TRIBUTÁRIO EM FOCO #EDIÇÃO 2 Janeiro de 2012

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1 TRIBUTÁRIO EM FOCO #EDIÇÃO 2 Janeiro de 2012 NOVIDADES NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRE OS GANHOS AUFERIDOS NO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS - INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1.236/2012 EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) - LEI Nº /2011 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE A RECEITA BRUTA - LEI Nº /2011 PARCELAMENTO E ANISTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO LEI Nº /2011 DECISÕES JUDICIAIS APRESENTAÇÃO DE BENS SUSPENDE COBRANÇA FISCAL LIMINARES LIBERAM EMISSÃO DE NOTA FISCAL DECISÕES ADMINISTRATIVAS ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE - ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO RFB Nº 18 RECEITA FEDERAL CANCELADA MULTA PELO ATRASO NA ENTREGA DE DCTF NOVIDADES NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRE OS GANHOS AUFERIDOS NO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1.236/2012 Por meio da Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.236, de 11 de janeiro de 2012, foi alterada a Instrução Normativa RFB nº 1.022, de 5 de abril de 2010, que dispõe sobre o Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos e ganhos líquidos auferidos nos mercados financeiro e de capitais. Dentre as alterações promovidas, destacamos, dentre outras, as que se referem: às regras relacionadas à composição da carteira dos fundos de investimento para que os mesmos sejam classificados em fundos de longo ou curto prazo para fins tributários;

2 à aplicação da alíquota zero do IR nos ganhos auferidos por pessoa física na alienação de cotas de Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura (FIP-IE) e Fundo de Investimento em Participação na Produção Econômica Intensiva em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I); ao tratamento tributário conferido ao Fundo de Investimento com Carteira em Debêntures, de forma que a alíquota do IR sobre os rendimentos produzidos pelo fundo foi reduzida a: zero quando remetidos para residente no exterior (não-paraíso fiscal) que realizar operações financeiras no Brasil e quando auferidos por pessoa física; e 15% quando auferidos por pessoa jurídica. à aplicação da alíquota zero do IR sobre os rendimentos auferidos por pessoa física em debêntures emitidas por sociedade de propósito específico constituída para implementar projetos de investimento nas áreas de infraestrutura, pesquisa, desenvolvimento e inovação; à aplicação da alíquota zero do IR sobre os rendimentos produzidos por títulos ou valores mobiliários adquiridos a partir de 1º de janeiro de 2011, objeto de distribuição pública ou de emissão por pessoa jurídica considerada não-instituição financeira quando remetidos para residente no exterior (não-paraíso fiscal); e à aplicação da alíquota zero do IR sobre os rendimentos de Fundo de Investimento e de Fundo de Cotas de Fundo de Investimentos de que trata o item anterior remetidos para residente no exterior (não paraíso fiscal). A Instrução Normativa entrou em vigor na data da sua publicação, qual seja, 12/01/2012. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) - LEI Nº /2011 Entrou em vigor em 9 de janeiro de 2012 a Lei nº , de 12 de julho de 2011, que criou a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli), constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País - R$ 62,2 mil em valores atuais. A Eireli, constituída por um só titular, garante a distinção entre o patrimônio do empresário e o patrimônio social da empresa, representando modalidade de pessoa jurídica que protege os bens pessoais do empreendedor. Anteriormente à Lei em questão, o Código Civil previa apenas a figura do microempreendedor individual (MEI), que, ao contrário da Eireli, responde com seu patrimônio pessoal por eventuais compromissos decorrentes da atividade empresarial. O nome empresarial deverá, necessariamente, conter a expressão EIRELI, da mesma maneira que hoje acontece com as sociedades limitadas (Ltda.) e as anônimas (S.A.), sendo proibido ao empresário individual de responsabilidade limitada figurar em mais de uma empresa da mesma modalidade. Quanto ao registro, a Coordenação-Geral de Tributação (Cosit), da Secretaria da Receita Federal, atendendo à consulta originada de associação ligada a registradores públicos, encaminhada à Coordenação Geral de Gestão de Cadastros (Cocad), que regula o registro das pessoas jurídicas no CNPJ, por meio de sua Nota 446, de 16 de dezembro de 2011, emitiu entendimento sobre a possibilidade de inscrição da Eireli.

