23/11/2009 A LARVICULTURA E ALEVINAGEM DO BIJUPIRÁ
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- Raul Valverde Esteves
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1 A LARVICULTURA E ALEVINAGEM DO BIJUPIRÁ O ciclo de produção de alevinos do Bijupirá tem início nos tanques de maturação, onde as fêmeas e os machos são mantidos em instalações adequadas e altamente controladas. Dependendo do tamanho e da alimentação oferecida, as fêmeas podem produzir entre e 1,9 milhão de ovos, que na natureza seriam rapidamente convertidos em alimento para uma ampla gama de predadores. Após a desova, que ocorre normalmente no período noturno, os ovos fecundados devem ser cuidadosamente coletado, lavados e desinfetados (utilizam o peróxido de hidrogênio (água oxigenada), ou o gás ozônio). A temperatura de 28 C, as larvas do Bijupirá devem eclodir em menos de 24 horas. Entre o primeiro e segundo dia após a eclosão as larvas podem ser transportadas por várias horas. A água deve ter salinidade entre 34 e 36, ph em torno de 8 e uma densidade de estocagem ao redor de larvas/l. A LARVICULTURA Para início é necessário que se tenha produção de fitoplâncton (microalgas) e zooplâncton (rotíferos e artêmia), alimentos vivos que serão oferecidos as larvas. ALGAS Diversas algas podem ser utilizadas, tanto para o cultivo de rotíferos como para a própria larvicultura de peixes (Nannochloropsis oculata, Isochrysis galbana ou Tetraselmis sp). ROTÍFEROS Duas espécies de rotíferos Brachionus rotundiformis e B.pliclatilis são utilizadas para alimentar diferentes classes de tamanho de larvas. 1
2 23/11/2009 ARTÊMIA Entre os processos de produção dos alimentos vivos para alimentação das larvas do Bijupirá, a eclosão e o enriquecimento dos náuplios de artêmia de destacam por necessitar de cuidados especiais e programação complexa. A alimentação é fornecida duas vezes ao dia. Ao longo do cultivo são fornecidos dois tipos de alimento: ração comercial úmida em pellets para peixes marinhos (45,3% de proteína bruta, 16% de concentração lipídica e 11,0% de cinzas) e rejeito de pesca industrial. Rotíferos e náuplios de artêmia devem ser enriquecidos como forma de adicionar nutrientes importantes para o desenvolvimento das larvas (bioencapsulação) algas, leveduras, e concentrados lipídicos e protéicos. OS BERCÁRIOS É constituído por tanques-rede de 128 m³ cada (8,0 X 8,0 X 2,0m) com malha de 1cm, sustentado por flutuadores. Os alevinos de 30 dias, com peso médio de 4g e comprimento variando de 12 a 15 cm são estocados a uma densidade de 195 alevinos por m³ e aí permancem por um período de 60 dias, alimentados com ração e rejeitos da pesca, até atingirem o peso médio de 175g e comprimento médio de 29cm ENGORDA Os tanques-rede destinados a engorda são confeccionados com nylon multifilamento sem nós, com malha de 2,5 cm, volume de 384 m³ cada (8,0 X 8,0 X 6,0 m). Cada um deles é sustentados por flutuadores. Os peixes são estocados na densidade inicial de peixes/tanque (cerca de 7 peixes/m³. Após 30 dias na engorda, quando alcançam em média 330g e 31cm, o número de peixes em cada tanque-rede é ajustado para que fiquem apenas peixes em cada um (2,7 peixes por m³). 2
3 SISTEMAS DE PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE ARTEMIA EM AQUICULTURA O microcrustáceo Artêmia é a espécie mais amplamente utilizada na alimentação de organismos aquáticos cultiváveis em todo mundo. Distribuídos em ambientes hipersalinos, especialmente em lagos salgados interiores e salinas costeiras, cistos (embriões em diapalsa) e biomassa (indivíduos juvenis e adultos) de artêmia são coletados nesses ecossistemas, processados e utilizados como alimento para uma enorme variedade de peixes e crustáceos. O Great Salt Lake (Grande Lago Salgado), localizado no estado de Utah nos EUA, é um integrante essencial da indústria mundial de aqüicultura. Aproximadamente 90% do cisto de artemia utilizado por esta indústria é proveniente do GSL. O ciclo de vida da artemia inicia-se a partir de um cisto que possui um embrião em diapausa. Estes cistos podem permanecer viáveis por vários anos quando desidratados. A cada ano, no final do inverno, a temperatura da água começa a aumentar e o aporte de água doce proveniente do degelo de neve das montanhas, passa a diminuir a salinidade do lago. Estas condições provocadas por um processo natural, se tornam favoráveis para que os cistos hidratem, eclodam e passem a dar início ao primeiro estágio de crescimento da artemia, conhecido como larva náuplio. Dependendo da temperatura da água, a velocidade do desenvolvimento do náuplio pode variar. A artemia se torna adulta entre 2 e 3 semanas de vida e seu comportamento reprodutivo pode variar em função das condições ambientais. A demanda mundial por cistos de artêmia é hoje superior a toneladas anuais e tenderá a aumentar, principalmente em razão das elevadas taxas de crescimento previstas para a aquicultura nos próximos anos. Para