibilidade. A primeira condição, que influencia decisivamente a qualidade dos revestimentos e o seu desempenho, é merecedora de um extenso estudo que necessita ainda ser aprofundado. A verificação da segunda condição é, só por si, bastante complexa. De facto, é necessário considerar a compatibilidade sob vários aspectos e analisar as características da argamassa que a condicionam. 13

15 a) Compatibilidade mecânica A compatibilidade mecânica da nova argamassa com os materiais pré-existentes é condicionada pelas seguintes características: Resistência à tracção e à compressão Módulo de elasticidade Aderência ao suporte Forças induzidas por retracção restringida A nova argamassa deve ter características mecânicas (resistência à flexão e à compressão e módulo de elasticidade) semelhantes às argamassas pré-existentes e sempre inferiores às do suporte. Nestas condições, a distribuição de tensões manter-se-á idêntica ao que era originalmente e as deformações dos vários materiais serão semelhantes. No entanto, os valores destas características não podem ser demasiado reduzidos, para garantir a capacidade de protecção e a durabilidade. A aderência ao suporte é, também, necessária para garantir a capacidade de protecção e a durabilidade do revestimento, no entanto, não pode ser excessiva, nomeadamente não deve ser superior à resistência à tracção do suporte, caso contrário contribui para degradar a alvenaria. Finalmente, é necessário limitar as tensões introduzidas no suporte devido ás variações dimensionais do revestimento: retracção, variações dimensionais de origem térmica ou devidas à humidade. Essas tensões estão relacionadas não só com a retracção livre e os coeficientes de condutibilidade térmica e higrométrica, mas também com o módulo de elasticidade e com a capacidade de relaxação de tensões da argamassa [12]. No LNEC foi desenvolvido um ensaio específico que permite a avaliação desta característica [13]. b) Compatibilidade física Para que exista compatibilidade física é necessário que as seguintes características estejam em consonância com as dos elementos pré-existentes: Características relacionadas com o comportamento à água, que são, fundamentalmente, a permeabilidade à água e a permeabilidade ao vapor de água. Características térmicas, nomeadamente condutibilidade térmica e coeficiente de dilatação térmica. O comportamento à água é uma das propriedades mais importantes para o desempenho da argamassa. É necessário que a permeabilidade à água seja idêntica à das argamassas pré-existentes e que seja superior à do suporte, caso contrário a água passará a infiltrar-se pela alvenaria antiga, contribuindo para a sua degradação. A permeabilidade ao vapor de água tem que ser tão elevada quanto possível, para favorecer a evaporação da água infiltrada ou absorvida. A retenção da água na alvenaria degrada a parede por dissolução dos constituintes e através da cristalização de sais, e, além disso, origina um ambiente húmido e insalubre. Estas características dependem, em grande medida, da estrutura porosimétrica. Assim, se fosse possível definir àprioriessa estrutura, seria relativamente fácil controlar o comportamento à água. Na verdade isso não é possível, portanto apenas se podem formular hipóteses e confirmar, a posteriori, a sua verificação. No LNEC desenvolveu-se um ensaio, em que é utilizado um humidímetro concebido neste Laboratório (humidímetro Palma), para verificar os tempos de molhagem e secagem de um suporte 14

16 protegido por um determinado revestimento [14, 23, 24], permitindo assim uma avaliação do comportamento à água do revestimento completo, em condições próximas das reais. A minimização das tensões de origem térmica depende da semelhança dos valores do coeficiente de dilatação térmica dos novos materiais em relação aos elementos pré-existentes, mas também dos valores relativos dos respectivos módulos de elasticidade [25]. Na verdade, na maior parte das situações, quanto menores forem o coeficiente de dilatação térmica e o módulo de elasticidade do material novo, menores serão as tensões de origem térmica, independentemente dos valores correspondentes dos materiais pré-existentes, uma vez que se minimizam as deformações (restringidas ou não) e também as tensões geradas. c) Compatibilidade química No que se refere à compatibilidade química, destacam-se as características relacionadas com o comportamento aos sais: limitação do teor de sais solúveis dos novos materiais; resistência as sais solúveis geralmente existentes nas paredes. As argamassas a usar não devem conter altos teores de sais solúveis, os quais podem ter uma acção bastante destrutiva sobre as alvenarias. Esta condição seria suficiente para aconselhar a redução do cimento e de algumas cais hidráulicas nessas argamassas, já que esses ligantes têm, em geral, vários sais solúveis em quantidades significativas. A resistência aos sais solúveis existentes nas paredes antigas é mais difícil de quantificar, já que é necessário que as argamassas não sejam facilmente degradáveis pelos sais, mas também que não obriguem à sua cristalização no interior das alvenarias, o que seria pior, por contrariar o princípio da conservação dos elementos antigos. A resistência aos sais é uma matéria ainda bastante controversa, que tem sido objecto de estudos de investigação [26]. Outros aspectos da compatibilidade química, como a compatibilidade entre agregados e ligantes, são ainda mal conhecidos, mas a caracterização de amostras de argamassas antigas está a permitir alguns avanços nesse sentido [27]. 5 QUANTIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS ARGAMASSAS Para definir as condições a respeitar pelas características da nova argamassa a utilizar seria, em rigor, necessário conhecer as características dos elementos pré-existentes com os quais ela irá interagir. Com efeito, é possível definir as condições sintetizadas no Quadro 2. Contudo, não existe, por enquanto, um estudo sistemático destas características das paredes dos edifícios antigos em Portugal. Uma avaliação caso a caso destas características das paredes afigura-se apenas possível para construções de elevado interesse histórico ou arquitectónico, mas não para a grande maioria dos edifícios antigos, apesar da importância da sua preservação, com destaque para os que constituem Centros Históricos das cidades. No entanto, para a maioria das paredes de alvenaria mista nacionais, a experiência acumulada permite definir limites adequados[28]. 15

17 Quadro2 RELAÇÃOESTREASCARACTERÍSTICAS RECOMENDADAS PARA AS ARGAMASSAS E AS CARACTERÍSTICAS DOS ELEMENTOS PRÉ-EXISTENTES Argamassa Características mecânicas aos 90 d (MPa) Aderência ao suporte Comportamento às forças desenvolvidas por retracção restringida Comportamento à água Ensaios clássicos Comportamento térmico Reboco exterior Reboco interior Refechamento de juntas Resistência àtracção Rt Resistência à compressão Rc Módulo de elasticidade E Características mecânicas semelhantes às das argamassas originais e inferiores às do suporte. Ra (MPa) Resistência ao arrancamento (Ra) inferior à resistência à tracção do suporte: a rotura nunca deve ser coesiva pelo suporte. Frmáx (N) Força máxima desenvolvida por retracção restringida (Frmáx) inferior à resistência à tracção do suporte. Permeabilidade ao vapor de água (ng/m.s.pa) Coeficiente de capilaridade C (kg/m 2.h 1/2 ) Capilaridade e permeabilidade ao vapor de água semelhantes às argamassas originais e superiores às do suporte. Porosidade Porosidade e porosimetria semelhantes às das argamassas originais e com maior percentagem de poros grandes que o suporte. Características térmicas Coeficiente de dilatação térmica e condutibilidade térmica semelhantes aos das argamassas originais e à do suporte. 16

18 6 CONCLUSÕES Em síntese, as intervenções em revestimentos de edifícios antigos devem respeitar as seguintes acções: Selecção do tipo de intervenção, que deve ser o menos intrusiva possível, respeitando os critérios esquematizados no Quadro 1. Selecção das técnicas e dos materiais a usar, tendo em conta os requisitos de compatibilidade referidos nos itens 3 e 4. No que diz respeito às argamassas de substituição, esta selecção constitui um processo iterativo, partindo-se de hipóteses de formulações, baseadas na semelhança de constituição com o material original, e verificando-se depois, através de ensaios de laboratório e in situ, qual o desvio em relação às exigências estabelecidas. A importância histórica e arquitectónica do edifício determina o grau de aproximação exigido, portanto também o número limite de iterações a realizar. As tecnologias de execução e aplicação das argamassas têm uma influência tão relevante como a composição no seu desempenho. Assim, considera-se que as especificações relativas à composição da argamassa de substituição devem ser acompanhadas de uma descrição técnica detalhada das tecnologias de aplicação propostas, devendo ainda o pessoal envolvido na execução dos rebocos ter a formação e o treino adequados a tal tarefa. 17

19 Fig. 11 Revestimento novo incompatível: rápida degradação Fig. 12 Reboco antigo com degradação superficial, mas coeso e resistente em profundidade Fig. 13 Fingidos de azulejo: apesar da degradação avançada é um valor a preservar 18

20 Fig. 14 Um revestimento inadequado facilita a retenção de água no suporte, com a patologia associada Fig. 15 Nas zonas em que a camada de acabamento desapareceu verifica-se uma degradação rápida das camadas subjacentes. 19

21 CAPÍTULO 3 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE PLACAS DE PEDRA 1 1. INTRODUÇÃO Os revestimentos de paredes constituídos por placas de pedra são muito apreciados e considerados como acabamentos nobres. Como tal, são escolhidos para edifícios de luxo, ou destinados a utilizações que exigem dignidade acrescida (figs. 16 e 17). A origem natural da pedra, a sua beleza e diversidade, a solidez e dureza que sugerem, convocam, no imaginário do público, imagens de durabilidade e confiança que outros, sintéticos tintas -, minerais rebocos -, inovadores painéis metálicos ou de fibra de vidro ou tradicionais azulejos não logram atingir no mesmo grau. No entanto, existe muitas vezes uma enorme diferença entre as expectativas criadas e a realidade, quer no que se refere ao aspecto, quer ao desempenho e à durabilidade. A selecção inadequada de materiais, as omissões de projecto e a falta de precisão da colocação em obra parecem ser as principais causas desta situação. A montante, o vazio regulamentar e normativo nesta área. 2. EXIGÊNCIAS Os revestimentos de pedra devem respeitar as exigências essenciais (EE 1 a 6) previstas na Directiva dos Produtos da Construção para todos os elementos de construção [29, 30] e já referidas no capítulo 1: EE 1 - Estabilidade: Para garantir a estabilidade do revestimento, é necessário que as placas de pedra tenham resistência suficiente, que as fixações sejam bem dimensionadas e duráveis e que a colocação em obra seja cuidada. EE 2 - Segurança contra riscos de incêndio: Não é aplicável, uma vez que os revestimentos de pedra, pela sua natureza, não influenciam o risco de incêndio. No entanto, é conveniente recordar que a resistência das fixações pode reduzir-se significativamente em caso de fogo prolongado. EE 3 - Higiene, saúde e ambiente: O revestimento deve contribuir para a impermeabilização das paredes, o que depende do tipo de fixação e das juntas, para além dos detalhes de aplicação. Por outro lado, não deve favorecer as condensações no interior, por exemplo por redução significativa da permeabilidade ao vapor de água da envolvente, o que implica a existência de uma lâmina de ar ventilada ou a execução de juntas com largura apropriada. 1 Texto baseado em artigo da autora, publicado em Construção Magazine, nº 4, Ano 1, 4º trimestre de 2002, pp.11-14, com o título Revestimentos exteriores de placas de pedra. 20

