Hospital do Servidor Público Municipal. Avaliação da qualidade de vida após infecção de artroplastia total de joelho
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- Thalita Fernandes Valgueiro
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1 Hospital do Servidor Público Municipal Avaliação da qualidade de vida após infecção de artroplastia total de joelho São Paulo, 2011
2 Ivan Furlan de Sousa Avaliação da qualidade de vida após infecção de artroplastia total de joelho Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Residência Médica do Hospital do Servidor Público Municipal, para obter o título de Residência Médica. Área: Ortopedia e Traumatologia Orientadora: Dra. Regina Yumi Saito São Paulo, 2011
3 Sousa, Ivan Furlan Avaliação da qualidade de vida após infecção de artroplastia total de joelho/ Ivan Furlan de Sousa- São Paulo p. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Residência Médica do HSPM-SP, para obter o título de Residência Médica, na área de Ortopedia e Traumatologia. 1. artroplastia total de joelho 2. infecção.
4 AUTORIZO A INCLUSÃO APENAS DO RESUMO DO TCC DE MINHA AUTORIA NA BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. São Paulo, / / Assinatura do Residente
5 RESUMO A artroplastia total do joelho (ATJ) é o procedimento indicado para pacientes com dor intratável e grande deficiência funcional. Como todo procedimento cirúrgico, a ATJ não é isenta de riscos. A infecção não é a complicação mais comum, porém é considerada uma das mais graves, com impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes submetidos à ATJ. O objetivo do presente estudo foi comparar a qualidade de vida dos pacientes com e sem infecção nos pós-operatório de ATJ. Utilizamos o SF-36 como instrumento de avaliação subjetiva da qualidade de vida. Os dados obtidos demonstram melhor desempenho no grupo dos pacientes que não evoluíram com infecção em 05 dos 08 domínios do SF-36. Nossos resultados mostram que os pacientes que evoluíram com infecção no pósoperatório de ATJ apresentaram piora na qualidade de vida. Palavras-chaves: artroplastia total de joelho, infecção, qualidade de vida.
6 ABSTRACT The total knee arthroplasty (TKA) is the procedure for patients with intractable pain and high functional impairment. Like any other surgical procedure, the TKA have risks. Prosthetic joint infection is not the most common complication, however it is considered one of the most devastating, with a negative impact on the quality of life of patients undergoing TKA. The purpose of this study is to compare the quality of life of patients with and without postoperative infection in TKA. We used the SF-36 as a tool for assessing subjective quality of life. The data gathered in this research shows a better performance in the group of patients who did not develop infection in 05 out of the 08 domians of SF-36. Our results show that patients who developed postoperative infection in TKA had poorer quality of life. Keywords: total knee arthroplasty, infection, quality of life
7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS RESULTADOS DISCUSSÃO: CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 16
8 1 INTRODUÇÃO A osteoartrose (OA) é a doença articular mais prevalente em adultos idosos, e ocorre devido ao processo degenerativo da cartilagem articular 9. Seu quadro clínico é caracterizado por dor e redução da função articular, sendo considerada uma das principais causas de incapacidade permanente, com impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes portadores de OA de joelho 8. A artroplastia total do joelho (ATJ) é o procedimento indicado para pacientes com dor intratável e grande deficiência funcional 5,6. Apresenta bons resultados no alívio da dor e no restabelecimento da função 9,12, sendo cada vez mais utilizado como procedimento de escolha 7, pois apresenta bons resultados clínicos 14. O conceito de substituição da superfície articular do joelho, para o tratamento de doenças graves dessa articulação, tem recebido atenção desde o século XIX. Já em 1860, Veneuil sugeriu a interposição de partes moles para a reconstrução articular do joelho. Mas foi no início do século passado que a ATJ apresentou grande evolução, devido ao desenvolvimento de materiais de implante adequados para a interposição articular e ao aprimoramento da técnica cirúrgica, alavancado principalmente por Campbell, Macintosh, e McKeever 11. Como todo procedimento cirúrgico, a ATJ está sujeita a complicações, dentre as quais podemos citar: fenômenos tromboembólicos, complicações na articulação femoropatelar, lesões neurovasculares, fraturas periprotéticas, soltura dos componentes implantados e a infecção 5,9,16. Na literatura mundial, a incidência de infecções em ATJ primárias varia de 1% a 5% 10,12,15, sendo considerada uma das mais graves complicações deste procedimento cirúrgico, por ser de tratamento difícil e prolongado 5,9,12,16. Com o aumento no número de ATJ, a infecção tornou-se uma condição mais frequente 1. O impacto econômico do tratamento desta complicação chega a 300 milhões de dólares anualmente nos Estados Unidos 11.
