XV Congresso Brasileiro de Sociologia

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1 XV Congresso Brasileiro de Sociologia 26 a 29 de julho de 2011, Curitiba (PR) Grupo de Trabalho: Movimentos Sociais na atualidade: reconfigurações das práticas e novos desafios teóricos Título do Trabalho Movimentos de Protesto Político na América Latina: bases individuais e estruturais.

2 Movimentos de Protesto Político na América Latina: bases individuais e estruturais. Resumo Ednaldo Aparecido Ribeiro 1 Julian Borba 2 Estudos recentes sobre o tema do ativismo político têm verificado em termos globais a ocorrência de redução no envolvimento dos cidadãos em formas tradicionais ligadas ao processo eleitoral e as instituições representativas e a ampliação do engajamento em modalidades e movimentos relacionados ao protesto político. Diferentes fatores têm sido apontados como impulsionadores dessas modalidades contestatórias, alguns de ordem estrutural e outros de ordem individual. O presente artigo procura testar no plano empírico o impacto dessas duas ordens de fatores para a explicação do comportamento de protesto entre a população latino-americana. Para tanto utiliza dados produzidos pelo Latinobarómetro para um grupo de dezessete países dessa região. Apresentação O tema da participação política e sua relação com a democracia provavelmente seja um dos mais debatidos na história da reflexão política. Como muito bem destaca Della Porta (2003), a própria etimologia do conceito de política já nos remete à participação. Na democracia direta dos gregos os dois termos eram intercambiáveis. Nas modernas democracias representativas, todavia, a participação passou a ser vista mais como um insumo do processo político, desempenhando a função de constituição do corpo político por meio dos processos eleitorais. Desta forma, uma vez instituída a autoridade política, a participação cede lugar para a representação. Ainda que ocupando papel de coadjuvante no funcionamento das modernas democracias, resta à participação outras funções relacionadas ao controle e fiscalização da autoridade política, à demanda por bens públicos e à proposição de questões públicas. Confirmando a sua relevância, a moderna Ciência Política tem dedicado grande atenção às diferentes formas de atuação política dos cidadãos. Os esforços dos pesquisadores da área têm se orientado principalmente para a definição conceitual do fenômeno, para a proposição de tipologias e também para a identificação empírica dos seus condicionantes. No campo das definições, Booth e Seligson (1978, p. 6) partem da noção de influência e propõem que participação seja entendida como [...] behavior influencing or attempting to influence the distribution of public goods. Nessa mesma direção Axford 1 Universidade Estadual de Maringá. 2 Universidade Federal de Santa Catarina.

3 (1997) fala em comportamentos orientados para influenciar o processo político. Uma vez que a participação se refere a comportamentos orientados para obtenção de bens públicos ou para influenciar o processo político, autores de diferentes orientações têm buscado definir quais seriam as formas pelas quais ela se materializa. Um dos primeiros esforços de sistematização nesse sentido foi feito por Lester Milbrath (1965). Para este autor, os comportamentos participativos ocorrem no seguinte continuum, em termos de custos e complexidade: expor-se a solicitações políticas; votar; participar de uma discussão política; tentar convencer alguém a votar de determinado modo; usar um distintivo político; fazer contato com funcionários públicos; contribuir com dinheiro a um partido ou candidato; assistir a um comício ou assembleia; se dedicar a uma campanha política; ser membro ativo de um partido político; participar de reuniões onde se tomam decisões políticas; solicitar contribuições em dinheiro para causas políticas; candidatar-se a um cargo eletivo; ocupar cargos públicos. Todos esses comportamentos, entretanto, se relacionam ao que podemos chamar de formas socialmente aceitas de atuação, definidos pela literatura como modalidades de participação convencional. Milbrath (1965), assim como Almond & Verba (1963) e Verba & Nie (1972), desconsideravam em suas análises outras formas de engajamento político, como, por exemplo, a participação em movimentos de protesto político. Fazendo a crítica dessas abordagens, Norris (2007) aponta que Citizen-oriented activities, exemplified by voting participation and party membership, obviously remain important for democracy, but today this represents an excessively narrow conceptualization of activism that excludes some of the most common targets of civic engagement which have become conventional and mainstream. (p. 639) As formas de participação relacionadas ao protesto político, apesar de ocuparem essa posição subalterna nos estudos sobre o tema, possuem uma história bastante longa. A Revolução Francesa e o Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos na década de 1960 são apenas dois dos vários exemplos que podemos recolher ao longo da história moderna (Dalton, Sickle e Weldon, 2009). Na América Latina merece destaque o recente movimento dos piqueteiros, que eclodiu na Argentina diante da incapacidade das instituições típicas da democracia representativa processarem os conflitos (Vitullo, 2007) e o movimento dos Caras Pintadas no Brasil, que pressionaram pelo impeachment do presidente Fernando Collor em 1992.

