Pacto Europeu. para a Saúde. Conferência de alto nível da ue. Bruxelas, de junho de 2008

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1 Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem-Estar Conferência de alto nível da ue JUNTOS PELA SAÚDE MENTAL E PELO BEM-ESTAR Bruxelas, de junho de 2008 Slovensko predsedstvo EU 2008 Slovenian Presidency of che EU 2008 La Présidence slovène de l UE 2008

2 Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem-Estar Nós, participantes na Conferência de alto nível da UE intitulada «Juntos pela Saúde Mental e pelo Bem-Estar», realizada em Bruxelas em 13 de Junho de 2008, reconhecemos a importância e o valor da saúde mental e do bem-estar para a União Europeia, para os seus Estados-Membros, para os intervenientes e para os cidadãos. II - Acordamos que É necessária uma acção política decisiva para fazer da saúde mental e do bem-estar uma prioridade essencial. É preciso lançar uma acção a nível da UE em matéria de saúde mental e de bem-estar que implique os responsáveis políticos e os intervenientes, nomeadamente dos sectores da saúde, da educação, da justiça e da área social, bem como os parceiros sociais e organizações da sociedade civil. I - Reconhecemos que A saúde mental constitui um direito humano. Permite que os cidadãos gozem de bem-estar, de qualidade de vida e de saúde. Promove a aprendizagem, o trabalho e a participação na sociedade. O nível de saúde e de bem-estar da população é um elemento essencial para que a UE tenha êxito enquanto sociedade e economia baseada no conhecimento. É um factor importante para a realização dos objectivos da Estratégia de Lisboa para o crescimento e o emprego, a coesão social e o desenvolvimento sustentável. As pessoas que já sofreram problemas de saúde mental possuem uma experiência valiosa e devem ter um papel activo no planeamento e na execução das acções. É preciso promover a saúde mental e o bem-estar dos cidadãos e de grupos, incluindo todos os grupos etários e de diferentes géneros e origens étnicas e grupos socioeconómicos, com base em intervenções orientadas que tenham em conta e sejam sensíveis à diversidade da população europeia. É necessário melhorar a base de conhecimentos sobre saúde mental, recolhendo dados relativos à situação da saúde mental da população promovendo estudos sobre a epidemiologia, as causas, os factores e as implicações da boa e da má saúde mental, bem como sobre as possibilidades de intervenção e as melhores práticas dentro e fora dos sectores da saúde e social. Verifica-se um aumento das perturbações mentais na UE. Calcula-se actualmente que haja quase 50 milhões de pessoas (cerca de 11% da população da UE) que sofrem de perturbações mentais, sabendo-se que as mulheres e os homens desenvolvem e apresentam sintomas diferentes. A depressão já é o maior problema de saúde em muitos Estados-Membros da UE. O suicídio continua a ser uma importante causa de mortalidade. Na UE verificam-se cerca de suicídios por ano, sendo três quartos cometidos por homens. Oito Estados-Membros estão entre os quinze países com taxas mais elevadas de suicídio masculino do mundo. As perturbações mentais e o suicídio provocam imenso sofrimento às pessoas, às suas famílias e às suas comunidades. As perturbações mentais são uma importante causa de deficiência e constituem um peso nos sectores da saúde e da educação, na economia e no mercado de trabalho e nos sistemas da segurança social da UE. É possível ajudar os Estados-Membros a fazerem face a estes desafios mediante acções complementares e um esforço conjugado a nível da UE que promovam a saúde mental e o bem estar da população, reforcem as acções preventivas e a auto-ajuda e ofereçam apoio às pessoas que sofrem de problemas de saúde mental e às suas famílias, para além das medidas que os Estados-Membros asseguram através dos serviços de saúde e dos serviços sociais e cuidados médicos. III - Apelamos à adopção de acções em cinco domínios prioritários I - A prevenção da depressão e do suicídio A depressão é uma das perturbações mentais mais comuns e mais graves e um factor de risco importante no comportamento suicida. Todos os 9 minutos morre uma pessoa devido a suicídio na UE e calcula-se que o número de tentativas de suicídio seja dez vezes mais elevado. As taxas de suicídio nos Estados-Membros diferem muito, com um factor de variação de 12. Os responsáveis políticos e os intervenientes são convidados a tomarem medidas de prevenção do suicídio e da depressão, destinadas nomeadamente a: Melhorar a formação dos profissionais de saúde e dos principais intervenientes do sector social em matéria de saúde mental; 2 conferência DE ALTO NÍVEL DA UE BRUXELAS, DE JUNHO DE 2008 Juntos pela Saúde Mental e pelo Bem-Estar 3

