Panorama da Produção e Importação de Biocombustíveis em Portugal - ano de 2012
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- Maria Castel-Branco Rijo
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1 Panorama da Produção e Importação de Biocombustíveis em Portugal - ano de 2012 LNEG ECS - Estrada do Paço do Lumiar, nº 22, edif J 1º andar, Lisboa
2 Introdução Neste relatório pretende-se caracterizar o sector dos biocombustíveis em Portugal no ano de 2012, a partir das declarações apresentadas à ECS pelos operadores económicos (OEs), produtores e importadores de biocombustíveis, de acordo com o previsto no DL nº 117/2010 de 25 de outubro e na Portaria nº 8/2012 de 4 de Janeiro. De acordo com a legislação em vigor cabe à ECS como Entidade Verificadora do Cumprimento dos Critérios de Sustentabilidade dos Biocombustíveis utilizados no sector dos transportes, emitir os Títulos de Biocombustíveis (TdB) que comprovam a incorporação dos biocombustíveis no mercado rodoviário nacional e que, decorrente da sua produção sustentável, asseguram a Portugal o cumprimento da meta obrigatória de 10 % de biocombustíveis em Em 2012 foram emitidos um total de TdB, dos quais TdB-B e TdB-G. A importação de biocombustíveis representou, em termos de TdB, cerca de 1 % dos biocombustíveis declarados. Em Portugal foram introduzidos no mercado três tipos de biocombustíveis: FAME, produzido localmente por Produtores de Regime Geral (PRG) e por Pequenos Produtores Dedicados (PPD), HVO e bio-etbe, proveniente de importação. As Figs 1-2 apresentam a caracterização global do sector por tipo de biocombustível, em tep e em volume, produzido/importado. 1,4% 0,5% 0,4% FAME FAME/PPD HVO bio-etbe 97,7% Total de biocombustíveis = tep (renováveis) Fig. 1 Total de biocombustíveis, em tep, introduzidos no mercado em
3 1,3% 0,5% 1,5% FAME FAME/PPD HVO bio-etbe 96,7% Total de biocombustíveis = m3 Fig. 2 Total de biocombustíveis em m 3 introduzidos no mercado em 2012 Conclui-se que o FAME representa a quase totalidade do biocombustível utilizado no sector dos transportes (Fig. 2). Seguidamente apresentam-se com mais pormenor alguns dados que levaram as estas conclusões globais. Estatística dos Biocombustíveis em 2012 A - Produtores do Regime Geral (PRG) A.1 - Produção de biodiesel (FAME) Em 2012 registaram-se na ECS seis empresas classificadas como produtoras de regime geral, que se dedicam à produção de Biodiesel-FAME. Neste período, a produção total de FAME pelos PRG foi de m 3 ( ton tep) que representou 89 % da quota atribuída em 2012 pela DGEG a estes PRG. A.2 Óleos vegetais virgens para biodiesel (FAME) Em Portugal, durante o período de referência, foram utilizados ton de óleos vegetais virgens (OVV) dos seguintes tipos: - óleo de soja - óleo de colza - oleína de palma 3
4 - óleo de girassol - óleo de bagaço de azeitona bem como as seguintes matérias residuais: - gordura animal - óleos alimentares usados A Fig. 3 apresenta a distribuição das quantidades relativas utilizadas por tipo de óleo. Verificase que apenas três tipos de óleo representam mais de 98 % do total, havendo predomínio do óleo de soja com cerca de 50 %. A representatividade das matérias residuais na produção dos PRGs é muito baixa (cerca de 1,2 %). 14,5% 0,5% 1,2% 0,1% 0,3% 0,0% 33,9% colza soja oleina palma girassol gordura animal óleo bagaço azeitona biodiesel reprocessado 49,5% OAU Total de óleos processados = ton Fig. 3 Total de óleos (vegetais e residuais) processados em 2012 para biocombustíveis A.3 - Matérias primas agrícolas e sua origem A informação das quantidades de matérias primas (semente de oleaginosa) utilizadas e sua origem apenas foi disponibilizada pelas empresas que são simultaneamente extratoras do óleo vegetal. Na Tabela 1 são indicados os países de origem das matérias primas agrícolas, sem no entanto se referir o peso relativo de cada país, uma vez que não existe disponível informação suficiente. Indica-se igualmente que o recurso a matérias primas agrícolas endógenas foi nula em