3 A nota esclarece que as sociedades consideradas simples pelo Código Civil, que na prática são as formadas por autônomos ou profissionais liberais, também podem ser registradas em cartório. As demais continuam a ser abertas pelas Juntas Comerciais. A Nota conclui o seguinte: Destarte, embora não se trate de matéria de competência da RFB se manifestar acerca de competência de registro de nova figura jurídica, responde-se à consulente que, pelo exposto - em especial em função da indefinição da lei, pela referência feita às regras previstas para sociedades limitadas e pela analogia ao que se tem hoje positivado relativamente ao registro de sociedade empresária e simples, ambas podendo ser de responsabilidade limitada infere-se que o registro de Eireli poderá ser feito tanto no Registro Público das Empresas Mercantis pelas Juntas Comerciais como no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Por meio da nota, a Cosit orienta os funcionários do setor de cadastro da Receita Federal a expedir o CNPJ de Eireli que tenha sido registrada em cartório, se for sociedade simples. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE A RECEITA BRUTA - LEI Nº /2011 A Medida Provisória nº 540/2011 foi convertida na Lei nº , de 14 de dezembro de A Lei nº /2011, dentre outros assuntos, alterou a base de cálculo e a alíquota das contribuições previdenciárias devidas pelos prestadores de serviços de Tecnologia da Informação (TI), Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), fabricantes de vestuários, calçados e móveis. As contribuições previdenciárias, antes incidentes sobre a remuneração de empregados e contribuintes individuais (alíquota patronal de 20%), passarão a incidir sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, à alíquota de (a) 2,5%, para os prestadores de serviços de TI e TIC; e (b) 1,5%, para os fabricantes de vestuários, calçados e móveis previstos nos códigos especificados. A Lei nº /2011 não se aplica a empresas que exerçam exclusivamente as atividades de representante, distribuidor ou revendedor de programas de computador. No caso de empresas de TI e de TIC que se dediquem a outras atividades, o cálculo da contribuição obedecerá: à Lei nº /2011 quanto à parcela da receita bruta correspondente aos serviços de TI e TIC mencionados; e à Lei nº 8.212/1991, quanto às demais receitas; vale dizer, a contribuição previdenciária será devida mediante a aplicação da alíquota de 20% sobre a folha de salários / total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos ou contribuintes individuais que lhe prestem serviços. Oportuno esclarecer que a Lei nº /2011 produzirá efeitos a partir de 1º de abril/2012 para as empresas de TI e TIC que se dediquem a outras atividades.

4 As demais alterações terão vigência a partir de 1º/12/2011. Na hipótese de majoração da contribuição social a ser recolhida, entendemos que a alteração promovida pela Lei nº /2011 poderá ser questionada pelo contribuinte judicialmente. PARCELAMENTO E ANISTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO LEI Nº 6.136/2011 O Estado do Rio de Janeiro, por meio da Lei nº 6.136, de 28 de dezembro de 2011, concedeu uma nova anistia aos contribuintes que possuem débitos inscritos em dívida ativa, ajuizados ou não e vencidos antes de 30 de novembro de Os débitos em questão poderão ser pagos à vista, parcelados em até 18 vezes ou quitados por meio de compensação com precatórios já expedidos. Em qualquer modalidade de pagamento, haverá o direito à redução de 50% dos juros de mora e à exclusão integral das multas. O parcelamento será regulamentado pelo Poder Executivo e entrará em vigor em 1º de fevereiro de Os interessados terão até 31 de maio para fazer a adesão. Quanto aos débitos ainda não inscritos, o contribuinte deverá apresentar requerimento, até o dia 30 de abril de 2011, para que o débito seja encaminhado para a dívida ativa, o que possibilita a inclusão no programa dos débitos relativos a processos administrativos pendente de decisão com possibilidade remota de êxito. Os contribuintes participantes ou excluídos de parcelamentos anteriores também poderão aderir ao programa. A Lei nº 6.136/2011 limita as prestações do parcelamento ao mínimo de R$ 100 nos débitos de pessoa física e de R$ 200 para dívidas de pessoa jurídica. Os benefícios do programa serão cancelados imediatamente, se ocorrer atraso superior a 30 dias no pagamento. Quanto à compensação com precatórios do Estado, o contribuinte só poderá compensar 95% da dívida, de forma que os 5% restantes devem ser pagos em até cinco dias úteis após o deferimento da compensação. A lei estabelece ainda a remissão total dos débitos inscritos em dívida ativa até 1997, com valor inferior a 4.683,40 Ufir-RJ, cerca de R$ 9 mil, além dos débitos inscritos até 30 de novembro do ano passado, com valor inferior a 468,34 Ufir-RJ, aproximadamente R$ 900. Ressaltamos ainda que o estado do Rio de Janeiro, com a edição da Lei nº 6.127, de 28 de dezembro de 2011, passará adotar a Selic - utilizada pelo Governo Federal - como índice de atualização dos débitos tributários em substituição à Ufir Estadual, que será extinta em 30 de junho. Os valores devidos pelo Estado também passarão a ser atualizados pela Selic. DECISÕES JUDICIAIS APRESENTAÇÃO DE BENS SUSPENDE COBRANÇA DE DÉBITO FISCAL

