2 Teses do atraso econômico produzidas no centro capitalista e a teoria do Subdesenvolvimento na periferia

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1 1 34º Encontro Anual da Anpocs; Número e Título do ST: Teoria política: instituição e ação política Título do trabalho: Diálogo das teses do Subdesenvolvimento de Rostow, Nurkse e Myrdal com a Teoria do Desenvolvimento de Celso Furtado Nome do autor: Rafael Gonçalves Gumiero 1 Introdução Esse artigo é produto dos resultados obtidos na dissertação, cujo tema da análise é o diálogo estabelecido entre as teses do Subdesenvolvimento, originalmente produzidas no centro capitalista por Rostow, Nurkse e Myrdal com a Teoria do Desenvolvimento de Furtado, produzida na periferia. Pela amplitude do pensamento de Celso Furtado, e pela vasta produção bibliográfica, a intenção do artigo foi ater-se no período concerne de 1954 a Justamente por duas razões. A primeira, considerando a história econômica, é durante esse período que o Brasil instaurou a primeira etapa da industrialização, considerada o período áureo do nacional-desenvolvimentismo. Ademais, houve a passagem das primeiras experiências do planejamento para a consolidação do planejamento econômico no Brasil (Plano de METAS). A segunda razão representa uma nova etapa para a interpretação sobre o Brasil, pois, a temática do atraso econômico ganha veemência no pensamento político social brasileiro e pode ser considerado produto da vitória da ideologia nacional-desenvolvimentista. Além disso, a circulação das idéias providenciou a abertura do diálogo das teses do atraso econômico, produzidas originalmente pelos teóricos dos países desenvolvidos, com a intelligentsia brasileira. No período de 1954 a 1964, Celso Furtado produziu as suas obras calcado pelo sonho da superação do subdesenvolvimento e de transformação do Brasil. Esse período é envolto pela esperança e otimismo de Furtado em reverter os revezes da herança colonial, por meio do salto para a industrialização, ao longo dos anos 1950 e Nesse sentido, na esfera ideológica a teoria do desenvolvimento elaborada pela escola neoclássica não se adequou às peculiaridades dos países periféricos. Coube a um grupo de teóricos (considerada a vanguarda do Subdesenvolvimento), composta por Walt Rostow; Ragnar Nurkse e Gunnar Myrdal estavam envolvidos com as consequências geradas pela Grande Depressão de 1930, e pela reconstrução da Europa

2 2 após a Segunda Guerra Mundial, focar o olhar para a periferia e elaborar o diagnóstico da condição de subdesenvolvimento. A escolha desses três teóricos não foi ao acaso, a escolha obedeceu as seguintes normas. Primeiro este grupo de teóricos são considerados a matriz original da construção das teses do Subdesenvolvimento, podendo ser chamados de vanguarda. Segundo, as confecções das suas respectivas obras foram feitas em um mesmo período, permitindo a interlocução entre elas. Terceiro, o diálogo estabelecido entre Furtado e estes teóricos colaboraram para a elaboração da sua Teoria do Desenvolvimento, na periferia capitalista. Por outro lado, a escolha por fazer o diálogo com as obras de Celso Furtado se deve ao fato de que a Teoria do Desenvolvimento, produzida na periferia, é uma teoria suis generis, corresponde com as particularidades da formação econômica brasileira e aos entraves que surgiram conforme o processo de industrialização caminhava. 2 Teses do atraso econômico produzidas no centro capitalista e a teoria do Subdesenvolvimento na periferia O pensamento de Celso Furtado compreende três fases distintas. O primeiro momento compreende o começo da sua carreira até o Golpe de 1964 e sua principal marca é o otimismo e a esperança em reconhecer que a herança deixada pela colonização (geradoras do quadro do subdesenvolvimento) são passíveis de superação é a crença no potencial do desenvolvimento nacional. O segundo momento inicia-se após o Golpe Militar, quando Furtado é exilado. Neste momento Furtado observa que a pior das alternativas no cenário brasileiro do início dos anos 60 havia logrado sucesso, constituindo um regime política fechado, sem o direito à participação política dos indivíduos. Finalmente, a segunda metade da década de 1980 marca a sua terceira fase, o esforço memorialista e depois abraçando uma revisão dos principais temas da década de em sua correlação com os novos desafios impostos pelo capitalismo globalizado. (CEPÊDA 1998, 2001) Nesse sentido, é a primeira fase do pensamento intelectual de Celso Furtado será utilizado neste trabalho. A busca pelo conceito de desenvolvimento no período áureo do nacional-desenvolvimentismo tem sua origem com o diálogo estabelecido entre Furtado e as teses do Subdesenvolvimento de Rostow, Nurkse e Myrdal e pelo seu diagnóstico do subdesenvolvimento no Brasil.

3 3 2.1 As teses do atraso econômico produzidas no centro capitalista A tese do subdesenvolvimento de Walt Rostow (1974) está emparelhada pelas cinco etapas do desenvolvimento econômico: sociedade tradicional, pré-condições do arranco, arranco, fase da maturidade e consumo em massa. O teórico afirma que os países subdesenvolvidos estão estagnados na sociedade tradicional, cujas condições, estão sedimentadas pela rígida estrutura social, escassez de demanda agrícola e industrial, insuficiência de investimento em capital social fixo. Segundo Rostow os países subdesenvolvidos precisam alcançar inicialmente a etapa do take-off (arranco), considerada a etapa de transição de uma economia subdesenvolvida para uma economia desenvolvida. O take-off pode ser alcançado somente se a economia obtiver incremento na taxa de investimento produtivo; desenvolvimento de um ou dois setores manufaturados básicos; aproveitamento dos impulsos expansionistas do setor moderno exterior. Em outras palavras, a tese de Rostow (1974) está direcionada para o desenvolvimento setorial de uma economia. De modo que, o investimento em um ou dois setores estratégicos (setor de transformação) irá proporcionar crescimento para os demais setores da economia. Para Ragnar Nurkse (1957) o diagnóstico da condição de subdesenvolvimento envolve o círculo vicioso da pobreza, devido às péssimas condições que são impostas ao trabalhador. O desemprego disfarçado é corrente em economias agrárias superpovoadas, cuja produtividade é limitada. A poupança oculta é característica do grande contingente de mão-de-obra no campo, cuja produtividade é desorganizada e pequena, conformando uma baixa renda per capita. O efeito demonstração atrai os indivíduos a consumirem seguindo o padrão dos países desenvolvidos, direcionando assim, todo o lucro auferido pelos produtores em formas de consumo supérfluos. O prognóstico elaborado por Nurkse para superar o subdesenvolvimento, é a industrialização por meio do crescimento equilibrado. A industrialização traz dinamicidade para a economia e o crescimento equilibrado aumenta a produtividade em todos os setores da economia, possibilitando a produção criar a sua própria demanda. Dos três teóricos analisados, Myrdal pode ser considerado o que mais ultrapassou do plano da economia pura para uma concepção mais sociológica e política dos problemas do desenvolvimento econômico. Por conta disso, considera o teórico que

