Poesia e música, palavra e som: a poesia lírica enquanto fruto do Apolíneo e Dionisíaco

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Poesia e música, palavra e som: a poesia lírica enquanto fruto do Apolíneo e Dionisíaco"

Transcrição

1 Poesia e música, palavra e som: a poesia lírica enquanto fruto do Apolíneo e Dionisíaco Mariane Aparecida Romão 1 Resumo: Tomando a poesia lírica como elemento embrionário da tragédia, o intento deste presente ensaio é compreender como a poesia lírica se origina a partir da junção entre os elementos apolíneo e dionisíaco. Para tal, primeiramente, faz-se necessária à análise das forças elementares de nossa empresa: o impulso apolíneo e o impulso dionisíaco. Posteriormente, analisaremos como estas forças se relacionam e os gêneros artísticos que delas se originam, culminando na poesia lírica e na definição da arte trágica. Ademais, restringir-nos-emos à analise da obra O Nascimento da Tragédia 2, além do texto A Visão Dionisíaca do Mundo 3. Palavras-chave: Apolíneo. Dionisíaco. Nietzsche. Poesia. Tragédia. Abstract: Grasping lyric poetry as an embryo of the tragedy, the intent of this essay is to understand how the lyric poetry originates from the junction between the Apollonian and Dionysian. In order to do that, first, it is necessary to examine two elementary forces for our task: the Apolinean and Dionysian. We will examine how these forces relate and the artistic genres generated by their interaction, culminating in lyric poetry and in the definition of tragic art. Furthermore, we will restrict ourselves to analysis of the works The Birth of Tragedy and The Dionysian Vision of the World. Keywords: Apollonian. Dionysian. Nietzsche. Poetry. Tragedy. * * * 1 Graduanda em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP. Orientador: Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Jr.. mariane.romao@yahoo.fr. 2 NIETZSCHE, F. W. O nascimento da tragédia ou helenismo ou pessimismo; tradução, notas e posfácio: J.Guinsburg. - São Paulo: Companhia das letras, Doravante abreviado como O nascimento da tragédia, seguido de indicação de número de seção. 3 NIETZSCHE, F. W. A visão dionisíaca do mundo, São Paulo: Martins Fontes, Doravante abreviado como A visão dionisíaca do mundo, seguido de indicação de número de seção

2 Apolíneo e Dionisíaco, impulsos da natureza Apolo é representado na mitologia grega como o deus da claridade, da ordem, da luz, o próprio deus sol, também é o deus do sonho, da aparência, da beleza e do autoconhecimento. Em O Nascimento da Tragédia, Nietzsche atribui a Apolo a representação de um principio de individuação, o que nos possibilita entender a relação entre a aparência e o sonho, regidos pelo deus, e suas relações com a realidade empírica. Para compreendermos melhor a significação de Apolo dentro da filosofia do jovem Nietzsche, consideramos necessária a breve elucidação do princípio de individuação (principium individuationis), cuja significação adotada por Nietzsche retoma a conceituação schopenhaueriana do termo. O principio de individuação é justamente o princípio metafísico de constituição da realidade empírica. Tudo o que existe, ou seja, tudo o que é, é um ente. Por sua vez, um ente só é um ente na medida em que é idêntico a si próprio. Assim sendo, na medida em que um ente possui predicados que o diferenciem, ou seja, que o discernem de todo e qualquer outro ente, ele pode ser considerado um indivíduo. Se considerarmos a forma como elemento sem o qual não se pode haver percepção, podemos inferir que percebemos todas as coisas como dotadas de imagem, dimensão, grandeza, isto é, percebemos todas as coisas enquanto dotadas de espacialidade. Entretanto, o espaço não é algo perceptível, mas sim o meio pelo qual a percepção é possível. Ademais, só podemos perceber as coisas se também forem dotadas de temporalidade, pois temos a percepção de um objeto que se dá em um só instante ou em instantes consecutivos, mas jamais em instante algum. Entretanto, não percebemos o próprio tempo, ele se configura como meio de percepção das coisas. Ora, a partir da noção que expusemos acerca dos entes, a própria possibilidade de distinção entre eles supõe a relação de unidade e pluralidade (pois só pode ser discernível aquilo que é múltiplo). A multiplicidade, por sua vez, só pode ser concebida em sua continuidade no espaço e na sucessão de tempo, como explicitamos. Assim sendo, o princípio de individuação nada mais é do que do que a ação combinada de espacialidade e temporalidade

3 Para Schopenhauer, o mundo da realidade empírica é fenomênico, e duas leis o sustentam: o princípio de individuação e o de razão suficiente 4. O princípio de individuação é uma representação, mais precisamente, uma representação da Vontade, como define o filósofo, que é a essência metafísica, como coisa-em-si, do mundo. Ainda que Schopenhauer conceba o mundo a partir desses dois aspectos, ele não erigiu fronteiras insuperáveis entre a coisa em si e o fenômeno. Se não é possível chegar à Vontade através da razão, sua filosofia encontra um caminho para a coisa em si através da arte idéia que influenciou Nietzsche, como veremos. Para Nietzsche, o mundo apolíneo das formas representa o mundo da individuação, Apolo nada mais é do que a metáfora desse princípio, que faz com que um ser possua não só um tipo específico, mas também uma existência singular, determinada no espaço e tempo. Ora, nada mais pertinente na filosofia do jovem Nietzsche do que a relação entre o processo de individuação e Apolo: o deus da medida, da ordem e da figura. Apolo, enquanto deus solar que brilha (scheinen), emite brilho (Schein) e permite ver (schauen) uma aparência que pode ser considerada bela (schön), ou seja, que pode proporcionar prazer na contemplação de sua forma. Eis a metáfora da aparência da realidade empírica com o sonho apolíneo. A arte apolínea tem em seu cerne a figura, a forma, uma realidade onírica com sua sensação de aparência: A bela aparência do sonho, em cuja produção cada ser humano é um artista consumado, constitui a precondição de toda arte plástica 5. Segundo Nietzsche, no mundo onírico do sonho, o homem se depara com quimeras inúmeras, das mais agradáveis imagéticas experiências às mais perturbadoras e sombrias. No sonho, o homem personifica em forma, em figura, os anseios mais abstratos da alma humana, os anseios em essência impronunciáveis, a-formicos. Nesse mundo do sonho, as formas dialogam com o sujeito, e diante dessa realidade ilusória, o sujeito interpreta a sua 4 Por princípio de razão ou de causalidade, compreende-se o fato de todo fenômeno aparecer no espaçotemporal como explicável, como efeito de certas causas que dão a razão de ser de um fenômeno, de ele se manifestar de um modo e não de outro. 5 O nascimento da tragédia,

4 vida, exercita-se para a vida, em uma experiência de profundo prazer e jubilosa necessidade 6. Todavia, que necessidade o homem grego teria do apolíneo? Ora, interpretar o mundo apolíneo como brilhante significa ver na luz um tipo específico de abrigo contra o obscuro, o lado tenebroso da vida, a proteção que existe através da aparência. A divindade apolínea através da aparência artística torna a vida suportável, mais do que isso: desejável, encobrindo o sofrimento pela criação de uma ilusão, a saber: o princípio de individuação. Porém, a que se deve o sofrimento que é acobertado pelo apolíneo? Para Nietzsche, o homem grego conhecia os terrores e horrores da existência, mas os encobria para poder viver 7. Faz-se necessária, para melhor compreendermos a origem de tal sofrimento, a apresentação do segundo impulso (Trieb) artístico elementar para nossa empresa, agora sob a representação de Dionísio. Inversamente ao Apolo, Dionísio é o deus da embriaguez, do desembaraço, da desordem, da música. A arte dionisíaca representa em si um arrebatamento liberto, como uma embriaguez, onde o homem inebriado desprende-se da forma, do limite, e se imerge em uma esfera não-consciente de sua realidade empírica limitadora, retornando ao seu Unoprimordial (Ur-Eine) 8. Nesse sentido, o elemento dionisíaco conduziria o homem a uma espécie de entidade uno vivente, ou seja, uma totalidade da força vital da natureza, entendida por Nietzsche como um único ser, não fragmentado. Assim, desconstruir-se-ia o princípio de individuação, ou seja, o homem entraria em contato com uma unidade inversa à multiplicidade fenomênica do mundo, que se expressa pelo elemento apolíneo. A música de Dionísio não possui limites, de modo inverso à consciência de si, representada por Apolo (que enquanto divindade ética exige dos seus a medida e, para 6 Idem, 1, nossos itálicos. 7 A visão dionisíaca do mundo, 2. 8 Na obra O Mundo como Vontade e Representação, mais precisamente no 63, Schopenhauer utiliza o termo Princípio de Individuação. Entretanto, não consta na obra o termo Uno-Primordial. A relação que faremos entre o Uno-Primordial e a Vontade schopenhaueriana se dará a partir de analogia, ou seja, não consideraremos a Vontade como estritamente equivalente ao Uno-Primordial