5 A 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o oferecimento de garantia suspende, necessariamente, os efeitos da ação de execução fiscal e, portanto, a União, o Estado ou os Municípios não poderão recorrer a medidas tendentes à satisfação do crédito. O contribuinte, para questionar um débito que está sendo exigido por meio execução fiscal, está obrigado a oferecer bens que garantam a dívida, como determina a Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830, de 1980), sendo que os efeitos da execução são suspensos até a análise do recurso. No entanto, alguns juízes têm aplicado à execução fiscal norma do Código de Processo Civil (CPC), segundo a qual o recurso não garante a suspensão do processo de execução. O Código de Processo Civil permite a apresentação de recursos em uma execução sem garanti-la e, nestes casos, o recurso não suspende a exigência da dívida. O contribuinte poderá sofrer a exigência da dívida, ainda que tenha recorrido via embargos à execução. Alguns juízes têm entendido pela aplicação conjunta das duas regras - o CPC e a Lei de Execuções Fiscais. Em alguns casos, embora a empresa ofereça bens, fiança bancária ou depósito judicial, a execução fiscal continua a correr normalmente, independentemente do recurso dos embargos. O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR) havia julgado que, após a alteração no CPC, a nova regra se aplicaria também às execuções fiscais. A empresa ofereceu bens como garantia; no entanto, a execução teve prosseguimento, sem efeito suspensivo. A empresa recorreu ao STJ, argumentando que a Lei de Execuções Fiscais (LEF) é uma norma especial e que, portanto, prevaleceria sobre a norma geral do CPC. Ao analisar o recurso, a 1ª Turma da Corte deu razão à empresa, reconhecendo a incompatibilidade entre as duas regras. O relator do processo, ministro Benedito Gonçalves, entendeu que a Lei 6.830/80 é norma especial em relação ao Código de Processo Civil, de sorte que, em conformidade com as regras gerais de interpretação, havendo qualquer conflito ou antinomia entre ambas, prevalece a norma especial (REsp nº /PR). A questão ainda não está definida e poderá ser pacificada pela 1ª Seção da Corte. LIMINARES LIBERAM EMISSÃO DE NOTA FISCAL Alguns contribuintes do ISS foram surpreendidos no início do ano com a medida da Prefeitura de São Paulo que determinou o bloqueio da Nota Fiscal Eletrônica. A restrição aos contribuintes inadimplentes está prevista na Instrução Normativa (IN) nº 19, da Secretaria de Finanças, publicada em 17 de dezembro de 2011.

6 A norma considera inadimplente, em relação ao recolhimento do ISS, o contribuinte, pessoa jurídica domiciliada no Município de São Paulo, que alternativamente: (a) deixar de recolher o ISS devido por 4 (quatro) meses de incidência consecutivos; ou (b) deixar de recolher o ISS devido por 6 (seis) meses de incidência alternados dentro de um período de 12 (doze) meses. De acordo com a norma, os estabelecimentos que contratarem serviços de empresas com autorização suspensa deverão preencher a Nota Fiscal Eletrônica do Tomador/Intermediário de Serviços (NFTS), reter na fonte e recolher o ISS devido. A norma entrou em vigor em 1º/01/2012. Liminares do judiciário determinaram que a Administração Municipal libere a emissão do documento. Os juízes consideraram, em todos os casos, que o Fisco tem outros meios previstos em lei para cobrar os débitos fiscais e não poderia coagir os contribuintes a pagar suas dívidas de tal forma. A jurisprudência é consolidada no Supremo Tribunal Federal (STF), no sentido de que não pode a Fazenda exigir tributos por meio de sanções políticas. Súmulas da Corte 70, 323 e 547. Além disso, a Constituição Federal garante a livre prática de atividades econômicas e a liberdade do exercício profissional. DECISÕES ADMINISTRATIVAS ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO RFB Nº 18 Por meio do Ato Declaratório Interpretativo nº 18, de 23 de dezembro de 2011, a Receita Federal do Brasil isentou do Imposto de Renda Retido na Fonte as remessas de pagamento a título de juros ou similares, comissões e outras despesas devidas em função de empréstimos, garantias ou créditos anteriormente concedidos por meio de garantias bancárias devidas a instituições financeiras da Alemanha. A medida será aplicada às operações realizadas a partir de 14 de setembro de 2011 oportunidade em que foi assinado o termo de Reciprocidade de Tratamento Tributário referente a Rendimentos auferidos por Governos Estrangeiros. O Brasil e a Alemanha não possuem acordo para evitar a dupla tributação e, dessa forma, as disposições do Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 18 asseguram a remessa de pagamentos para a Alemanha sem a inclusão dos valores na base de cálculo do Imposto de Renda. RECEITA FEDERAL CANCELADA MULTA PELO ATRASO NA ENTREGA DE DCTF A Receita Federal, com base no Ato Declaratório Executivo nº 1, publicado em 10/01/2012, no Diário Oficial da União (DOU), cancelará as multas aplicadas pelo atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) do mês de setembro de 2011.

7 A penalidade será suspensa desde que o documento tenha sido apresentado pelo contribuinte até 27 de dezembro de A multa pelo atraso na transmissão é de 2% sobre o valor total de impostos e contribuições informados na DCTF. Este informativo foi elaborado exclusivamente para nossos clientes e apresenta informações resumidas, não representando opinião legal. Dúvidas e esclarecimentos específicos sobre tais informações deverão ser dirigidas ao nosso escritório.