Coleta Seletiva - Projeto de Implementação
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- Lucca Rosa Salgado
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1 Coleta Seletiva - Projeto de Implementação Fabio Amendola Diuana Escola Politécnica Universidade Federal do Rio de Janeiro Resumo Este trabalho tem por objetivo esclarecer dúvidas e mostrar possíveis métodos e maneiras de se implantar um sistema de coleta seletiva em um prédio, condomínio ou vila. Mas desde já, deixando claro que cada local tem suas peculiaridades específicas, sendo então um modelo mutável e transformável de acordo a cada realidade. Serão abordados temas como: educação ambiental e conscientização, aspectos gerais de coleta seletiva (o por que, os benefícios, dificuldades, plano de logística, o futuro), além de contatos e destinação. Introdução A coleta seletiva é o processo que faz parte de uma cadeia de reciclagem, que de forma resumida pode ser considerado como; a parte entre a separação dos materiais que podem ser recicláveis, como papel, vidro, plástico, e o processo industrial da reciclagem. Com ela resíduos sólidos podem ser reciclados e passam a ter um destino diferente dos lixões e aterros sanitários, voltando para a cadeia de produção, fazendo então do processo um ciclo. Assim dois benefícios são alcançados: a vida útil dos aterros sanitários é prolongada e o meio ambiente é menos contaminado e o uso de matéria-prima reciclável diminui a extração dos, muitas vezes esgotáveis, recursos naturais. 64
2 Estes benefícios já são suficientes para estimular e justificar um aumento da rede de coleta seletiva do país, mas há ainda outros fatores como por exemplos o fato de que como lixões e aterros menos abarrotados o governo poderá diminuir a verba gasta com tratamento e disposição e aplicá-la em outro lugar. Além disso, produtos que tem como matéria-prima material reciclado são mais baratos (e de mesma qualidade ao produto feito com material virgem). Como se não bastasse é ainda possível a venda do lixo reciclado, que é vendido em toneladas, o que geraria uma pequena fonte de arrecadação para o prédio, por exemplo. Geração de empregos em cooperativas de catadores de lixo também é uma consequência gerada por essa atitude. A partir daí, com diversos bons motivos que levam a pessoa a ter vontade para implementar a coleta seletiva em seu condomínio as perguntas que irão surgir são: como e por onde começar? Como mobilizar outros moradores? Quem irá coletar meu lixo reciclável? Este lixo terá o destino correto? O projeto Coleta seletiva é muito mais que por lixeiras coloridas e separar o lixo, apesar de não haver uma fórmula universal para a implementação da coleta, é consenso que a coleta seletiva deve ser planejada através de um tripé base: Educação Ambiental, logística e destinação. O ideal é que o tripé seja pensado da destinação para a informação e conscientização dos moradores. Isto porque de nada adianta separar e armazenar lixo sem ter ninguém para coletá-lo e destiná-lo corretamente. Então é válido pesquisar se há cooperativas próximas a região e quais os métodos operacionais dela, pode-se também buscar ONG`s ou projetos sociais que encaminham o material reciclável doado para Centrais de Separação de Resíduos (CSR). Pode ser também que o serviço de coleta seletiva do governo da sua região atenda sua área, sendo assim uma situação mais simples. No Rio de Janeiro a Comlurb atende, com a coleta seletiva, muitos bairros da zona sul, onde o lixo vai 65
3 para a CSR de Botafogo, e alguns da zona oeste, na qual o lixo vai para a CSR de Vargem Pequena. Ou até possíveis ecopontos que existem espalhados em algumas cidades, onde eh possível levar o lixo reciclável. Analisado possíveis locais de destinação e coletores, está na hora de começar o planejamento logístico da seleção e separação do lixo. Deve-se buscar fazer um diagnostico do lixo gerado, como por exemplo peso ou volume, e estimativas da composição do lixo, orgânico papel vidro... Após isso busca-se uma analise física da região. Onde o lixo é armazenado, e se há espaço e material (latões e tambores) para ele ser armazenado junto com o lixo comum, mas com a devida diferenciação. Caso o local existente não seja possível para a disposição, pode-se buscar alternativas para essa armazenagem de acordo com a disponibilidade do local, por exemplo um espaço na garagem ou no play, ou até, como é feito em alguns lugares, uma armazenagem individual. Visto isso pode-se começar a pensar como vai ser a coleta, se de todos os tipos de materiais recicláveis ou somente dos mais fáceis, os mais gerado e com maior facilidade de separação. E também qual tipo de separação será usada. A separação em reciclável e não reciclável é recomendada em detrimento da separação multisseletiva, que separa o lixo em diversos materiais, com