5 poder observá-la, o autoconhecimento 9 ), o dionisíaco produz a dissolução do eu, o êxtase, ou seja, o estar fora de si entregue à loucura mítica do deus da possessão em contato com o Uno-primordial da humanidade. O arrebatamento dionisíaco possui, segundo Nietzsche, um efeito letárgico, ou seja, de esquecimento. Todavia, tão logo o homem recupere o autocontrole, a consciência de si, é dominado por uma necessidade de escapatória da realidade, do destino, da culpa, a tal ponto que o absurdo da existência o repugna: o conhecimento dos terrores e das absurdidades da existência, da ordem perturbada e da irracionalidade dos planos, do monstruoso sofrimento de toda a natureza [...] 10 tornam necessária a transformação do repugnante, do horrível, em representações com as quais se pudesse conviver. Torna-se necessária a arte! É interessante notar a relação de oposição entre a representação e a Vontade, para Schopenhauer, e a oposição entre Apolo e Dionísio, para Nietzsche. Apolo simboliza o mundo da representação, isto é, da individuação e da razão suficiente; Dionísio, que manifesta em sua natureza dor e prazer, harmonia e da desarmonia, ou seja, contradições, representa o Uno-primordial, o que pode ser interpretado analogamente à Vontade contrária à representação. Contudo, apesar da proximidade de ambas as concepções, faz-se necessário analisar com cuidado a significação da Vontade. Para ambos os filósofos a Vontade é caótica, vive em constante contradição consigo mesma, Vontade que vive em incessante busca, incessante dor, que traz em si uma guerra sem limites, e dai pode se compreender o sofrimento do Uno-primordial. Entretanto, enquanto que para a filosofia schopenhaueriana a arte se apresenta como uma negação da Vontade, que através da experiência estética tem possibilidade de transcender a percepção de mundo, para se libertar do desejo, da vontade, e anestesiar temporariamente a dor, para Nietzsche a própria Vontade é artista, e nela se dá a redenção, ou seja, a Vontade se redime na aparência. Com efeito, quanto mais percebo na natureza aqueles onipotentes impulsos artísticos e neles um fervoroso anseio pela aparência (Schein), 9 O nascimento da tragédia, A visão dionisíaca do mundo,

6 pela redenção através da aparência, tanto mais me sinto impelido à suposição metafísica de que o verdadeiramente-existente (Wahrhaft- Seiende) e Uno primordial, enquanto eterno sofredor e pleno de contradição, precisa, ao mesmo tempo, para a sua perpétua redenção, da visão extasiante da aparência prazerosa. 11 O mundo fenomênico, como representação da Vontade, traz em si os vestígios da dor, marcas do sofrimento do Uno-primordial e, para se libertar dessa dor, é necessário ao homem um impulso (Trieb) estético que reproduza o movimento inicial que a vontade realizou em direção à aparência. Desse último, emana a aparência da aparência ou a bela aparência do sonho, que possui o efeito curativo do apolíneo que liberta momentaneamente da dor da fragmentação em indivíduos. Nesse sentido podemos entender melhor porque a necessidade do apolíneo para a cultura grega e a que, segundo Nietzsche, se atribui o sofrimento primordial. Apolíneo, Dionisíaco e a poesia lírica A arte apolínea, a saber: arte da figura, da imagem, arte plástica, é interpretada, para Nietzsche, como a representação de uma representação da Vontade, ao passo que a arte dionisíaca, enquanto musical, é a objetivação direta da Vontade. Podemos compreender melhor a arte apolínea enquanto aparência da aparência se retomarmos a noção da realidade empírica como representação, fenômeno, de uma essência metafísica Unoprimordial do mundo. Ora, se arte apolínea é a arte da bela figura, o artista apolíneo é o que, nas palavras de Nietzsche, joga com o sonho. Se a realidade é representação, a obra de arte apolínea, enquanto sonho, é a imagem ilusória de uma ilusão. É interessante notar a escolha do trabalho de Rafael, Transfiguração, como artifício de caracterização da arte apolínea por Nietzsche: RAFAEL, ele próprio um desses imortais ingênuos, representou-nos em sua pintura simbólica essa despotenciação da aparência na aparência, que é o processo primordial do artista ingênuo e simultaneamente da cultura 11 O nascimento da tragédia,

7 apolínea. Em sua Transfiguração, na metade inferior, com o rapazinho possesso, os seus carregadores desesperados, os discípulos desamparados, aterrorizados ele nos mostra a reverberação da eterna dor primordial, o único fundamento do mundo: a aparência [Schein] aqui é o reflexo [Widerschein] do eterno contraditório, pai de todas as coisas. 12 Enquanto a realidade fenomênica é aparência (Shein), a arte de Apolo é uma espécie de rebrilho da aparência (Widerschein). É interessante a relação entre as palavras na língua alemã, pois a transfiguração se encontra, ao nosso ver, demonstrada poeticamente por Nietzsche, na mudança de Schein para Wider-schein, como se as próprias palavras apresentassem através de uma metalinguagem a transfiguração de suas formas enquanto elementos visíveis, isto é, enquanto elas mesmas exemplo de aparência. Inversamente, a arte dionisíaca, representante da música, é considerada a representação direta da Vontade. Mas o que precisamente isso significa? Para Nietzsche, influenciado por Schopenhauer 13, a musica é a obra de arte por excelência, isto porque enquanto objetivação do Uno-primordial não possui forma, ou seja, é desprovida de figura e, por isso, anterior a qualquer representação de obra de arte apolínea, pois não imita nenhuma forma, isto é, é a representação da coisa-em-si. Assim sendo, o artista plástico está mergulhado na contemplação das imagens, e o músico de Dionísio, desprovido da imagem, é ele próprio dor primordial e eco primordial desta 14. Como vimos, o apolíneo e o dionisíaco são, para Nietzsche, impulsos (Trieb) artísticos da natureza, que na produção humana se expressam sob a forma de gêneros artísticos, tais como a arte plástica e a música, respectivamente. Entretanto, a poesia enquanto gênero artístico é considerada apolínea ou dionisíaca? 12 Idem, ibidem. 13 No seguinte excerto apresentaremos, a título de ilustração, a visão de Schopenhauer sobre a música: [...] a música, que vai para além das idéias, é completamente independente do mundo fenomenal; ignora-o totalmente, e poderia de algum modo, continuar a existir, na altura em que o universo não existisse: não se pode dizer o mesmo das outras artes. A música, com efeito, é uma objectidade, uma cópia tão imediata de toda a vontade como o mundo o é, como o são as próprias Idéias cujo fenômeno múltiplo constitui o mundo dos objectos individuais. Ela não é, portanto, como as outras artes, uma reprodução das Idéias, mas uma reprodução da vontade como as próprias Idéias. É por isso que a influência da música é mais poderosa e mais penetrante que a das outras artes: estas exprimem apenas a sombra, enquanto que ela fala do ser in Schopenhauer, A. O mundo como vontade e representação in: Os pensadores, 52, São Paulo: Nova Cultural Ltda., O nascimento da tragédia,

