Mercado de Biocombustíveis em Portugal. Perspetiva Institucional da APPB

Transcrição

1 Mercado de Biocombustíveis em Portugal Perspetiva Institucional da APPB Jaime Braga - APPB (Secretário-geral) Lisboa, 14 de Março de 2016

2 1 A situação atual O Decreto-Lei n.º 117/2010, de 25 de Outubro, regula o mercado dos biocombustíveis e teve o mérito de proporcionar em enquadramento previsível que permitiu o cabal funcionamento das empresas que operam neste mercado. No entanto, previsibilidade nem sempre é sinónimo de imobilismo ou mesmo de estabilidade, uma vez que: Em Julho de 2014, os biocombustíveis introduzidos no mercado passaram a obedecer a critérios de sustentabilidade; No final de 2014, terminou o regime de quotas garantidas aos produtores; No início de 2015, a meta de incorporação de biocombustíveis nos combustíveis passou de 5,5% para 7,5%, em teor energético.

3 1 A situação atual (continuação) O cumprimento dos critérios de sustentabilidade foi um passo importante, que teve custos que as empresas suportaram, mas que proporcionou a Portugal um passo decisivo no cumprimento da meta a que se obrigou de 31% de renováveis no consumo final de energia, em As metas atuais de incorporação significam que os biocombustíveis contribuem com cerca de 3 dos 31 pontos percentuais desse objetivo. As metas de incorporação de biocombustíveis que Portugal assumiu, estão em linha com a ambição subjacente à referida meta de renováveis de 31%, e aqui refira-se que a meta europeia é de 20%. O quadro seguinte apresenta as metas adotadas na maioria dos Estados- Membros.

4 Legislação Europeia Metas biocombustíveis na UE em 2016 UK Dinamarca 5,75% energia Alemanha 3,5% redução emissões 4,75% volume France 7,7% volume Países Baixos 5,5% energia min 3,5% biodiesel e etanol Polónia 7,1% energia República Checa 5,71% energia Hungria 4,9% energia Irlanda 6,38% volume República Eslovaca 7,6 % energia Espanha 4,1% energia min 4,1% biodiesel min 3,9% etanol Áustria 6,3% energia Portugal 7,5% Energia Bulgaria 6% volume min 6,75 v/v biodiesel 2,5% biocombustível na gasolina Bélgica 6% volume Eslovénia 5% energia Grécia 5,75% energia Roménia 6,5% energia Itália 5,5% energia Croacia 4,89% energia

5 2 Enquadramento Legal o que se deve manter O setor dos biocombustíveis é de criação recente e deu origem a investimentos vultuosos por parte de todos os seus operadores. Requer-se estabilidade regulatória que propicie minimamente o retorno desse esforço. Consideramos essencial a essa estabilidade: A manutenção da figura do Entreposto Fiscal de Transformação; A existência de metas que proporcionem garantia de atividade às empesas produtoras, ou seja, a garantia de volumes físicos compatíveis com o consumo nacional de combustíveis e com a capacidade instalada no país.

6 2 Enquadramento Legal o que se deve manter (continuação) Consideramos que o regime atual de atribuição de TdB s é aquele que melhor serve o setor por ter maior potencial de balanceamento o desejável (e necessária) incorporação de volume físico, e o reconhecimento dos méritos da incorporação de produtos com origem em matérias alternativas.

7 3 O que poderá vir a ser revisto A perspetiva de transposição, em 2017, da Diretiva 2015/1513 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de Setembro de 2015 (Diretiva iluc), obrigará a revisão do Decreto-Lei n.º 117/2010, pelo menos quanto a: o Limitação a 7% em teor energético da incorporação de biocombustíveis com origem em matérias-primas agrícolas; o A lista de matérias-primas residuais com direito a bonificações de títulos de biocombustíveis, já foi revista em Dezembro de 2015 à luz desta Diretiva;

8 3 O que poderá vir a ser revisto (continuação) Estarão atualmente em reflexão os seguintes temas: Um melhor equilíbrio entre o estimulo à utilização de matérias residuais e o inevitável controlo das suas origens, o que inclui uma maior supervisão por parte da ENMC a todos os operadores, incluindo os pequenos produtores dedicados (PPD); A revisão do sistema de controlo e do valor das compensações por incumprimento das metas de incorporação de biocombustíveis.

9 4 Perspetivas até 2020 O consumo de combustíveis nos transportes tem apresentado nos últimos anos uma tendência de redução. Além disso, os programas relativos ao aumento da eficiência nos transportes, a que acrescem a evolução do veículo elétrico e o estímulo à utilização do gás natural não auguram a inversão desta tendência. Os biocombustíveis, no entanto, são, para já, a solução tecnologicamente madura e renovável, independentemente da evolução doutras vias para a descarbonização dos transportes e para o aumento do peso de renováveis neste setor.

10 4 Perspetivas até 2020 (continuação) Consideramos que, pelas razões apontadas e, também, pela sua complementaridade com a produção de alimentos e aqui o abastecimento seguro do setor da pecuária é determinante, a incorporação de biodiesel no gasóleo terá de ser, não só mantida, como estendida aos setores agrícola e do transporte não rodoviário.

11 Obrigado pela atenção Jaime Braga (Eng.º) Secretário-geral da APPB Rua da Junqueira, 39 2.º (Edifício Rosa), Lisboa Telefone: