Cake Design. parece uma febre culinária. A importância. Entrou em moda há pouco tempo, mas já. 'visual' do que de sabor. da pastelaria é hoje mais

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1 Cake Design Entrou em moda há pouco tempo, mas já parece uma febre culinária. A importância da pastelaria é hoje mais 'visual' do que de sabor

2 mos anos tem sido verdadeiramente desbravado. A meados do século, a empresa começou a desenvolver a sua própria linha de produtos de decoração de bolos. Na década de 60, o método Wilton era já uma referência na arte de decoração de bolos, conhecida por 'cake design'. Actualmente, aliada à criatividade e vocação artística, os cake designers possuem ao seu dispor um conjunto de ferramentas que permitem aper- na área, o conceito de 'cake design' é, contudo, ainda desconhecido por grande parte da população, embora os seus adeptos sejam cada vez em maior número. Se até há poucos anos a confecção dos bolos era mais centrada no sabor, na massa e no seu recheio, JA COM UM LEQUE VARIADO DE PROFISSIONAIS hoje em dia, a componente visual assume também uma importância primordial, dando cumprimento a uma das máximas muito usuais na cultura japonesa de que os olhos também comem. Ao contrário de outra áreas da culinária, a decoração dos bolos, era algo descurado, não havendo grande criatividade em torno daquilo que era confeccionado. Nos anos 20, do século XX, as empresas Wilton vieram abrir um novo caminho, o qual só nos últi- feiçoar o resultado final, fazendo de alguns bolos verdadeiras obras de arte. Além dos cortadores, marcadores, pincéis e outro tipo de utensílios que facilitam todo o processo, é possível adquirir a pasta de açúcar já confeccionada, branca ou colorida, havendo no mercado diferentes opções. A diversificação da decoração de bolos como arte levou a duas realidades. Por um lado, há profissionais que trabalham todo o produto, desde a confecção da massa à decoração, e, por outro, aqueles que apenas se dedicam à parte exterior, ou seja, toda a componente artística. Embora seja difícil para as pastelarias corresponder a todas as encomendas de forma personalizada, pelo tempo que tal implica e porque nem toda a gente valoriza essa vertente, há, contudo, um percurso realizado nessa área. "É diferente termos um ou dois bolos para decorar ou ter duas ou três dezenas, e sobretudo se nessas dezenas há um ou dois que nos exigem duas ou três horas de

3 NA PASTELARIA MIMINHOé já possível adiquirir bolos personalizados, na vertente do 'cake design'. As figuras infantis são as rainhas nas encomendas para aquele bolo especial, seja de aniversário ou por outro motivo.

4 Tendo por base a qualidade satisfação dos desejos dos clientes, a Miminho tem e a acompanhado a evolução no 'cake design'. trabalho exclusivo, como muitas vezes acontece, mas na minha opinião não há 'decoração' de bolos sem design, naturalmente e nessa perspectiva essa conciliação é uma constante", revela à MAIS, Cristina Andrade, responsável pela área da acabamentos da pastelaria Miminho. "O trabalho de decoração de pastelaria é uma arte manual e que mesmo as 'peças' mais simples são peças únicas, podendo dar mais ou menos trabalho, mas únicas. A verdade é que os bolos personalizados, de modo geral, exigem uma grande dedicação de tempo, pelo que têm, como também é lógico, um custo mais elevado. Assim, na Pastelaria Miminho temos um pouco de tudo, os bolos mais simples, com menos tempo de mão de obra e por si só mais económicos passando pelos solicitados com o envio de uma imagem ou foto, já por orçamento, e culminando nos personalizados para um pedido especifico e após reunião com o cliente." Cristina Andrade sublinha que "o conceito de 'cake design' é, de facto, relativamente recente em Portugal", acrescentando que, "porém, a arte, no que esta tem de criativo e único, associada à técnica de decorar bolos, que sustenta este conceito de 'cake design', não é nova". "Para nós Pastelaria Miminho este conceito não constitui novidade, dado que temos, desde a nossa fundação, procurado acompanhar a evolução deste conceito, - quer em relação às novas tendências, que vão surgindo em termos de design, quer dos materiais, das técnicas e dos utensílios que nos permitem moldar e criar -, primeiro, através de publicações especializadas oriundas dos Estados Unidos e de Inglaterra, pioneiras nesta matéria, depois através de 'workshops', alguns que frequentei." Actualmente, as encomendas na área do 'cake design' são muito diversificadas, uma vez que a tendência "se traduz num abandono cada vez maior dos modelos padronizados". Contudo, na

5 SEJA PARA CRIANÇAS OU PARA ADULTOS, as criações de Maria João Gonçalves não conseguem deixar ninguém indiferente. Nem dá vontade de partir.

6 Miminho, as mais frequentes são os bolos de aniversário encomendados para as crianças e os bolos de casamento. Segundo Cristina Andrade, "os primeiros são extremamente diversificados, reflectindo na sua diversidade a criatividade característica do imaginário infantil". "São, evidentemente, os pais que encomendam os bolos dos filhos, mas ao fazerem a encomenda procuram recriar elementos desse universo infantil e dos seus gostos". Já os segundos, adianta, "são actualmente também extremamente especializados, dado que os casais optam cada vez mais por personalizar os seus bolos, integrando-os na história da sua relação e transformando -o num elemento significativo do momento que vivem". Se no caso da Miminho o 'cake design' acabou por ser uma evolução natural, já para Maria João Gonçalves representou uma mudança completa no percurso de vida. Enfermeira de profissão, em 2006 deixou de exercer para se dedicar ao 'cake design' a tempo inteiro, numa altura em que este conceito ainda era muito pouco conhecido. Desde então, refere a evolução "tem sido " gradual". Inicialmente, na altura em que comecei, não conhecia a existência deste tipo de bolos e a sua comercialização cá na Ilha era escassa - penso que era contado com uma mão as pessoas que o podiam fazer nessa altura -, eu apenas conhecia os bolos que eram cobertos com a pasta de açúcar e decorados de forma mais simples, comercializados nas pastelarias." Maria João Gonçalves sublinha que, "por ser um tipo de bolo muito atractivo, as pessoas quando o vêem normalmente querem experimentar e comprar". "As crianças vibram ao ver os seus heróis ou heroínas nos seus bolos de aniversário, os adultos ficam fascinados com as personalizações, os noivos vêem a possibilidade de ter um bolo totalmente personalizado para o dia 'D', etc." Um fascínio que faz com que esta seja uma área com um enorme potencial. A verdade é que a possibilidade de comprar a pasta de açúcar já preparada abre também novas perspectivas. "Aos poucos, as próprias pessoas que foram contactando com esta vertente da doçaria artística - as pessoas que compravam os bolos para as suas festas ou pessoas que foram conhecendo este mundo por outros meios -, sentiram um despertar e a curiosidade em experimentar em casa, tanto para fazerem os bolos para os filhos ou para outros familiares", afirma a cake designer. Com uma consistência semelhante à da plasticina, a pasta de açúcar facilita todo o processo de criação de figuras, tornando-se "um excelente passatempo para as mães fazerem com os filhos em casa". Na opinião de Maria João Gonçalves, esse facto "despertou o lado artístico de várias pessoas que ao experimentarem perceberam que até podiam fazer algo mais nesta área do que uma mera experiência, ou seja, podiam comercializar bolos diferentes do habitual ou do tradicional e assim trazer uma lufada de ar fresco às suas profissões". Hoje em dia, salienta, "há várias pessoas na Ilha a fazerem este tipo de bolos decorados e a comercializá-los para diversas ocasiões", sendo a tendência, na sua óptica, a continuação desta realidade. Essa percepção levou mesmo a que a cake designer tenha também enveredado pela componente da formação, através da realização de Vorkshops'. "Desde o início da minha caminhada nesta arte, comecei a receber vários s - tanto de portuguesas como de pessoas de outros países - a perguntarem se eu dava cursos nesta área e a revelar um grande interesse em aprender mais". Assim, em Março de 2011, surgiram os primeiros 'workshops' de Cake Design da Madeira, realizado em parceria por Maria João Gonçalves e Sílvia Ferreira, uma cake designer de Oeiras. "A adesão fez-se a uma velocidade alucinante e em apenas dois dias ficámos com o fím-de-semana de formação totalmente preenchido, bem como, com uma lista de pessoas suplentes que dava para mais dois dias de formação. Aí percebemos claramente que havia sede de aquisição de conhecimentos nesta área aqui na região e foi uma forte alavanca para organizarmos mais dois conjuntos de 'workshops' no ano transacto, em Julho e em Novembro, respectivamente." Embora seja uma arte em crescimento, Maria João Gonçalves sublinha que "uma grande parte das pessoas não tem noção deste processo e muitas vezes fazem os pedidos quase em cima da data de entrega, o que normalmente não é viável para este tipo de bolos por diversos motivos". A cake designer salienta que "um dos momentos mais importantes deste processo é o da idealização do design do bolo, o que normalmente é feito pelas duas partes". "Para esta fase são precisos alguns dias, pois normalmente a inspiração não é imediata e implica um trabalho mental e de pesquisa para a criação do design mais indicado para o tema que o cliente solicita". Depois é pre-

7 ciso meter mãos à obra. Conforme a complexidade do bolo, a parte decorativa pode ter duração, no mínimo, de quatro horas, pondendo levar até um ou dois dias. Embora saliente que o bolo deva ser tão agradável à vista como de sabor, Maria João Gonçalves foi levada para este mundo pela parte artística. "Eu considero que a pastelaria é uma arte extraordinária e que dá excelentes bases para quem se inicia neste mundo da arte doce. Pelo meu percurso, a minha tendência é também a de criar as minhas próprias massas, o que sem dúvida que implica alguma criatividade quando me dedico a tal esporadicamente. Contudo, é na área da idealização e da decoração dos bolos que me sinto literalmente nas nuvens."

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