9 Os principais fatores predisponentes para tal complicação são idade avançada, desnutrição, obesidade, diabetes mellitus (DM), infecção pelo HIV em estágio avançado e presença de foco infeccioso à distância. Portadores de artrite reumatóide ou psoriática também têm maiores riscos de infecção pós-operatória. As bactérias gram-positivas são predominantes nas contaminações das próteses articulares, em especial o Staphylococcus aureus e o Staphylococcus epidermidis 5,12,16. Para a avaliação do nível de função e da qualidade de vida dos pacientes submetidos a tratamento por ATJ, existe o escore Short Form 36 (SF-36), que é amplamente difundido e utilizado. Esse instrumento avalia o desfecho do tratamento, abordando diversos aspectos da qualidade de vida e função do paciente 4. O objetivo deste estudo é comparar através dos resultados obtidos do SF-36, a qualidade de vida dos pacientes submetidos à ATJ que evoluíram com infecção profunda e aqueles que evoluíram sem complicações.
10 2 MATERIAIS E MÉTODOS Nesse estudo participaram 34 pacientes com diagnóstico de OA primária e que foram submetidos à ATJ de novembro de 2007 a dezembro de Os pacientes foram divididos em dois grupos: 30 pacientes submetidos à ATJ que não apresentaram complicações no pós-operatório e 04 pacientes que evoluíram com infecção profunda. Pacientes com rigidez articular, dor crônica, soltura do implante e outras complicações, que não infecção, foram excluídos do estudo. Todos os pacientes leram e assinaram o termo de consentimento para serem incluídos nas avaliações do estudo. Este total de 34 pacientes foi avaliado com relação às seguintes variantes: gênero, idade (anos), tempo de seguimento, presença de comorbidades predisponentes, intra-operatório e escores obtidos no SF-36. O SF-36 é um questionário multidimensional e formado por oito domínios ou dimensões de saúde englobando 36 itens: 1) desempenho físico (10 itens); 2) aspectos físicos (4 itens); 3) dor (2 itens); 4) estado geral de saúde (6 itens); 5) vitalidade (energia / fadiga 4 itens); 6) aspectos sociais (2 itens); 7) aspectos emocionais (3 itens); e 8) saúde mental (5 itens). Seus resultados são medidos em escores de 0 a 100. Quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida do paciente. As características nominais avaliadas foram descritas com uso de freqüências absolutas e relativas segundo presença ou não de infecção e verificada a existência de associação destas variáveis com a infecção com uso de testes exatos de Fisher. Os resultados quantitativos e os escores de qualidade de vida em cada domínio foram descritos segundo presença ou não de infecção com uso de medidas resumo (média, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo) e comparados com uso de testes Mann-Whitney.
11 3 RESULTADOS O primeiro grupo foi composto de 30 pacientes, apresentando idade média de 71,33 anos, sendo a maioria do sexo feminino (n=70,7%) e com tempo médio de seguimento de 29,8 meses. Desses, 26,7% apresentam DM (Tabelas 1 e 2). O segundo grupo foi composto de 4 pacientes, apresentando idade média de 70,25 anos, sendo todos do sexo feminino e com tempo médio de seguimento de 36,5 meses. Desses, 25% apresentam DM (Tabelas 1 e 2). Não foram encontradas outras comorbidades descritas como causas predisponentes, apenas o DM. Os resultados obtidos no SF-36 encontram-se expressos na tabela 3. Tabela 1: Gênero e Comorbidades Tabela 2: Idade e Seguimento Variável Infecção Média D P Med iana M ínimo M áximo N p Não 71,33 6,90 71, ,857 Idade Sim 70,25 11, Total 71,21 7, Tempo de Não 29,80 12,36 26, ,738 seguimento Sim 36,50 23, (meses) Total 30,59 13,74 26,
12 Tabela 3: Resultados do SF-36. Variável Infecção Média DP Med iana Mínimo Máximo N p Não 70,83 25,73 77, Capacidade 0,008 Sim 23,75 28,69 15, Funcional Total 65,29 29,90 75, Não 62,50 42,42 87, ,131 Saúde física Sim 25,00 50,00 0, Total 58,09 44,26 75, Não 66,67 21,87 72, ,019 Dor Sim 41,50 18,08 41, Total 63,71 22,75 62, Não 80,87 16,49 84, ,310 EGS Sim 59,75 41,16 76, Total 78,38 21,00 84, Não 80,50 15,83 85, ,031 Vitalidade Sim 41,25 36,37 35, Total 75,88 22,48 82, Não 83,33 20,59 87, ,064 Asp. Sociais Sim 40,63 41,30 25,0 12, Total 78,31 26,88 87,5 12, Não 83,33 32,46 100, ,048 Asp. Emocional Sim 25,00 50,00 0, Total 76,47 38,95 100, Não 80,93 13,48 84, ,001 Saúde Mental Sim 45,00 17,40 50, Total 76,71 18,04 80,