22 EE4-Segurançanouso: Assegurar a segurança no uso passa pela prevenção da possibilidade de queda de fragmentos de pedra. EE 5 - Protecção contra o ruído: Não é aplicável. EE 6 - Economia de energia: Existe a possibilidade, para alguns sistemas de fixação, de influenciar positivamente a economia de energia, através da inserção de isolamento térmico na lâmina de ar entre a pedra e o pano de parede. Naturalmente, estas propriedades têm que ser garantidas ao longo de um período razoável de tempo, sem o que não fazem sentido, ou seja, a durabilidade é, em qualquer caso, uma exigência a respeitar. Tratando-se de revestimentos exteriores, muito expostos à vista, o aspecto é, neste caso, também uma característica importante. 3. PLACAS DE PEDRA No seu catálogo de Rochas Ornamentais, a Direcção Geral de Geologia e Minas classifica essas rochas em 3 grupos: Ígneas (granitos, gabros, pórfiros, sienitos); Metamórificas (mármores); Sedimentares (calcários, brechas e dolomitos). No entanto, na construção é comum usar uma classificação simplificada, apenas em Granitos (abrangendo todas as ígneas susceptíveis de receber polimento) e Mármores (abrangendo os mármores propriamente ditos e ainda todos os calcários). As pedras a usar em revestimentos exteriores de pedra devem ter características adequadas à utilização em exteriores [31]: Absorção de água reduzida Resistênciamecânicasuficienteàcompressãoeàflexão Resistência aos choques suficiente Resistência ao desgaste suficiente Resistênciasuficienteaocorteparaleloàfacedaplaca(nãodelaminar) Resistência química aos agentes agressivos ambientes Inexistência de fissuras ou defeitos importantes que impliquem a sua fractura frágil por essas zonas mais fracas. Aspecto agradável O já referido catálogo de Rochas Ornamentais quantifica as características mais importantes das Rochas Ornamentais mais usadas na construção, o que pode ser de grande utilidade para os projectistas. Para as rochas não abrangidas, ou sempre que se justifique um maior rigor, é necessário caracterizá-las em laboratório credível. De entre as rochas mais usadas, os granitos, os sienitos, os mármores e alguns calcários microcristalinos (Lioz, Alpinina, Rosa Florentino, Encarnadão), assim como as ardósias (figs. 16 a 21), 21

23 verificam, em geral, estes requisitos. Os calcários sedimentares, alguns dos quais são usados com frequência para este efeito (Moleanos, Moca Creme), tal como algumas brechas e xistos, dificilmente respondem a tais exigências, pelo que só devem ser usados em condições e mediante cuidados especiais e exigindo um rigor adicional por parte dos projectistas. 4. FIXAÇÕES Tipos de fixação Os processos de fixação de placas de pedra mais usados são os seguintes: Fixação por colagem com argamassa, argamassa-cola, ou outros produtos de colagem, baseados em resinasouemcimentoeresinas. Fixação através de ligações mecânicas directas (sem lâmina de ar), ou indirectas (deixando uma lâmina de ar entre a placa e o pano de parede). Fixação através de uma estrutura intermédia. Fixações por colagem As fixações por colagem, embora (infelizmente!) muito usadas actualmente em Portugal, são inadequadas para revestimentos exteriores de placas de pedra, como aliás comprovam os frequentes insucessos observáveis. De acordo com documentação francesa de carácter normativo [32], apenas seria tolerável para pedras com dimensões inferiores a 300 mm x 300 mm e cuja massa não exceda 40 kg / m 2. Outros documentos de carácter normativo ou de recomendação apontam no mesmo sentido [33, 34, 35]. Com efeito, este tipo de fixação é particularmente susceptível às duas situações patológicas mais frequentes em revestimentos de pedra: Destacamento e desprendimento (figs. 20, 21 e 22) Manchas de humidade (figs. 17 e 18) O destacamento e desprendimento das placas é, naturalmente, o defeito mais gravoso, já que pode representar um sério risco de atingir bens materiais ou, principalmente, pessoas que se encontrem perto. A perigosidade é ampliada pelo peso elevado das placas e, no caso de edifícios de vários andares, pela altura de onde se desprendem. Os processos de fixação por colagem, mesmo que os produtos usados sejam considerados de qualidade, não garantem a resistência às solicitações reais, principalmente a longo prazo, sendo várias as razões que conduzem a este risco: Tensões instaladas: As tensões instaladas nas interfaces placa/cola/suporte, devidas, principalmente, ao peso e às variações térmicas e higrométricas, são mais elevadas que no caso das fixações mecânicas, devido ao maior grau de restrição; além disso, são cíclicas (com as variações climáticas diárias e sazonais), tendo, portanto, um efeito de fadiga. Colocação em obra: O funcionamento desta solução é muito sensível à colocação em obra; assim, se as superfícies da pedra ou da parede não estiverem bem limpas, ou se estiverem demasiado secas (efeito de desidratação) ou demasiado húmidas (próximas da saturação, com o efeito de redução da sucção), ou ainda se o produto de colagem estiver um pouco fora do seu tempo de abertura, a colagem terá uma eficácia reduzida. O mesmo pode acontecer se o produto de colagem não cobrir 22

24 bem a face da pedra e a zona de parede correspondente (nestes casos a dupla colagem é o mínimo exigível). No caso bastante corrente de placas de grandes dimensões (da ordem de 1 m 2 ), qualquer deficiência de planeza da placa ou da própria parede implica uma redução da área de contacto da cola com um dos elementos (fig. 22). Em conclusão, é muito difícil garantir uma colocação em obra que reproduza as recomendações do produto e que garanta minimamente as condições previstas de colagem. Durabilidade: O produto de colagem está sujeito a ciclos de humedecimento / secagem e de calor / frio repetidos, com consequentes dilatações / contracções, que geram tensões adicionais, podendo fazê-lo perder eficácia ao fim de poucos anos. Materiais: A maior parte dos produtos de colagem não são testados para as condições de colagem reais da pedra, sendo, em geral, apenas submetidos a ensaios normalizados de aderência, no estado novo. O efeito do envelhecimento e das deficiências na colocação não são considerados, pelo que os resultados dos ensaios são excessivamente optimistas. Ora, sabemos que em Construção o excesso de optimismo é um dos mais perigosos defeitos... No que se refere às manchas, também os métodos de fixação por colagem são desfavoráveis. Por vezes, o próprio produto de colagem, ao infiltrar-se através do tardoz da placa, é visível à face, produzindo as manchas. Por outro lado, a água da chuva, ao infiltrar-se pelas juntas entre as placas, humedece a camada de colagem, que, devido à limitada permeabilidade ao vapor de água da pedra, permanece húmida, em contacto com a pedra, por longos períodos de tempo, produzindo manchas de humidade. A água que circula pelos poros da pedra, vai arrastando sais, que podem depois cristalizar à superfície, originando desagradáveis eflorescências. Fixações mecânicas sem lâmina de ar Este tipo de fixação consiste, na prática, em reforçar a ligação por colagem com parafusos ou grampos metálicos com protecção anti-corrosiva, nos quatro cantos de cada placa. No entanto, estes grampos devem ser dimensionado de forma a garantir por si só a resistência às solicitações previstas. Garante, se for bem dimensionado, a estabilidade, mas tem como principais desvantagens: o facto de não evitar as manchas; de não contribuir para a impermeabilidade da parede podendo, por outro lado, reduzir a sua permeabilidade ao vapor de água; de restringir as tensões térmicas e higrométricas, que podem, deste modo, produzir a fendilhação da pedra; finalmente, de inviabilizar inspecções periódicas do estado dos elementos metálicos. Fixações mecânicas com lâmina de ar ventilada As fixações mecânicas com definição de uma lâmina de ar ventilada podem ser realizadas, fundamentalmente, através de agrafos ou de gatos. Os agrafos implicam a realização de pontos de argamassa (fig. 23) já que os elementos metálicos por si só não são dimensionados para resistir à flexão, mas apenas à tracção. Por esta razão mantêm algumas das desvantagens das ligações sem lâmina de ar: favorecem as manchas nas zonas dos pontos de argamassa ; facilitam as infiltrações de água pelas mesmas zonas; não permitem a inserção de isolante térmico na lâmina de ar; introduzem alguma restrição às deformações, gerando, assim, tensões que podem provocar fissuração nas placas de pedra; o elemento metálico fica envolvido na argamassa, o que dificulta a detecção de defeitos (principalmente corrosão) em eventuais inspecções. Os gatos constituem fixações mais flexíveis, capazes de trabalhar à flexão e dimensionados para suportar totalmente as solicitações (fig. 24). Não apresentam, por isso, as desvantagens referidas para 23

25 os agrafos. O facto de definirem uma lâmina de ar quase contínua sugere uma boa capacidade de impermeabilização, já que, teoricamente, a água que penetra através das juntas escorreria pela lâmina de ar, não chegando a atingir o paramento. No entanto, verifica-se experimentalmente que, em condições correntes de aplicação, a água da chuva pode atingir o pano de parede [31]. Contudo, este tipo de fixação, se bem desenhado e executado, assegura desempenhos bastante satisfatórios, desde que a parede e a própria pedra tenham resistência suficiente para suportar as forças concentradas nas zonas das fixações (fig. 25) e sejam acautelados os riscos de corrosão dos elementos metálicos (fig. 26). Fixações mecânicas através de estrutura intermédia Uma estrutura intermédia, geralmente de perfis laminados metálicos (aço inoxidável ou alumínio), horizontais, verticais, ou ambos, desenhada de forma a assegurar a arquitectura pretendida, é certamente a forma mais adequada de fixação das placas de pedra ao pano de parede. As pedras ficam afastadas da parede, evitando a formação de manchas e minimizando as infiltrações de água e as dificuldades decorrentes de irregularidades superficiais do suporte. Distribui as tensões, quer na alvenaria de suporte quer nas placas de pedra. Assim, ao contrário dos outros métodos mecânicos, pode ser utilizado em alvenarias fracas e não é tão exigente com a espessura e a resistência mecânica das placas de pedra. Parece, ainda, ser a solução que melhor assegura a resistência a choques e mesmo aos sismos. Em qualquer caso, as fixações mecânicas devem ser de um material resistente à corrosão. Não devem, por outro lado, prever-se elementos de metais diferentes para a mesma placa, para evitar fenómenos de corrosão galvânica. 5. DIMENSIONAMENTO O dimensionamento das fixações deve ter em conta as principais solicitações a que estão sujeitas: peso próprio das placas; variações dimensionais diferenciais entre os materiais em contacto (pedra, fixação, suporte), geradas por coeficientes de dilatação térmica e higrométrica diferentes ou por deformações da parede de suporte; acções acidentais como apoio de escadas ou andaimes. Devem ainda ser analisados os riscos em caso de incêndio, ou mesmo de sismo, pois não é aceitável que numa situação dessas possa ocorrer a queda súbita e generalizada de várias pedras de peso considerável e de alturas elevadas, colocando em risco de vida quem se encontre nas imediações. Naturalmente, compete ao projectista assegurar a segurança das fixações especificadas, por cálculo, ensaios, ou adopção de soluções confíáveis, por obedecerem a regras definidas em documentação normativa credível, nacional ou estrangeira [32, 33, 34], ou por serem homologadas por instituição competente para esse fim [35]. 6. RECOMENDAÇÕES Tendo em conta os aspectos referidos recomenda-se a observância de alguns cuidados gerais, que não dispensam a análise caso a caso. Pedras As placas devem ser de rocha adequada ao fim em vista; de boa qualidade e sem defeitos graves; com espessura mínima de 30 mm. 24