4 A partir dos anos de 1960, com a eclosão dos novos movimentos sociais, assistese a expansão dessas formas de engajamento que Norris (2007, p. 639) denomina de participação cause-oriented, fortemente ligadas às atividades de protesto, que vão reconfigurar o campo das práticas e repertórios de ação daqueles indivíduos engajados politicamente 3. Verifica-se, nesse sentido, a difusão de formas não convencionais de participação que podem ser também definidas como contestatórias ou relacionadas ao protesto. Della Porta (2003, p. 92), elenca algumas das formas pelas quais essa atuação pode se expressar 4 : escrever a um jornal; aderir a um boicote; auto-reduzir impostos ou rendas; ocupar edifícios; bloquear o trânsito; assinar uma petição; fazer um sit-in; participar numa greve; tomar parte em manifestações; danificar bens materiais; utilizar violência contra pessoas. Levando em consideração essa distinção entre modalidades de envolvimento, uma série de investigações empíricas tem apontado para o declínio ou estabilização das formas convencionais (Dalton e Wattenberg, 2001, Putnam, 2003) e para ampliação das contestatórias (Della Porta, 2003; Inglehart e Catterberg, 2002; Norris, 2007; Welzel, Inglehart e Deutsch, 2005; Catterberg, 2004). Algumas dessas pesquisas têm revelado que o protesto vem sendo utilizado frequentemente por diferentes públicos como ferramenta política para influenciar decisões governamentais (Norris, 2007; Meyer e Tarrow, 1998; McAdam, Tarrow e Tilly, 2001). A crescente relevância dessa modalidade de ação tem inspirado a formulação de algumas teorias e hipóteses sobre os fatores que favoreceriam o envolvimento dos indivíduos nas modalidades de protesto político. Com algum esforço de síntese poderíamos dividir essas iniciativas em dois grupos fundamentais: 1) abordagens de nível macro que enfatizam variáveis estruturais nacionais; 2) abordagens de nível micro que privilegiam variáveis e atributos individuais. Pesquisadores representantes dessas duas vertentes têm apresentado importantes evidências acerca da pertinência de cada um desses grupos de fatores explicativos, 3 A pesquisa de Barnes et alli (1979) foi precursora no sentido de captar a emergência dessas novas modalidades de participação. 4 Nesse Baquero & Prá (2007, p. 131) propõem a seguinte classificação quanto às modalidades de participação: 1) ações expressivas (ex. patriotismo e votar em eleições), 2) ações instrumentais (participar em campanhas), 3) comportamentos não convencionais (movimentos de protesto, passeatas) Lúcia Avelar (2004) propõe a seguinte tipologia quanto às formas de participação: a) canal eleitoral (voto, partidos, etc...), b) canais corporativos (sindicatos, órgãos de cm lasse), c) canal organizacional (movimentos sociais).