13 4- DISCUSSÃO: A infecção após artroplastia total do joelho é uma grave complicação com impacto negativo na função e na qualidade de vida dos pacientes. Nossa pesquisa demonstrou diferença significativa na qualidade de vida dos pacientes entre os grupos estudados. Analisando-se os resultados obtidos a partir do questionário SF-36 notamos que em cinco dos oito domínios há melhor desempenho dos pacientes que evoluíram sem infecção no pós-operatório. Os pacientes que tiveram infecção apresentaram piora significativa nos domínios relacionados à capacidade funcional, dor, vitalidade, aspecto emocional e saúde mental. Dentre esses, os mais afetados foram capacidade funcional e saúde mental. Assim como neste estudo, a literatura demonstra que há piora na qualidade de vida dos pacientes que evoluem com infecção no pós-operatório de ATJ. Cahill et al., em 2008, desenvolveu estudo semelhante com uma amostra de 96 pacientes. Demonstrou que houve prejuízo em seis dos oito domínios do SF-36 capacidade funcional, saúde física, dor, vitalidade, aspectos sociais e saúde mental. Estudos têm demonstrado uma piora na qualidade de vida e funcional após revisão de prótese do joelho por infecção. Blom et al., em 2004, realizaram estudo para avaliar o desempenho funcional e o nível de dor após revisão da ATJ por infecção, e encontrou resultados piores nestes pacientes em relação àqueles que foram submetidos à revisão asséptica da ATJ. O impacto na capacidade funcional indica que após a infecção há piora clínica do paciente com reflexo na qualidade de vida. A diferença nos domínios referentes ao aspecto emocional e saúde mental demonstra como os fatores psicológicos decorrentes da infecção também afetam a qualidade de vida dos pacientes. Em nosso estudo, não houve diferença significativa na idade e no gênero dos pacientes com e sem infecção. Navarro et al., em 2000, avaliou fatores que podem influenciar na qualidade de vida após ATJ, e observou que nas mulheres há piora na qualidade de vida, enquanto a diferença de idade não apresentou influência.
14 Não se evidenciou influência do DM como causa predisponente para infecção neste estudo, pois não houve diferença significativa entre os dois grupos avaliados. Este resultado diverge de outros estudos encontrados na literatura 10,14. A limitação do nosso estudo é a pequena amostra de casos que evoluíram com infecção em relação à amostra dos pacientes que evoluíram sem complicações. Poucas pesquisas avaliaram o impacto da infecção na qualidade de vida dos pacientes após a ATJ. Estudos subseqüentes com maior amostragem devem ser realizados para confirmar os resultados obtidos.
15 5 CONCLUSÃO Os pacientes que apresentaram infecção no pós-operatório de artroplastia total do joelho apresentaram piores resultados em relação à qualidade de vida quando comparados àqueles que evoluíram sem complicações. Nossos achados reforçam que medidas preventivas são necessárias para diminuir a incidência de infecção após este procedimento.
16 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Alencar PGC. Revisão de artroplastia total de joelho. In: Herbert S, et al. Ortopedia e Traumatologia: Príncipios e Prática 4 a Edição. Porto Alegre: Artmed, p Blom AW, Brown J, Taylor AH, Pattison G, Whitehouse S, Bannister GC. Infection after total knee arthroplasry, J Bone And Joint Surgery, 2004; 86-B: Cahill JL, Shadbolt B, Scarvell JM, Smith PN. Quality of life after infection in total joint replacement, Journal of Orthopaedic Surgery, 2008; 16(1): Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36, Rev. Brás. Reumatol, 1999; 39 (3): Crockarell JR, Guyton JL. Artroplastia de Tornozelo e Joelho. In: Canale ST, et al. Cirurgia Ortopédica de Campbell 10 a Edição. Barueri: Manole, p Ethgen O, Bruyere O, Richy F, Dardennes C, Reginster JY. Healthrelated quality of life in total hip and total knee arthroplasty: a qualitative and systematic review of the literature, J Bone And Joint Surgery, 2004; 86-A: Jones CA, Voaklander DC, Johnston DW, Suarez-Almazor ME. The effect of age on pain, function, and quality of life after total hip and knee arthroplasty, Arch Intern Med 2001; 161: Junior LHC, Castro CAC, Gonçalves MBJ, Rodrigues LCM, Lopes FL, Cunha FVP. Complicações de curto prazo da artroplastia total do joelho: avaliação de 120 casos, Rev. Bras. de Ortop 2006; 41(5): Leonhardt MC, D Elia CO, Santos ALG, Lima ALLM, Pecora JR, Camanho GL. Revisão da artroplastia total de joelho em dois tempos: o valor da cultura obtida por biópsia artroscópica. Acta Ortop Brás. 2006: 14(4): Letaif OB, Frucchi R, D Elia CO, Demange MK, Albuquerque RFM, Rezende UM, Pécora JR, Hernandez AJ, Camanho GL. Comparação funcional entre revisão de artroplastia de joelho séptica e asséptica, Acta Ortop Brás, 2009;17(3): Lima ALLM, Pécora JR, Albuquerque RM, Paula AP, D Elia CO, Santos ALG, Croci AT. Infecção pós-atroplastia total do joelho - Considerações e protocolo de tratamento, Acta Ortop Bras, (4):
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