Palavras chave: Didática das Ciências, Educação matemática, Sequências de ensino aprendizagem

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1 01105 ATIVIDADE FORMATIVA DESENVOLVIDA COM BOLSISTAS DO PROGRAMA PIBID: EXPECTATIVAS E PRIMEIRAS IMPRESSÕES SOBRE UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO APRENDIZAGEM DESENHADA PARA ENSINO FUNDAMENTAL RESUMO Kalina Cúrie Tenório Fernandes do Rêgo Barros¹ Helaine Sivini Ferreira² ¹Instituto Federal de Pernambuco/Departamento de Ensino, Kalinacurie23@gmail.com.br ²Universidade Federal Rural de Pernambuco/ Departamento de Educação, hsivini@terra.com.br As pesquisas na área da Educação Matemática têm crescido muito nos últimos anos, fator que tem provocado discussões importantes a cerca dos aspectos inerentes ao processo de ensino aprendizagem do conhecimento matemático. Esse fenômeno pode ser considerado reflexo de uma nova tendência presente nas discussões atuais a respeito do Ensino das Ciências - A Didática das Ciências, de acordo com Sanmartí (2009) os conhecimentos científicos são sínteses de campos de estudos diversos, o que caracteriza este como um campo de estudo multidisciplinar. Essas discussões começam a repercutir nos cursos de formação de professores, exatamente porque avanços significativos nas pesquisas sugerem uma diversificação no uso de novas metodologias que contribuam para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. O objetivo deste artigo é analisar o processo de formação realizado com bolsistas do Programa PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) licenciandos da área de matemática do IFPE. O processo formativo implicou na estruturação, aplicação e avaliação de uma sequência de ensino aprendizagem abordando a temática: Introdução a Estatística. As intervenções pedagógicas foram vivenciadas no contexto das aulas de matemática e aplicadas em uma turma do 9º ano do ensino fundamental numa escola pública da cidade de Pesqueira-PE. Para tanto nos baseamos em elementos da engenharia didática, ao definirmos os momentos de análise a priori e posteriori e na abordagem construtivista integrada de Meheut (2005) para estruturação da sequência de ensino. Os resultados demonstraram que o processo formativo como um todo foi de grande relevância para os bolsistas, especialmente as etapas de planejamento da sequência de ensino, uma vez que constatamos que os licenciandos demonstraram grande preocupação com as questões relacionadas às suas concepções de ensino e, consequentemente, as repercussões do ensino na aprendizagem dos estudantes. Palavras chave: Didática das Ciências, Educação matemática, Sequências de ensino aprendizagem INTRODUÇÃO Para subsidiar teórico-metodologicamente o nosso estudo, nos baseamos nos estudos sobre o papel da nova Didática das Ciências na perspectiva de Sanmarti (2009) e Carvalho (1989), da Educação Matemática fundamentada nas ideias de Brousseau (apud Gálvez, 1996) e Pais (2002) e, sobretudo nas contribuições de Méheut (2005) relativas

2 01106 ao desenho de sequências de ensino e aprendizagem (originalmente Teaching-Learning Sequences TLS). O objetivo desse estudo é analisar o processo de formação realizado com bolsistas do Programa PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) licenciandos da área de matemática do IFPE. Esse processo implicou na estruturação, aplicação e avaliação de uma sequência de ensino aprendizagem. Para estruturação das sequências de ensino aprendizagem nos basearemos em Mehéut (2005) que propõe um modelo simples envolvendo os seguintes componentes: professor, alunos, mundo material e conhecimento científico, organizados em duas dimensões: a epistêmica, relativa à elaboração, métodos, validação e significação do conhecimento científico em face ao mundo real e a pedagógica, focando os papéis do professor e do aluno e interações em sala de aula. Assim esperamos abordar o conteúdo de forma mais integrada ao consideramos todas as variáveis didáticas propostas por Mehuet (2005), bem como suas interrelações. O estudo foi desenvolvido com três licenciandas (bolsistas PIBID) do curso de Matemática do IFPE- Campus Pesqueira e uma professora de matemática da Educação Básica. As intervenções pedagógicas foram realizadas com 38 alunos de uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental e vivenciadas no contexto das aulas de matemática, foram estruturadas, aplicadas e avaliadas sequências de ensino aprendizagem com o conteúdo Introdução à Estatística, sob a orientação dos pesquisadores em conjunto com a professora da disciplina (da escola) que acompanhou todo o percurso metodológico. Para tanto nos baseamos em elementos da Engenharia Didática- fundamentada em Artigue (1995), ao definirmos os momentos de análise a priori e posteriori..tal tipo de validação é uma das singularidades dessa metodologia, por ser feita internamente, sem a necessidade de aplicação de um pré-teste ou de um pós-teste. A pesquisa foi estruturada em três etapas: 1ª ETAPA: Estruturação e Pré-análise da TLS 1.1 Estruturação Livre A sequência de ensino-aprendizagem foi planejada pelas bolsistas, com a participação da professora da turma e as orientações do coordenador da área de matemática do IFPE.