8 Logo no primeiro parágrafo de seu texto A visão dionisíaca do mundo, Nietzsche nos parece dar os indícios da interpretação da poesia no universo da arte: A bela aparência do mundo onírico, no qual cada homem é um artista pleno, é o pai de toda arte plástica e, como iremos ver, também de uma metade importante da poesia 15. Homero e Arquíloco são os genitores da poesia grega. Homero 16 é o artista apolíneo que cria a epopéia, que se caracteriza como poema épico, que exalta os feitos memoráveis dos heróis, narra com detalhes eventos extraordinários, ações gloriosas, retumbantes capazes de provocar a admiração, a surpresa, a maravilha. A grandiosidade da epopéia, através do prazer da aparência das figuras que invoca, é capaz de transformar os mais terríveis feitos em maravilhosas atuações, como o efeito prazeroso do sonho sobre a realidade, que a torna mais bela, mais valorosa. Mas não coloca mais nenhuma figura entre os homens: ele narra, antes, como aquela figura demonstra a sua vida, em movimento, tom, palavra, ação, ele nos força a reconduzir uma grande quantidade de efeitos à causa, ele nos constrange a uma composição artística. Ele terá alcançado o seu objetivo se virmos claramente diante de nós a figura ou o grupo de imagens, se conseguir nos comunicar aquele estado onírico no qual ele mesmo primeiro engendrou aquelas representações. 17 Portanto, os escritos de Homero representam plenamente o ideal apolíneo de beleza, enquanto ordenação e medida, enquanto figuração na poesia das figuras dadas no mundo fenomênico. Arquíloco 18, por sua vez, é o pai da poesia lírica ou canção popular, caracterizada pela união de música e forma. Esse poeta grego expressou a contigüidade do apolíneo e do dionisíaco em uma linguagem poética que guarda a simetria entre música e palavra. Segundo Nietzsche, o artista lírico, sob efeito do dionisíaco, tem contato com o Uno- 15 Idem, 1, nossos itálicos. 16 Homero foi o primeiro grande poeta grego. Teria vivido no século VIII a.c. e consagrou o gênero épico com as obras Ilíada e Odisséia. 17 A visão dionisíaca do mundo, Poeta grego, cronologicamente situado no século V a.c., reconhecido pela tradição como o criador da canção popular

9 primordial a partir da música e, posteriormente, atribui a essa representação musical uma imagem similiforme do sonho 19, sob influência artística de Apolo. A fim de elucidar o processo do poetar, citaremos a concepção de Schiller, que visivelmente influenciou Nietzsche, contida em O Nascimento da Tragédia: Acerca do processo de seu poetar, SCHILLER ofereceu-nos alguma luz através de uma observação psicológica, que se afigurava a ele próprio inexplicável, mas não problemática; ele confessou efetivamente ter tido ante si e em si, como condição preparatória do ato de poetar, não uma série de imagens, com ordenada causalidade dos pensamentos, mas antes um estado de ânimo musical ( O sentimento se me apresenta sem um objeto claro e determinado; este só se forma mais tarde. Uma certa disposição musical de espírito vem primeiro e somente depois é que se segue minha idéia poética ) [...] 20 Depois da experiência musical, o poeta lírico visiona imagens, imagens essas que se configuram como a objetivação de si próprio. Mas o que seria essa objetivação de si próprio? Ora, enquanto movida pelo espírito musical, a lírica leva à experiência do Unoprimordial, onde o poeta entra em contado com o todo, ou seja, entra em contato com o único sujeito verdadeiramente existente do qual ele é a fragmentação na realidade empírica. A música leva à poesia (enquanto linguagem, enquanto possuidora de forma) que remete às aparências da experiência do poeta na supressão do seu eu pelo impulso (Trieb) dionisíaco. Em outras palavras, as imagens da poesia lírica são objetivações do poeta, mas esse eu lírico não é o mesmo eu do homem empírico-real, mas o eu verdadeiramente existente, Ser eterno por trás de todas as coisas. A seguir, o filósofo trata da experiência do poeta lírico: Ele (o poeta lírico) se fez primeiro, enquanto artista dionisíaco, totalmente um só com o Uno-primordial, com sua dor e contradição, e produz a réplica desse Uno-primordial em forma de música, ainda que esta seja, de outro modo, denominada com justiça de repetição do mundo e de segunda moldagem deste: agora porém esta música se lhe torna visível, como numa imagem similiforme do sonho, sob a influência apolínea do sonho. Aquele reflexo afigural e aconceitual da dor primordial na música, com 19 O nascimento da tragédia, 5. Meus colchetes. 20 Idem, ibidem

10 sua redenção na aparência, gera agora um segundo espelhamento, como símile ou exemplo isolado. 21 Nesse sentido, a canção popular é a expressão poética de uma vivência musical, cuja linguagem se esforça em imitar a música. Antes de mais nada, o poeta lírico é o poeta do som. A lírica é o processo estético em que a música se descarrega em imagens e toda a capacidade simbólica da língua é uma tentativa de imitação da música, imitação essa que não pode se aproximar do sentido mais profundo, pois a representação apolínea possui limitação diante da arte última musical, isto é, seria impossível expressar através dela o mais profundo sentido da experiência do Uno-primordial, pois tal experiência é a-formica, a-simbólica, desprovida de qualquer limite ele por isso além de toda aparência. Nesse sentido, a melodia é o que há de mais universal, pois é capaz de suporta múltiplas objetivações, e com isso assinalamos a única relação possível entre poesia e música, palavra e som: a palavra, a imagem, o conceito buscam uma expressão análoga à música e sofrem em si mesmos o poder da música 22. A lírica está vinculada à música, e esta, por sua vez, não depende do conceito, mas o tolera junto a si. O poeta lírico, neste sentido, não pode expressar nada além do que na música a impeliu ao discurso da imagem. A poesia, portanto, é um gênero artístico hibrido entre o plástico figurativo conceitual e o musical, na medida em que a poesia funde simbioticamente tanto a palavra articulada, o conceito, a imagem, quanto a sonoridade. Assim, afirma Nietzsche: [...] quando falamos de poesia, então não temos em vista nenhuma categoria que fosse coordenada com a arte plástica e com a música, mas sim uma aglutinação de dois meios artísticos que em si são totalmente diferentes [...] 23. Consideramos interessante notar que a palavra grega mousiké, que originou o a palavra música, não representava originalmente apenas o elemento musical. Significava a arte das musas e englobava a poesia, a dança e o canto. Desse modo, música e poesia apareciam unidas, elementos artísticos complementares. 21 Idem, ibidem. Meus parênteses. 22 O nascimento da tragédia, A visão dionisíaca do mundo,

11 A poesia lírica foi o primeiro momento, o mais simples, da união do apolíneo e do dionisíaco, onde a força descomunal da melodia - dionisíaca - incitava a produção de imagens - apolíneo. É justamente da aliança entre esses dois princípios metafísicos contrários, da reconciliação entre os dois impulsos estéticos da natureza, que nasce a tragédia grega. Com base no fenômeno do poeta lírico, expliquei como nele a música se esforça, em conseqüência disso, por manifestar em imagens apolíneas a sua essência própria: se pensarmos agora que a música, em sua suprema intensificação, tem de procurar atingir também uma suprema afiguração, devemos considerar como algo possível que ela saiba encontrar outrossim a expressão simbólica para a sua autêntica sabedoria dionisíaca; e onde mais haveremos de buscar tal expressão senão na tragédia, e em geral, no conceito do trágico? 24 A arte trágica dos gregos seria, nas palavras de Nietzsche, a representação do fenômeno dionisíaco sob uma forma e num mundo apolíneo; apolíneo e dionisíaco: complementares entre si. Assim sendo, a poesia lírica é o embrião da arte trágica, que surge a partir da potencialização da poesia lírica não mais sob o poeta, mas transferida para a multidão, transferida para o coro dos teatros gregos, onde será celebrada. Referências: NIETZSCHE, F. W., A visão dionisíaca do mundo, São Paulo: Martins Fontes, , O nascimento da tragédia ou helenismo ou pessimismo; tradução, notas e posfácio: J.Guinsburg. - São Paulo: Companhia das letras, SCHOPENHAUER, A. O mundo como vontade e representação in: Os pensadores, São Paulo: Nova Cultural Ltda., Agradecimentos: Dedico este trabalho a Fábio Florence. 24 O nascimento da tragédia,

necessidade como característica fundamental do trágico, contudo, não discordará de Schiller no que concerne ao elogio direcionado à liberdade

necessidade como característica fundamental do trágico, contudo, não discordará de Schiller no que concerne ao elogio direcionado à liberdade 76 CONCLUSÃO O pensamento de juventude de Nietzsche está cercado por reconhecidas e consensuais influências que inserem as principais reflexões contidas em O nascimento da tragédia, sua primeira obra publicada,

Leia mais

Professora : Consuelo Holanda

Professora : Consuelo Holanda Professora : Consuelo Holanda A arte pode levar o homem de um estado de fragmentação a um estado de ser íntegro, total. A arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda não só a suportá-la,