3 Restringir o acesso a eventuais meios de suicídio; Sensibilizar o público em geral, os profissionais de saúde e os outros sectores pertinentes para os problemas de saúde mental; Reduzir os factores de risco de suicídio, como o consumo excessivo de álcool, a toxicomania, a exclusão social, a depressão e o stress; Criar mecanismos de apoio para as pessoas que tentaram suicidar-se e para as pessoas afectadas pelos suicídios, como as linhas telefónicas de ajuda afectiva. I I - a saúde mental na juventude e na educação Os fundamentos da saúde mental ao longo da vida são estabelecidos nos primeiros anos de vida. Calcula-se que até 50% das perturbações mentais aparecem na adolescência. Podem detectar-se problemas de saúde mental entre 10% a 20% dos jovens, sendo as taxas mais elevadas nos grupos da população mais desfavorecidos. Os responsáveis políticos e os intervenientes são convidados a tomarem medidas em matéria de saúde mental dos jovens e no sistema educativo, destinadas nomeadamente a : Criar mecanismos de intervenção precoce em todo o sistema educativo; Propor programas para promover as competências dos pais; Promover a formação de profissionais da saúde, da educação, da juventude e de outros sectores relevantes em matéria de saúde mental e de bem-estar; Promover a integração da aprendizagem das questões socioafectivas nas actividades curriculares e extracurriculares, bem como na cultura pré-escolar e escolar; Criar programas de prevenção de maus tratos, de assédio e de violência contra os jovens e do risco da sua exclusão social; Promover a participação dos jovens na educação, na cultura, no desporto e no emprego. I I I - A saúde mental no contexto do trabalho O trabalho é benéfico para a saúde física e mental. A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores constitui um elemento fundamental para a produtividade e a inovação na UE. O ritmo e a natureza do trabalho estão a mudar, criando pressões sobre a saúde mental e o bem-estar. São necessárias medidas para combater o aumento constante do absentismo e da incapacidade para o trabalho e para melhorar a produtividade explorando o potencial desaproveitado decorrente do stress e das perturbações mentais. O local de trabalho desempenha um papel determinante na integração social das pessoas com problemas de saúde mental. Os responsáveis políticos, os parceiros sociais e outros intervenientes são convidados a tomarem medidas a favor da saúde mental no local de trabalho, destinadas nomeadamente a : Melhorar a organização do trabalho, as culturas e as práticas de liderança para promover o bem-estar mental no trabalho, incluindo a conciliação do trabalho com a vida familiar; Implementar programas de saúde mental e de bem-estar prevendo uma avaliação dos riscos e programas de prevenção de situações que possam ter efeitos negativos na saúde mental dos trabalhadores (stress, comportamentos abusivos como a violência ou o assédio no trabalho, alcoolismo e toxicomania) e mecanismos de intervenção precoce nos locais de trabalho; Favorecer o recrutamento, a manutenção ou readaptação e o regresso ao trabalho de pessoas com problemas ou perturbações da saúde mental. I V - A saúde mental das pessoas idosas A população da UE está a envelhecer. O envelhecimento pode acentuar certos factores de risco da saúde mental e do bem-estar, como a perda do apoio social das famílias e amigos ou o aparecimento de doenças físicas ou neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e outras formas de demência. As taxas de suicídio dos idosos são elevadas. A promoção do envelhecimento saudável e activo é um dos objectivos principais da UE neste domínio. Os responsáveis políticos e os intervenientes são convidados a tomarem medidas em matéria de saúde mental das pessoas idosas, destinadas nomeadamente a : Promover a participação activa das pessoas idosas na vida social, nomeadamente a promoção da sua actividade física e oportunidades de educação; Desenvolver regimes de aposentação flexíveis que permitam que os idosos continuem a trabalhar mais tempo a tempo completo ou parcial; Promover a saúde mental e o bem-estar das pessoas idosas que estão a receber cuidados (médicos e/ou sociais), tanto no domicílio como em instituições; Apoiar os prestadores de cuidados. V - Combate à estigmatização e à exclusão social A estigmatização e a exclusão social são ao mesmo tempo factores de risco e consequências das perturbações mentais que podem dificultar o pedido de ajuda e a recuperação. Os responsáveis políticos e os intervenientes são convidados a tomarem medidas para combater a estigmatização e a exclusão social, destinadas nomeadamente a : 4 conferência DE ALTO NÍVEL DA UE BRUXELAS, DE JUNHO DE 2008 Juntos pela Saúde Mental e pelo Bem-Estar 5