4 4 o Estado é agente capaz de atuar ativamente na formulação de políticas econômicas e por meio da sua intervenção na economia para o sucesso do crescimento econômico de um país. Através do conceito causação circular (cumulativa), Myrdal utiliza em sua análise variáveis econômicas e não-econômicas. A causação circular pode produzir desde efeitos progressivos como efeitos regressivos em uma economia. A tese de Gunnar Myrdal permite que seja possível transitar entre a esfera da economia para a política. É diagnosticado por Myrdal, que os países subdesenvolvidos são propensos ao fenômeno do círculo vicioso da pobreza, principalmente porque, não há industrialização. A integração nacional nestes países é fraca, pela sua natureza primário-exportadora, gera desigualdades regionais. Na tese de Myrdal, as desigualdades regionais devem ser solucionadas pela formulação de uma política econômica nacional. Os investimentos devem ser direcionados em setores estratégicos (setor de transformação), de modo que, a partir do crescimento deste setor, a tendência é que proporcione os efeitos progressivos no interior do país subdesenvolvido. A difusão dos efeitos progressivos é a chave para sanar as desigualdades regionais no interior de um país. A seguir foi elaborado um quadro comparativo com a síntese do diagnóstico e prognóstico das teses de Rostow, Nurkse e Myrdal.

5 5 Tabela 1 Quadro comparativo das teses do Subdesenvolvimento em Rostow, Nurkse e Myrdal. Teórico(s) Walt Rostow ( ) Ragnar Nurkse ( ) Gunnar Myrdal ( ) Obra(s) investigada(s) The Take-Off into Self- Sustained Growth (1960) Problems of Capital- Formation in Underdevelope d Countries (1953) Economy Theory and Underdevelope d Regions (1956) Diagnóstico do Subdesenvolvimento Rígida estrutura social, aliada a escassez de demanda agrícola e industrial. Baixo coeficiente de investimento em capital social fixo Círculo vicioso da pobreza, propalada pela dificuldade para acumular capital (baixa poupança). A baixa produtividade tem correlação à pequenez do mercado interno, gerando falta de dinamismo no comércio internacional. Países agrícolas convivem com o desemprego disfarçado e o efeito de demonstração Baixa renda per capita, forma o círculo vicioso da pobreza. A causação circular repercute em desigualdades regionais, são propaladas pelos efeitos regressivos. Fraco esforço de integração regional Prognóstico para superar o Subdesenvolvimento Investimento em um ou mais setores estratégicos, ascensão no poder de uma elite modernizadora, necessidade de formar poupança interna, para ter condições de arranco (takeoff) na economia Crescimento equilibrado, aliado as inovações tecnológicas. Fluxo de investimentos estrangeiros, controlados por uma agência governamental Intervenção do Estado imbuído por um Plano Nacional Estado de Bem Estar Social. É essencial a Integração regional, conduzida pelos efeitos propulsores. Fonte: Elaboração própria. Elaborado a partir dos conceitos encontrados nas seguintes obras: Etapas do desenvolvimento econômico, de Walt Rostow, 1974; Problema de Formação de Capital em Países Subdesenvolvidos, de Ragnar Nurkse, 1957; Teoria Econômica e Regiões Subdesenvolvidas, de Gunnar Myrdal, A Teoria do Desenvolvimento da periferia capitalista As respectivas teses do Subdesenvolvimento de Rostow, Nurkse e Myrdal, tiveram grande difusão após a Segunda Guerra Mundial e impacto para a teoria neoclássica. Inaugurou uma nova corrente da economia, até então pouco discutida pelos governos e academia. A chegada destas teses ao Brasil aliado ao contexto histórico que

6 6 perpassava a economia brasileira foi determinante, para sedimentar e consolidar os estudos e pesquisas, acerca do subdesenvolvimento. Celso Furtado foi um dos teóricos brasileiros que cedo dialogou com estas teses sobre o fenômeno do subdesenvolvimento e este diálogo foi fundamental para a construção, aprimoramento e diferenciação de sua Teoria do Desenvolvimento. A sua proximidade com os três teóricos do subdesenvolvimento deu-se pelo acesso coetâneo às primeiras versões dos trabalhos de Rostow, Nurkse e Myrdal, e também pela oportunidade de conhecê-los pessoalmente e, e em alguns casos, pela realização do debate público sobre estas teses. Como parte da elaboração furtadiana da teoria do subdesenvolvimento, Furtado deu seu primeiro passo reelaborando (sob novas e inéditas bases: o enfoque históricoeconômico) a interpretação sobre a formação do Brasil. Nesta, partiu dos ciclos econômicos da economia brasileira até a formulação do diagnóstico sobre a realidade brasileira nos anos finais da década de Neste diagnóstico Furtado, desde o final da década de 1950, apresenta a condição de heterogeneidade da economia nacional. O termo heterogêneo condiz, com amplas disparidades econômicas entre as regiões dentro do Brasil (região Nordeste e Centro-Sul) ao baixo grau de integração interna, derivado do baixo coeficiente de acumulação de poupança, está atrelado ao fenômeno do efeito de demonstração. Furtado (1963) explicita que os países subdesenvolvidos têm ampla dependência dos países produtores de tecnologia. A condição do subdesenvolvimento na concepção de Furtado não é apenas uma economia pautada pelo setor agrário, mas uma situação contínua e cumulativa que tende a se agravar quando a estrutura capitalista moderna se sobrepõe a uma prévia estrutura pré-capitalista. Na sociedade brasileira, essa situação originou o fenômeno do dualismo, o crescimento econômico intercalou entre o setor dinâmico (indústria) com o setor tradicional (agrícola). A introdução de uma inovação tecnológica, segundo Furtado (1964) tem caráter dinâmico numa cultura material, irá culminar em um rearranjo na cadeia de eventos, em outras palavras, a inovação tecnológica põe em marcha um processo de reajustes, tanto sociais, quanto produtivos. Adverte o teórico, mudanças na cultura não material (no sistema de valores sociais) se efetuam em um processo mais lento do que as transformações no sistema de produção, esse descompasso na rápida absorção de inovações pode causar uma grande tensão, reproduz tensões psicossociais.