5 entretanto, devido à complexidade do tema, continuam produzindo conclusões limitadas pela falta de integração entre os efeitos dos distintos níveis para a compreensão do ativismo contestatório. Buscando contribuir com esse debate, o presente trabalho explora os rendimentos de modelos explicativos nos quais atributos socioeconômicos e atitudinais dos cidadãos são combinados com medidas relativas ao nível nacional, sobretudo relacionadas às características do sistema político e ao desenvolvimento econômico. Nossa intenção, portanto, é investigar no plano empírico os rendimentos comparativos dessas diferentes perspectivas. Além disso, nos debruçamos sobre uma região em que as análises sobre o tema são ainda escassas, ou seja, a América Latina. Apesar de algumas das nações dessa parte do globo aparecerem em pesquisas internacionais, a sua análise agregada impede a consideração de alguns atributos e especificidades nacionais inerentes à realidade latino-americana. Tendo em vista esses objetivos, dividimos o texto em três partes. Na primeira delas apresentamos sumariamente o que definimos acima como duas principais perspectivas explicativas para o engajamento em modalidades de protesto. Na segunda parte expomos algumas questões metodológicas que norteiam os modelos de análise propostos. Na terceira parte apresentamos e discutimos os resultados encontrados. Entre variáveis estruturais e atributos individuais Como mencionamos anteriormente, nos últimos anos diversos pesquisadores têm se dedicado a identificação dos condicionantes ou determinantes do envolvimento dos cidadãos em modalidades de protesto político. Ainda que a diversidade de abordagens seja significativa, acreditamos ser possível agrupar essas iniciativas em duas grandes perspectivas que se distinguem principalmente em razão da natureza das variáveis que enfatizam nos seus modelos explicativos. Um primeiro grupo reúne o que podemos denominar de perspectivas nível macro, merecendo destaque a abordagem das Estruturas de Oportunidades Políticas, que em linhas gerais afirma a importância das estruturas e dos processos políticos na explicação das diferentes formas de engajamento. Essa perspectiva está ancorada na ideia de que os interesses e preferências são constrangidos por mecanismos e sistemas institucionais e que [...] instituições podem fomentar ação coletiva criando estruturas de oportunidade

6 política para grupos sociais [...] (Rennó, 2003). Tais estruturas são vistas como fatores que afetam a participação e a capacidade de mobilização dos diferentes setores sociais. Ou seja, as instituições geram incentivos, oportunidades e restrições, impactando a organização e o comportamento político-social. Assim, a participação dependeria fundamentalmente da constituição de estruturas de oportunidade política que coíbam comportamentos oportunistas a partir da geração de níveis de previsibilidade de comportamentos e expectativas voltados para o cerceamento de atitudes que prejudiquem quem busca soluções coletivas (Rennó, 2003). No caso específico das atividades de protesto, alguns pesquisadores têm afirmado que estruturas institucionais mais abertas facilitariam o envolvimento na medida em que permitem a formulação de demandas e de críticas por parte dos cidadãos e fornecem mecanismos de acesso político (Tarrow, 1998; Dalton e Rohrschneider, 2002). Desta forma, na medida em que um sistema político se abre, maiores seriam as chances do protesto ocorrer. Outro grupo de analistas vinculadas a essa mesma abordagem, entretanto, defende que são justamente os sistemas mais fechados que tendem a impulsionar a atuação contestatória (Kitschelt, 1986; Brockett, 1991). Uma vez que não existem mecanismos formais e institucionalizados de acesso político para o encaminhamento de demandas e para a formulação de críticas, os descontentes são forçados a utilizar formas extra institucionais de mobilização. Uma segunda abordagem de nível macro destaca a importância do desenvolvimento socioeconômico das nações. Robert Gurr, um importante investigador sobre o tema, tem afirmado em diferentes estudos que pobreza, privação econômica e outras condições negativas de existência impulsionariam as atividades de protesto (1968; 1970). As taxas de mobilização em atividades contestatórias seriam influenciadas por fatores econômicos de longa duração, mas também por mudanças conjunturais na econômica nacional, como a elevação da taxa de inflação e crescimento da produção. Wilkes (2004) em interessante estudo sobre a participação em ações coletivas entre grupos indígenas canadenses confirma a relação entre condições desfavoráveis em termos econômicos e sociais e maior envolvimento com atividades de protesto. Harris (2002) analisando os movimentos de resistência à globalização no contexto latinoamericano chega a conclusões semelhantes acerca da relevância da experiência de privação.