4 Apoiar as campanhas e as acções contra a estigmatização nos meios de comunicação social, nas escolas e nos locais de trabalho para favorecer a integração das pessoas com perturbações mentais; Desenvolver serviços de saúde mental bem integrados na sociedade, colocar as pessoas no centro das preocupações e actuar de modo a evitar a estigmatização e a exclusão; Promover a integração activa de pessoas com problemas de saúde mental na sociedade, permitindo-lhes aceder mais facilmente ao emprego, à formação e a oportunidades de ensino adequadas; Implicar as pessoas com problemas de saúde mental e as suas famílias, bem como os prestadores de cuidados, na elaboração das políticas e no processo de tomada de decisões neste domínio. V - Convidamos por isso Os Estados-Membros, juntamente com os intervenientes pertinentes de todos os sectores e da sociedade civil da UE, bem como as organizações internacionais a aderirem ao Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem-Estar e a contribuírem para a sua aplicação; A Comissão Europeia e os Estados-Membros, juntamente com as organizações internacionais e os intervenientes pertinentes : a criarem um mecanismo de intercâmbio de informações; a determinarem em conjunto as boas práticas para que as políticas e a acção dos intervenientes nos domínios prioritários definidos no Pacto dêem resultados e a formularem recomendações e planos de acção adequados; IV - Lançamos o Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem Estar O Pacto reconhece que a responsabilidade principal pelas medidas neste domínio pertence aos Estados-Membros. Contudo, o Pacto conta com as potencialidades da UE para informar, promover boas práticas e incentivar os Estados-Membros e os intervenientes a tomarem medidas, bem como para ajudar a resolver os problemas comuns e a lutarem contra as desigualdades em matéria de saúde. A referência do Pacto é o acervo da UE em matéria de saúde mental e de bem-estar, resultante de iniciativas adoptadas ao longo dos últimos anos a título das políticas comunitárias, juntamente com os compromissos assumidos pelos Ministros da Saúde dos Estados-Membros na Declaração de Saúde Mental para a Europa adoptada pela OMS em 2005, bem como os actos internacionais pertinentes, como a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. O Pacto reúne as instituições europeias, os Estados-Membros, os intervenientes dos sectores relevantes, nomeadamente as pessoas em risco de exclusão por razões de saúde mental, e a comunidade científica para apoiar e promover a saúde mental e o bem-estar. Traduz o seu empenho em estabelecer um processo de intercâmbio, de cooperação e de coordenação a mais longo prazo sobre os principais desafios. O Pacto deve facilitar o acompanhamento da situação e das actividades, tanto nos Estados- Membros como entre os intervenientes. Baseado nas melhores práticas europeias, deve ajudar a apresentar recomendações de acções para se progredir nos seus temas prioritários. a comunicarem os resultados destes trabalhos organizando nos próximos anos um conjunto de conferências sobre os domínios prioritários do Pacto; A Comissão Europeia a apresentar em 2009 uma proposta de recomendação do Conselho sobre saúde mental e bem-estar; A Presidência a informar o Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros, bem como o Comité Económico e Social Europeu e o Comité das Regiões, dos trabalhos e dos resultados desta conferência 6 conferência DE ALTO NÍVEL DA UE BRUXELAS, DE JUNHO DE 2008 Juntos pela Saúde Mental e pelo Bem-Estar 7

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