7 7 Nas economias subdesenvolvidas a tecnologia é absorvida quase totalmente por empréstimo, pois as estruturas sociais não se adaptam na mesma velocidade do que a estrutura material. Essa desorganização reflete no desmanche da economia artesanal, gera excedente de mão-de-obra, conseqüentemente o dualismo aparece de um lado na distribuição extremamente desigual da renda e por outro numa demanda de bens finais pouco vigorosa (Furtado 1964). Uma suposta alternativa pelo qual Furtado (1964) acredita para a saída do subdesenvolvimento da economia brasileira é pela participação do Estado na formulação de políticas econômicas que visem à industrialização. Entretanto, a industrialização precisa ser introjetada em conjunto com a conscientização das classes sociais, de modo que, seja evitado que uma minoria ocupe o poder. Furtado compreende que o subdesenvolvimento é um problema na estrutura social brasileira. Adverte Furtado (1964), as políticas de substituição de importações tem um ponto de saturação. A via das reformas políticas é a alternativa para reformulação das políticas de substituição de importações, a ponto delas não se esgotarem. A preocupação de Furtado, não é apenas pela questão estrutural da economia, mas essencial pela democracia. A reforma política visa aumentar a representatividade dos órgãos que atuam em nome do povo. Alcançado este patamar de democracia, as demais modificações do marco institucional poderão ser instaladas sem tensões no regime político. A Teoria do Desenvolvimento de Celso Furtado vai além do diagnóstico da questão do subdesenvolvimento no Brasil. É formulada uma teoria sobre o fenômeno da expansão do capitalismo e sua inserção em sociedades capitalistas. O estudo de Furtado (2000) corresponde ao desenvolvimento nas economias industriais e de como estas superaram o atraso econômico nos últimos cem anos (CEPÊDA, 2009) O desenvolvimento na concepção de Furtado (2000), somente é engendrado em uma sociedade quando todos os setores alcançarem o mesmo patamar do progresso. Subseqüentemente, alcançado este estágio é intensificada a produtividade, em paralelo com o processo de modificações estruturais (distribuição de renda, elevação da difusão das inovações técnicas). Por fim, há homogeneização dos padrões de consumo, intensificando a difusão de inovações. O capitalismo para Furtado (2000) possui três diferentes expansões: a primeira foi a Primeira Revolução Industrial na Europa; a segunda é o deslocamento da mão-deobra, capital e técnica para regiões com mão-de-obra e terras desocupadas (Canadá,

8 8 Estados Unidos, Austrália), preserva o modo de produção do capitalismo moderno; a terceira é a inserção do capitalismo em regiões com estrutura pré-capitalista, que desencadeou as conseqüências para a formação de estruturas dualistas. Nesta perspectiva, o conceito de subdesenvolvimento é considerado por Furtado (2000), um processo histórico autônomo e não uma etapa pelo qual os países subdesenvolvidos tenham que passar para alcançar o desenvolvimento econômico. Sintetiza Furtado, o subdesenvolvimento é o resultado da expansão das economias que estão pleiteando utilizar recursos naturais e mão-de-obra de áreas de economias précapitalista, para o seu próprio proveito. 3 Comparação das teses do atraso econômico com a Teoria do Desenvolvimento de Furtado Nesta seção busca fazer o confronto das idéias que estão contidas nas teses de Rostow, Nurkse e Myrdal com a Teoria do Desenvolvimento de Furtado. Parte-se da hipótese de que para este conjunto de teóricos, apesar de tratar do grande tema que é o subdesenvolvimento, não formularam uma teoria autêntica, capaz de ser o farol para guiar os países subdesenvolvidos contra as desigualdades econômicas e sociais. Contudo, devemos reconhecer a grande ousadia destes teóricos, oriundos dos países desenvolvidos, em produzir uma tese em sentido contrário à escola neoclássica (do qual receberam forte influência na sua formação). Por conta disso, o confronto das teses de Rostow, Nurkse e Myrdal com a Teoria do Desenvolvimento de Furtado busca verificar quais conceitos Furtado utilizou e avançou na análise do subdesenvolvimento em relação as respectivas teses deste teóricos. A tese de Rostow tem como peça fundamental o conceito de decolagem. A partir deste conceito Rostow enquadrou as etapas para o crescimento econômico. Nesse sentido, a tese de Rostow julga que o crescimento econômico é elaborado por meio de etapas, é o conceito faseológico do crescimento. Para Rostow não existe o conceito de desenvolvimento econômico, na sua concepção são propostas condições para um país em condição de estagnação crescer economicamente. Com base na apreciação da tese de Rostow sugere-se que o conceito de decolagem, aplicada pelo autor na transição da fase de pré-condições para uma economia industrial moderna, seja o sinônimo de crescimento econômico.