26 Fixações As fixações devem ser mecânicas e, de preferência, assegurar a definição de uma lâmina de ar ventilada, ser correctamente dimensionadas e pormenorizadas e executadas de forma a minimizar infiltrações de água. O metal usado deve ter elevada resistência à corrosão (aço inoxidável austenítico, latão, bronze). A selecção das fixações deve ter em conta, não só o tipo de pedra e a dimensão da placa, mas também o suporte. A fixação através de gatos, com lâmina de ar, embora adequada em muitas situações, não deve, no entanto, ser usada no caso de pedras ou suportes com resistência insuficiente. Por outro lado, a fixação através de estrutura intermédia é, em princípio e desde que bem dimensionada, segura para todos os tipos de pedra e de suporte. Juntas As juntas entre placas têm funções de absorção das deformações de origem térmica ou resultantes do peso próprio ou de outras solicitações mas também de garantia da permeabilidade ao vapor de água do revestimento. Para cumprirem bem essas funções, as juntas devem, de um modo geral, ter largura não inferior a 5 mm. Os revestimentos fixados mecanicamente com interposição de lâmina de ar têm, em geral, juntas abertas. Esta solução permite manter a máxima capacidade para absorver deformações. De qualquer modo, juntas rígidas de argamassa ou de produtos minerais terão tendência a fendilhar rapidamente, deixando, portanto, de actuar eficientemente na protecção à água do suporte. Os revestimentos sem lâmina de ar têm que ter as juntas preenchidas e impermeabilizadas. Nesse caso, recomenda-se o preenchimento com uma argamassa modificada com resina para a generalidade das juntas e a criação de juntas elásticas, aproximadamente de três em três ou de quatro em quatro fiadas, quer horizontais quer verticais, preenchidas com mastique de boa qualidade e durabilidade elevada. Devem também prever-se juntas elásticas nas zonas limítrofes da parede, nomeadamente na base, no topo e nos cantos, bem como nas juntas estruturais do edifício e nas transições entre materiais de natureza diferente. Importância do projecto: pormenores Um dos problemas da execução dos revestimentos de pedra está nas deficiências e omissões de projecto. Com efeito, em Portugal os revestimentos de paredes raramente são bem especificados e pormenorizados em projecto e esta situação é particularmente grave no caso dos revestimentos de pedra. Devem, naturalmente, ser bem definidas a natureza e as dimensões das placas, incluindo a espessura e o corte; a largura e material de preenchimento das juntas; o tipo, material, número e localização das fixações, com pormenores claros. Mão-de-obra e fiscalização em obra Especificações de projecto completas tornam indubitavelmente mais fácil a execução em obra. No entanto, é indispensável uma mão-de-obra com alguma capacidade e uma fiscalização actuante, para que os pormenores, que são essenciais para o bom funcionamento do revestimento, sejam todos escrupulosamente cumpridos. Outros aspectos da execução, já menos ligados ao projecto, são também essenciais. A título de exemplo, refere-se a existência de fragmentos de argamassa na lâmina de ar, ou a existência de material bastante absorvente nos furos da alvenaria para inserção das fixações, que facilitam, inevitavelmente, as infiltrações de água proveniente do exterior. 25

27 Fig. 16 Revestimento de placas de pedra calcária fixadas mecanicamente. Centro Cultural, Lisboa Fig. 17 Revestimento de placas de mármore coladas com manchas de humidade. Hotel, Lisboa 26

28 Fig. 18 Revestimento de granito com manchas de humidade Fig. 19 Revestimento de ardósia Fig. 20 Destacamento de placas de granito aplicadas por colagem Fig. 21 Destacamento de placas de mármore aplicadas por colagem Fig. 22 Placa de pedra destacada: redução da área de colagem 27

29 Fig. 23 Esquema de um agrafo [5]* Fig. 24 Esquema de um gato [5]* Fig. 25 Placa de pedra partida na zona da ligação do gato Fig.26 Corrosãoemfixaçãometálica 28

30 CAPÍTULO 4 SISTEMAS COMPÓSITOS DE ISOLAMENTO TÉRMICO PELO EXTERIOR ETICS 2 1. INTRODUÇÃO Classificam-se como revestimentos de isolamento térmico os que têm como função principal contribuir significativamente para o isolamento térmico das paredes [1, 2, 30]. Os sistemas de isolamento térmico pelo exterior constituídos por um revestimento aplicado em obra sobre isolante, conhecidos a nível Europeu pela sigla ETICS, a partir da terminologia inglesa (External Thermal Insulation Composite Systems) são seguramente um dos exemplos mais interessantes e mais eficientes, quando bem aplicados - desta classe de revestimentos (figs. 5, 6 e 27). São constituídos fundamentalmente por um isolante em placas, que se fixam com uma cola ou com fixações mecânicas - ao paramento exterior da parede e que são depois recobertas por um revestimento, em geral de ligante misto, armado com redes especiais e protegido por um acabamento, em geral de ligante sintético (fig [1, 2, 36]). Incluem ainda acessórios para resolver pontos singulares e proteger as zonas mais fracas, normalmente constituídos por perfis de alumínio perfurado bem adaptados a cada função (figs. 30 e 31 5 [1, 2]) Assim, estes sistemas envolvem toda a parede por fora, isolando e protegendo alvenarias e estrutura, como um casaco. Este tipo de funcionamento, que os torna particularmente eficientes do ponto de vista térmico, levou os franceses a adoptarem a sugestiva designação de mur-manteau e os italianos a designação equivalente de sistemas cappotto. Os ETICS são usados nalguns países da Europa desde a década de 60, mas a sua utilização sofreu um incremento significativo nos anos 70, quando a crise energética tornou imperativa a redução dos consumos de energia e, em consequência, fez despoletar a necessidade de melhorar o isolamento térmico dos edifícios. Em Portugal, País de clima moderado e hábitos austeros no que diz respeito ao conforto térmico das habitações, estes sistemas não tiveram êxito imediato e só lentamente e com dificuldade têm vindo a penetrar no nosso mercado construtivo. Alguns maus resultados iniciais atrasaram ainda mais esse processo. Com efeito, os primeiros sistemas aplicados denunciaram anomalias várias, provavelmente devidas mais a defeitos de aplicação do que a eventuais deficiências de comportamento de sistemas ainda não totalmente testados e optimizados. Os constituintes decisivos para a adequabilidade ao uso do sistema são o isolante, o revestimento e o acabamento, que têm que ser compatíveis, de forma a que o revestimento não fendilhe sob o efeito das severas solicitações térmicas, mantenha boa aderência ao isolante e resista aos choques. No entanto, todos os outros constituintes devem também contribuir para o bom desempenho global, ou seja, têm que ter características bem adaptadas ao funcionamento do sistema, que, assim, funciona como um kit. Parece ter sido isto que não aconteceu com os primeiros sistemas introduzidos em Portugal, nos anos 70: os perfis de alumínio perfurado terão sido muitas vezes substituídos por cantoneiras de aço maciças e sem adequada protecção anti-corrosiva, o que originou o surgimento quase imediato de manchas de ferrugem e de fendas provocadas pelos sais expansivos resultantes da corrosão do aço, com perdas de aderência do revestimento em relação ao isolante e rápida degradação do sistema; os acabamentos de ligante sintético, com a aparência de tintas de areia, mas, na verdade, mais espessos e muito mais duros e resistentes aos choques, terão sido substituídos frequentemente por vulgares tintas texturadas, de aspecto semelhante, mas incapazes de conferir ao sistema uma resistência adequada, 2 Texto baseado no artigo da autora publicado na revista Arquitectura e Vida, pp Setembro de 2001 com o título ETICS os casacos dos edifícios. 3 Estas figuras foram extraídas de publicações de J. Carvalho Lucas [1, 2], com a autorização do autor, que se agradece. 29

31 que assim acusou rapidamente marcas, perfurações e degradação; provavelmente, outras substituições tiveram lugar, que, sem alterar significativamente o aspecto, modificaram o comportamento. 2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ETICS Estes revestimentos-casaco têm algumas vantagens em relação a procedimentos mais tradicionais de isolamento térmico [36, 37], como o isolamento pelo interior ou o isolamento por inserção de isolante na caixa de ar: São muito eficientes do ponto de vista do isolamento térmico, já que permitem a utilização de espessuras elevadas de isolante e proporcionam uma correcção fácil das pontes térmicas, sem recorrer a pormenores construtivos complexos. Protegem a estrutura e as paredes dos choques térmicos, reduzindo assim os movimentos diferenciais de origem térmica entre alvenaria e estrutura, e potenciando um acréscimo de durabilidade destes elementos. Melhoram também o conforto térmico de Verão, já que a totalidade das paredes, por se encontrarem no interior do isolamento, contribui para a inércia térmica. Dão uma contribuição importante para a estanquidade da parede, uma vez que o sistema é bastante impermeável. Não condicionam significativamente o aspecto estético final e pelo contrário permitem grande liberdade de acabamentos e texturas; em particular, possibilitam uma aparência em tudo semelhante ao tradicional acabamento de reboco pintado com tinta de areia, embora os materiais utilizados tenham, de facto, características diferentes. Quando se trata de reabilitação de edifícios (falamos de edifícios modernos, ou seja construídos a partir da 2ª metade do século XX e não de edifícios antigos, para os quais estes revestimentos não são adequados [38]), a estas vantagens podemos acrescentar mais aspectos favoráveis: Podem ser aplicados sem que os moradores sejam desalojados, ou sequer muito incomodados. Proporcionam, além da reabilitação térmica, também reabilitação de estanquidade e de aspecto. Este último factor é muito importante, já que é frequente, nos edifícios em uso, com deficiências de isolamento térmico, haver também deficiências de estanquidade à água e necessidade de renovação estética. Com efeito, a correcta concepção e aplicação dos sistemas implica um considerável contributo para a impermeabilização da parede, já que faz parte das exigências funcionais aplicáveis que o revestimento, no seu conjunto, seja pouco susceptível à fendilhação e tenha baixa absorção de água para que o isolante não permaneça humedecido por períodos de tempo longos, o que o faria perder resistência térmica. Além disso, o isolante mais frequentemente usado - o poliestireno expandido moldado - é pouco absorvente de água. Assim, se o sistema cumprir os requisitos, as várias camadas conferem uma grande capacidade de protecção contra a água. Os revestimentos novos conferem, naturalmente, uma renovação total do aspecto, sem necessidade de extrair completamente os revestimentos antigos e sem risco de que voltem a surgir as anomalias antigas, por exemplo de reabrirem as mesmas fendas. Por outro lado, os ETICS têm, também, desvantagens importantes: 30

32 Têm reacção ao fogo mais elevada que as soluções de revestimento habitualmente usadas, baseadas em produtos minerais. Têm um custo inicial elevado. No entanto, se tivermos em conta não só a reabilitação térmica e os ganhos inerentes em energia, em conforto e em durabilidade da construção, mas também a reabilitação de estanquidade e a renovação estética que teriam,eventualmente,que ser feitas noutras operações, e ainda os eventuais custos com realojamento dos moradores, o preço de uma solução deste tipo poderá passar a ser competitivo, tudo dependendo um pouco da estereoctomia da fachada, que determinará a complexidade do tratamento dos pormenores e, portanto, em larga medida, os custos de mão de obra. A sua correcta aplicação exige uma equipa especializada. Em fachadas com muitas aberturas e pormenores complicados a sua aplicação é particularmente difícil e mais onerosa. São particularmente susceptíveis ao desenvolvimento de colonização biológica (fungos e algas). Com efeito, na camada de acabamento destes revestimentos, a temperatura pode baixar muito rapidamente ao pôr-do-sol, atingindo o ponto de orvalho [39, 40]. Deste modo, haverá condensações frequentes na superfície desta camada, que, devido às texturas rugosas geralmente usadas, tenderá a manter-se húmida durante longos períodos de tempo. As vantagens e desvantagens enunciadas elegem como um potencial campo de aplicação privilegiado de aplicação dos ETICS em Portugal, a reabilitação de edifícios recentes, de forma a verificarem as condições do Regulamento das Características Térmicas de Edifícios de Habitação [41]. De facto,é esse o tipo de aplicação mais comum na maior parte dos países da Europa, sendo Berlim Leste um exemplo paradigmático de grandes investimentos em reabilitação de edifícios através de sistemas deste tipo. No entanto, as aplicações que se conhecem em Portugal têm sido principalmente em construção nova, frequentemente no Norte do País (figs. 6 e 27). 3. CONSTITUIÇÃO Componentes Os ETICS são constituídos, essencialmente, por: Um isolante térmico fixo directamente à parede (através de colagem ou de fixações mecânicas). Elementos de fixação: cola, fixações mecânicas, ou ambos. Uma camada de base de revestimento - mineral, ou, mais frequentemente, misto - aplicado sobre o isolante, ficando aderente a ele. Um acabamento, ou vários em alternativa, com diferentes aspectos e texturas, geralmente orgânico. Elementos adicionais, como perfis de protecção de aresta lateral ou de extremidades superiores ou inferiores, perfis de recobrimento, por exemplo de peitoril ou de platibanda, etc. (figs. 30 e 31). Armadura normal, metálica ou de fibra de vidro, protegida contra a acção dos álcalis, e, eventualmente, armadura de reforço, qualquer delas a embeber na camada de base do revestimento. 31