3 Análise a priori Através de uma entrevista com as licenciandas a pesquisadora coletou as expectativas a priori sobre a realização da intervenção. 2ª ETAPA: APLICAÇÃO DA TLS 2.1 Intervenção Pedagógica Aplicação da sequência de ensino aprendizagem estruturada. 3ª ETAPA: AVALIAÇÃO DA TLS 3.1 Análise a posteriori - Realização de uma entrevista com as licenciandos após a realização da intervenção pedagógica. CONSIDERAÇÕES Nossa intenção foi apresentar fragmentos das entrevistas que consideramos mais significativos e para tanto, nomeamos inicialmente os bolsistas por S1, S2 e S3. Os trechos foram organizados considerando: as expectativas iniciais em relação à intervenção e a sequência e as primeiras impressões sobre a sequência após sua aplicação. Com relação às expectativas iniciais sobre a intervenção a fala de S1, explicita bem os sentimentos de todas com relação ao que estar por vir: Como estudante pesquisadora, sempre espero que a ideia proposta funcione, mas sempre fica certa insegurança em relação ao alvo, que é o aluno... (S1) As expectativas são positivas em relação à realização da atividade, embora possamos observar certa insegurança. O que é perfeitamente compreensível uma vez que os bolsistas ainda estão em formação e irão trabalhar pela primeira vez com as sequências de ensino aprendizagem. Também pudemos perceber nas falas dos bolsistas a percepção do ser pesquisador, e neste sentido acreditamos na influência positiva das atividades de pesquisa desenvolvidas pelos bolsistas do PIBID nas escolas de educação básica parceiras do programa que atribuem à pesquisa um importante papel no processo de formação do professor pesquisador. Quando questionadas acerca da intervenção. Temos as seguintes falas: Acredito que sim, por se tratar de uma sequência com objetivos bem práticos...vai funcionar com a participação ativa dos estudantes. (S2)

4 01108 [...]além de apresentarmos definições de conteúdo...estaremos mostrando a aplicação. (S3) Percebemos claramente nas falas o destaque dado aos elementos de caráter prático da sequência, ou seja, o componente do mundo material, um dos vértices do losango didático da proposta de Meheut (2005). Os bolsistas acreditam ser esse um dos diferenciais da proposta. A seguir apresentamos as primeiras impressões sobre a sequência após sua aplicação. A experiência foi muito gratificante... os alunos foram muito participativos e mostraram a compreensão do conteúdo. (S1) A experiência de levar a estatística para a sala de aula, foi muito produtiva pois eles já tinham observado em seu dia-a-dia a presença de gráficos...com isso alcançamos nossos objetivos. (S3) Nesta fala percebemos a satisfação dos bolsistas com o bom desenvolvimento da sequência. Eles ressaltam a maior participação dos estudantes e acreditam que esse é um aspecto que pode levar a uma melhor aprendizagem. Quando questionadas sobre dificuldades ou problemas observados nos surpreendemos um pouco com as falas: Na intervenção em si não, mas quando estávamos montando a sequência metodológica sim. (S1) Fiquei insegura no planejamento das atividades... (S3) Analisando as falas percebemos que não houve dificuldades aparentes na aplicação da sequência. As dificuldades relatadas remetem aos momentos de estruturação da mesma. Essas dificuldades explicitadas pelos bolsistas em relação à estruturação da sequência demonstram claramente a preocupação dos mesmos em romper com o modelo de ensino baseado, exclusivamente, na memorização, focado apenas no aspecto conceitual ainda tão presente nas aulas de matemática na atualidade. Como demonstra informações descritas nos PCNs (1998) Em nosso país o ensino de Matemática ainda é marcado pelos altos índices de retenção, pela formalização precoce

5 01109 de conceitos, pela excessiva preocupação com o treino de habilidades e mecanização de processos sem compreensão. A etapa do planejamento da ação pedagógica é um processo complexo e precisa ser construída de maneira compartilhada, refletida, principalmente nessa etapa inicial da formação. RECOMENDAÇÕES Diante do exposto podemos afirmar que o processo formativo proposto foi de grande relevância para os bolsistas do IFPE que estão ainda em formação inicial. Primeiro por inseri-los numa processo de pesquisa, segundo por oportunizar momentos ricos de planejamento e aplicação de atividades. A utilização da abordagem construtivista integrada de Meheut parece ter sido relevante, uma vez que alguns dos seus componentes surgem com frequência nas fala dos bolsistas como elementos de fizeram a diferença, ao propiciar maior motivação e consequentemente maior participação. Contudo, essas primeiras análises ainda são muito incipientes para podermos concluir algo sobre a efetividade da sequência em si na aprendizagem dos conteúdos abordados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTIGUE, M; DOUADY, R; MORENO, L. (1995). Ingeniería didática en educación matemática: un esquema para la investigación y la innovavación en La enseñanza y el aprendizaje de las matemáticas. Bogotá: Pedro Gómez. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Ministério da Educação e do Desporto / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, CARVALHO, A. M. P. D. C.; PEREZ, D. G O saber e o saber fazer dos professores. In: PIONEIRA (Ed.). Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo, SP: Amélia Domingues de Castro, Anna Maria Pessoa de Carvalho,. p MÉHEUT, M Teaching-learning sequences tools for learning and/or research. Research and Quality of Science Education (Eds. Kerst Boersma, Martin Goedhart, Onno de Jong e Harrie Eijelhof). Holanda: Springer PAIS, Luis Carlos Didática da Matemática: uma análise da influência francesa. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica SANMARTÍ, Neus Didáctica de las ciencias em la educación secundaria obligatoria. Editorial Síntesis Madrid