a larvicultura de peixes marinhos como garoupas, meros, robalos e linguados por exemplo, as necessidades de cistos para cada unidade de alevino produzida se situam em níveis 200 a 500 vezes superiores as estabelecidas para camarões. Quando o aporte de alimento é abundante e as condições de estresse, provocadas pelo aumento da salinidade e diminuição do nível do oxigênio dissolvido, são mínimas, as fêmeas fertilizadas passam a liberar náuplios pelo processo de reprodução ovovivípara. Durante um período de até 3 meses, cada fêmea produz em torno de 300 náuplios a cada 4 dias. Entretanto, quando as condições ambientais passam a se tornar exaustivas, afetadas por um dos fatores citados acima ou pela combinação de todos eles, o modo de reprodução das fêmeas passa a ser ovíparo, passando a liberar cisto, que flutuam na superfície do lago por serem menos densos que a água hipersalina do GSL. O comportamento reprodutivo da população de artemia que habita o GSL é determinado pelas regras impostas pela natureza e, sob condições ambientais favoráveis, resultam em extensa produção de cisto a cada ano. Independente da quantidade de cistos provenientes de uma mesma safra, a qualidade do mesmo pode variar bastante. Em alguns anos, o cisto com taxa de eclosão em torno de 70% poderá ser o melhor disponível no mercado; em outros, nunca chegará a ser consumido devido a grande quantidade de produto de melhor qualidade à disposição. 3
4 MISTÉRIOS NA REPRODUÇÃO DE ARTÊMIA A qualidade e o tipo do zigoto são particularmente importantes para a sobrevivência das populações, pois, dos modos de reprodução encistamento ou produção de larvas - coexistem, e todas as linhagens de artêmia combinam estas estratégias reprodutivas em diferentes proporções. O encistamento (oviparidade) é um mecanismo de sobrevivência relevante em populações expostas a condições ambientais desfavoráveis. A produção de larvas (ovoviviparidade), por outro lado, é usualmente observada como o modo de reprodução dominante em fêmeas que habitam ecossistemas relativamente mais estáveis. A qualidade do cisto costuma ser categorizada no mercado como cisto do Tipo A, B, C... Na realidade todas estas categorias são baseadas em critérios bastante aleatórios. Como exemplo, a qualidade do cisto Tipo A pode variar de ano para ano ou de empresa para empresa. Como indicativo mais preciso, a qualidade do cisto deve ser avaliada pela taxa de eclosão e número de náuplios por grama. A taxa de eclosão significa a porcentagem de cisto que eclode dentro de 24 horas em condições ideais de temperatura (25 28ºC), salinidade (18 30% o ) e densidade (1,5 2,0 gramas de cisto/litro). A coleta de cisto de artemia é controlada pelo DWR (Departamento Estadual de Recursos Naturais) e, desde 1995, o período para a pesca é de apenas 4 meses entre outubro e janeiro. A quantidade total de pesca permitida anualmente, também é controlada, podendo atingir no máximo 6 7 mil toneladas em peso úmido. Este período pode ser reduzido pelo DWR, a qualquer momento, nas situações de emergência ambiental, provocadas por alterações biológicas no ecossistema que possam vir afetar a população de artemia, ou no caso da quantidade máxima de pesca permitida ser atingida antes de janeiro. Aparentemente, o processo de pesca de cisto de artemia parece bastante simples. Basta que o cisto seja localizado, cercado com bóias flutuantes e bombeado para dentro do barco. Porém, para fazer com que este processo ocorra, diversas e complexas estratégias são usadas, incluindo a localização dos cistos por via aérea, utilização de barcos com motores possantes e uma equipe extremamente treinada e ágil para poder se sobressair perante a forte concorrência. 4
5 23/11/2009 Apesar da temporada de pesca ser teoricamente limitada a um período de 4 meses, na realidade, a cada ano, os dias favoráveis para uma boa pesca com tempo aberto, águas calmas e uma forte concentração de massa de cisto, podem, muitas vezes, serem contados nos dedos das mãos. Se considerarmos que em cada sagra o volume máximo da pesca seja atingido, não é difícil prever que a capacidade sustentável da pesca de artemia no GSL não poderá acompanhar o crescimento da aqüicultura. Apesar de outras fontes de cisto de artemia existirem e serem conhecidas, pouco se sabe ainda sobre a quantidade e qualidade do produto proveniente dessas áreas. Em momentos de crise, como a safra de 1997/1998, aqueles que dependem de artemia para alimentar organismos aquáticos, devem considerar a possibilidade da redução da disponibilidade do produto no mercado, que conseqüentemente, afetará o preço do mesmo. Para minimizar o impacto da falta de artemia, os produtores devem procurar reduzir ao máximo o uso deste produto, considerando a máxima substituição de náuplio de artemia por dietas balanceadas mesmos que, em alguns casos, novas técnicas de manejos tenham que ser consideradas. 5
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