33 3.2 - Isolante O isolante mais usado nestes sistemas, na Europa, é o poliestireno expandido moldado (EPS) em placas, com massa volúmica compreendida entre 15 e 20 kg/m 3. Com efeito, este isolante tem boa resistência térmica, resistência mecânica suficiente para o tipo de acções a que está sujeito, é pouco sensível à água e é mecanicamente compatível com os revestimentos formulados para esses sistemas. Ou, mais propriamente, está tecnicamente resolvido o problema de formular revestimentos mecanicamente compatíveis com o EPS. Devido ao seu baixo módulo de elasticidade transversal, as placas formam uma camada flexível entre o suporte e o revestimento, que absorve os deslocamentos diferenciais entre um e outro - de origem térmica ou de outras origens - sem introduzir tensões excessivamente elevadas no revestimento. A lã mineral surge como o segundo isolante mais usado; devido ao melhor comportamento ao fogo, é preferido em países como a Alemanha e os Países Nórdicos; mas tem menor coesão e torna mais difícil resolver problemas como a aderência do revestimento e a resistência aos choques do sistema. O aglomerado de cortiça expandida (ICB) é considerado por empresas nacionais do sector das cortiças como passível de ser usado com esse fim e sabemos que existem algumas experiências nesse sentido, nomeadamente em alguns países da Europa, como a Áustria e a Suíça, que valorizam os materiais naturais. Contudo, não são bem conhecidos os resultados dessas experiências. Entretanto, o ICB apresenta, à partida, algumas desvantagens: é absorvente de água e sensível aos seus efeitos, tem um módulo de elasticidade transversal bastante elevado - pelo que transmite tensões ao revestimento que o tornam bastante susceptível à fendilhação -, a sua heterogeneidade e falta de planeza podem provocar deficiências de comportamento do revestimento. Sendo o nosso país grande produtor de cortiça, seria certamente interessante aprofundar os estudos sobre a viabilidade dos ETICS com isolante ICB,massó com o envolvimento da indústria poderá fazer sentido tal investimento. O poliestireno expandido extrudido tem actualmente uma utilização em ETICS quase nula a nível europeu, devido às desvantagens que apresenta em relação ao EPS: tem um coeficiente de condutibilidade térmica superior, sendo portanto menos isolante; tem módulo de elasticidade transversal mais elevado e, consequentemente, provoca tensões maiores nos revestimentos, originando mais facilmente a sua fendilhação; o seu custo é, também, mais elevado. Apesar disso chegou a ter alguma utilização em Portugal, porque a sua resistência mecânica, superior à do EPS, dá maior segurança a um público habituado a paredes sólidas e pesadas. Na verdade, esta segurança é ilusória e a maior resistência mecânica não se traduz, neste caso, em melhor comportamento nem em maior durabilidade Fixações Os sistemas mais comuns em Portugal são fixados ao suporte por colagem. A cola é, em geral, um produto constituído por cimento, cargas e uma resina, que é aplicado em pontos, em faixas, ou em toda asuperfíciedecontactodoisolantecomaparede.noentanto,aáreadecolagemnãodeveserinferior a 20% da área total de contacto (sem prejuízo de verificar a tensão de aderência mínima especificada), e deve garantir uma boa colagem dos bordos da placa, para que estes não sofram grandes deformações, que originariam tensões elevadas no revestimento. Estes sistemas são mais fáceis de aplicar que os de fixação mecânica, mas exigem uma preparação mais cuidada do suporte: limpeza e, se se tratar de reabilitação, decapagem de tintas e outros produtos orgânicos e, se necessário, remoção de rebocos pouco coesos ou com deficiente aderência ao suporte. Os sistemas com fixação mecânica são especialmente vocacionados para reabilitação de edifícios, uma vez que são menos exigentes no que diz respeito à preparação do suporte, permitindo, nomeadamente, dispensar a decapagem da pintura e limitando as exigências de coesão das camadas superficiais do suporte. Estas fixações consistem, geralmente, em ancoragens plásticas ou metálicas, mas podem também ser perfis ou peças especiais. 32

34 Os sistemas em que o isolante é a lã mineral exigem fixação mecânica. Existem também sistemas mistos: sistemas colados com fixações mecânicas adicionais e sistemas fixados mecanicamente, com colagem adicional. No 1º caso, a colagem tem que ser dimensionada e verificada como se fosse o único sistema de fixação. A fixação mecânica serve, assim, como segurança adicional em caso de incêndio, ou na fase construtiva. Em alguns países (por exemplo na Alemanha), é obrigatório o uso de fixações mecânicas para garantir a segurança ao fogo. No 2º caso, menos frequente, são as fixações mecânicas que têm que ser dimensionadas e verificadas como sendo o único método de fixação e a colagem que funciona como segurança adicional Revestimento O revestimento é um constituinte fundamental do sistema, de cujas características está essencialmente dependente o seu bom ou mau comportamento. De facto, a resistência à fendilhação do revestimento, a sua absorção de água, a alteração das suas características com as condições climáticas, a sua resistência aos choques, entre outras características, determinam em grande parte o desempenho de estanquidade à água, de durabilidade e, até, térmico do sistema, para além de influenciarem decisivamente o seu aspecto estético. Os sistemas mais comuns recorrem a revestimentos de ligante misto (constituídos por cimento, resina e areia), muitas vezes o mesmo produto que é usado como cola, aplicáveis em camada bastante delgada (3 a 5 mm). Estes revestimentos têm boa aderência ao isolante e ultrapassam com alguma facilidade os problemas de fendilhação. Por outro lado, uma resistência aos choques satisfatória nem sempre é fácil de atingir e a reacção ao fogo dos sistemas com estes revestimentos é, em geral, M1 ou mesmo M2. Os sistemas com revestimentos de ligante mineral - constituídos por cimento, areia e adjuvantes vários, e aplicáveis em camada mais espessa que os de ligantes mistos, da ordem de 8 ou 10 mm são também bastante usados actualmente, principalmente devido às melhorias recentemente conseguidas nas formulações. Contudo, estes revestimentos continuam a ser mais susceptíveis à fendilhação, o que diminui a sua eficiência no que diz respeito à estanquidade à água do sistema. A aderência ao isolante é mais difícil, razão pela qual as placas de isolante são, por vezes, providas de ranhuras com perfil em cauda de andorinha, que facultam uma ligação mecânica [2,3]. Por outro lado, asseguram melhores resistências aos choques, têm um comportamento ao fogo mais favorável e é expectável que atinjam maiores durabilidades Armadura O revestimento é sempre armado, para melhorar a resistência à fendilhação e aos choques. Normalmente a armadura é constituída por uma rede (fig. 29), mas também pode tomar a forma de fibras disseminadas na massa. No caso das camadas de base de ligante misto, as armaduras são, geralmente, redes de fibra de vidro, com protecção anti-alcalina, com malha de abertura próxima de 4 mm x 4 mm. Mais raramente, podem ser constituídas por fibras dispersas na massa, de vidro resistentes aos álcalis, ou de polipropileno. Os revestimentos de ligante misto têm ainda, por vezes, uma armadura reforçada, com abertura da mesma ordem de grandeza que a normal, mas muito mais espessa e resistente. É aplicada nas zonas mais sujeitas a choques, por exemplo nas faixas inferiores (1º piso) de edifícios multifamiliares que se considerem particularmente expostos a actos de vandalismo ou a outro tipo de acções potencialmente causadoras de choques ou perfurações. Nestes casos, deve aplicar-se uma demão da camada de base, a armadura reforçada bem incorporada, outra demão da camada de base, a rede normal e, finalmente, uma última demão. A aplicação deste tipo de reforço está pouco difundido em Portugal, embora as acções de vandalismo e os edifícios muito expostos sejam frequentes 33

35 No caso das camadas de base de ligante mineral, as armaduras são, habitualmente, redes de fibra de vidro com protecção anti-alcalina com malha de abertura da ordem de 10 mm, ou redes metálicas com protecção anti-corrosiva. As fibras dispersas, principalmente de vidro resistente aos álcalis, também são, por vezes, usadas Acabamento As camadas de acabamento fazem parte de todos os sistemas com camada de base de ligante misto mas são, por vezes, inexistentes nos sistemas de ligante mineral. São, geralmente, produtos de ligante sintético, aplicados à trincha ou à talocha, que podem assumir diversos aspectos e texturas. O aspecto de uma tinta de areia é, talvez, o mais vulgar entre nós, pois em geral harmoniza-se com os edifícios circundantes e, também, com o nosso conceito de estética dos edifícios, muito marcado pela predominância das paredes rebocadas e pintadas com tinta texturada. De qualquer modo, os acabamentos destes sistemas são muito mais espessos e resistentes que uma vulgar tinta de areia, para poderem cumprir adequadamente as suas funções de protecção da camada de base do revestimento. Convém lembrar que o bom comportamento da camada de acabamento é decisivo para evitar as anomalias mais visíveis surgidas ultimamente nos ETICS aplicados em Portugal perfurações e degradações várias devidas a choques e manchas escuras ou esverdeadas devidas a contaminação com fungos ou com algas Elementos adicionais Perfis de protecção de aresta, de canto, de topo, de base, de peitoril, etc. são elementos importantes do sistema, já que contribuem para o seu bom desempenho, nomeadamente dos pontos de vista da estanquidade à água e da durabilidade. São, em geral, de alumínio perfurado e destinam-se a proteger os pontos do isolante que ficariam directamente sujeitos a choques ou em contacto com a água, ou ainda a facilitar o escoamento de água. É, naturalmente, essencial que estes elementos sejam resistentes à corrosão e com formatos apropriados às funções a que se destinam, caso contrário a durabilidade do sistema pode ser gravemente afectada. 4. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS Após quase 40 anos de experiência nalguns países, as tecnologias usadas são já relativamente desenvolvidas. No entanto, muito continua a depender de uma correcta aplicação - quer em parte corrente quer nos pormenores - e de interacções entre os vários constituintes não completamente previsíveis. Sendo não-tradicionais e estando o seu desempenho tão dependente de vários factores - qualidade e adequabilidade ao uso dos vários componentes e do sistema completo, nas condições concretas de aplicação -, estes sistemas foram, durante dácadas, sujeitos a aprovação técnica nos vários países europeus em que têm sido usados: Avis Techniques em França, BBA Agrement no Reino Unido, Documento de Homologação em Portugal, etc. Para uniformizar as regras e critérios de homologação, a Union Européenne pour l'agrément Technique dans la Construction (UEAtc) preparou, já há alguns anos, dois Guias UEAtc, para homologação de dois tipos diferentes de sistemas de isolamento térmico por revestimentos sobre isolante [42, 43]. Recentemente, a European Organisation for Technical Approvals (EOTA) elaborou um Guia EOTA para ETICS [9], que é actualmente a base para a avaliação técnica da adequabilidade ao uso dos sistemas deste tipo, para as utilizações previstas, em todos os países representados na EOTA, nos quais se inclui Portugal. As Aprovações Técnicas Europeias (ATE) baseadas no Guia, são concedidas por qualquer dos Institutos homologadores dos países da EOTA em Portugal pelo LNEC - e são válidos em todos os países representados nessa organização, o que é quase equivalente a dizer em toda a Europa comunitária. 34