7 Em contraste, outro grupo de pesquisadores também vinculados a essa perspectiva macro tem sustentado a tese de que a contestação pressupõe um conjunto de recursos que facilitam a mobilização e que só podem existir em uma sociedade de afluência, com um público dotado de habilidades necessárias ao envolvimento em associações voluntárias. Habilidades intelectuais e sociais mais comuns em sociedades com níveis elevados de desenvolvimento econômico seriam necessárias para a construção de uma extensa rede de organizações não governamentais e voluntárias e também para a ocorrência de ações coletivas (McCarthy e Zald, 1977). A afluência favoreceria o desenvolvimento desta estrutura de engajamento, pois seria responsável pelo estabelecimento de uma vasta rede comunicações, educação de massa, maior urbanização e ampliação da mobilidade social (Norris, 2007; Inglehart e Catterberg, 2003). Entre essas duas perspectivas, podemos encontrar ainda uma terceira que associa a ação política a níveis médios de recursos. Meyer (2004), ao revisar uma série de estudos sobre mobilização coletiva e protesto político conclui que em contextos em que os recursos necessários são escassos existe probabilidade reduzida de mobilização social e grande chance de submissão dos cidadãos à opressão estatal. Em situações de afluência, por sua vez, o acesso facilitado a canais convencionais de influência política pode gerar o mesmo efeito, ou seja, o reduzido engajamento em modalidades de contestação. Essa diversidade de hipóteses e interpretações envolvendo apenas perspectivas que enfatizam fatores estruturais ou macro sociais revela o quanto o debate sobre a capacidade explicativa dessa dimensão continua em aberto. O segundo grupo de teorias sobre o tema envolve perspectivas que privilegiam o nível micro ou os atributos individuais na explicação do comportamento contestatório ou de protesto. Uma dessas abordagens parte da teoria da privação mencionada anteriormente (Gurr, 1968) para afirmar que a contestação seria consequência do descontentamento individual. Experiências de privação relativa provocadas por mudanças nas condições sociais levariam os cidadãos a se engajarem em formas alternativas de atuação política. Em estudo sobre eventos de protesto na América Latina, com destaque para o já mencionado movimento dos piqueteiros argentinos, Mara Loveman (1998) adota essa explicação. Essa hipótese, entretanto, parece ser menos aplicável para os contextos das sociedades economicamente mais desenvolvidas, nas quais alguns estudos constataram a existência de apenas fracas associações entre descontentamento e

8 contestação pública (Kaase et al., 1979). O sentimento individual de privação, portanto, teria efeitos distintos em nações com diferentes níveis de desenvolvimento econômico. A segunda abordagem de nível micro que queremos destacar é aquela que enfatiza os recursos individuais. Um primeiro esforço nessa perspectiva foi desenvolvido nos trabalhos de Milbrath (1965) e Verba & Nie (1972), os quais, tomando como base empírica apenas as formas convencionais ou eleitorais de participação, encontraram associações entre status social e participação. Posteriormente tal abordagem recebeu um tratamento analítico mais cuidadoso no trabalho de Verba, Schlozman & Brady (1995), naquele que foi denominado de modelo do voluntarismo cívico. Esses autores identificaram, através de pesquisas comparadas, uma correspondência entre recursos individuais e coletivos (como tempo, dinheiro, habilidades, pertencimento a redes associativas) e o engajamento político tanto nas formas convencionais de envolvimento politico quanto nas modalidades relacionadas ao protesto. Da mesma maneira, pesquisa envolvendo Espanha, Brasil e Coréia confirmou a existência de relação positiva entre a educação dos cidadãos e o comportamento de protesto (McDonough; Shin e Moisés, 1998). Merece destaque também uma perspectiva de nível micro ou individual que deriva dos estudos sobre mudança cultural, conduzidos principalmente pelos pesquisadores vinculados ao Projeto World Values Survey, liderado por Ronald Inglehart. O ponto de partida desse grupo é a afirmação de uma reorientação valorativa que estaria ocorrendo principalmente em razão do desenvolvimento econômico experimentado a partir da segunda metade do século XX, especialmente pelas sociedades industriais avançadas (Inglehart, 1977; 1990; 2001; Inglehart e Welzel, 2009). Dentre as várias consequências desse fenômeno cultural, no campo político se relacionaria aos processos de democratização, pois estaria associado à adoção de valores e atitudes congruentes com essa forma de governo (Inglehart e Welzel, 2009). Ainda que pareça paradoxal à primeira vista, tais orientações subjetivas também seriam acompanhadas de uma postura crítica em relação ao funcionamento das instituições políticas e, sobretudo, pelo questionamento dos mecanismos tradicionais de representação (Inglehart, 1990; 2001; Inglehart e Welzel, 2009). O reflexo dessa atitude crítica seria a redução significativa nas taxas de mobilização política convencional verificada nas últimas décadas nas sociedades avançadas industrialmente. A contradição, todavia, seria apenas aparente. Esse quadro não seria um sinal de apatia por parte dos