Leia mais

Filosofia da Arte. Unidade II O Universo das artes

Filosofia da Arte. Unidade II O Universo das artes Filosofia da Arte Unidade II O Universo das artes FILOSOFIA DA ARTE Campo da Filosofia que reflete e permite a compreensão do mundo pelo seu aspecto sensível. Possibilita compreender a apreensão da realidade

Leia mais

gênio na antiguidade, mostrando como os gregos consideraram o tema, e como o romantismo se apropriou da idéia, com forte inspiração kantiana.

gênio na antiguidade, mostrando como os gregos consideraram o tema, e como o romantismo se apropriou da idéia, com forte inspiração kantiana. Conclusão Levando em conta as discussões sobre o tema na tradição filosófica, Nietzsche escapa de um procedimento metafísico e coloca a idéia de gênio para além de um simples ideal. Por ideal, Nietzsche

Leia mais

Revista Pandora Brasil Número 57, Agosto de 2013 ISSN Alisson Flores Caires VIDA ENQUANTO VONTADE DE POTÊNCIA

Revista Pandora Brasil Número 57, Agosto de 2013 ISSN Alisson Flores Caires VIDA ENQUANTO VONTADE DE POTÊNCIA VIDA ENQUANTO VONTADE DE POTÊNCIA RESUMO: O presente artigo pretende investigar a concepção Nietzscheana de Vida e natureza, buscando esclarecer a relação que há entre essas duas forças contrárias e únicas.

Leia mais

Professora : Consuelo

Professora : Consuelo Professora : Consuelo Holanda @consueloholanda- consueloholanda2010@hotmail.com Os Retirantes de Cândido Portinari- 1944 Azulejaria em carne viva- Adriana Varejão- 2001 A arte pode levar o homem de um

Leia mais

Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara.

Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara. FILOSOFIA ANTIGA Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara. Está presente na água de Tales: H20. Essencial para a vida dos seres vivos. É a causa do movimento da natureza: vento move nuvens,

Leia mais

ASPECTOS ROMÂNTICOS NA FILOSOFIA DO JOVEM NIETZSCHE: DA ARTE TRÁGICA AO GÊNIO FILOSÓFICO. GARCIA, Naillê de Moraes¹; ARALDI, Clademir Luís².

ASPECTOS ROMÂNTICOS NA FILOSOFIA DO JOVEM NIETZSCHE: DA ARTE TRÁGICA AO GÊNIO FILOSÓFICO. GARCIA, Naillê de Moraes¹; ARALDI, Clademir Luís². ASPECTOS ROMÂNTICOS NA FILOSOFIA DO JOVEM NIETZSCHE: DA ARTE TRÁGICA AO GÊNIO FILOSÓFICO GARCIA, Naillê de Moraes¹; ARALDI, Clademir Luís². 1,2 Deptº de Filosofia ISP/UFPel Rua Alberto Rosa, 154 - CEP

Leia mais

PALAVRAS-CHAVE: APOLÍNEO; DIONISÍACO; TRAGÉDIA.

PALAVRAS-CHAVE: APOLÍNEO; DIONISÍACO; TRAGÉDIA. O APOLÍNEO E O DIONISÍACO NO CERNE DO HOMEM TRÁGICO Jefferson da Silva Santos Thomasjefferson_br@hotmail.com Universidade Estadual de Santa Cruz Orientador: Profº Me. Lourival Pereira Junior RESUMO Nietzsche

Leia mais

Segundo Capítulo: A ótica estética do jovem Nietzsche

Segundo Capítulo: A ótica estética do jovem Nietzsche 43 Segundo Capítulo: A ótica estética do jovem Nietzsche A partir do que foi até agora exposto, munidos de informações e reflexões referentes ao contexto filosófico em que se insere O nascimento da tragédia,

Leia mais

Arte trágica como alternativa para a racionalidade

Arte trágica como alternativa para a racionalidade Célia Machado Benvenho 1 RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar a proposta do jovem Nietzsche de uma Metafísica da Arte, ou seja, uma justificativa estética do mundo através da arte trágica.

Leia mais

História e Sistema de Arte

História e Sistema de Arte História e Sistema de Arte Professor Isaac Antonio Camargo.Licenciado em Desenho e Plástica UNAERP/SP.Mestre em Educação UEL/PR.Doutor em Comunicação e Semiótica PUC/SP www.artevis.blogspot.com Ementa

Leia mais

Baleia na Rede ISSN:

Baleia na Rede ISSN: Nietzsche e A Ponte (Die Brücke) Uma (dis)solução ao "problema da ponte" Leonardo Gonçalves GOMES 1 (Ernst Luduvig Kirchner: Capa de Die Brücke com retrato de Schmidt-Rottluff (1909)) Resumo: O presente

Leia mais

A Morte do Entusiasmo e o Triunfo da Razão: Considerações sobre o Fenômeno Artístico Primordial em O Nascimento da Tragédia de Friedrich Nietzsche

A Morte do Entusiasmo e o Triunfo da Razão: Considerações sobre o Fenômeno Artístico Primordial em O Nascimento da Tragédia de Friedrich Nietzsche A Morte do Entusiasmo e o Triunfo da Razão: Considerações sobre o Fenômeno Artístico Primordial em O Nascimento da Tragédia de Friedrich Nietzsche The Enthusiasm Death and the Reason Triumph: Considerations

Leia mais

OS FILÓFOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

OS FILÓFOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS OS FILÓFOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS São chamados de filósofos da natureza. Buscavam a arché, isto é, o elemento ou substância primordial que originava todas as coisas da natureza. Dirigiram sua atenção e suas

Leia mais

EJA 5ª FASE PROF.ª GABRIELA DACIO PROF.ª LUCIA SANTOS

EJA 5ª FASE PROF.ª GABRIELA DACIO PROF.ª LUCIA SANTOS EJA 5ª FASE PROF.ª GABRIELA DACIO PROF.ª LUCIA SANTOS ARTES CONTEÚDOS E HABILIDADES FORTALECENDO SABERES DESAFIO DO DIA DINÂMICA LOCAL INTERATIVA Unidade I Tecnologia - Corpo, movimento e linguagem na

Leia mais

A Individuação Como Fenômeno Estético: Arte, Corpo e Linguagem no Jovem Nietzsche

A Individuação Como Fenômeno Estético: Arte, Corpo e Linguagem no Jovem Nietzsche André Luiz Bentes Ferreira da Cruz A Individuação Como Fenômeno Estético: Arte, Corpo e Linguagem no Jovem Nietzsche Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo

Leia mais

Professor Roberson Calegaro

Professor Roberson Calegaro Elevar? Libertar? O que é arte? Do latim ars, significando técnica e/ou habilidade) pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada por meio

Leia mais

- A estética de Plotino é influenciada pela estética de Platão. Assim, Plotino acredita também em uma hierarquia do belo com 3 planos sucessivos:

- A estética de Plotino é influenciada pela estética de Platão. Assim, Plotino acredita também em uma hierarquia do belo com 3 planos sucessivos: - 204 a.c. a 270 a.c. - A estética de é influenciada pela estética de Platão. Assim, acredita também em uma hierarquia do belo com 3 planos sucessivos: - a forma - a alma - a transcendência. - também critica

Leia mais

EM TORNO DE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA: TEORIA DO TRÁGICO E INTUIÇÃO ESTÉTICA AROUND THE BIRTH OF TRAGEDY: THEORY OF TRAGIC AND AESTHETIC INTUITION

EM TORNO DE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA: TEORIA DO TRÁGICO E INTUIÇÃO ESTÉTICA AROUND THE BIRTH OF TRAGEDY: THEORY OF TRAGIC AND AESTHETIC INTUITION https://doi.org/10.31977/grirfi.v18i2.865 Artigo recebido em 10/09/2018 Aprovado em 15/11/2018 EM TORNO DE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA: TEORIA DO TRÁGICO E INTUIÇÃO ESTÉTICA André Luiz Bentes 1 Universidade

Leia mais

A filosofia de Espinosa

A filosofia de Espinosa A filosofia de Espinosa Para tratar de qualquer âmbito da filosofia de Espinosa, é necessário de antemão compreender a imagem de Deus feita pelo filósofo, bem como a importância d Ele para sua filosofia.

