Destinação final de pilhas e baterias: estudo de caso São Luís, Maranhão 1

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1 Destinação final de pilhas e baterias: estudo de caso São Luís, Maranhão 1 Gabrielle Silva de Almeida 2 Debora Danna Soares da Silva 3 Cristiano Serrão Trindade 4 Layse Lorena Neves Sales 5 RESUMO: O Brasil produz cerca de 4 (quatro) mil toneladas de lixo eletrônico por hora, dentro deste destacam-se pilhas e baterias. A carência de alternativas e a falta de informação da população fazem com que pilhas e baterias sejam destinadas em locais incorretos, estando sujeitas a causar riscos ao ambiente onde foi descartado e à saúde da população, uma vez esses dispositivos contêm metais pesados. Desse modo, este trabalho teve como objetivo identificar o tipo de destinação dada pela população de São Luís/MA aos seus resíduos eletrônicos (pilha e baterias), através da aplicação de um questionário estruturado, aplicado a 60 pessoas que se encontravam nos terminais de Integração de Transporte São Luís/MA - Cohab / Cohatrac e Cohama. Palavra-Chave: pilhas e baterias; metais pesados; meio ambiente; saúde. INTRODUÇÃO O extraordinário desenvolvimento da tecnologia no setor de telecomunicações e na indústria eletroeletrônica em geral tem trazido muitos benefícios à humanidade, nos mais variados segmentos. Um exemplo típico é o conforto proporcionado pelo uso de aparelhos portáteis, movidos a pilhas ou a baterias recarregáveis, no entanto, o avanço da tecnologia traz consigo efeitos colaterais. Neste caso, o problema está na geração dos resíduos de pilhas e baterias usadas que, classificados perigosos por conterem metais pesados. O mercado brasileiro de pilhas comuns e alcalinas comercializa cerca de 800 milhões de unidade por ano (ABINEE, 2008). Uma quantidade 1

2 digna de atenção e preocupação. No Brasil, o consumo per capita de pilhas fica em torno de 5 pilhas/ano. Nos países de primeiro mundo, em que há um consumo maior dessa tecnologia esse número sobe para 15 pilhas/ano e a população mundial atinge um consumo em cerca de 10 bilhões de unidades/ano (AFONSO, 2002). Hoje, existem mais de 200 milhões de linhas de telefones celulares em atividade no nosso país, esses produtos irão gerar uma quantidade enorme de baterias que também contêm metais pesados e devem ser descartadas com o tempo de uso e deveriam ser destinadas ao tratamento adequado (CPqD, 2012). As pilhas e as baterias são compostas por metais pesados, tais como mercúrio, chumbo, cobre, níquel, zinco, cádmio e lítio, nocivos ao ambiente e a saúde humana. Segundo os dados do grupo EPA (A Engenharia Protegendo o Ambiente) do mercúrio encontrado no lixo doméstico 8% provém de pilhas e baterias. Esses produtos, ao serem descartados juntamente com o lixo comum, podem provocar danos ao meio ambiente e representam riscos à saúde pública, pela possibilidade dos metais pesados atingirem o organismo através da cadeia alimentar, aumentando sua concentração nos seres vivos. Os metais pesados, por serem bioacumulativos, acabam depositando-se em determinados pontos do organismo, vindo a afetar suas funções orgânicas. Além disso, as substâncias tóxicas que compõem as pilhas e baterias, quando dispostas inadequadamente, podem infiltrar no solo e atingindo e contaminando os aquíferos freáticos e chegar ao organismo humano através da ingestão (água ou alimentos contaminados), da inalação ou contato dérmico. Por esse motivo existem leis que tratam da destinação final desses materiais perigosos. Contudo, a população ainda não está ciente de que alguns tipos de pilhas não podem ser dispostos como lixo doméstico e que devem ser devolvidas ao comerciante (REIDLER, 2002). 2

