São Paulo, 17 de Outubro de Ao Exmo. Sr. Deputado Federal Bruno Araújo, Ref.: Reforma do Artigo 158 do Código Brasileiro de Aeronáutica

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Dalila Amarante Azevedo
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1 São Paulo, 17 de Outubro de 2011 Ao Exmo. Sr. Deputado Federal Bruno Araújo, Ref.: Reforma do Artigo 158 do Código Brasileiro de Aeronáutica Excelentíssimo Senhor, A ABRAPHE - Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero, entidade de âmbito nacional, que representa os interesses dos pilotos de helicópteros de nosso país, com o único objetivo de disseminar uma cultura saudável em práticas que aumentem a Segurança de Voo, vem a Vossa Excelência, por motivo de sua relatoria no Projeto de Lei 6716/09 sobre a reforma do Código Brasileiro de Aeronáutica, expor motivos técnicos, econômicos e estratégicos que demonstram a inviabilidade de se manter no referido documento o texto proposto para artigo 158. Aspecto Técnico Indo diretamente ao ponto em questão, podemos afirmar, pelos dados oficiais de emissão de novas carteiras de pilotos, bem como a emissão de carteiras de grau superior, para as funções de comandante de helicópteros de maior porte, que o Brasil hoje está gerando mão de obra em escala compatível com as demandas do mercado.

2 Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, somente no ano de 2010, foram emitidas 124 licenças de Piloto de Linha Aérea de Helicóptero - PLAH, 262 licenças de Piloto Comercial de Helicóptero PCH e 410 licenças de Piloto Privado de Helicóptero PPH, totalizando 672 novos pilotos de helicóptero no mercado e 124 pilotos que alcançaram o nível máximo de suas carreiras podendo exercer funções de comandante em aeronaves de maior porte. Esse dado já é um recorde histórico. Segundo a mesma Agência, em Setembro do corrente ano esse número já havia sido superado e foi batido outro recorde de emissão de licenças para pilotos. pilotos. As escolas de pilotagem de helicópteros brasileiras estão cheias e não param de formar Considerando que existem aproximadamente 700 pilotos em atividade nas operações que envolvem exploração de gás e petróleo para quase 140 aeronaves engajadas, e que o Brasil atualmente está produzindo algo em torno de 2 milhões de barris de petróleo diariamente e que segundo o planejamento estratégico da Petrobrás essa produção será dobrada em 08 anos, podemos considerar que o Brasil irá, teoricamente, possuir no ano 2019 algo em torno de 280 helicópteros operando sendo necessário 1400 pilotos, ou seja, mais 700 pilotos além do que temos em atividade hoje nesse nicho de mercado. Fica evidente, se considerarmos os dados oficiais divulgados pela ANAC que somente nos anos de 2010 e 2011, já foram formados pilotos suficientes, em números absolutos, para fornecer a mão de obra necessária para que as operações aéreas acompanhem o crescimento da produção.

3 Contra números não existem argumentos, portanto, consideramos que o aspecto técnico está integralmente satisfeito pois não há falta de pilotos, nem mesmo a possibilidade de haver essa falta nos próximos oito anos pelo ritmo observado nos últimos 02 anos. Aspecto Econômico Pelo aspecto econômico é importante esclarecer que a grande demanda existente hoje nas escolas de pilotagem é justamente gerada pela expectativa do piloto em trabalhar nas operações de helicópteros que voam para as plataformas de petróleo. Essa demanda mantém as escolas em plena atividade, gerando empregos para instrutores, mecânicos, pessoas envolvidas em diversas áreas operacionais como balizadores, abastecedores, pessoal administrativo, gerando recursos e fazendo girar a roda de nossa economia. Se o Código Brasileiro de Aeronáutica permitir a contratação de pilotos estrageiros para voarem no Brasil, ainda que por prazo determinado, será como uma sentença de morte para as diversas escolas de pilotagem pois não haverá mais incentivo para jovens pilotos ingressarem na carreira porquê o grande Eldorado da operação "Offshore", como é conhecido esse tipo de operação em alto mar, terão vagas preenchidas por estrageiros que tomarão o lugar de trabalhadores brasileiros. Também deveremos considerar que estrangeiros irão receber seus vencimentos no Brasil e enviá-los para seus locais de origem ou qualquer outro local em que vivam no exterior. Isso significa que a riqueza gerada pelo seu trabalho não será revertida em benefício brasileiro.

4 Portanto, pelo aspecto econômico, fica evidenciado que será um desastre a possibilidade da contratação de pilotos estrageiros no Brasil pois irá aniquilar o mercado de formação de novos pilotos, proporcionando o fechamento de grande parte das escolas de pilotagem e irá fazer com que os recursos gerados pelos pilotos estrangeiros sejam enviados para o exterior e revertidos em benefícios para seus locais de origem. Aspecto Estratégico O terceiro e último ponto abordado nesse documento é o estratégico. discutida. De forma resumida, citarei aqui pontos que consideramos fundamentais na questão ora 1 - A contratação de pilotos estrageiros em detrimento de pilotos brasileiros irá ocasionar o fechamento da maioria das escolas de pilotagem pois não haverá mais o incentivo para a formação de pilotos que irão trabalhar no mercado "Offshore" gerando desemprego; 2 - A falta de escolas de pilotagem no futuro irá gerar uma real falta de pilotos (que hoje não existe no mercado) e que dificilmente poderá ser revertida; 3 - Pilotos estrangeiros irão voar no Brasil sobre pontos estratégicos de nossa riqueza e segurança nacional (quem serão esses pilotos?); 4 - A Segurança de Voo ficará comprometida pois pilotos de diversas localidades, com culturas e línguas diferentes irão transportar os funcionários altamente especializados que trabalham nas plataformas de petróleo, dividindo o espaço com pilotos brasileiros, em território brasileiro, em espaço aéreo extremamente congestionado, em que a língua exigida é

5 somente o português. A falta de comunicação, ou falta de seu entendimento irá gerar situações que colocam em risco à Segurança de Voo. Conclusão Diante do ora exposto, solicito a V. Excelência. que mantenha INALTERADO o atual texto do Artigo 158 do Código Brasileiro de Aeronáutica, impossibilitando a contratação de pilotos estrangeiros mesmo que em caráter provisório e vete qualquer modificação quanto a este quesito para mantermos nosso mercado de aviação civil em franca expansão que é estratégica para o contínuo desenvolvimento de nosso país. Atenciosamente, Cmte. Rodrigo Duarte Presidente - ABRAPHE

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