9 9 Em Rostow, não é feita distinção dos fatores que são necessários para alavancar uma economia para um estado de decolagem, seja ela atrasada ou subdesenvolvida. Os fatores para o crescimento econômico de uma economia são os mesmos, na tese de Rostow não há a preocupação em identificar as estruturas da economia antes de receitar um prognóstico. Na concepção de Rostow não existe um conceito claro de subdesenvolvimento em sua tese. Procuramos compreender, que as cinco etapas do crescimento econômico sugerida por Rostow são espontâneas e dadas como certas para um país alcançá-las, caso este país reúna as condições econômicas favoráveis para efetuar a passagem de uma etapa para outra. Pressupomos a partir disso, que Rostow formulou a sua tese do crescimento econômico amparada por um modelo único de crescimento, não considerou a diferença que há nas estruturas dos países desenvolvidos e nos subdesenvolvidos. Isto é, Rostow enxerga o crescimento econômico como um processo único, não permitindo fazer distinção do processo de desenvolvimento econômico realizado por um país estagnado economicamente e um país que é subdesenvolvido por natureza, devido as suas estruturas econômicas. Por outro lado, o conceito de subdesenvolvimento é trabalhado com maestria por Furtado. Em sua primeira obra, Economia Brasileira, de 1954, Furtado salienta que as condições de uma economia colonial seguem os seguintes tópicos: a) recursos naturais não utilizados, porque não é possível aumentar a exportação dos produtos primários que podem ser produzidos com vantagem relativa; b) recursos humanos sub-utilizados, porque não está crescendo a produção no setor primário exportador e porque, não obstante o custo relativamente baixo da mão-de-obra, a economia não poderia competir no setor manufatureiro com os países industrializados; c) recursos financeiros sem encontrar aplicação dentro da economia pelas razões indicadas nos dois itens anteriores, devendo portanto emigrar. (FURTADO, 1954, p. 66) O subdesenvolvimento nas condições em que foi descritas por Furtado permite que façamos uma aproximação da tese de Rostow com a Teoria do Subdesenvolvimento de Furtado. Referimos a brecha histórica que foi proporcionada no Brasil graças ao impacto da crise de 1929 nas economias centrais capitalistas 1. 1 A crise de 1929 para as economias centrais capitalistas representou redução da produção de produtos importados e o aumento dos seus preços. O mercado interno no Brasil foi privilegiado graças à indústria ociosa que estava instalada e pela substituição de importações.

10 10 Alguns fatores de acordo com Furtado (1954) foram essenciais para a instalação da indústria de bens de capital no Brasil: o crescimento da procura de bens de capital e o aumento dos preços destes produtos no exterior. Desse modo, sugerimos que a tese de decolagem de Rostow somente pode ser associada há uma economia subdesenvolvida quando houver uma brecha histórica, como ocorreu no caso da economia brasileira. Parafraseando Furtado, a oportunidade da instalação da industrialização na economia brasileira somente foi possível graças a forte demanda interna por produtos (bens de consumo) e pelo aumento dos preços dos produtos importados. Outra possível comparação da tese de Rostow na Teoria do Subdesenvolvimento de Furtado é em relação ao conceito de decolagem, que dentre as três condições propostas por Rostow, envolve a do impulso ocasionado pelo capital proveniente do comércio exterior. A existência ou a rápida eclosão de um arcabouço político, social e institucional que aproveite os impulsos expansionistas do setor moderno e os efeitos potenciais das economias externas do arranco e imprima ao desenvolvimento um caráter constante. Acrescenta Rostow que alguns países realizaram a passagem das pré-condições para a decolagem por meio da importação de capitais estrangeiros, como os Estados Unidos, Rússia e Canadá. O principal vetor para captar capital e formar poupança interna durante as precondições são os investimentos estrangeiros. Para Furtado, em A economia brasileira, propôs como alternativa para que não seja preciso acumular capital em uma economia subdesenvolvida para adentrar o processo de desenvolvimento, o impulso vindo de fora. Em outras palavras, a abertura de uma corrente de comércio externo permitira a economia utilizar os seus recursos, como o fator terra, a mão-de-obra. O impulso externo beneficia inicialmente os setores diretamente ligados ao comércio exterior, principalmente através do aumento das remunerações outras que não salários. Se é persistente o impulso, haverá estímulo para que aumente a produção através de inversão dos lucros adicionais recém-criados. Começa, então, a série de reações conhecida, pelas quais a acumulação de capital e as melhoras técnicas que aquela traz consigo, vão libertando trabalho e terra, por um lado, e, absorvendo-os, por outro, com aumento da produtividade média social. (FURTADO, 1954, p. 198) Observe-se que, é possível sugerir que há uma semelhança da tese de Rostow para com a Teoria do Subdesenvolvimento de Furtado, o impulso externo na economia

11 11 subdesenvolvida exerceria o canal por onde viria o fluxo de capital para implementar o processo de industrialização. Contudo, não posso afirmar se houve um descuido por parte de Rostow ao estudar o processo de desenvolvimento econômico ou o autor não pretendeu relacionar a sua tese etapista com o subdesenvolvimento da periferia capitalista, mas não considerou os desequilíbrios estruturais provocados pelo subdesenvolvimento. Em outras palavras, Furtado em sua obra Perspectivas da Economia Brasileira, coloca que conforme o processo de industrialização no Brasil prosseguiu, mais enraizado o subdesenvolvimento projetava-se nas estruturas economias e sociais brasileiras. A incapacidade de certas economias, como a brasileira, de manter espontâneamente uma baixa ótima de crescimento se explica pelo fato de que o próprio crescimento de renda cria tôda uma série de desequilíbrios. A defeituosa orientação dos investimentos, características da etapa de desenvolvimento em que se encontra o Brasil, provoca permanente desgaste de recursos. Já nos referimos ao fato de que os investimentos inadequadamente orientados, criam excesso de capacidade em alguns setores e insuficiência em outros. (FURTADO, 1960, p. 18) Para Furtado o subdesenvolvimento não é um elemento estacionário da economia, ele está em constante mutação, propenso sempre a suscitar os desequilíbrios internos e externos nas economias subdesenvolvidas. Em sentido contrário, a tese de Rostow não teve tal preocupação, classificou como estagnada as economias que existia um teto no nível alcançável do volume de produção per capita. (ROSTOW, 1974, p. 16) Se em Perspectivas da Economia Brasileira, Furtado chamou a atenção aos desequilíbrios internos e externos proporcionado pelo subdesenvolvimento, focando na questão da baixa integração nacional, provocado pelo crescimento desequilibrado balizado pelo crescimento da região Sul e a estagnação do Nordeste. Na Operação Nordeste, de 1959, Furtado explica que este desequilíbrio interno da economia brasileira está gerando relações de dependência das regiões de economia tipo primário com o centro industrial 2. 2 Ver em Uma política de desenvolvimento para o Nordeste de autoria de Furtado, mas está como uma publicação conjunto do Grupo do GTDN, uma explicação mais apurada sobre as relações de dependência da região Nordeste com a Centro-Sul.