Leia mais

Nietzsche: a decadência da arte e a retomada do espírito trágico

Nietzsche: a decadência da arte e a retomada do espírito trágico Nietzsche: a decadência da arte e a retomada do espírito trágico Erica Costa Sousa - Mestranda em Filosofia UFC. Bolsista Funcap. ericacosta21@hotmail.com Resumo: O presente trabalho versará sobre o que

Leia mais

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ARTE E DA VONTADE NO PENSAMENTO DE NIETZSCHE

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ARTE E DA VONTADE NO PENSAMENTO DE NIETZSCHE CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ARTE E DA VONTADE NO PENSAMENTO DE NIETZSCHE Bruna Dutra Fernandes (Bolsista do Grupo PET-Filosofia UFSJ) Profa. Dra. Glória Maria Ferreira Ribeiro (Orientadora - Tutora do Grupo

Leia mais

PLANO DE ENSINO ( X ) OBRIGATÓRIA ( ) OPTATIVA. DEPARTAMENTO: Departamento de Filosofia e Métodos. Semestre Letivo: ( X ) Primeiro ( ) Segundo

PLANO DE ENSINO ( X ) OBRIGATÓRIA ( ) OPTATIVA. DEPARTAMENTO: Departamento de Filosofia e Métodos. Semestre Letivo: ( X ) Primeiro ( ) Segundo PLANO DE ENSINO I IDENTIFICAÇÃO CURSO: Teatro MODALIDADE: Graduação DISCIPLINA: Estética ( X ) OBRIGATÓRIA ( ) OPTATIVA DEPARTAMENTO: Departamento de Filosofia e Métodos DOCENTE RESPONSÁVEL: Semestre Letivo:

Leia mais

TEXTOS SAGRADOS. Noções introdutórias

TEXTOS SAGRADOS. Noções introdutórias TEXTOS SAGRADOS Noções introdutórias A ORIGEM Os Textos Sagrados, via de regra, tiveram uma origem comum: Experiência do sagrado. Oralidade. Pequenos textos. Primeiras redações. Redação definitiva. Organização

Leia mais

4 - Considerações finais

4 - Considerações finais 4 - Considerações finais Eduardo Ramos Coimbra de Souza SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros SOUZA, ERC. Considerações finais. In: Schopenhauer e os conhecimentos intuitivo e abstrato: uma teoria

Leia mais

Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33.

Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33. 91 tornar-se tanto quanto possível imortal Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33. 92 5. Conclusão Qual é o objeto da vida humana? Qual é o seu propósito? Qual é o seu significado? De todas as respostas

Leia mais

Da fotografia à pintura A construção do olhar a partir de um imagético processual lírico

Da fotografia à pintura A construção do olhar a partir de um imagético processual lírico Da fotografia à pintura A construção do olhar a partir de um imagético processual lírico Rafael Teixeira de Resende 1 O presente relato visa refletir sobre o processo de criação do Artista capixaba Rafael

Leia mais

ARTE GREGA Por arte da Grécia Antiga compreende-se as manifestações das artes visuais, artes cênicas, literatura, música, teatro e arquitetura, desde

ARTE GREGA Por arte da Grécia Antiga compreende-se as manifestações das artes visuais, artes cênicas, literatura, música, teatro e arquitetura, desde ARTE GREGA Por arte da Grécia Antiga compreende-se as manifestações das artes visuais, artes cênicas, literatura, música, teatro e arquitetura, desde o início do período geométrico, quando, emergindo da

Leia mais

Belo e sublime, apolíneo e dionisíaco

Belo e sublime, apolíneo e dionisíaco Vladimir Menezes Vieira Universidade Federal Fluminense Resumo: No 1 de O nascimento da tragédia, Nietzsche procura caracterizar os dois princípios que constituirão os pilares de sua doutrina estética

Leia mais

ARISTÓTELES E A ARTE POÉTICA. Prof. Arlindo F. Gonçalves Jr.

ARISTÓTELES E A ARTE POÉTICA. Prof. Arlindo F. Gonçalves Jr. ARISTÓTELES E A ARTE POÉTICA Prof. Arlindo F. Gonçalves Jr. http://www.mural-2.com BELO ARTE Rompe com a identificação entre o Belo e o Bem (kalokagathía) não obstante afirmar que a virtude (areté) é uma

Leia mais

Roberto Machado NIETZSCHE E A VERDADE. 3ª edição Edição revista

Roberto Machado NIETZSCHE E A VERDADE. 3ª edição Edição revista Roberto Machado NIETZSCHE E A VERDADE 3ª edição Edição revista São Paulo / Rio de Janeiro 2017 Sumário Introdução 7 Esclarecimento 19 I Arte e ciência 1 A arte trágica e a apologia da aparência 23 2 Metafísica

Leia mais

O drama da existência

O drama da existência O drama da existência O termo existencialismo designa o conjunto de tendências filosóficas que, embora divergentes em vários aspectos, têm na existência o ponto de partida e o objeto fundamental de reflexões.

Leia mais

Clemente de Alexandria: Deus Está Acima da Própria Unidade

Clemente de Alexandria: Deus Está Acima da Própria Unidade Clemente de Alexandria: Deus Está Acima da Própria Unidade Autor: Sávio Laet de Barros Campos. Bacharel-Licenciado em Filosofia Pela Universidade Federal de Mato Grosso. 1.1) A Existência de Deus é Universalmente

Leia mais

Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média:

Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média: EXERCÍCIOS ON LINE 3º BIMESTRE DISCIPLINA: Filosofia PROFESSOR(A): Julio Guedes Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média: NOME: Nº.: Exercício On Line (1) A filosofia atingiu

Leia mais

5 Considerações finais

5 Considerações finais 77 5 Considerações finais A tese intelectualista da katharsis apóia-se fundamentalmente na Poética IV 1448b4-19, onde Aristóteles afirma que a mimesis é uma fonte de conhecimento prazerosa: tal é o motivo

Leia mais

APOLO E DIONÍSIO A QUESTÃO DA ARTE NO HORIZONTE DE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA DE NIETSZCHE

APOLO E DIONÍSIO A QUESTÃO DA ARTE NO HORIZONTE DE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA DE NIETSZCHE - 1 - Ministério da Educação Brasil Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM Minas Gerais Brasil Revista Vozes dos Vales: Publicações Acadêmicas Reg.: 120.2.095 2011 UFVJM ISSN: 2238-6424

Leia mais

O APOLÍNEO E DIONISÍACO COMO MANIFESTAÇÕES DA ARTE E DA VIDA

O APOLÍNEO E DIONISÍACO COMO MANIFESTAÇÕES DA ARTE E DA VIDA O APOLÍNEO E DIONISÍACO COMO MANIFESTAÇÕES DA ARTE E DA VIDA Fernanda Belo Gontijo Bolsista PET - Filosofia / UFSJ (MEC/SESu/DEPEM) Orientadora: Profa. Dra. Glória Maria Ferreira Ribeiro - DFIME / UFSJ

Leia mais

Sobre este trecho do livro VII de A República, de Platão, é correto afirmar.

Sobre este trecho do livro VII de A República, de Platão, é correto afirmar. O que é o mito da caverna? O que levou Platão a se decepcionar com a política? 3) Mas quem fosse inteligente (...) lembrar-se-ia de que as perturbações visuais são duplas, e por dupla causa, da passagem

Leia mais

Nietzsche and the Greeks

Nietzsche and the Greeks Nietzsche e os gregos Nietzsche and the Greeks Vânia Dutra de Azeredo * Resumo: O artigo apresenta a explanação nietzschiana referente ao surgimento da tragédia Ática, desde a noção de contrariedade presente

Leia mais

Shakespeare. o gênio original

Shakespeare. o gênio original Shakespeare o gênio original Coleção ESTÉTICAS direção: Roberto Machado Kallias ou Sobre a Beleza Friedrich Schiller Ensaio sobre o Trágico Peter Szondi Nietzsche e a Polêmica sobre O Nascimento da Tragédia

Leia mais

PERSPECTIVAS DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO.