cada lixeira com uma cor. Isto acontece porque na separação por cores o espaço necessário é maior; a dificuldade de enquadrar alguns materiais como a embalagem longavida - elas são feitas de papelão, alumínio e plástico. Em que lixeira devo colocar? E o isopor, em que lixeira colocar? Com uma lixeira para todos os recicláveis podemos utilizar o sistema de lixeiras individuais aumentando a responsabilidade individual pela separação dos recicláveis. E também se a coleta vai ser somente em um local, com todos os moradores levando o lixo reciclado pra um lugar pré-determinado ou se existirão locais intermediários, por exemplo as lixeiras de cada andar do prédio. Neste ultimo caso é preciso definir também quem irá levar o material coletado para o ponto de 66
4 armazenagem geral. Visto tudo isto, na prática com certeza serão localizadas falhas e faltas de equipamento, sendo então hora de rearrumar e comprar o que falta. Agora é tempo de decidir a destinação, entre as opções antes pesquisadas, quais delas é mais interessante para o seu projeto seu tipo de lixo e definir com ela modo horário e numero de vezes da coleta de acordo com a quantidade de lixo gerado estimado. Tudo planejado para a coleta seletiva começar a funcionar e a dar resultado. Falta então uma parte extremamente importante e difícil, é hora de conscientizar os moradores, informa-los da logística da coleta e dos benefícios O primeiro passo consiste em listar os diferentes segmentos envolvidos. Em um condomínio são os moradores (jovens, crianças, adultos), funcionários da limpeza e empregadas domésticas. O segundo passo é pensar que tipo de informação cada segmento deve receber, de acordo com sua determinada relevância. O terceiro passo é: pensando em cada segmento e nas informações que se quer passar, planejar quais atividades propor para cada segmento, visando atingir com mais sucesso o objetivo. Entre as atividades usadas: cartazes, palestras, folhetos, reuniões, gincanas. Realizar uma variedade grande de atividades sempre é melhor, pois atinge mais pessoas. Divulgado planejado, é tempo de implementar o projeto. Para isso basta que o plano seja seguido com seus detalhes considerados e com o que faltava e ainda era necessário seja adquirido. Para isso a divisão de tarefas é boa para não sobrecarregar ninguém fazendo também com que cada pessoa possa se concentrar somente em sua tarefa fazendo-a bem feita e acelerando o processo. Após isso é só inaugurar o projeto, de preferência em uma festa bem divulgada para assim se chamar a atenção dos moradores. 67
5 Com o projeto em andamento, ele deve ser acompanhado e monitorado para que os erros sejam consertados, e o que não deu tão certo seja aprimorado, fazendo com que o projeto não perca força com o tempo. Os tópicos principais são: Acompanhamento e gerenciamento da coleta, do armazenamento, venda e/ou doação dos materiais. Levantamento das quantidades coletadas, se possível até setorizado. Atividades contínuas de informação, sensibilização e incentivos; importantíssimo repassar os resultados, retomar os objetivos, etc. Jornais, palestras, reuniões, gincanas, cartazes são instrumentos que devem ser utilizados. Balanço do andamento e resultado do programa. Aplicação Será feito aqui um modelo hipotético de aplicação e implementação da coleta seletiva, usando da metodologia a cima explicada, em um prédio na Tijuca, bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro. O prédio desse projeto, além do térreo, garagem e play, tem 10 andares, com 4 apartamentos por andar, mais uma cobertura e moradia para o porteiro, o que totaliza 42 famílias morando no local e gerando lixo diariamente. Lixo esse que se separado pode render muito material reciclável. Foi estimado que pelo menos 30 das 42 famílias possam aderir ao programa de coleta seletiva. O destino do lixo será uma cooperativa de catadores, que coletarão o material reciclável. As cooperativas que atendem na região da tijuca são poucas, e elas só costumam atender com uma quantidade de lixo a cima de 1 tonelada. Assim, depois de sabidas maiores informações sobre o lixo, será escolhida a cooperativa e feito os acordos. 68