12 12 Não podem coexistir, no mesmo país, um sistema industrial de base regional e um conjunto de economias primárias dependentes e subordinadas, por uma razão muito simples: as relações econômicas entre uma economia industrial e economias primárias tendem sempre a formas de exploração. (FURTADO, 1959, p. 13) Continua Furtado no parágrafo a seguir: Êsse fenômeno de tão fácil observação, [...] a tendência das economias industriais, em razão da sua forma de crescer, a inibir o crescimento das economias primárias, êsse mesmo fenômeno está ocorrendo dentro do nosso País. (Idem, p. 13) Furtado ao analisar o processo de crescimento econômico do Brasil identifica que um dos pólos de concentração populacional do Brasil (o Nordeste), é o sistema subdesenvolvido representado pela velha economia da cana-de-açúcar. No outro extremo, é identificado o pólo do Centro-Sul, cujo sistema econômico é ditado pela industrialização. Dessa forma, a nossa intenção foi expor a amplitude do subdesenvolvimento no conceito de Furtado e de que forma este conceito vai se tornando mais complexo na Teoria do Subdesenvolvimento de Furtado. Chamo, finalmente, a atenção para o fato que para Rostow (1974) o sinônimo de decolagem está vinculado a um produto chave produzido por um país, utilizado na comercialização com outros países e a revolução industrial. O arranco é definido como uma revolução industrial, ligada diretamente a modificações radicais nos métodos de produção e exercendo efeitos decisivos num período de tempo relativamente curto (ROSTOW, 1974, p. 77). Demonstra Rostow, o caso da Inglaterra produtora de tecidos, o parque industrial que surgiu foi derivado da necessidade da produção em grande escala do produto. Outro caso expressivo é o surgimento da ferrovia, proporcionou modernas industriais carboníferas, siderúrgicas e de engenharia. Podemos compreender, que o capitalismo para Rostow é único, isto é, a forma como Rostow preconiza o capitalismo e a inserção deste nos países que estão transitando da sociedade tradicional para a fase das precondições são as mesmas. Em Furtado (2000), após a Primeira Revolução Industrial foram verificadas modificações qualitativas na economia mundial, que resultaram na expansão do desenvolvimento econômico em três possíveis direções.

13 13 A primeira direção da expansão do desenvolvimento econômico é o próprio desenvolvimento na Europa ocidental, repercutindo na desorganização da economia artesanal pré-capitalista e pela progressiva absorção de fatores liberados a um nível mais alto de produtividade. A segunda direção foi em direção às terras ainda desocupadas (os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá) e de características similares às da própria Europa. A terceira direção foi em direção às estruturas pré-capitalistas (os países da América Latina). A terceira linha de expansão da economia industrial européia foi em direção às regiões já ocupadas, algumas densamente povoadas, e com sistemas econômicos seculares de variados tipos, mas todos de natureza pré-capitalista. O contato das vigorosas economias capitalistas com essas regiões dotadas de velhas estruturas sociais não se fez de maneira uniforme. [...] Contudo, a resultante foi quase sempre a criação de estruturas dualistas, uma parte das quais tendendo a organizar-se na base da maximização do lucro e da adoção das formas modernas de consumo, e conservando-se outra parte nas formas pré-capitalistas de produção. Esse tipo de estrutura socioeconômica dualista está na origem do fenômeno do subdesenvolvimento. (FURTADO, 2000, p. 196) E neste caso que Furtado dá um passo a mais do que Rostow, em busca de formular uma teoria que dê conta de explicar a condição do subdesenvolvimento. Em sentido oposto, Rostow restringe a sua tese do processo de desenvolvimento econômico embasada pela Primeira Revolução Industrial realizada pela Grã-Bretanha e na experiência da Segunda Revolução Industrial efetuada pelos Estados Unidos. É afirmado por Rostow (1974) que a intervenção do Estado, pautado pela democracia, no planejamento é plausível em um contexto de crises econômicas do capitalismo ou de guerra, como foi a Segunda Guerra Mundial. Nesse sentido, O Estado deve investir em um setor estratégico da economia, como o da inovação tecnológica. Nossa tese é a de que o rápido crescimento de um ou mais novos setores industrial é um poderoso e essencial motor de transformação econômica (ROSTOW, 1967, p. 280). Para Rostow, o investimento em setores estratégicos da economia desencadeia um crescimento econômico, impulsionando os demais setores da economia. Contudo, afirma Rostow ser possível esta situação somente se sua força se deriva da multiplicidade dos seus tipos de impacto, quando uma sociedade está preparada para responder positivamente a este impacto (Idem). Por conta disso, sugerimos que Rostow é signatário da tese do crescimento econômico setorial.