36 5. PRINCIPAIS VERIFICAÇÕES E ENSAIOS Para que o sistema verifique as Exigências Essenciais estabelecidas pela Directiva dos produtos da Construção [12], é necessário que as características relevantes não ultrapassem determinados valores limite. No Guia são descritos os métodos de ensaio a usar para quantificar essas características e especificam-se os valores, ou gamas de valores considerados aceitáveis. Sempre que os valores limite a exigir podem variar conforme as condições - por exemplo o clima do local, ou a sua exposição aos choques - definem-se classes. Os ensaios e exigências recaem sobre cada um dos componentes e sobre o sistema no seu conjunto. Alguns dos ensaios e verificações mais decisivos sobre o sistema são: O ensaio higrotérmico, que consiste em submeter um murete de ensaio com cerca de 6 m 2, revestido com o sistema aplicado tal como é indicado pelo fornecedor, à realização de ciclos calorchuva e calor-frio e observar as eventuais degradações produzidas (fendilhação, bolhas, descolagem, infiltrações de água até ao isolante, etc.) (fig. 28). A verificação da estabilidade ao efeito do vento, avaliada através de ensaios de aderência e de arrancamento, ou, em sistemas de comportamento menos conhecido, através de ensaios em câmara de baixa pressão, em que se simula a acção de sucção do vento. Os ensaios de choque, que incluem ensaios de choque de corpo duro não-cortante e ensaios de perfuração dinâmica. A verificação da resistência térmica adicional trazida pelo sistema à parede, que é obtida por cálculo, a partir das resistências térmicas dos componentes. Outros ensaios: ensaios de gelo-degelo; ensaios de absorção de água; ensaios de permeabilidade ao vapor de água; ensaios de aderência do revestimento ao isolante; reacção ao fogo, entre outros. 6. OBSERVAÇÕES FINAIS Como vimos estes sistemas têm vantagens importantes, permitindo, nomeadamente, uma melhoria do conforto térmico, a minimização das pontes térmicas e a diminuição das condensações interiores, a protecção da estrutura e das alvenarias, a melhoria da estanquidade à água das paredes e o consequente aumento da durabilidade desses elementos. É conveniente lembrar, contudo, a importância de escolher um sistema de qualidade comprovada e a necessidade de uma aplicação cuidada, que respeite as instruções do fornecedor e as indicações do ATE. Existe a tendência, aliás compreensível, de trocar os componentes originais do sistema por outros, em geral de fabrico nacional. No entanto, este procedimento apenas é admissível quando os componentes originais são substituídos por outros idênticos. Por exemplo, a substituição de revestimentos de acabamento de ligante sintético por tintas de areia, muito menos resistentes, pode ser extremamente gravosa para a durabilidade do sistema e não é admissível. Os perfis e as armaduras, se substituídos, devem sê-lo por outros com geometrias iguais e materiais iguais e em que se verifique, através de ensaios de identificação, que as principais características são também idênticas. Os revestimentos não podem ser substituídos, porque o seu comportamento é essencial ao comportamento global do sistema e pequenas variações podem ter efeitos significativos. 35

37 Fig. 27 Edifício no Norte de Portugal revestido com um sistema ETICS Fig. 28 Câmara do LNEC usada nos ensaios higrotérmicos sobre ETICS Fig. 29 Esquema de ETICS 1 Isolante; 2 Camada de base armada do revestimento; 3 Armadura; 4 Acabamento sintético 36

Comportamento de revestimentos de fachadas com base em ligante mineral. Exigências funcionais e avaliação do desempenho. M. Rosário Veiga LNEC

Comportamento de revestimentos de fachadas com base em ligante mineral. Exigências funcionais e avaliação do desempenho. M. Rosário Veiga LNEC 1º Congresso de Argamassas de Construção Lisboa, Novembro de 2005 Comportamento de revestimentos de fachadas com base em ligante mineral. Exigências funcionais e avaliação do desempenho 1 M. Rosário Veiga

Leia mais

Análise comparativa de argamassas de cal aérea, medianamente hidráulicas e de ligantes mistos para rebocos de edifícios antigos

Análise comparativa de argamassas de cal aérea, medianamente hidráulicas e de ligantes mistos para rebocos de edifícios antigos 2º Congresso Nacional de Argamassas de Construção Lisboa, Novembro 27 Análise comparativa de argamassas de cal aérea, medianamente hidráulicas e de ligantes mistos para rebocos de edifícios antigos Carlos

Leia mais

O sistema ETICS como técnica de excelência na reabilitação de edifícios da segunda metade do século XX

O sistema ETICS como técnica de excelência na reabilitação de edifícios da segunda metade do século XX O sistema ETICS como técnica de excelência na reabilitação de edifícios da segunda metade do século XX Objectivos do trabalho Caracterização da solução ETICS para o revestimento de fachadas, do ponto de

Leia mais

Revestimentos de isolamento térmico de fachadas com base em argamassa: comportamento e avaliação da qualidade

Revestimentos de isolamento térmico de fachadas com base em argamassa: comportamento e avaliação da qualidade Revestimentos de isolamento térmico de fachadas com base em argamassa: comportamento e avaliação da qualidade MARIA DO ROSÁRIO VEIGA TEKTÓNICA 2010 Contribuição das Argamassas e dos ETICS para a Eficiência

Leia mais

FICHA TÉCNICA. Isolamento Térmico de fachadas pelo exterior. nº 17. Nº Pág.s: Fevereiro 2007

FICHA TÉCNICA. Isolamento Térmico de fachadas pelo exterior. nº 17. Nº Pág.s: Fevereiro 2007 nº 17 FICHA TÉCNICA Isolamento Térmico de fachadas pelo exterior Nº Pág.s: 07 17 12 Fevereiro 2007 Isolamento Térmico de fachadas pelo exterior 01 Para responder às crescentes exigências de conforto higrotérmico,

Leia mais

Avaliação da compatibilidade de fixação de elementos cerâmicos com o sistema ETICS

Avaliação da compatibilidade de fixação de elementos cerâmicos com o sistema ETICS Avaliação da compatibilidade de fixação de elementos cerâmicos com o sistema ETICS 3º Congresso Português de Argamassas de Construção Março 2010 Luís Silva, Vasco Pereira, Pedro Sequeira, António Sousa

Leia mais

PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO ESTUDO DE CASOS

PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO ESTUDO DE CASOS PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO ESTUDO DE CASOS Vasco Peixoto de Freitas Vasco Peixoto de Freitas FC_FEUP Novembro de 2007-1 www.patorreb.com Estrutura do Site Vasco Peixoto de Freitas FC_FEUP Novembro de 2007-2

Leia mais

ADAPTAÇÃO DO ENSAIO DE ADERÊNCIA PARA ANÁLISE DE ETICS COM ACABAMENTO CERÂMICO

ADAPTAÇÃO DO ENSAIO DE ADERÊNCIA PARA ANÁLISE DE ETICS COM ACABAMENTO CERÂMICO ADAPTAÇÃO DO ENSAIO DE ADERÊNCIA PARA ANÁLISE DE ETICS COM ACABAMENTO CERÂMICO Tema da tese Sofia Malanho smalanho@lnec.pt Maria do Rosário Veiga rveiga@lnec.pt Ana Luísa Velosa avelosa@ua.pt VANTAGENS

Leia mais

Alvenarias de edifícios históricos: intervenções sustentáveis com materiais compatíveis

Alvenarias de edifícios históricos: intervenções sustentáveis com materiais compatíveis Alvenarias de edifícios históricos: intervenções sustentáveis com materiais compatíveis MARIA DO ROSÁRIO VEIGA VI Encontro Nacional de Estudantes de Engenharia Civil ABRIL 2010 Organização da apresentação

Leia mais

TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO TÉRMICA DOS ELEMENTOS DA ENVOLVENTE CAPÍTULO 5

TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO TÉRMICA DOS ELEMENTOS DA ENVOLVENTE CAPÍTULO 5 TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO TÉRMICA DOS ELEMENTOS DA ENVOLVENTE CAPÍTULO 5 TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO TÉRMICA DOS ELEMENTOS DA ENVOLVENTE 37 CAPÍTULO 5 ÍNDICE 5. TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO TÉRMICA DOS ELEMENTOS

Leia mais

Pedra Natural em Fachadas

Pedra Natural em Fachadas Pedra Natural em Fachadas SELEÇÃO, APLICAÇÃO, PATOLOGIAS E MANUTENÇÃO Real Granito, S.A. Índice Características típicas dos diferentes tipos de Rochas Ensaios para a caracterização de produtos em Pedra

Leia mais

Desempenho em serviço Prof. Maristela Gomes da Silva

Desempenho em serviço Prof. Maristela Gomes da Silva Desempenho em serviço Prof. Maristela Gomes da Silva Departamento de Engenharia Civil Bibliografia referência para esta aula ISAIA, G. C. (editor) Materiais de Construção Civil e Princípios de ciência

Leia mais

ARGAMASSAS COMPATÍVEIS PARA EDIFÍCIOS ANTIGOS. Ana Rita Santos Maria do Rosário Veiga

ARGAMASSAS COMPATÍVEIS PARA EDIFÍCIOS ANTIGOS. Ana Rita Santos Maria do Rosário Veiga ARGAMASSAS COMPATÍVEIS PARA EDIFÍCIOS ANTIGOS Ana Rita Santos arsantos@lnec.pt Maria do Rosário Veiga rveiga@lnec.pt Introdução As paredes dos edifícios antigos são constituídas por materiais muito porosos,

Leia mais

índice 1 o Tijolo Cerâmico 17

índice 1 o Tijolo Cerâmico 17 indice índice 1 o Tijolo Cerâmico 17 1.1 Introdução 17 1.2 O tijolo cerâmico como produto de construção 18 1.2.1 Tipos de tijolo cerâmico 18 1.2.2 As matérias primas e o processo cerâmico 19 1.2.3 Características

Leia mais

ANOMALIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS APLICADOS NA FAIXA COSTEIRA

ANOMALIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS APLICADOS NA FAIXA COSTEIRA ANOMALIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS APLICADOS NA FAIXA COSTEIRA Teresa de Deus Ferreira, Arq.ª, Mestre em Construção pelo Instituto Superior Técnico Jorge de Brito, Eng.º Civil, Professor Associado no

Leia mais

Centro Histórico de Viseu Brochura informativa Estado de conservação de fachadas julho 2017

Centro Histórico de Viseu Brochura informativa Estado de conservação de fachadas julho 2017 Centro Histórico de Viseu Brochura informativa Estado de conservação de fachadas julho Ficha Técnica Título Coordenação J. Raimundo Mendes da Silva António Bettencourt Equipa Técnica Carlos Sá Catarina

Leia mais

Colagem de Cerâmica e Rochas Ornamentais

Colagem de Cerâmica e Rochas Ornamentais Colagem de Cerâmica e Rochas Ornamentais Pedro Sequeira Dina Frade José Severo Associação Portuguesa de Fabricantes de Argamassas e ETICS Colagem de Cerâmica e Rochas Ornamentais TEKtónica, Lisboa, 2014.05.09

Leia mais

Seminário: Fachadas Energeticamente Eficientes: ETICS, Argamassas Térmicas e Janelas. O que se deve exigir? 15 Novembro 2011

Seminário: Fachadas Energeticamente Eficientes: ETICS, Argamassas Térmicas e Janelas. O que se deve exigir? 15 Novembro 2011 Seminário: Fachadas Energeticamente Eficientes: ETICS, Argamassas Térmicas e Janelas. O que se deve exigir? 15 Novembro 2011 ETICS E ARGAMASSAS TÉRMICAS: EXIGÊNCIAS DE CONFORMIDADE MARIA DO ROSÁRIO VEIGA

Leia mais

Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior (ETICS) - Comportamento global e influência dos componentes. M. Rosário Veiga Sofia Malanho

Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior (ETICS) - Comportamento global e influência dos componentes. M. Rosário Veiga Sofia Malanho Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior (ETICS) - Comportamento global e influência dos componentes M. Rosário Veiga Sofia Malanho Constituição dos ETICS 1 5 6 7 3 3 2 Constituintes dos