PERSPECTIVAS DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO. UNIVERSIDADE DO CONTESTADO CANOINHAS I FÓRUM DE PROFESSORES DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DO PLANALTO NORTE CATARINENSE - 2007 PERSPECTIVAS DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO. Sandro Luiz Bazzanella sandroba@terra.com.br

Leia mais

Preocupações do pensamento. kantiano

Preocupações do pensamento. kantiano Kant Preocupações do pensamento Correntes filosóficas Racionalismo cartesiano Empirismo humeano kantiano Como é possível conhecer? Crítica da Razão Pura Como o Homem deve agir? Problema ético Crítica da

Leia mais

ARTE E CIÊNCIA EM NIETZSCHE: CONSIDERAÇÕES SOBRE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA

ARTE E CIÊNCIA EM NIETZSCHE: CONSIDERAÇÕES SOBRE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA ARTE E CIÊNCIA EM NIETZSCHE: CONSIDERAÇÕES SOBRE O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA Roberto Mario Lovón Canchumani Mestre em Ciências pela UFF. roblovonc@yahoo.com Resumo A filosofia de O Nascimento da Tragédia

Leia mais

A estética Chegamos finalmente ao último porto deste nosso curso, concluindo assim nosso estudo sobre o fazer humano, realizado nesta unidade.

A estética Chegamos finalmente ao último porto deste nosso curso, concluindo assim nosso estudo sobre o fazer humano, realizado nesta unidade. A estetíca A estética Chegamos finalmente ao último porto deste nosso curso, concluindo assim nosso estudo sobre o fazer humano, realizado nesta unidade. Abordamos agora a questão da estética, vinculada

Leia mais

9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II PROFESSOR DANILO BORGES

9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II PROFESSOR DANILO BORGES 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II PROFESSOR DANILO BORGES DAVID HUME - COMPAIXÃO Nascimento: 7 de maio de 1711 Edimburgo, Reino Unido. Morte: 25 de agosto de 1776 (65 anos) Edimburgo, Reino Unido. Hume nega

Leia mais

A ORIGEM DA FILOSOFIA

A ORIGEM DA FILOSOFIA A ORIGEM DA FILOSOFIA UMA VIDA SEM BUSCA NÃO É DIGNA DE SER VIVIDA. SÓCRATES. A IMPORTÂNCIA DOS GREGOS Sob o impulso dos gregos, a civilização ocidental tomou uma direção diferente da oriental. A filosofia

Leia mais

História da Arte Publicidade e Propaganda. Aula 1: Unisalesiano Semestre

História da Arte Publicidade e Propaganda. Aula 1: Unisalesiano Semestre História da Arte Publicidade e Propaganda Aula 1: Unisalesiano 2017-2 Semestre O que é arte? A arte é a expressão crítica de homens e da sociedade, de uma ou mais realidades, caracterizada por um estilo

Leia mais

Nietzsche e a música: uma análise de O nascimento da tragédia

Nietzsche e a música: uma análise de O nascimento da tragédia UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE MÚSICA Nietzsche e a música: uma análise de O nascimento da tragédia Relatório Final de Pesquisa de Iniciação Científica apresentado

Leia mais

Todos buscamos respostas que possam nos satisfazer. Mas, não há respostas prontas, toda explicação e conhecimento recebidos buscam nos auxiliar na

Todos buscamos respostas que possam nos satisfazer. Mas, não há respostas prontas, toda explicação e conhecimento recebidos buscam nos auxiliar na Uma única realidade Todos buscamos respostas que possam nos satisfazer. Mas, não há respostas prontas, toda explicação e conhecimento recebidos buscam nos auxiliar na compreensão e solução de nossas dúvidas

Leia mais

Jair Barboza. Schopenhauer: a decifração do enigma do mundo

Jair Barboza. Schopenhauer: a decifração do enigma do mundo Jair Barboza Schopenhauer: a decifração do enigma do mundo Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes Coordenador de revisão: Tiago José Risi Leme Revisão:

Leia mais

Os gêneros literários. Literatura Brasileira 3ª série EM Prof.: Flávia Guerra

Os gêneros literários. Literatura Brasileira 3ª série EM Prof.: Flávia Guerra Os gêneros literários Literatura Brasileira 3ª série EM Prof.: Flávia Guerra Os gêneros literários O termo gênero é utilizado para determinar um conjunto de obras que apresentam características semelhantes

Leia mais

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFº DANILO BORGES

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFº DANILO BORGES RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFº DANILO BORGES SARTRE (UFU) Liberdade, para Jean-Paul Sartre (1905-1980), seria assim definida: A) o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade consigo mesmo, instaurando

Leia mais

Maria Luiza Costa

Maria Luiza Costa 45 ESTÉTICA CLÁSSICA E ESTÉTICA CRÍTICA Maria Luiza Costa m_luiza@pop.com.br Brasília-DF 2008 46 ESTÉTICA CLÁSSICA E ESTÉTICA CRÍTICA Resumo Maria Luiza Costa 1 m_luiza@pop.com.br Este trabalho pretende

Leia mais

A DISSOLUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA VIA ESTÉTICA DE NIETZSCHE

A DISSOLUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA VIA ESTÉTICA DE NIETZSCHE A DISSOLUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA VIA ESTÉTICA DE NIETZSCHE Juliana Sales 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ó gerações de mortais, como vossa existência nada vale a meus olhos!qual a criatura

Leia mais

A estética como nova forma de conhecimento em Nietzsche

A estética como nova forma de conhecimento em Nietzsche Emanoel de Oliveira Taboas A estética como nova forma de conhecimento em Nietzsche Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa

Leia mais

Gêneros Literários OBRAS LITERÁRIAS: QUANTO À FORMA = VERSO & PROSA QUANTO AO CONTEÚDO = GÊNEROS LITERÁRIOS

Gêneros Literários OBRAS LITERÁRIAS: QUANTO À FORMA = VERSO & PROSA QUANTO AO CONTEÚDO = GÊNEROS LITERÁRIOS GÊNEROS LITERÁRIOS Gêneros Literários OBRAS LITERÁRIAS: QUANTO À FORMA = VERSO & PROSA QUANTO AO CONTEÚDO = GÊNEROS LITERÁRIOS Gêneros Literários GÊNERO ÉPICO (NARRATIVO) = Quando é contada uma história.

Leia mais

Introdução à Estética

Introdução à Estética Profa. Consuelo Holanda @consueloholanda consueloholanda2010@hotmail.com Introdução à Estética Professora: Consuelo Holanda Estética cotidiana O uso comum da palavra estética se dá no sentido de beleza

Leia mais

NIETZSCHE: ALÉM-DO-HOMEM E BARROS, ROBERTO NIETZSCHE: ALÉM-DO-HOMEM E

NIETZSCHE: ALÉM-DO-HOMEM E BARROS, ROBERTO NIETZSCHE: ALÉM-DO-HOMEM E NIETZSCHE: ALÉM-DO-HOMEM E IDEALIDADE ESTÉTICA 1 Bruno Martins Machado (UFS) 2 br.ma.machado@gmail.com BARROS, ROBERTO NIETZSCHE: ALÉM-DO-HOMEM E IDEALIDADE ESTÉTICA. CAMPINAS: EDITORA PHI, 2016, PP.198.

Leia mais

O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA NO ESPÍRITO DA MÚSICA : A RELAÇÃO ENTRE SCHOPENHAUER, NIETZSCHE E WAGNER ( ) Doi: /8cih.pphuem.