14 14 Em sentido oposto à tese do crescimento setorial de Rostow, julga Furtado que o crescimento econômico deve ser realizado de uma forma integral na economia, considerando o crescimento equilibrado. Para Furtado a ação do Estado é considerada primordial e é o protagonista na intervenção na economia, na formação da poupança, na canalização dos recursos financeiros e na orientação dos investimentos. A realização destes três fatores se realiza por meio de instrumentos fiscais e monetários, legitimados pelo grau de flexibilidade e efetividade. A opinião de Furtado (2000) sobre o enfoque faseológico do desenvolvimento, apesar de elaborar um esforço interpretativo da história moderna com base em certos dados da análise econômica, torna o instrumento abstrato muito distante da realidade. Assim, a utilização destas análises para projeções a longo prazo é nula. Às etapas de Rostow não se pode emprestar mais que um alcance descritivo. Pretende ele que esse esquema faseológico tem raízes num certo número de proposições dinâmicas sobre a oferta, a procura e a forma de produção, isto é, numa teoria dinâmica de produção. Seria essa, entretanto, uma teoria demasiadamente simples que se limita a constatar que existe uma senda ótima para o desenvolvimento da produção, determinada pelo progresso técnico e as elasticidades da procura. Em torno da senda ideal, cada sociedade edificaria a história de seu próprio desenvolvimento. Demais, essa teoria da produção não nos explica a passagem das formas de produção tradicionais às industriais. (FURTADO, 2000, p ) Por conta disso, pressupomos que Furtado desqualifica a padronização estabelecida por Rostow, ao preconizar a necessidade de uma política de desenvolvimento que seja autêntica às peculiaridades de cada região. O conceito de decolagem aplicado por Rostow em uma economia em condições de estagnação econômica é limitada na apreciação de Furtado. Contrapondo ao modelo de crescimento econômico utilizado por Rostow, Furtado coloca o seu conceito de desenvolvimento econômico para um país subdesenvolvido. A política de desenvolvimento que se requer em um país subdesenvolvido é, principalmente, de natureza qualitativa: exige um conhecimento da dinâmica das estruturas que escapa à análise econômica convencional. A técnica corrente de projeções, base da política de desenvolvimento a longo prazo, que vem sendo adotada em

15 15 vários países, ignora a maior parte dos obstáculos estruturais que são específicos do subdesenvolvimento. (FURTADO, 1962, p. 39) Nesse sentido, podemos qualificar nesta dissertação Rostow como um teórico que se aproxima do grande tema do Subdesenvolvimento, porém sua tese está alijada do complexo tema que é o Subdesenvolvimento e dos seus desdobramentos em estruturas subdesenvolvidas. Por conta disso, com base na teoria de Furtado entendemos e sugerimos que a história econômica e a formação política do Estado na América Latina obedeceu à uma dinâmica diferente da verificada nas experiências em que foram aplicadas as cinco etapas para o crescimento econômico 3 de Rostow. A comparação que propusemos estabelecer aqui entre Nurkse e Furtado pode ser muito bem lembrada pelas memórias autobibliográficas de Furtado, A fantasia organizada, pelas acaloradas conferências proferidas por Nurkse, em 1951, no Brasil. Foram seis conferências ministradas por Nurkse, cujo tema central foi o intercâmbio comercial entre países produtores de matérias-primas e países industrializados. A questão da formação de capital tem sido fundamental nas discussões sobre o problema do desenvolvimento em países economicamente atrasados, chamadas por Nurkse de áreas subdesenvolvidas. Este tema foi central nas palestras (Cairo, Rio de Janeiro) realizadas por Nurkse sobre os problemas do desenvolvimento econômico e o comércio internacional. A formação de capital processa-se quando a sociedade não aplica tôda a sua atividade produtiva corrente em necessidades e desejos de consumo imediato, mas dirige uma parte dela à criação de bens de produção: utensílios e instrumentos, máquinas e facilidades de transporte, projetos e equipamentos tôdas as diferentes modalidades de capital real, que podem aumentar grandemente a eficácia do esfôrço produtivo. O têrmo é algumas vêzes usado abrangendo tanto o capital humano como o material. (NURKSE, 1957, p. 4) A tese do subdesenvolvimento de Nurkse tem como premissa a dificuldade na formação de capital em países subdesenvolvidos. Na concepção de Nurkse os países subdesenvolvidos estão envolvidos pelo círculo vicioso da pobreza. Conceitua então Nurkse sobre os fatores que sustentam o círculo vicioso da pobreza. 3 Em Etapas do Desenvolvimento Econômico, Rostow registra que as principais experiências em que foram aplicadas as cinco etapas do desenvolvimento econômico foram Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, Estados Unidos, Rússia.

16 16 Implica ele numa constelação circular de fôrças, tendendo a agir e reagir uma sôbre a outra de tal modo a conservar um país pobre em estado de pobreza. Não é difícil imaginar exemplos típicos destas constelações circulares: um homem pobre não tem o bastante para comer; sendo subalimentado, sua saúde é fraca; sendo fisicamente fraco, a sua capacidade de trabalho é baixa, o que significa que êle é pobre, o que, por sua vez, quer dizer que não tem o bastante para comer; e assim por diante. Tal situação, transporta para o plano mais largo de um país, pode ser resumida nesta proposição simplória: um país é pobre porque é pobre. (NURKSE, 1957, P.8) Conforme exposto o conceito de Nurkse sobre o círculo vicioso da pobreza, quando este é aplicado em países economicamente atrasados podemos compreender que o problema da formação de capital se torna mais complexo. É determinado por Nurkse que a oferta de capital é determinada pela propensão a poupar. A procura de capital é ocasionada pelos incentivos para investir. Contudo, para Nurkse o problema da formação de capital existe dos dois lados (oferta e procura) nos países pobres. Se para Furtado o crescimento econômico em países desenvolvidos é considerado: O crescimento de uma economia desenvolvida é, portanto, principalmente um problema de acumulação de novos conhecimentos científicos e de progresso na aplicação desses conhecimentos. Por outro lado, nos países subdesenvolvidos Furtado classifica o crescimento econômico como: O crescimento econômico de economias subdesenvolvidas é sobretudo um processo de assimilação da técnica prevalecente na época (FURTADO, 2010, p. 336). Nesse sentido, Furtado (2010) aprecia o problema de formação de capital em países atrasados economicamente, na mesma linha de raciocínio que Nurkse. O subdesenvolvimento é oriundo da utilização deficiente dos fatores de produção. Acrescenta Furtado, essa deficiência não resulta da má utilização dos fatores, mas da escassez do fator capital. De um lado, há desperdiço de mão-de-obra, do outro, há insuficiência de capital. A saída do círculo vicioso proposta por Furtado é a ação dos fatores externos (investimentos estrangeiros). Devo destacar, também, que a entrada de investimentos estrangeiros nos países subdesenvolvidos para Nurkse é considerada uma fonte para acumulação de capital e um método adequado para organizar o desenvolvimento econômico, seja na forma de serviços públicos ou de capital social. Contudo, pondera o autor que os países desenvolvidos têm utilizado os investimentos estrangeiros em países subdesenvolvidos para exercer o seu poder de dominação, explorando os recursos naturais a seu favor.

