DEPRESSÃO: UMA CRISE GLOBAL DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL 2012
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- Luís Vilarinho Borba
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1 DEPRESSÃO: UMA CRISE GLOBAL DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL 2012
2 DEPRESSÃO - CONTEXTUALIZAÇÃO A depressão é universal e transversal a todos os grupos etários e sociais, com ênfase para as pessoas em desvantagem económica e social ou expostas a violência, podendo coexistir com outras doenças graves; Tem várias formas de apresentação e gravidade, sendo algumas tendencialmente recorrentes, mas o seu tratamento e recuperação são possíveis, por via psicoterapêutica e/ou farmacológica; A forma unipolar, a que mais frequentemente pode levar ao suicídio foi, em 2004, a 3ª causa de incapacidade para a atividade produtiva e a 1ª nos países desenvolvidos, perspetivando-se que até 2030 seja a 1ª, a nível mundial.
3 DEPRESSÃO - CONTEXTUALIZAÇÃO A depressão, quando afeta mulheres com filhos pequenos, sobretudo integrando setores menos desenvolvidos a nível económico e social, interfere negativamente com o desenvolvimento (mental, cognitivo e físico) da prole, induzindo-lhe risco depressivo; Segundo o 1º estudo epidemiológico nacional (2010), na depressão há um intervalo médio de 5 anos entre os primeiros sintomas e o início de tratamento, recorrendo no 1º ano a cuidados médicos apenas 37,4% das pessoas com formas graves.
4 DEPRESSÃO - CONTEXTUALIZAÇÃO A OMS, a Federação Mundial da Saúde Mental e a UE, vêm enfatizando que as crises económicas graves, ao provocarem desemprego, empobrecimento e insegurança, agravam e desencadeiam evoluções depressivas e risco acrescido de suicídio, particularmente quando afetam a situação residencial (Uutela, 2010); Na UE o aumento do desemprego está associado, no curto prazo, a aumento de mortes prematuras por violência intencional, incluindo suicídio (Uutela, 2010); As análises de crises nos vários continentes referenciam também aumento de mortalidade por infeções respiratórias, doenças hepáticas e em crianças, com decréscimo por acidentes rodoviários (Uutela, 2010); Evidência científica idónea demonstra que o investimento em Saúde Mental (SM) é custo-efetiva, sobretudo nos períodos de crise, devendo ser aproveitada a oportunidade para melhorar a eficácia no setor (Stuckler et al, 2009).
5 DEPRESSÃO - CONTEXTUALIZAÇÃO Ao contrário de outros problemas de saúde pública, a maioria das situações depressivas é possível de ser tratada, nomeadamente nos cuidados primários e de modo custoefetivo; Contudo, nos períodos de crise económica a intervenção tem de ser mais ampla, extravasando a Saúde e a SM em particular, tanto pelo número e gravidade de casos como, sobretudo, pelos fatores precipitantes ou desencadeantes envolventes às pessoas atingidas: tendência para o consumo excessivo de álcool; dificuldades económicas graves por redução do rendimento; desemprego.
6 DEPRESSÃO E RISCO SUICIDÁRIO na UE, através de regressão multivariável, no período cada 1% de aumento na taxa de desemprego associa-se, em menores de 65 anos, sobretudo homens (Berk et al, 2006), a acréscimo de: - 0,79% de suicídio; - 0,79% de homicídios (Stuckeler et al, 2009; Uuter, 2010). aumentos de desemprego superiores a 3% têm consequências mais gravosas nos suicídios e mortes por álcool.
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10 PREVENÇÃO EM TEMPO DE CRISE Na Suécia e Finlândia, medidas implementadas num forte período de recessão económica (década de 90) permitiram reduzir, sustentadamente, as taxas de suicídio, através de reforços de (Ostamo e Lonnqvist 2001; Hintikka et al 1999): Cuidados de saúde de proximidade; Apoios sociais às famílias mais carenciadas; Programas ativos de mercado de trabalho. Nos EUA, a redução no apoio governamental associou-se a acréscimo nas taxas de suicídio (Zimmerman, 2002).