O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA NO ESPÍRITO DA MÚSICA : A RELAÇÃO ENTRE SCHOPENHAUER, NIETZSCHE E WAGNER ( ) Doi: /8cih.pphuem. O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA NO ESPÍRITO DA MÚSICA : A RELAÇÃO ENTRE SCHOPENHAUER, NIETZSCHE E WAGNER (1819-1888) Doi: 10.4025/8cih.pphuem.3966 Amanda Ribeiro Coutinho, UFPR Resumo Palavras Chave: Nietzsche;

Leia mais

A estética, vem do termo grego aisthetiké, que significa "perceptive pelos sentidos", mas seu uso consagrou-se para se referir mais especificamente a

A estética, vem do termo grego aisthetiké, que significa perceptive pelos sentidos, mas seu uso consagrou-se para se referir mais especificamente a A estética A estética, vem do termo grego aisthetiké, que significa "perceptive pelos sentidos", mas seu uso consagrou-se para se referir mais especificamente a tudo que se pode ser percebido como agradável

Leia mais

O SENTIDO, OS SENTIDOS E O SEM-SENTIDO DA VIDA. José Thomaz Brum Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

O SENTIDO, OS SENTIDOS E O SEM-SENTIDO DA VIDA. José Thomaz Brum Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro O SENTIDO, OS SENTIDOS E O SEM-SENTIDO DA VIDA José Thomaz Brum Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RESUMO: Na primeira parte deste trabalho, apresento algumas considerações acerca das relações

Leia mais

FILOSOFIA BREVE PANORAMA GERAL FILOSOFIA ANTIGA

FILOSOFIA BREVE PANORAMA GERAL FILOSOFIA ANTIGA FILOSOFIA BREVE PANORAMA GERAL FILOSOFIA ANTIGA SOBRE FILOSOFIA DEFINIÇÃO TRADICIONAL (segundo a perspectiva ocidental) TEOLOGIA CIÊNCIA certezas dúvidas Bertrand Russell (1872-1970) utiliza seus temas

Leia mais

LITERATURA: GÊNEROS E MODOS DE LEITURA - EM PROSA E VERSOS; - GÊNEROS LITERÁRIOS; -ELEMENTOS DA NARRATIVA. 1º ano OPVEST Mauricio Neves

LITERATURA: GÊNEROS E MODOS DE LEITURA - EM PROSA E VERSOS; - GÊNEROS LITERÁRIOS; -ELEMENTOS DA NARRATIVA. 1º ano OPVEST Mauricio Neves LITERATURA: GÊNEROS E MODOS DE LEITURA - EM PROSA E VERSOS; - GÊNEROS LITERÁRIOS; -ELEMENTOS DA NARRATIVA. 1º ano OPVEST Mauricio Neves EM VERSO E EM PROSA Prosa e Poesia: qual a diferença? A diferença

Leia mais

NIETZSCHE E A HISTÓRIA: A RELAÇÃO COM O PASSADO

NIETZSCHE E A HISTÓRIA: A RELAÇÃO COM O PASSADO NIETZSCHE E A HISTÓRIA: A RELAÇÃO COM O PASSADO Dagmar Manieri Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); professor Adjunto de História (Teoria da História) da Universidade

Leia mais

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS 2017 / 2018

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS 2017 / 2018 DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS 2017 / 2018 PLANIFICAÇÃO PORTUGUÊS -12º ANO Unidade 0 Diagnose. Artigo de opinião..texto de opinião. Identificar temas e ideias principais. Fazer inferências. Texto poético: estrofe,

Leia mais

Para que serve a? TERCEIRÃO. Profª. Jaqueline Alice Cappellari Aulas 1, 2 e 3

Para que serve a? TERCEIRÃO. Profª. Jaqueline Alice Cappellari Aulas 1, 2 e 3 Para que serve a? TERCEIRÃO Profª. Jaqueline Alice Cappellari Aulas 1, 2 e 3 A Literatura é a transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal da linguagem. (Antônio Candido) A Literatura,

Leia mais

FILOSOFIA. Professor Ivan Moraes, filósofo e teólogo

FILOSOFIA. Professor Ivan Moraes, filósofo e teólogo FILOSOFIA Professor Ivan Moraes, filósofo e teólogo Finalidade da vida política para Platão: Os seres humanos e a pólis têm a mesma estrutura: alma concupiscente ou desejante; alma irascível ou colérica;

Leia mais

A ESTÉTICA E O SENTIDO DO MUNDO

A ESTÉTICA E O SENTIDO DO MUNDO A ESTÉTICA E O SENTIDO DO MUNDO Edjan Cardoso Bidu Resumo: A arte pode curar a dor? Ela faz parte da história do mundo? Qual a sua relação com a existência humana? Três questões e três pensadores: Schopenhauer,

Leia mais

Educação Matemática MATEMÁTICA LICENCIATURA. Professora Andréa Cardoso

Educação Matemática MATEMÁTICA LICENCIATURA. Professora Andréa Cardoso Educação Matemática MATEMÁTICA LICENCIATURA Professora Andréa Cardoso OBJETIVO DA AULA: Diferenciar a Matemática Racional da Matemática Prática 2 UNIDADE I : EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E ENSINO Matemática Racional

Leia mais

A LITERATURA É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA, SEJA ELA FALADA OU ESCRITA

A LITERATURA É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA, SEJA ELA FALADA OU ESCRITA GÊNEROS LITERÁRIOS A LITERATURA É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA, SEJA ELA FALADA OU ESCRITA Na Antiguidade Clássica os textos literários dividiam em em três gêneros: GÊNERO LÍRICO GÊNERO DRAMÁTICO

Leia mais

1º PERÍODO (Aulas Previstas: 64)

1º PERÍODO (Aulas Previstas: 64) ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE BARROSELAS ANO LETIVO 2017/2018 PORTUGUÊS 12º ANO 1º PERÍODO (Aulas Previstas: 64) Oralidade O11 Compreensão do oral Unidade S/N (Conclusão da planificação do 11º Ano) Cânticos

Leia mais

A Estética é uma especialidade filosófica que visa investigar a essência da beleza e as bases da arte. Ela procura compreender as emoções, idéias e

A Estética é uma especialidade filosófica que visa investigar a essência da beleza e as bases da arte. Ela procura compreender as emoções, idéias e A Estética A Estética é uma especialidade filosófica que visa investigar a essência da beleza e as bases da arte. Ela procura compreender as emoções, idéias e juízos que são despertados ao observar uma

Leia mais

PLATÃO O MUNDO DAS IDEIAS

PLATÃO O MUNDO DAS IDEIAS AVISO: O conteúdo e o contexto das aulas referem-se aos pensamentos emitidos pelos próprios autores que foram interpretados por estudiosos dos temas RUBENS expostos. RAMIRO Todo exemplo JR (TODOS citado

Leia mais

RESENHA. DEBONA, Vilmar - Schopenhauer e as formas da razão: o teórico, o prático e o ético-místico, São Paulo, Annablume, 2010, 139p.

RESENHA. DEBONA, Vilmar - Schopenhauer e as formas da razão: o teórico, o prático e o ético-místico, São Paulo, Annablume, 2010, 139p. RESENHA DEBONA, Vilmar - Schopenhauer e as formas da razão: o teórico, o prático e o ético-místico, São Paulo, Annablume, 2010, 139p. Marinella Morgana de Mendonça* marinellamorgana@ufmg.br Decorrente

Leia mais

Intervenção de S.EXA a PAR na Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Intervenção de S.EXA a PAR na Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN Intervenção de S.EXA a PAR na Cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN Lisboa, 2 de Julho de 2014 Senhor Presidente da República, Senhor Primeiro-Ministro

Leia mais

A vida como obra de arte: ética em Nietzsche?

A vida como obra de arte: ética em Nietzsche? UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Psicologia A vida como obra de arte: ética em Nietzsche? Adriel D. Vieira, RA 420506 Novembro/2008 Monografia apresentada para conclusão da disciplina

Leia mais

Os Sociólogos Clássicos Pt.2

Os Sociólogos Clássicos Pt.2 Os Sociólogos Clássicos Pt.2 Max Weber O conceito de ação social em Weber Karl Marx O materialismo histórico de Marx Teoria Exercícios Max Weber Maximilian Carl Emil Weber (1864 1920) foi um intelectual

Leia mais

A VONTADE DE PODER E O ETERNO RETORNO DO MESMO COMO ARTE 1 THE WILL OF POWER AND THE ETERNAL RETURN OF THE SAME AS ART

A VONTADE DE PODER E O ETERNO RETORNO DO MESMO COMO ARTE 1 THE WILL OF POWER AND THE ETERNAL RETURN OF THE SAME AS ART A VONTADE DE PODER E O ETERNO RETORNO DO MESMO COMO ARTE 1 THE WILL OF POWER AND THE ETERNAL RETURN OF THE SAME AS ART João Francisco Cócaro Ribeiro 2, Fábio César Junges 3 1 Projeto de Iniciação Científica.