17 17 Aliado ao caráter exploratório dos investimentos estrangeiros, a pequenez do mercado interno nos países subdesenvolvidos contribui para o atrofiamento da renda. Nota-se ainda que outro fator levantado por Nurkse, que considera obstáculo para o desenvolvimento econômico é a pequenez do mercado interno, pois inibe a inversão de capital no mercado interno, em razão da limitada capacidade de absorção do mercado. É considerado por Nurkse que o principal determinante para dimensionar o tamanho do mercado interno é o nível da sua produtividade. Sugerimos que neste ponto exista discordância de Furtado em relação a esse problema proposto por Nurkse. Acentua o economista brasileiro que a questão fundamental a ser evidenciada é com relação à inexistência de um mercado externo em expansão nas economias subdesenvolvidas. Para Furtado, a introdução de equipamentos tecnológicos visando aumentar a produtividade em uma economia subdesenvolvida é inadequada, pois significará um aumento nos custos de produção concordando com Nurkse. Compreende Furtado que a introdução de inovações tecnológicas deve ser introduzida nas economias subdesenvolvidas, conforme a demanda exija um aumento progressivo na produtividade. Contudo, Furtado simplifica a questão da pequenez do mercado interno, propondo que se houver aumento da demanda do mercado externo provocara impulso e aumento na produtividade da economia subdesenvolvida, gerando aumento da sua renda e proporcionando capital para investir no seu mercado interno. Nesse sentido, para Nurkse o incentivo dado pelos investimentos externos dos países desenvolvidos é limitado para os países subdesenvolvidos, pela reduzida participação destes países no comércio internacional e pela pequenez do mercado interno. A dinâmica nos países subdesenvolvidos, segundo Nurkse atua em dois pólos diferentes. Um deles é o setor primário-exportador comandado pelos empresários e o outro é a pobreza dos consumidores locais em países subdesenvolvidos. A população dos países subdesenvolvidos possuem reduzida poupança doméstica, conseqüência do baixo nível de renda da população e o mau emprego da poupança da elite em consumo de produtos importados, relevando o efeito de demonstração. Os investimentos estrangeiros na teoria do Subdesenvolvimento de Furtado são importantes na fase inicial do processo de industrialização, injetando capital nas economias subdesenvolvidas, que padecem do baixo coeficiente de produtividade, da baixa renda per capita e escassez de poupança.

18 18 O impulso externo beneficia inicialmente os setores diretamente ligados ao comércio exterior, principalmente pelo aumento das remunerações outras que não salários. Se é persistente o impulso, haverá estímulo para que aumente a produção a partir da inversão dos lucros adicionais recém-criados. Começa então a série de reações conhecidas pelas quais a acumulação de capital e as melhoras técnicas que traz consigo vão libertando trabalho e terra, por um lado, e absorvendo-os, por outro, com o aumento da produtividade média social. (FURTADO, 2010, p. 339) De acordo com a citação da obra de Furtado, é possível sugerir que o comércio exterior possibilita o intercâmbio de poucos produtos que incorpora técnica avançadas dos países subdesenvolvidos, por uma multiplicidade de outras que incorporam técnicas mais ou menos avançadas dos países desenvolvidos. Julga Furtado que a expansão do comércio exterior não é causa suficiente para o desenvolvimento, mas pode ser uma condição necessária para que o mesmo efetive-se. Contudo, adverte Furtado (1954) que os lucros provenientes do aumento da produtividade beneficiaram os empresários primordialmente, para depois elevar os salários dos trabalhadores. Porém, a forma como evolui a demanda depende do comportamento dos empresários. Assim se houver concentração de renda nas mãos de poucos, não haverá modificações na estrutura. Assim, o aumento da produtividade pelo comércio exterior apenas providenciará lucros para poucos, que estarão propensos a seguir o padrão do consumo dos países desenvolvidos. O subdesenvolvimento em Nurkse pode se manifestar em países superpovoados e com escassez de população. Nos países superpovoados é caracterizado o subdesenvolvimento pelo desemprego disfarçado que é um fenômeno de massa inserido em economias predominantemente agrárias e superpovoadas, permanecendo oculta a poupança. No caso dos países com escassez de população, para Nurkse o subdesenvolvimento é configurado pela reduzida população e pela especialização na agricultura, assim a escassez da formação de capital é produto da baixa produtividade de produtos agrícolas. É sugerido por Nurkse, neste caso, o aperfeiçoamento das técnicas e dos métodos da produção agrícola. A melhoria das técnicas na produtividade agrícola é prioridade, pois a maior porcentagem da população nestes países permanece em postos de trabalhos presos à agricultura.