Leia mais

A CONSOLIDAÇÃO DA FALTA DE ADERÊNCIA DE REBOCOS ANTIGOS um estudo com diferentes argamassas para grouting

A CONSOLIDAÇÃO DA FALTA DE ADERÊNCIA DE REBOCOS ANTIGOS um estudo com diferentes argamassas para grouting A CONSOLIDAÇÃO DA FALTA DE ADERÊNCIA DE REBOCOS ANTIGOS um estudo com diferentes argamassas para grouting Martha Tavares Ana Fragata Rosário Veiga Investigação inserida na tese de Doutoramento A conservação

Leia mais

Estudo comparativo de possíveis soluções de argamassas para revestimentos de paredes de edifícios antigos

Estudo comparativo de possíveis soluções de argamassas para revestimentos de paredes de edifícios antigos Estudo comparativo de possíveis soluções de s para revestimentos de paredes de edifícios antigos Ana Cristian Magalhães LNEC Portugal anacristian@lnec.pt Maria do Rosário Veiga LNEC Portugal rveiga@lnec.pt

Leia mais

PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS DAS PAREDES EXTERIORES

PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS DAS PAREDES EXTERIORES EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS DE PAREDES EM ALVENARIA Hipólito de Sousa PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS DAS PAREDES EXTERIORES SEGURANÇA ADAPTAÇÃO A MOVIMENTOS Estabilidade Segurança ao fogo ESTANQUIDADE À ÁGUA

Leia mais

'A Cal Hidráulica Natural, o ligante de eleição na Reabilitação'

'A Cal Hidráulica Natural, o ligante de eleição na Reabilitação' 'A Cal Hidráulica Natural, o ligante de eleição na Reabilitação' Porto 24. Outubro. 2013 Agenda A SECIL Argamassas Olhar o passado para construir o futuro Cal Hidráulica Natural - NHL, Ligante de Eleição

Leia mais

José Luís Miranda Dias. Investigador Auxiliar do LNEC-DED/NTC. 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção 24/25 Nov. 2005

José Luís Miranda Dias. Investigador Auxiliar do LNEC-DED/NTC. 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção 24/25 Nov. 2005 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção 24/25 Nov. 2005 Avaliação das deformações da zona em redor de juntas de argamassa de paredes de alvenaria sujeitas a fendilhação devida a acções de compressão

Leia mais

A Nova Cal Hidráulica Natural na Reabilitação

A Nova Cal Hidráulica Natural na Reabilitação A Nova Cal Hidráulica Natural na Reabilitação Lisboa, 24 05 2016 Agenda A SECIL Argamassas Cal Hidráulica - NHL Enquadramento Normativo Características Argamassas Tradicionais Argamassas Industriais Conclusões

Leia mais

Soluções de reabilitação de paredes/fachadas com desempenho térmico melhorado. Luís Silva Coimbra, 31 de Julho 2014

Soluções de reabilitação de paredes/fachadas com desempenho térmico melhorado. Luís Silva Coimbra, 31 de Julho 2014 Soluções de reabilitação de paredes/fachadas com desempenho térmico melhorado Luís Silva Coimbra, 31 de Julho 2014 Introdução As exigências da reabilitação na relação com o existente A compatibilidade

Leia mais

Argamassas para (re)aplicação de azulejos antigos Um passo para a Normalização

Argamassas para (re)aplicação de azulejos antigos Um passo para a Normalização Argamassas para (re)aplicação de azulejos antigos Um passo para a Normalização Sandro Botas LNEC/UA, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Portugal, sbotas@lnec.pt Rosário Veiga LNEC, Laboratório Nacional

Leia mais

FAUL Materiais e Técnicas Construtivas Tradicionais REVESTIMENTOS DE PAREDES ANTIGAS: ARGAMASSAS, REBOCOS, ESTUQUES E PINTURAS

FAUL Materiais e Técnicas Construtivas Tradicionais REVESTIMENTOS DE PAREDES ANTIGAS: ARGAMASSAS, REBOCOS, ESTUQUES E PINTURAS FAUL 2007 Materiais e Técnicas Construtivas Tradicionais REVESTIMENTOS DE PAREDES ANTIGAS: ARGAMASSAS, REBOCOS, ESTUQUES E PINTURAS Maria do Rosário Veiga Laboratório Nacional de Engenharia Civil - LNEC

Leia mais

Colagem de Cerâmicos em Fachadas'

Colagem de Cerâmicos em Fachadas' Colagem de Cerâmicos em Fachadas' Coimbra 13. Novembro. 2013 Agenda Causas das patologias mas antigamente...? Como resolver... Exemplos Reabilitação Conclusões Reboco SUPORTE: Alvenaria de tijolo cerâmico

Leia mais

Os consumos de energia no sector dos edifícios aumentaram a um ritmo médio de 7%/ano desde 1990 até ao presente

Os consumos de energia no sector dos edifícios aumentaram a um ritmo médio de 7%/ano desde 1990 até ao presente SM 1 1. Enquadramento 2. O que é o sistema ISODUR 3. Características do sistema ISODUR 4. Aplicação 5. Tratamento de pormenores construtivos 6. Elementos Técnicos Seminário APFAC Tektónica 2010 2 André

Leia mais

AVALIAÇÃO IN-SITU DA ADERÊNCIA DE MATERIAIS DE REVESTIMENTO

AVALIAÇÃO IN-SITU DA ADERÊNCIA DE MATERIAIS DE REVESTIMENTO AVALIAÇÃO IN-SITU DA ADERÊNCIA DE MATERIAIS DE REVESTIMENTO Inês Flores-Colen (I.S.T) Jorge de Brito (I.S.T) Fernando A. Branco (I.S.T.) Introdução Índice e objectivo Ensaio de arrancamento pull-off Estudo

Leia mais

INSPECÇÃO, PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE E PISOS

INSPECÇÃO, PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE E PISOS INSPECÇÃO, PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE E PISOS 1/72 Adaptado dos textos originais: Autores: Arq.ª Sofia Ruivo, Arq.ª Teresa Ferreira, Eng.º João Garcia Coordenação: Prof. F.A. Branco,

Leia mais

Ana Cristina Sequeira. Dina Filipe Frade. Paulo Jerónimo Gonçalves Raquel Nascimento Paulo

Ana Cristina Sequeira. Dina Filipe Frade. Paulo Jerónimo Gonçalves Raquel Nascimento Paulo Ana Cristina Sequeira Dina Filipe Frade Paulo Jerónimo Gonçalves Raquel Nascimento Paulo Lisboa 18 e 19. Março. 2010 Índice Enquadramento Soluções térmicas em Portugal Reboco com características térmicas

Leia mais

O que são os revestimentos verticais??? REVESTIMENTO: Cartão de visitas da empresa!!! que cobre uma superfície

O que são os revestimentos verticais??? REVESTIMENTO: Cartão de visitas da empresa!!! que cobre uma superfície Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Construção Civil PCC-2436 Tecnologia da Construção de Edifícios II Aula 05: Revestimentos Verticais Conceituação e Classificação

Leia mais

FICHA TÉCNICA DO PRODUTO

FICHA TÉCNICA DO PRODUTO FICHA TÉCNICA DO PRODUTO TOPECA, Lda Rua do Mosqueiro 2490 115 Cercal Ourém PORTUGAL Tel.: 00 351 249 580 070 Fax.: 00 351 249 580 079 geral@topeca.pt www.topeca.pt rebetop color Pág. 2 utilização Revestimento

Leia mais

GUIÃO TÉCNICO CORRECÇÃO DE PONTES TÉRMICAS PAREDES SIMPLES. FICHA TÉCNICA DOW Nº 14 Nº de pág.: 5 16 de Setembro de

GUIÃO TÉCNICO CORRECÇÃO DE PONTES TÉRMICAS PAREDES SIMPLES. FICHA TÉCNICA DOW Nº 14 Nº de pág.: 5 16 de Setembro de GUIÃO TÉCNICO CORRECÇÃO DE PONTES TÉRMICAS PAREDES SIMPLES FICHA TÉCNICA DOW Nº 14 Nº de pág.: 5 16 de Setembro de 2005 www.construlink.com CORRECÇÃO DE PONTES TÉRMICAS - PAREDES SIMPLES A necessidade

Leia mais

O que é o ICF? Vantagens

O que é o ICF? Vantagens O que é o ICF? É um sistema de construção constituído por blocos isolantes em EPS, poliestireno expandido (conhecido em Portugal como esferovite), que após montagem, são preenchidos com betão armado, formando

Leia mais

Argamassas industriais com incorporação de granulado de cortiça

Argamassas industriais com incorporação de granulado de cortiça Argamassas industriais com incorporação de granulado de cortiça Coimbra, 29 e 30 de Março 2012 Índice Enquadramento Objectivo Como chegar? Como verificar? Caracterização mecânica e higrotérmica Argamassa

Leia mais

ACEPE ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL DO POLIESTIRENO EXPANDIDO

ACEPE ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL DO POLIESTIRENO EXPANDIDO ACEPE ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL DO POLIESTIRENO EXPANDIDO EPS POLIESTIRENO EXPANDIDO NO ETICS A ESCOLHA PARA UM ISOLAMENTO EFICIENTE, ECONÓMICO E SUSTENTÁVEL NICOLAU TIRONE SEMINÁRIO APFAC/ ITeCons FACHADAS

Leia mais

Reabilitação da envolvente de edifícios na ótica da estanquidade à água

Reabilitação da envolvente de edifícios na ótica da estanquidade à água Seminário APCMC REABILITAÇÃO SUSTENTÁVEL Reabilitação da envolvente de edifícios na ótica da estanquidade à água Jorge M. Grandão Lopes (Investigador do LNEC) glopes@lnec.pt 11 de outubro de 2012 Algumas

Leia mais

LSF. É mais do que um método construtivo... É um conceito de habitação totalmente novo! Convidamo-lo a conhecer todas as vantagens.

LSF. É mais do que um método construtivo... É um conceito de habitação totalmente novo! Convidamo-lo a conhecer todas as vantagens. LSF É mais do que um método construtivo... É um conceito de habitação totalmente novo! Convidamo-lo a conhecer todas as vantagens. Segurança Segurança Segurança Segurança Conforto Conforto Conforto Conforto

Leia mais

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL FEUP TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES 3º Ano, 2º Semestre 2h Teóricas + 3h Teórico/Práticas / semana PROGRAMA

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL FEUP TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES 3º Ano, 2º Semestre 2h Teóricas + 3h Teórico/Práticas / semana PROGRAMA LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL FEUP TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES 3º Ano, 2º Semestre 2h Teóricas + 3h Teórico/Práticas / semana PROGRAMA CAPÍTULO 1.ÂMBITO E OBJECTIVO DA DISCIPLINA 1.1. Descrição e justificação

Leia mais

Colagem de Cerâmicos e Rochas Ornamentais Enquadramento normativo - Marcação CE

Colagem de Cerâmicos e Rochas Ornamentais Enquadramento normativo - Marcação CE Colagem de Cerâmicos e Rochas Ornamentais Enquadramento normativo - Marcação CE Workshop AICCOPN, Porto,13/03/2014 Baio Dias baiodias@ctcv.pt Diretor Adjunto Técnico 1 Enquadramento Normativo Normas aplicáveis

Leia mais

REVESTIMENTOS DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: RENOVAÇÃO VERSUS CONSOLIDAÇÃO JIL JUNHO M. Rosário Veiga. M.