6 Através de uma pesquisa feita com um morador de cada apartamento, através de formulários que questionavam a cerca do lixo produzido, em termos de quantidade por dia e tipo. Quantas pessoas moram em seu apartamento? Quantas passam a maior parte do dia fora? Há crianças, jovens em idade escolar ou na faculdade? Que refeições são feitas em casa?(café da manha, almoço, janta) Existe o hábito de consumir bebida em garrafa PET? Quais os tipos de resíduo você estima serem os mais gerado em sua residência? Em ordem crescente. (papel, orgânico, PET, vidro, alumínio, plástico, metal) Então foi visto que papel, papelão, alumínio, vidro, e plástico são os resíduos mais produzidos no prédio, sendo assim estes os materiais que, a princípio e se possível, farão parte farão parte da coleta. Eles então serão separados do resto do lixo para serem coletados pela cooperativa responsável, seguindo assim o método da separação individual. A disposição do lixo será feita em duas etapas, a primeira em cada andar e a segunda sendo a disposição geral do condomínio. Para a o primeiro local, será usada a área da lixeira de cada andar, ficando os moradores dos andares responsáveis por destinarem e porem o lixo já separado e da forma correta. O caminho ate o local de deposição final será feito pelo faxineiro, uma vez a cada dois dias. E este local será na garagem do térreo, pois não há espaço para por o material coletado junto aos demais lixos. Isto é possível porque o tipo de lixo que será separado não tem mal odor, não causa impacto visual e não atrai vetores. Assim sendo, também será necessário comprar latões de lixo para o armazenamento dos resíduos em seu local final. Com uma ideia maior e mais geral sobre a quantidade e o tipo de lixo produzido, somada ao espaço para disposição já averiguado e decidido. Escolhemos a 69
7 COOPAMA, cooperativa de catadores do bairro de Maria da Graça, como primeira opção. Ela coleta: Plástico, Metal, Papel, Vidro, Longa Vida, Tubo Dental. Mas no caso só há interessa na coleta de Plástico, papel, papelão e metal (alumínio). Ela apenas coleta na Tijuca quantidade de material superior a 1 tonelada. Assim a frequência acordada com a cooperativa, em um primeiro momento, será de 45 dias, já que é esperado que nesse prazo já se tenha obtido pelo menos 1 tonelada de papel. Então ter-se-á que armazenar a quantidade de lixo produzido ao longo de 45 dias. O que não se sabe ser possível ainda, caso a quantidade de lixo ultrapasse a capacidade de estocagem, o lixo excedente será misturado ao lixo comum, e se buscará com a Coopama um aumento da frequência de coleta. A hora da coleta também foi combinada, e será no intervalo de meio dia às 16 horas, então o funcionário responsável pelo portão já sabe que nesse intervalo terá que estar a postos, para antes do horário combinado, por o lixo no local correto de coleta. Está planejado o destino o caminho e o local de armazenamento do lixo. Agora é fundamental informar e mobilizar os moradores do prédio das etapas da coleta da necessidade de que elas sejam cumpridas e da sua importância, mostrando ainda os benefícios para o meio ambiente e para a cidade de ser reciclar. Para isso serão postos informativos nos elevadores e nos halls de cada andar, além de circulares oficiais postas na caixa de correio de todos os apartamentos. Com isso espera-se que outros moradores se empolguem e se disponham a auxiliar na hora da implantação da coleta seletiva do prédio. Deve-se ainda explicar claramente aos trabalhadores do prédio, porteiros, faxineiros e zeladores, como irá ser o processo, explicando e fazendo-os entender cada passo e a fundamental importância da participação deles, já que será responsabilidade deles o transporte do lixo. Após isso tudo, em uma reunião serão acertados os detalhes, divididas as tarefas, como por exemplo: compra do material que falta e contato com a cooperativa para definição e confirmação de coleta em horário e frequência prometidos. Com tudo isso definido a coleta seletiva estará promovida no prédio e será preciso acompanhamento e manutenção do programa. 70
8 Conclusão Para uma coleta seletiva sair do papel e funcionar é preciso elaborar um planejamento prévio e segui-lo à risca, pois de nada adianta planejar e ir mudando de rumo a todo tempo no meio da execução. É também fundamental que a destinação venha a ser a primeira etapa, isto porque pode acontecer de não haver destinação que atenda a sua região. Disposição, empenho e apoio farão parte do sucesso desse projeto. Bibliografia Decreto Federal de apoio à Coleta Seletiva PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO DE IMPLEMENTAÇÃO DA COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (ENEGEP 2003) HÖEWELL, Indian M. (1998). CEMPRE Compromisso Empresarial para Reciclagem Viva o Meio Ambiente com Arte na Era da Reciclagem. 3 ed. Florianópolis, agosto. FUZARO, João Antonio e Wolmer, Fernando Antonio (2001). CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Compêndio sobre tratamento e disposição de esíduos sólidos. São Paulo Secretaria de Estado do Meio Ambiente (2001). Guia Pedagógico do Lixo. 2 ed. São Paulo. Plataforma de Educação Socioambiental do Programa Coleta Seletiva Solidária (março 2003) Gerência de Coleta Seletiva SGS (Gerente: LIANE CANTANHEDE) Sites Consultados
9 Sobre o Autor Fabio Amendola Diuana é aluno da disciplina Educação Ambiental do Curso de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da UFRJ. 72
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