Leia mais

CENÁRIO FILOSÓFICO DA GRÉCIA CLÁSSICA I

CENÁRIO FILOSÓFICO DA GRÉCIA CLÁSSICA I CENÁRIO FILOSÓFICO DA GRÉCIA CLÁSSICA I A ideia de que a finalidade da política não é o exercício do poder, mas a realização da justiça para o bem comum da cidade; A ideia de que o homem livre (e somente

Leia mais

A FIGURAÇÃO DA MEMÓRIA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO POR J. J VEIGA EM A CASCA DA SERPENTE E EUCLIDES DA CUNHA EM OS SERTÕES

A FIGURAÇÃO DA MEMÓRIA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO POR J. J VEIGA EM A CASCA DA SERPENTE E EUCLIDES DA CUNHA EM OS SERTÕES Página 305 de 315 A FIGURAÇÃO DA MEMÓRIA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO POR J. J VEIGA EM A CASCA DA SERPENTE E EUCLIDES DA CUNHA EM OS SERTÕES Marleide Santana Paes 118 (UESB) Lúcia Ricotta Vilela Pinto 119 (UESB)

Leia mais

UM OLHAR SOBRE A QUESTÃO DA CONSCIÊNCIA EM NIETZSCHE

UM OLHAR SOBRE A QUESTÃO DA CONSCIÊNCIA EM NIETZSCHE UM OLHAR SOBRE A QUESTÃO DA CONSCIÊNCIA EM NIETZSCHE Alexandre Valença Teixeira Mestrando HCTE UFRJ alexandrevl2006@gmail.com INTRODUÇÃO Poderíamos, com efeito pensar, sentir, querer, recordar- nos, poderíamos

Leia mais

Literatura, Poética e Crítica

Literatura, Poética e Crítica Literatura, Poética e Crítica Literatura Arte Literatura Arte verbal Texto artístico Texto artístico Finalidade estética Obras de arte Texto não artístico Finalidade utilitária Ciência Filosofia Informação

Leia mais

O DASEIN E SUA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DE ANGÚSTIA. Greyce Kelly de Souza Jéferson Luís de Azeredo

O DASEIN E SUA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DE ANGÚSTIA. Greyce Kelly de Souza Jéferson Luís de Azeredo O DASEIN E SUA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DE ANGÚSTIA Greyce Kelly de Souza greycehp@gmail.com Jéferson Luís de Azeredo jeferson@unesc.net Resumo: Neste artigo pretende-se analisar a relação ontológica entre

Leia mais

Do símbolo à metáfora: reflexões sobre arte e linguagem no primeiro Nietzsche

Do símbolo à metáfora: reflexões sobre arte e linguagem no primeiro Nietzsche Filosofia Do símbolo à metáfora: reflexões sobre arte e linguagem no primeiro Nietzsche Anna Hartmann Cavalcanti* Introdução Nietzsche observa, no Ensaio de Auto-Crítica (1886), que o Nascimento da Tragédia

Leia mais

Arte Abstrata: a destruição da forma e a representação da imaginação e do sons

Arte Abstrata: a destruição da forma e a representação da imaginação e do sons Arte Abstrata: a destruição da forma e a representação da imaginação e do sons Profa. Consuelo Holanda consueloholanda2010@hotmail.com 1 A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade

Leia mais

4 Conclusão. 1 KANT, I., Crítica da Faculdade do Juízo, p. 174.

4 Conclusão. 1 KANT, I., Crítica da Faculdade do Juízo, p. 174. 4 Conclusão A história da estética musical entre os séculos XVIII e XIX passa por diversas concepções. Primeiramente, o ajuizamento da música passa pela impossibilidade de um belo musical a partir da Crítica

Leia mais

LISTA DE CONTEÚDOS PARA RECUPERAÇÃO FINAL Professor: Airton José Müller Componente Curricular: Filosofia

LISTA DE CONTEÚDOS PARA RECUPERAÇÃO FINAL Professor: Airton José Müller Componente Curricular: Filosofia LISTA DE CONTEÚDOS PARA RECUPERAÇÃO FINAL - 2015 Professor: Airton José Müller Componente Curricular: Filosofia 7º Ano Filósofos Clássicos. A filosofia clássica. Sócrates de Atenas: o poder das perguntas

Leia mais

PITÁGORAS E A ESCALA MUSICAL

PITÁGORAS E A ESCALA MUSICAL PITÁGORAS E A ESCALA MUSICAL Paulo de Tarso Salles CMU-ECA/USP, 2009 O matemático e filósofo Pitágoras de Samos (V A.C.) é um personagem cuja história real ainda não foi esclarecida. Os estudos atribuídos

Leia mais

BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1985.

BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1985. BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1985. Alfredo Bosi (São Paulo, 26 de agosto de 1936) é um professor universitário, crítico e historiador de literatura brasileira, e também imortal

Leia mais

Mas por que à simples relação de fatos, à meia expressão de emoções por meio da escrita chamamos arte como à pintura, à escultura, à música?

Mas por que à simples relação de fatos, à meia expressão de emoções por meio da escrita chamamos arte como à pintura, à escultura, à música? O que é Literatura? Segundo o crítico e historiador literário José Veríssimo, várias são as acepções do termo literatura: conjunto da produção intelectual humana escrita; conjunto de obras especialmente

Leia mais

O significado público da Obra de Arte: A natureza do gênio. Da Cunha, E. Murari, Da

O significado público da Obra de Arte: A natureza do gênio. Da Cunha, E. Murari, Da O significado público da Obra de Arte: A natureza do gênio Da Cunha, E. Murari, Da Resumo: Deixo claro que o que publico são impressões pessoais acerca da estética e busco transpor em palavras minhas investigações

Leia mais

ARTE: Conceito, Origem e Função

ARTE: Conceito, Origem e Função ARTE: Conceito, Origem e Função Irama Sonary de Oliveira Ferreira Lívia Freire de Oliveira INTRODUÇÃO Arte é conhecimento, e partindo deste princípio, pode-se dizer que é uma das primeiras manifestações

Leia mais

Contribuições do pensamento nietzschiano na abordagem dos processos de criação em dança cênica (artística)

Contribuições do pensamento nietzschiano na abordagem dos processos de criação em dança cênica (artística) Contribuições do pensamento nietzschiano na abordagem dos processos de criação em dança cênica (artística) Contributions of Nietzsche's thought in approaching the processes of creation in scenic dance

Leia mais

A tragédia para Nietzsche: oposição e interação entre o apolíneo e o dionisíaco Ivan Gapinski (UNICENTRO)

A tragédia para Nietzsche: oposição e interação entre o apolíneo e o dionisíaco Ivan Gapinski (UNICENTRO) A tragédia para Nietzsche: oposição e interação entre o apolíneo e o dionisíaco Ivan Gapinski (UNICENTRO) Resumo: O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise do pensamento do filósofo alemão

Leia mais

Revista Tempo, Espaço e Linguagem

Revista Tempo, Espaço e Linguagem Revista Tempo, Espaço e Linguagem 169 O DIONISÍACO E O APOLÍNEO NO FILME DOGVILLE The Dionysian and the Apollonian in the movie Dogville Lo dionisíaco y lo apolíneo en la película Dogville Alexandra Pingret

Leia mais

Nietzsche na filosofia atual: o eterno retorno como acontecimento do pensar *

Nietzsche na filosofia atual: o eterno retorno como acontecimento do pensar * Nietzsche na filosofa atual: o eterno retorno como acontecimento do pensar Nietzsche na filosofia atual: o eterno retorno como acontecimento do pensar * Estela Beatriz Barrenechea A filosofia, tal como

Leia mais

Gêneros Literários. Drama. Imita a realidade por meio de personagens em ação, e não da narração. Poética de Aristóteles

Gêneros Literários. Drama. Imita a realidade por meio de personagens em ação, e não da narração. Poética de Aristóteles Gêneros Literários Drama Imita a realidade por meio de personagens em ação, e não da narração. Poética de Aristóteles Rituais a Dionísio, Deus grego da arte, da representação e das orgias, no séc. VI a.c;

Leia mais

Platão 428/27 348/47 a.c.

Platão 428/27 348/47 a.c. Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia - Ensino Médio Platão 428/27 348/47 a.c. O corpo é inimigo do espírito, o sentido se opõe ao intelecto, a paixão contrasta com a razão. 1 Platão e Sócrates Representação

Leia mais

Revista Filosofia Capital ISSN Vol. 1, Edição 2, Ano BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO

Revista Filosofia Capital ISSN Vol. 1, Edição 2, Ano BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO 30 BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO Moura Tolledo mouratolledo@bol.com.br Brasília-DF 2006 31 BREVE ANÁLISE FILOSÓFICA DA PESSOA HUMANA DO PERÍODO CLÁSSICO

Leia mais