3 Em 1999, o CONAMA aprovou a Resolução 257 (e suas alterações), onde estabelece que pilhas e baterias que atendam aos limites previstos no artigo 6º podem ser descartadas junto com os resíduos domiciliares e enviadas a aterros sanitários licenciados. No momento esta resolução é a única existente e as políticas nacional e estadual ainda não conseguiram oferecer alternativas que atendam melhor a demanda da sociedade Devido isso, acredita-se que o estudo servirá de instrumento a sociedade civil de São Luís da disposição dada para pilhas e baterias na referida cidade, como também instrumento de informação quanto ao risco da disposição inadequada desse material ao meio ambiente como detentor de saúde humana. 1. OBJETIVO Identificar o tipo de destinação dada pela população de São Luís aos seus resíduos eletrônicos (pilha e baterias); Analisar o grau de conscientização e conhecimento desses materiais sob a visão dos consumidores e seus impactos no meio ambiente. 2. METODOLOGIA O presente trabalho foi realizado em novembro de 2015, e para o desenvolvimento do mesmo foram realizadas pesquisas bibliográficas e coleta de dados através da aplicação de questionários compreendendo 60 pessoas escolhidas aleatoriamente que se encontravam no Terminal de Integração de Transporte de São Luís/MA - Cohab / Cohatrac e Cohama, onde há um grande fluxo de passageiros e ônibus, no terminal transita cerca de 140 mil pessoas por dia. 3

4 Figura 1- Terminais de Integração São Luís/MA pesquisados. Fonte: Google Earth/Os pesquisadores, O questionário continha 07 (sete) questões objetivas que variavam em 03 (três) parâmetros de avaliação: sim, não e não soube informar. O questionário abordava os seguintes aspectos: onde a população descarta as pilhas e baterias, se há conhecimento sobre postos de recolhimento na cidade, se recebem alguma informação a respeito do recolhimento desses materiais na hora da compra dos mesmos, se já ouviram falar sobre a importância da destinação ecologicamente correta, se sabiam informar os problemas que a composição desses materiais causa no meio ambiente, conhecimento de leis, decretos ou legislação vigente que se aplique a esses resíduos além de questionar sobre a necessidade de mais informações a respeito do descarte e dos problemas gerados por esse tipo de resíduo. 4

5 Após a aplicação dos questionários, foram tabulados os dados colhidos, e por extrapolação foi possível ter um diagnóstico sobre as condições de destinação de pilhas e baterias no município. 3. RESULTADOS Ao final da análise estatística verificou-se que 56,6% dos entrevistados eram mulheres e a faixa etária que predominou nesta pesquisa ficou entre os 20 e 40 anos. No que se refere à escolaridade, a maioria tinha o ensino médio completo e superior incompleto. Constatou-se que 67% dos entrevistados alegaram que descartam suas pilhas e baterias no lixo comum e apenas 6% disseram levar esses resíduos até um posto de recolhimento, 27% armazenam em casa. Figura 2 - Onde você costuma descartar seu lixo eletrônico? Onde você costuma descartar suas pilhas e baterias? 6% 0% 27% Lixo comum 67% Armazena em casa Posto de reciclagem Fonte: Os pesquisadores, O descarte de pilhas no solo ou no lixo urbano acarreta em sérios problemas nas estações de tratamento de lixo; os metais pesados presentes podem ser lixiviados infiltrando-se e contaminando o solo, o lençol freático e também a fauna e a flora das regiões próximas. Além disso, estes metais são 5

6 bioacumulativos. Quando absorvidos pelo ser humano através da cadeia alimentar depositam-se no tecido ósseo e gorduroso, podendo provocar doenças que variam de lesões cerebrais a disfunções renais e pulmonares (ROA et al., 2009). De acordo com Art. 33 da Política Nacional de Resíduos Sólidos, são de responsabilidade de todos estruturarem e programarem sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pilhas e baterias. Aproximadamente cada bateria ou pilha depositada de forma errada no meio ambiente contamina uma área de cerca de um metro quadrado. Portanto, o dano ambiental pode ser ainda maior dependendo da quantidade de pilhas e baterias jogadas nos lixões (ROA et al., 2009). Em relação ao conhecimento de algum posto de recolhimento desses dispositivos em São Luís apenas 13% disseram saber a localização e dentre os que sabiam citaram as principais lojas de eletrônicos da cidade. Figura 3 - Você tem conhecimento de algum posto de recolhimento na sua cidade? Você tem conhecimento de algum posto de recolhimento na sua cidade? 0% 13% Sim Não 87% Fonte: Os pesquisadores,