5 Tabela 1 Origem das matérias-primas utilizadas para produção de Biodiesel-FAME soja Matéria prima colza Pais de origem Brasil, Canadá, Paraguai, Ucrânia, USA, Espanha, Moldávia Canadá, USA, Ucrânia, Bulgária oleína de palma Indonésia, Malásia, Holanda (1) girassol Bulgária, Roménia, Espanha (1) A menção à Holanda deve-se ao porto de Roterdão ser o principal entreposto europeu de importação de oleaginosas proveniente da Ásia, pelo que deve ser entendida esta referência à Holanda neste âmbito. Tendo em conta um rendimento médio de extração para cada tipo de semente, partindo das declarações das empresas que são simultaneamente produtoras de biodiesel e extratoras de OVV, calculou-se a quantidade de sementes oleaginosas utilizada para a produção de biocombustíveis pela indústria nacional em Assim, estima-se que a matéria prima agrícola utilizada (para posterior extração de óleos para bioenergia) foi de cerca de um milhão cento e quinze mil toneladas (sementes de oleaginosas e oleína de palma), de acordo com a Fig. 4. 0% 4% 24% colza soja 72% oleína de palma girassol Total de matéria prima agrícola = ton Fig. 4 Total de matéria-prima agrícola processada em 2012 que entrou na cadeia de valor dos biocombustíveis Devido ao baixo rendimento da soja em óleo da soja (apenas 20 %), a predominância da utilização da soja na produção de FAME, indicada na Fig. 3, é agora mais acentuada, passando 5
6 a representar mais de 70 % da matéria prima agrícola total (Fig. 4). Recorde-se que a semente de soja possui apenas 20 % de óleo, sendo os restantes 80 % da semente, utilizada maioritariamente pela indústria em outras aplicações, em particular para a indústria de rações para alimentação animal (ex. farinha de soja) que não colide com a indústria de biodiesel. A.4 - Títulos de Biocombustíveis A produção dos PRG, referida anteriormente ( tep), deu origem à emissão total de TdB-D, dos quais apenas (1,2 %) correspondem a títulos bonificados (mecanismo de dupla contagem) exclusivamente provenientes da utilização de matérias residuais. B - Importadores Em 2012, apenas três empresas importaram biocombustíveis. Os biocombustíveis importados foram: - bio-etbe (5.387 m 3 ) - HVO (1.703 m 3 ) As referidas quantidades importadas deram origem à emissão de TdB-G e TdB-D. C - Pequenos produtores dedicados Dos 17 PPDs inscritos na ECS, em 2012, 14 fizeram declarações de produção de biocombustível substituto de gasóleo (BSG) tipo biodiesel/fame e um outro declarou um biocombustível substituto de gasóleo não FAME, um óleo alimentar usado purificado e tratado (não transesterificado),com teor energético de 0,814 tep/m 3, um valor um pouco mais elevado que o valor tabelado para o FAME (0,788 tep/m 3 ). Duas empresas fecharam a actividade durante o corrente ano. Todos os PPDs produziram biocombustível a partir 100 % de matérias residuais num total de ton, das quais 98,4 % eram de óleos alimentares usados e 1,6 % de gordura animal (óleo de aves). A produção global de m 3 de biocombustível substituto de gasóleo, equivale a tep. A produção de biocombustíveis por parte dos PPDs conduziu à emissão de TdB a favor da DGEG, segundo o nº 3 do artº19º do DL nº 117/2010 de 25 de outubro. 98 % dos tep produzidos por estes produtores foram bonificados pelo mecanismo da dupla contagem, dado tratar-se de uma produção obtida a partir de mais de 60 % de matéria prima residual. 6
7 D Resumo dos TdB emitidos em 2012 Para concluir apresenta-se um quadro resumo dos TdB emitidos em OE TdB-D TdB-G não bonif bonif total não bonif bonif total PRG Importadores PPD * Total * emitidos a favor da DGEG, segundo o nº 3 do artº19º do DL nº 117/2010 de 25 de outubro Em 2012: - o número total de TdB emitidos, D e G, incluindo bonificações foi de ; - 99,6 % dos TdB totais correspondem a TdB-D; - 0,4 % dos TdB totais correspondem a TdB-G; - 96,4 % dos TdB totais correspondem à produção dos PRGs; - 2,7 % dos TdB totais correspondem à contribuição dos PPDs; - 0,9 % dos TdB totais correspondem à contribuição das importações; - 2,5 % dos TdB totais correspondem a TdB bonificados; 7
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