REVESTIMENTOS DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: RENOVAÇÃO VERSUS CONSOLIDAÇÃO JIL JUNHO M. Rosário Veiga. M. JIL JUNHO 2012 REVESTIMENTOS DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: RENOVAÇÃO VERSUS CONSOLIDAÇÃO M. Rosário Veiga (rveiga@lnec.pt) M. Rosário Veiga INTRODUÇÃO Os revestimentos de edifícios históricos são importantes

Leia mais

Disciplina: Materiais de Construção I Assunto: Argamassas no estado seco e fresco Prof. Ederaldo Azevedo Aula 6 e-mail: ederaldoazevedo@yahoo.com.br 1.1 Conceitos Básicos: Argamassa é um material composto,

Leia mais

Contributo das argamassas industriais para a construção sustentável caso particular da Gama ecocork

Contributo das argamassas industriais para a construção sustentável caso particular da Gama ecocork Contributo das argamassas industriais para a construção sustentável caso particular da Gama ecocork Índice Apresentação Argamassas industriais Gama ecocork Dina Frade Coimbra, 19 Abril 2012 2 Apresentação

Leia mais

Influência do nível de exigência dos utentes na previsão da vida útil e nos custos de manutenção de fachadas de edifícios

Influência do nível de exigência dos utentes na previsão da vida útil e nos custos de manutenção de fachadas de edifícios 6ª CONFERÊNCIA SOBRE PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS - PATORREB 2018 Rio de Janeiro - Brasil 4 a 6 de Abril, 2018 Influência do nível de exigência dos utentes na previsão da vida útil e nos custos

Leia mais

O especialista em Renovação de FACHADAS

O especialista em Renovação de FACHADAS A GAMA FACHADAS O especialista em Renovação de FACHADAS A pintura das fachadas dos edifícios tem por objetivos fundamentais: Proteger e Decorar. A proteção processa-se por efeito de barreira, ou seja,

Leia mais

FICHA TÉCNICA DO PRODUTO

FICHA TÉCNICA DO PRODUTO FICHA TÉCNICA DO PRODUTO TOPECA, Lda Rua do Mosqueiro 2490 115 Cercal Ourém PORTUGAL Tel.: 00 351 249 580 070 Fax.: 00 351 249 580 079 geral@topeca.pt www.topeca.pt Pág. 2 rebetop decor raiada areada utilização

Leia mais

REVESTIMENTOS DE PEDRA NATURAL Metodologia de diagnóstico e reparação de anomalias

REVESTIMENTOS DE PEDRA NATURAL Metodologia de diagnóstico e reparação de anomalias REVESTIMENTOS DE PEDRA NATURAL Metodologia de diagnóstico e reparação de anomalias Maria do Rosário da Silva Veiga * Correio electrónico: rveiga@lnec.pt Sofia de Olivença Malanho Correio electrónico: smalanho@lnec.pt

Leia mais

Sistemas C.A.T 3 C.A.T 3 C.A.T 7

Sistemas C.A.T 3 C.A.T 3 C.A.T 7 FACHADAS VENTILADAS Fachada Ventilada O sistema de Fachada Ventilada da Portinari foi desenvolvido para atender aos critérios de desempenho de estanqueidade à água, de resistência às cargas de vento, de

Leia mais

Reabilitação dos revestimentos de paredes mais frequentes em Portugal

Reabilitação dos revestimentos de paredes mais frequentes em Portugal Reabilitação dos revestimentos de paredes mais frequentes em Portugal Adelaide Gonçalves 1, Jorge de Brito 2 e Fernando Branco 2 1 Eng.ª Civil, Mestre em Construção, Instituto Superior Técnico. 2 Prof.

Leia mais

PowerPoint. Template. desenvolvimento de soluções de. argamassas industriais adaptadas ao contexto de reabilitação. Sub-title

PowerPoint. Template. desenvolvimento de soluções de. argamassas industriais adaptadas ao contexto de reabilitação. Sub-title * importamo-nos A utilização New da Weber cal no desenvolvimento de soluções de PowerPoint argamassas industriais adaptadas ao contexto de reabilitação. Template Sub-title Vasco Pereira 24 Maio 2016 adaptadas

Leia mais

Técnicas de construção. Vedações Verticais. Profa. Keila Bento

Técnicas de construção. Vedações Verticais. Profa. Keila Bento Técnicas de construção Vedações Verticais Profa. Keila Bento Vedações verticais Definição UM SUBSISTEMA DOS EDIFÍCIOS CONSTITUÍDO PELOS ELEMENTOS QUE: DEFINEM E LIMITAM VERTICALMENTE O EDIFÍCIO E SEUS

Leia mais

Alvenaria, aspecto final face à vista e correntes, rebocadas.

Alvenaria, aspecto final face à vista e correntes, rebocadas. Terminologia relativa a alvenarias Hipólito de Sousa ALVENARIAS Alvenaria associação de elementos naturais ou artificiais, constituindo uma construção. Correntemente a ligação é assegurada por uma argamassa.

Leia mais

Morada: Est. da Batalha, Curral dos Frades Apartado FÁTIMA. Contactos: Telefone Fax

Morada: Est. da Batalha, Curral dos Frades Apartado FÁTIMA. Contactos: Telefone Fax Morada: Est. da Batalha, Curral dos Frades Apartado 267 2496-908 FÁTIMA Contactos: Telefone 244 709 050 Fax 244 709 051 e-mail: geral@lusomi.pt www.lusomi.pt SISTEMA LUSOSAINEMENT REBOCO SISTEMA DEFINIDO

Leia mais

FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS

FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS www.patorreb.com Vasco Peixoto de Freitas Andreia Mota Miranda Sandro Miguel Martins Alves Laboratório de Física das Construções FACULDADE DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE

Leia mais

Influência dos procedimentos de execução em rebocos correntes

Influência dos procedimentos de execução em rebocos correntes Influência dos procedimentos de execução em rebocos correntes Raul Gomes Prof. Academia Militar Portugal raulgomes@iol.pt Rosário Veiga Invest. Principal LNEC Portugal rveiga@lnec.pt Jorge de Brito Prof.

Leia mais

PROCESSO INDUSTRIAL PREPARAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA - PASTA CONFORMAÇÃO SECAGEM COZEDURA RETIRADA DO FORNO E ESCOLHA

PROCESSO INDUSTRIAL PREPARAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA - PASTA CONFORMAÇÃO SECAGEM COZEDURA RETIRADA DO FORNO E ESCOLHA MATERIAIS CERÂMICOS Tecnologia de produção, exigências e características Hipólito de Sousa 1. PROCESSO INDUSTRIAL PREPARAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA - PASTA CONFORMAÇÃO SECAGEM COZEDURA RETIRADA DO FORNO E ESCOLHA

Leia mais

Novo Sistema de Construção de Alvenarias CIC cbloco: Elementos

Novo Sistema de Construção de Alvenarias CIC cbloco: Elementos Novo Sistema de Construção de Alvenarias CIC 2008 cbloco: Elementos 26.06.2008 1 SUMÁRIO 1. Objectivos 2. Trabalho desenvolvido 2.1. Exigências aplicáveis às paredes 2.2. Desempenho térmico simulação numérica

Leia mais

DESEMPENHO À ÁGUA DE ETICS COM MATERIAIS SUSTENTÁVEIS: INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA

DESEMPENHO À ÁGUA DE ETICS COM MATERIAIS SUSTENTÁVEIS: INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA DESEMPENHO À ÁGUA DE ETICS COM MATERIAIS SUSTENTÁVEIS: INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA Fotografia Autor 1 30 mm x 40 mm S. MALANHO M. R. VEIGA Eng.ª Civil Eng.ª Civil LNEC LNEC Lisboa; Portugal

Leia mais

PLACA DE GESSO + ICB SOLUÇÃO GYPCORK ICB ICB , /2500 9,2 550/210 0,55 52, / ,3 550/210 1,05

PLACA DE GESSO + ICB SOLUÇÃO GYPCORK ICB ICB , /2500 9,2 550/210 0,55 52, / ,3 550/210 1,05 Solução Sustentável CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL Placa Gypcork A placa GYPCORK reúne dois produtos portugueses de excelência: as placas de gesso Gyptec produzidas na Figueira da Foz, utilizando matérias primas

Leia mais

Agregados para argamassas e concreto

Agregados para argamassas e concreto Agregados para argamassas e concreto Agregados Materiais em forma de grãos, geralmente inertes, sem tamanho e forma definidos, que têm por objetivo compor argamassas e concretos. Funções dos agregados:

Leia mais

Melhoria da Aderência de Revestimentos Contínuos de Gesso a Camadas Contínuas Impermeáveis ao Vapor

Melhoria da Aderência de Revestimentos Contínuos de Gesso a Camadas Contínuas Impermeáveis ao Vapor 1 INTRODUÇÃO O trabalho experimental que tem por base a comunicação que se apresenta foi desenvolvido no âmbito da Tese de Doutoramento que está a ser realizada na Escuela Técnica Superior de Arquitectura

Leia mais

REVESTIMENTOS Conceituação e classificação Aula 2-2

REVESTIMENTOS Conceituação e classificação Aula 2-2 200888 Técnicas das Construções I REVESTIMENTOS Conceituação e classificação Aula 2-2 Prof. Carlos Eduardo Troccoli Pastana pastana@projeta.com.br (14) 3422-4244 AULA 12 200888-Técnicas das Construções

Leia mais

Lâmina cerâmica. Desafios de uma inovação

Lâmina cerâmica. Desafios de uma inovação Lâmina cerâmica. Desafios de uma inovação Susana Marvão, Pedro Sequeira e Luís Silva 4º Congresso de Argamassas & ETICS Coimbra, 29 de Março 2012 Introdução Considere necessidades de aplicação de revestimento

Leia mais

Argamassas de Revestimento

Argamassas de Revestimento Argamassas de Revestimento q Argamassa de revestimento é utilizada para revestir paredes, muros e tetos, os quais, geralmente, recebem acabamentos como pintura, cerâmicos, laminados, etc; q O revestimento

Leia mais

ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA 2005/2006 ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA 2005/2006 ENGENHARIA DE ESTRUTURAS ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA 2005/2006 ENGENHARIA DE ESTRUTURAS Prof. Júlio Appleton SUMÁRIO 1. Introdução Tipos de Estruturas (Slides) Objectivos (Segurança, Bom Comportamento, Durabilidade, Economia,

Leia mais

Desempenho relativo das argamassas de argila expandida na execução de camadas de forma

Desempenho relativo das argamassas de argila expandida na execução de camadas de forma Desempenho relativo das argamassas de argila expandida na execução de camadas de forma Ana Sofia Ferreira (IST) Jorge de Brito (IST) Fernando Branco (IST) º Congresso Nacional de Argamassas de Construção

Leia mais

CONSERVAR REBOCOS E ESTUQUES DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO: preservar os valores e o carácter multifuncional

CONSERVAR REBOCOS E ESTUQUES DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO: preservar os valores e o carácter multifuncional CONSERVAR REBOCOS E ESTUQUES DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO: preservar os valores e o carácter multifuncional MARIA DO ROSÁRIO VEIGA rveiga@lnec.pt MARIA TERESA FREIRE mtfreire@gmail.com Revestimentos LNEC 2

Leia mais

Novo Sistema de Construção de Alvenarias Projecto cbloco

Novo Sistema de Construção de Alvenarias Projecto cbloco centro tecnológico da cerâmica e do vidro coimbra portugal Novo Sistema de Construção de Alvenarias Projecto cbloco 1 A. Baio Dias 26 de Junho de 2008 CIC 2008 centro tecnológico da cerâmica e do vidro

Leia mais

WE SEE FURTHER. Aula Aberta - Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior Portal da Construção Sustentável Nov17

WE SEE FURTHER. Aula Aberta - Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior Portal da Construção Sustentável Nov17 WE SEE FURTHER Aula Aberta - Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior Portal da Construção Sustentável Nov17 WE SEE FURTHER Acreditamos que um telhado pode oferecer muito mais do que:

Leia mais

1.1- Cargas produzidas pelo vento (e outras cargas resultantes de acções de manobra ou solicitações com carácter excepcional)

1.1- Cargas produzidas pelo vento (e outras cargas resultantes de acções de manobra ou solicitações com carácter excepcional) A) JANELAS 1- EXIGÊNCIAS DE SEGURANÇA 1.1- Cargas produzidas pelo vento (e outras cargas resultantes de acções de manobra ou solicitações com carácter excepcional) 1.2- Vibrações (tráfego, acção do vento)

Leia mais

1º RELATÓRIO Março/2003. a) identificação de patologias e suas causas; b) definição de acções de reabilitação; c) definição de plano de manutenção.