11 PREVENÇÃO EM TEMPO DE CRISE Comparações das taxas de suicídio na Suécia e Espanha, na sequência de crises bancárias com rápido aumento de desemprego (surgidas respetivamente no início dos anos 90 e 80), evidenciam (Stuckeler et al, 2009): Redução sustentada na Suécia; Flutuações em Espanha com a evolução do desemprego (7 a 24%) com relação negativa as taxas de mortalidade aumentaram quando em período de expansão económica o desemprego diminuiu (Tapias Granados, 2005). Mesmo com apreciáveis diferenças socioculturais e económicas entre os dois países, a utilização de recursos de proteção social parece ter feito a diferença (OMS, 2011).
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15 PREVENÇÃO EM TEMPO DE CRISE A meta-análise das consequências do desemprego, a nível da saúde mental, referenciou 34% de problemas emocionais contra 16% em empregados (Paul e Moser, 2009), sobretudo em camisas azuis, com gravidade proporcional à duração; Programas ativos de mercado de trabalho, custoefetivos, podem contrariar os efeitos deletérios na saúde mental dos desempregados (Stuckeler et al, 2009), através da promoção da resiliência (Vuori et al 2002, Vinocur et al 1991); Quanto aos programas de apoio familiar em vítimas da crise, na UE cada 100 USD investido por pessoa afetada reduz em 0,2% a taxa de suicídio (Stuckeler et al, 2009).
16 PREVENÇÃO EM TEMPO DE CRISE No que diz respeito às bebidas alcoólicas, o aumento exponencial de consumo nas situações de desemprego (muito grave nas crises Russas de 91 e 98) tem aumento direto de mortalidade na UE (Zaridze, 2009), recomendando a OMS (2011): aumento do preço; definição de preço mínimo; reconhecimento precoce de consumos, bem como de depressão e risco de suicídio serviços comunitários de saúde mental (Pirkola et al, 2009); desenvolvimento de competências, protegem da depressão e do comportamento suicidário (OMS, 2009).
17 CRISE DE SAÚDE MENTAL CONSEQUENTE À CRISE ECONÓMICA 1. O crescimento nas taxas de perturbações mentais, sobretudo de depressões e ansiedade, é uma probabilidade; 2. As escolhas políticas são uma determinante chave nas consequências da recessão económica sobre evolução da qualidade de SM: Programas ativos de mercado de trabalho ajudam à manutenção e à retoma de emprego; Medidas de suporte familiar e de intervenções de SM podem ser efetivas no prevenir ou mitigar os impactos adversos da recessão no estado emocional dos atingidos.
18 CRISE DE SAÚDE MENTAL CONSEQUENTE À CRISE ECONÓMICA 3. Os investimentos em serviços de SM nos períodos de crise económica parecem ser potencialmente compensados: pela redução dos custos médicos; a participação na força de trabalho; a melhoria da produtividade e da subsequente receita fiscal; a redução da dependência social. 4. O suicídio, que em mais de 90% dos casos é por doença mental, sobretudo depressão, está entre as 10 principais causas de morte prematura e é a 2ª causa de morte nos homens entre anos.
19 EEA GRANTS
20 EEA GRANTS 1. Melhorar a acessibilidade de grupos vulneráveis aos serviços de saúde mental, com base em dados sobre os efeitos da crise económica: aproveitando os dados da pesquisa nacional de SM de 2009, há a oportunidade, com custo limitado, de coletar informações sobre os efeitos da crise sobre a SM da população, relacionados com fatores de risco e proteção, viabilizando o desenvolvimento de um plano com base nas necessidades de intervenções psicossociais para as pessoas mais seriamente afetadas.
21 EEA GRANTS 2. Desenvolver a capacidade de agir sobre a depressão e suicídio, ligando serviços especializados com serviços comunitários locais e a integração da SM nos cuidados primários, através de: implementação de novos modelos de intervenção para a depressão, utilização mais racional dos recursos humanos, melhor integração de meios em relação aos problemas de saúde mental mais frequentes.
22 EEA GRANTS Desenvolver programas de intervenção dedicados à saúde mental no trabalho e para os grupos vulneráveis que enfrentam o desemprego.
23 Programas Nacionais Prioritários Programa Nacional Saúde Mental Microsite Álvaro Carvalho Diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental
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