19 19 Para Furtado o subdesenvolvimento assume uma complexidade maior do que em Nurkse. Nas economias subdesenvolvidas, segundo Furtado, que possuem um núcleo industrial, o subdesenvolvimento passa a coexistir em três setores. No primeiro, predominam as atividades de subsistência e é reduzido o fluxo monetário; no segundo estão as atividades diretamente ligadas ao comércio exterior; no terceiro, finalmente, as que se prendem ao mercado interno de produtos manufaturados de consumo geral. Depara-se-nos, portanto, um tipo de estrutura econômica subdesenvolvida bem mais complexo que o da simples coexistência de emprêsas estrangeiras com remanescentes de um sistema précapitalista. (FURTADO, 1963, p. 189) O núcleo industrial moderno instalado nas economias subdesenvolvidas é considerado por Furtado (1963) o fator que propícia as reações cumulativas na estrutura da sociedade. O fator dinâmico da economia é a procura externa, cujo lucro auferido é reinvestido nas indústrias. Não obstante, a expansão do setor exportador está correlacionada com o aumento das importações incentivadas pelas elites. Expõe Furtado, que a partir da expansão das importações de produtos industriais pela elite, reduz o capital para investimento em infra-estrutura e na indústria nacional. A etapa superior do subdesenvolvimento para Furtado (1963) diversifica-se a produção de equipamentos industriais e este passa a produzir parte dos equipamentos requisitados para a expansão da sua capacidade produtiva. O processo de desenvolvimento nas economias subdesenvolvidas continua a ser as políticas substitutivas, o fator dinâmico está repousado sobre a indução externa e não nas inovações introduzidas nos processos produtivos, como em economias desenvolvidas. No entanto, como o sistema é capaz de produzir bens de capital de que necessita para a expansão da sua capacidade produtiva, existe a tendência do continuar o crescimento econômico, porém, em tais condições o desenvolvimento é operado por forte pressão inflacionária. Contudo, concorda Furtado (2000) com a tese do crescimento equilibrado de Nurkse como uma alternativa para um país sair da condição de subdesenvolvimento. Dessa forma, salienta Furtado que é preciso um conjunto de projetos industriais que sejam complementares. Como os empresários não possuem condições de romper com a inércia inicial que oferecem as estruturas subdesenvolvidas, torna-se essencial a promoção por parte do Estado de políticas econômicas.

20 20 Entende Furtado (2000), que a tese do crescimento equilibrado, do qual Nurkse é signatário, propõe a ação embasada pelo projeto de industrialização, tendo em vista que as exportações de produtos primários são fracas ou nulas nos países subdesenvolvidos, em todos os setores, de forma que possibilite um crescimento equilibrado para que satisfaça a procura global e seja diversificada com a expansão de renda. Dentro os três autores dos países desenvolvidos analisados nesta dissertação é possível considerar que foi Myrdal o primeiro teórico que Furtado teve contato. Retomando a autobibliografia de Furtado, o economista cita que após a Segunda Guerra Mundial nutria grande vontade por retornar à Europa. Este retorno possibilitou a Furtado ter contato com as técnicas de planificação, que estavam sendo implantadas na reconstrução da Europa. A frente desta empreendedora tarefa estava Myrdal, que ocupava o cargo de secretário executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas na Europa. É reconhecido por Furtado (2000) o eficiente avanço dado por Myrdal, por meio da quebra com o modelo do equilíbrio estável da teoria econômica clássica. A importância do trabalho de Myrdal está em que ele levou a uma revisão das próprias categorias analíticas. As decisões econômicas mais significativas, longe de provocar reações tendentes a anular o impulso inicial, põem em marcha processos cumulativos no sentido desse impulso; sendo assim, os supostos valores de equilíbrio das variáveis são uma abstração sem significativos do comportamento dos agentes econômicos. (FURTADO, 2000, p. 121) Assim, para Myrdal (1968) em países subdesenvolvidos há uma tendência ditada pelo aumento populacional e pela desigualdade entre estes países e os países desenvolvidos. Por conta disso, Myrdal salienta que a teoria internacional do comércio não é suficiente para explicar como as desigualdades econômicas internacionais se produzem e tendem a aumentar. A teoria do comércio internacional e, na verdade, a teoria econômica, em geral, jamais foram elaboradas para servir ao propósito de explicar a realidade do subdesenvolvimento e do desenvolvimento econômico. (MYRDAL, 1968, p. 27) A teoria do equilíbrio estável para Myrdal (1968) está embutida na teoria clássica econômica. Argumenta Myrdal, é preciso uma teoria que dê conta de preencher as lacunas deixadas pela teoria clássica quando direcionada para estudo do

21 21 subdesenvolvimento. Por conta disso, Myrdal (1968) embasa-se no conceito de círculo vicioso 4 da pobreza para expor o grau da pobreza e miséria nos países subdesenvolvidos. Para Myrdal, a integração nacional é considerada uma possível saída a condição de subdesenvolvimento, rechaçando as desigualdades internacionais que têm resultado no desnivelamento entre as nações, ilustrado pelo baixo poder de barganha dos países periféricos. O atraso econômico, cultural nos países subdesenvolvidos, a dominação econômica estrangeira e o colonialismo político são conseqüências da frouxa relação entre os países subdesenvolvidos. Caso existisse forte relação entre este grupo de países haveria maior integração regional. (Myrdal, 1968) Até o presente não há, a bem dizer, cooperação econômica entre os países subdesenvolvidos, e a base para que se estabeleça é fraca, uma vez que a situação inicial é quase completa falta de relações econômicas e, muitas vezes, de reais facilidades de transporte. Todavia, no plano político mais geral, está em marcha crescente solidariedade entre os países subdesenvolvidos, que tende a tornar-se uma das grandes forças da História. Têm em comum as reminiscências da dominação e da exploração estrangeira, profunda compreensão da pobreza e da desigualdade internacional e a ambição de conseguir participar mais intensamente das oportunidades mundiais. (MYRDAL, p. 111) Para Myrdal, a política de integração regional entre os países pobres aumenta o poder de barganha destes com os países ricos e a fortificação desta integração pode chegar a tal ponto, que passaria a ser interessante para os países ricos estabelecerem relações frutíferas com os países pobres. A integração de economias subdesenvolvidas para Furtado (2000) assume várias situações. A primeira que Furtado salienta é com relação aos países que sofrem da ausência do processo de industrialização e de mercados internos reduzidos. Nesta situação, a integração tende a favorecer desigualmente os países, seguindo a tendência de concentração dos frutos do desenvolvimento em determinada região. No segundo caso, Furtado coloca que é o de integração de economias em graus distintos de industrialização. Caso um dos países detenha uma produção em escala, a integração beneficiara o país mais industrializado. Mesmo se o nível de industrialização 4 O círculo vicioso da pobreza foi utilizado por Nurkse em sua obra Problema de Formação de Capital em Países Subdesenvolvidos, em 1953.

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