1º RELATÓRIO Março/2003. a) identificação de patologias e suas causas; b) definição de acções de reabilitação; c) definição de plano de manutenção. Reabilitação Estrutural e Funcional do Pavilhão de Civil do Instituto Superior Técnico 1º RELATÓRIO Março/2003 1. Objectivo Desde a ocupação do Pavilhão de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico,

Leia mais

PLACA GYPCORK. Reabilitação Sustentável

PLACA GYPCORK. Reabilitação Sustentável PLACA GYPCORK Reabilitação Sustentável PLACA GYPCORK A nova placa GYPCORK reúne dois produtos portugueses de excelência: as placas de gesso laminado Gyptec produzidas na Figueira da Foz, utilizando matérias

Leia mais

DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EM REVESTIMENTOS DE EDIFÍCIOS ANTIGOS

DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EM REVESTIMENTOS DE EDIFÍCIOS ANTIGOS DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EM REVESTIMENTOS DE EDIFÍCIOS ANTIGOS Maria do Rosário Veiga * Correio electrónico: rveiga@lnec.pt José Aguiar Correio electrónico: jaguiar@lnec.pt Resumo Os revestimentos

Leia mais

Argamassas Térmicas, uma solução

Argamassas Térmicas, uma solução Argamassas Térmicas, uma solução na melhoria do Desempenho Térmico dos Edifícios André Correia Associação Portuguesa de Fabricantes de Argamassas e ETICS Fachadas Energeticamente Eficientes TEKtónica,

Leia mais

DISCIPLINA: Materiais e Componentes de Construção

DISCIPLINA: Materiais e Componentes de Construção DISCIPLINA: Materiais e Componentes de Construção Vigência: a partir de 2017/1 Período letivo: 1º ano Carga horária total: 90 h Código: PF.EC.004 Ementa: Estudo das propriedades físicas dos materiais de

Leia mais

Figura 1 Figura 2. Introdução1/21

Figura 1 Figura 2. Introdução1/21 Figura 1 Figura 2 Introdução1/21 Introdução 2/21 A humidade surge principalmente devido a: condensação, capilaridade e/ou infiltração. Humidade nos edifícios provoca erosão, desgaste e deteorização dos

Leia mais

Reabilitação e Reforço de Estruturas

Reabilitação e Reforço de Estruturas Mestrado em Engenharia Civil 2011 / 2012 Reabilitação e Reforço de Estruturas Aula 23.1: Conservação do Património. Slides de Pedro Santos (IPLeiria) a partir de Recomendações do ICOMOS para a Conservação

Leia mais

Reabilitação Estrutural e Funcional do Pavilhão de Civil do Instituto Superior Técnico. 1º RELATÓRIO Março/2003

Reabilitação Estrutural e Funcional do Pavilhão de Civil do Instituto Superior Técnico. 1º RELATÓRIO Março/2003 Reabilitação Estrutural e Funcional do Pavilhão de Civil do Instituto Superior Técnico 1º RELATÓRIO Março/2003 1. Objectivo Desde a ocupação do Pavilhão de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico,

Leia mais

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS II PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS II PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA AS FISSURAS NOS REVESTIMENTOS RESPONDEM EM MÉDIA POR 15% DOS CHAMADOS PARA ATENDIMENTO PÓS-OBRA DENTRO DO PRAZO DE GARANTIA ORIGEM E INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES

Leia mais

LIGANTES E CALDAS BETÃO

LIGANTES E CALDAS BETÃO LIGANTES E CALDAS BETÃO Mistura fabricada in situ constituída por: ligante hidráulico (cimento) agregados grosso (brita ou godo) fino (areia) água [adjuvantes] [adições] Controlo de qualidade na obra Qualidade

Leia mais

FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS

FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS FICHAS DE PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ETICS Vasco Peixoto de Freitas Andreia Mota Miranda Laboratório de Física das Construções FACULDADE DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE DO PORTO Vasco Peixoto de Freitas e Andreia

Leia mais

Projecto FEUP 2012/2013 Humidade Em Edifícios Intervenções

Projecto FEUP 2012/2013 Humidade Em Edifícios Intervenções Projecto FEUP 2012/2013 Humidade Em Edifícios Intervenções Bruno Linhares; Bruno Ribeiro; Helena Paixão; Márcio Monte; Pedro Oliveira; Raquel Castro; Projeto FEUP 12MC05_03 Outubro 2012 1 Humidade em Edifícios

Leia mais

Argamassa produzida em fábrica para revestimentos exteriores

Argamassa produzida em fábrica para revestimentos exteriores 1-5 Argamassa produzida em fábrica para revestimentos exteriores NOTA TÉCNICA 4 Informação Geral O tipo de argamassa usada para revestimentos exteriores vai depender do seu suporte, do tipo de parede e

Leia mais

também de acordo com o Sistema Métrico Internacional e conforme exigência da norma ABNT

também de acordo com o Sistema Métrico Internacional e conforme exigência da norma ABNT STEEL FRAME O Steel Frame é uma alternativa já consolidada e amplamente usada há dezenas de anos em países desenvolvidos. Ao contrário das estruturas convencionais de construção, são usados perfis de aço

Leia mais

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DO ESTÁGIO DE SOFIA DE OLIVENÇA MALANHO

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DO ESTÁGIO DE SOFIA DE OLIVENÇA MALANHO DEPARTAMENTO DE EDIFÍCIOS Núcleo de Revestimentos e Isolamentos Proc. 0803/11/16205 RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DO ESTÁGIO DE SOFIA DE OLIVENÇA MALANHO Lisboa Abril de 2009 I&D EDIFÍCIOS RELATÓRIO 112/2009

Leia mais

REVESTIMENTOS VERTICAIS. Prof. MSc. Eng. Eduardo Henrique da Cunha Engenharia Civil 7º Período Turma A01 Disc. Construção Civil I

REVESTIMENTOS VERTICAIS. Prof. MSc. Eng. Eduardo Henrique da Cunha Engenharia Civil 7º Período Turma A01 Disc. Construção Civil I REVESTIMENTOS VERTICAIS Prof. MSc. Eng. Eduardo Henrique da Cunha Engenharia Civil 7º Período Turma A01 Disc. Construção Civil I O CONCEITO FUNCIONAL É um elemento funcional do edifício com funções bem

Leia mais

WATSTOP. Barreira de cimento com resina epoxídica, para humidades ascensionais e infiltrações de água.

WATSTOP. Barreira de cimento com resina epoxídica, para humidades ascensionais e infiltrações de água. WATSTOP Barreira de cimento com resina epoxídica, para humidades ascensionais e infiltrações de água. Características e Vantagens IMPERMEABILIZANTE TOTAL Elevado desempenho impermeabilizante de água, tanto

Leia mais

II Semina rio Nacional de Peri cias de Engenharia PERI CIAS EM FACHADAS CASES. Eng. Clémenceau Chiabi Saliba Jr.

II Semina rio Nacional de Peri cias de Engenharia PERI CIAS EM FACHADAS CASES. Eng. Clémenceau Chiabi Saliba Jr. II Semina rio Nacional de Peri cias de Engenharia PERI CIAS EM FACHADAS CASES Eng. Clémenceau Chiabi Saliba Jr. clemenceau@chiabi.com A causa de aparecimento de uma patologia em fachada, pode ser interpretada

Leia mais

DOCUMENTO TÉCNICO DE APLICAÇÃO DTA 01

DOCUMENTO TÉCNICO DE APLICAÇÃO DTA 01 DOCUMENTO TÉCNICO DE APLICAÇÃO SISTEMA SOTECNISOL PY40 LAJES DE PAVIMENTO EM CONTATO DIRECTO COM O SOLO Impermeabilização de lajes de pavimento 1. - DESCRIÇÃO As membranas ECOPLAS PY 40, são fabricadas

Leia mais

Sistema de Isolamento Térmico pelo Exterior- ETICS A Solução para Impermeabilização e Isolamento Térmico de Paredes Exteriores

Sistema de Isolamento Térmico pelo Exterior- ETICS A Solução para Impermeabilização e Isolamento Térmico de Paredes Exteriores Sistema de Isolamento Térmico pelo Exterior- ETICS A Solução para Impermeabilização e Isolamento Térmico de Paredes Exteriores A ISOMARCA possui uma vasta experiência na aplicação de Sistema de Isolamento

Leia mais

PLACA TÉCNICA PLANA EM FIBROCIMENTO. Indicado para: Aplicações Interiores e Exteriores.

PLACA TÉCNICA PLANA EM FIBROCIMENTO. Indicado para: Aplicações Interiores e Exteriores. Indicado para: Aplicações Interiores e Exteriores. PARA APLICAÇÕES INDUSTRIAIS DESCRIÇÃO: Placa Técnica Plana em Fibrocimento. Duplamente comprimida e autoclavada. Calibrada / Lixada. Não retificada. ARESTAS

Leia mais

Fichas das Patologias

Fichas das Patologias Fichas das Patologias 1. Fendilhação Exterior Nº: 1.1 Patologia: Fendilhação da Fachadas Localização: Paredes exteriores Causa/Origem: Deve-se à retracção do reboco, provavelmente causada pela má execução

Leia mais

PRINCÍPIOS PARA A PRESERVAÇÃO DAS ESTRUTURAS HISTÓRICAS EM MADEIRA (1999)

PRINCÍPIOS PARA A PRESERVAÇÃO DAS ESTRUTURAS HISTÓRICAS EM MADEIRA (1999) Pág. 1 de5 PRINCÍPIOS PARA A PRESERVAÇÃO DAS ESTRUTURAS HISTÓRICAS EM MADEIRA (1999) Adoptada pelo ICOMOS na 12.ª Assembleia Geral no México, em Outubro de 1999 Tradução por António de Borja Araújo, Engenheiro

Leia mais

Especificidades e Exigências das Argamassas na Reabilitação de Edifícios Antigos

Especificidades e Exigências das Argamassas na Reabilitação de Edifícios Antigos Especificidades e Exigências das Argamassas na Reabilitação de Edifícios Antigos Armanda Bastos Couto Doutoranda Universidade do Minho Portugal amcouto@sapo.pt João Pedro Couto Universidade do Minho Portugal

Leia mais

Isolamento Térmico pelo Exterior em Fachadas e o novo RCCTE

Isolamento Térmico pelo Exterior em Fachadas e o novo RCCTE Isolamento Térmico pelo Exterior em Fachadas e o novo RCCTE Sistema weber.therm Vasco Pereira Terça Técnica, OA-SRN Porto, 14 de Novembro de 2008 Resumo 1. O consumo de energia dos edifícios 2. O que é

Leia mais

SISTEMA DE INSPECÇÃO E DIAGNÓSTICO DE REVESTIMENTOS EPÓXIDOS EM PISOS INDUSTRIAIS

SISTEMA DE INSPECÇÃO E DIAGNÓSTICO DE REVESTIMENTOS EPÓXIDOS EM PISOS INDUSTRIAIS SISTEMA DE INSPECÇÃO E DIAGNÓSTICO DE REVESTIMENTOS EPÓXIDOS EM PISOS INDUSTRIAIS João Garcia maxit / Mestrando IST Jorge de Brito Prof. Associado IST 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção

Leia mais

Paredes Fichas de Aplicação

Paredes Fichas de Aplicação Fichas de Aplicação e Revestimento Painel Perfurado Painel Sandwich Consulte o Dossier Técnico Viroc disponível em www.viroc.pt, na página de Downloads. Outros Suplementos de Soluções Recomendadas Viroc

Leia mais