7 Em 2008 foi decretado que todos os pontos de venda de pilhas e baterias do país terão dois anos para oferecer aos consumidores pontos de coleta para receber os produtos descartados, e caberá ao comércio varejista encaminhar o material recolhido aos fabricantes e importadores que, por sua vez, serão responsáveis pela reciclagem, ou, quando não for possível, pelo descarte definitivo em aterros sanitários não licenciados (Resolução CONAMA n 401 de 04/11/2008). Ao serem perguntados se no ato da compra de pilhas e baterias recebem alguma informação sobre o recolhimento do mesmo, 98,3% entrevistados afirmaram que não recebem nenhum tipo de informação. A cerca da importância do descarte adequado de pilhas e baterias, 65% das pessoas questionadas reconhecem a seriedade que deveria ser dada a esse assunto e 35% acredita ser um assunto de pouca importância. No entanto, esses produtos, ao serem descartados juntamente com o lixo comum, podem provocar danos ao meio ambiente e representam riscos à saúde pública, pela possibilidade dos metais pesados atingirem o organismo através da cadeia alimentar. Conhecem a importância do recolhimento ecologicamente correto? 0% 35% Sim 65% Não Fonte: Os pesquisadores,

8 Ao serem questionados sobre os problemas que a composição desses materiais causa no meio ambiente, cerca de 60% dos respondentes mencionam como principais danos causados: a contaminação do solo e dos lençóis freáticos e agravos à saúde por conterem substâncias tóxicas. A respeito dos entrevistados em relação ao conhecimento de leis, decretos ou legislação vigente que se aplique a pilhas e baterias 80 responderam não conhecer ou nunca terem ouvido falar sobre tal assunto, e por desconhecerem a existência de legislação, concordam com a necessidade de ocorrer uma maior divulgação por parte dos fabricantes, comerciantes e governo sobre o assunto. CONCLUSÃO Com base na pesquisa realizada pode-se constatar que a coleta de pilhas e baterias ainda é um grande problema, visto que a maioria dos consumidores, não tem quaisquer orientações e descartam esse material junto ao lixo comum. A maioria da população da cidade de São Luís MA tem conhecimento dos possíveis danos e perigos para a saúde humana e ao meio ambiente da composição de pilhas e baterias, mas não sabem que esses componentes são os metais pesados e o quão periculoso. Através dos dados, nota-se também o desconhecimento de legislações e decretos que se apliquem a pilhas e baterias por grande parte dos entrevistados, reforçando a ideia de que a divulgação acerca do assunto ainda é escassa. 8

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. Parecer do Ministério da Saúde sobre a proposta de revisão da Resolução n 257 de 30 de julho de 1999 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que trata do gerenciamento de pilhas e baterias em território Nacional. Disponível em: <>. Acessado em: 12 de dez. de AFONSO, José Carlos. Processamento da pasta eletrônica de pilhas usadas, Disponível em: <>. Acessado em 12 de dez. de Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD). Baterias e celular usados: 42 toneladas são descartadas no Brasil este ano, Disponível em: <>. Acessado em: 12 de dez REIDLER, N. M. V. L. R. Resíduos gerados por pilhas e baterias usadas: uma avaliação da situação brasileira, São Paulo (BR), Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. ROA, K. R. V. SILVA, G. NEVES, L. B. U. WARIGODA, M. S. Pilhas e baterias: usos e descartes x impactos ambientais. Caderno do professor. GEPEQ-USP: curso de formação continuada de professores, Disponível em: < >. Acessado em: 10 de dez. de LEI Nº , DE 02 DE AGOSTO DE 2010 Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: < Acessado em: 10/11/

10 OLIVEIRA, C. R. de. Descarte de pilhas e baterias: um estudo de caso prático com enfoque em educação ambiental f. Monografia (Licenciatura Plena em Química) - Departamento de Química, Universidade Estadual da Paranaíba, Campina Grande, RESOLUÇÃO CONAMA Nº 401/2008. Disponível em: < em: 10/1/2015. Acessado 10