9 públicos dessas nações, pois em paralelo à redução na participação tradicional estaria ocorrendo processo inverso nas chamadas elite-directed political action, ou seja, nas atividades de contestação às instituições e elites estabelecidas (Norris, 2007; Inglehart e Welzel, 2009). Uma vez superados os limites estritos da sobrevivência física e econômica, os indivíduos estariam se preocupando cada vez mais com questões relacionadas à sua auto-expressão, gerando uma intervenção cidadã na política (Inglehart, 2001, p. 221). O desejo de tomar parte dos assuntos públicos de uma maneira mais ativa e direta estaria acompanhando, portanto, a mudança pós-materialista. Evidências empíricas robustas têm sido apresentadas desde o final da década de 1970 para confirmar esses argumentos (Barnes et al., 1979; Norris, 2007). Em perspectiva mundial os valores pós-materialistas estariam fortemente associados a ações políticas não-convencionais, como manifestações, passeatas, boicotes, ocupações, bem como ao interesse por política em geral. Por fim, é preciso considerar também alguma atenção aos estudos que vinculam a atividade de protesto à orientação ideológica individual. Segundo essa abordagem o envolvimento em modalidades de ação política dessa natureza seria mais comum entre os identificados com a esquerda, que são também os mais favoráveis a mudanças na estrutura de distribuição de poder. Algumas pesquisas de caráter comparativo entre países têm recolhido evidências que associam o percentual de extremistas de esquerda à maior ocorrência de protesto (Powell, 1982; Dalton e Sickle, 2005). Assim como no caso das teorias que privilegiam o nível macro social, esse último grupo de abordagens que enfatizam os atributos individuais também apresenta significativa diversidade interna. Essa disputa entre hipóteses e teorias reforça a necessidade de testes empíricos que possam confrontar a validade ou pertinência de cada uma delas tanto em contextos específicos quando em perspectiva comparada. Um importante esforço nesse sentido foi recentemente realizado por Dalton, Sickle e Weldon (2009). Utilizando uma ampla base de dados produzida pelo projeto World Values Survey (Pesquisa Mundial de Valores) esses investigadores procuraram identificar as conexões entre fatores estruturais e individuais testando comparativamente os rendimentos explicativos de algumas das abordagens listadas acima. As descobertas desse estudo são bastante interessantes, pois questionam algumas hipóteses

10 aparentemente plausíveis. Primeiramente os resultados obtidos não confirmam os efeitos do sentimento de privação e insatisfação individual sobre o comportamento de protesto. Ainda que os indivíduos envolvidos em atividades contestatórias sejam motivados por alguns sentimentos desta ordem, esse não parece ser um fator suficiente ou determinante na explicação do seu comportamento. Confirmando a pertinência das abordagens que enfatizam os recursos individuais, verificaram que os cidadãos que protestam são os mais escolarizados e os mais envolvidos em associações o que [...] contradict the common claims that protest are primarily the tool of the disadvantaged and those without substancial political resources. (Ibid., p. 71) Além disso, suas análises revelaram o forte impacto de variáveis culturais sobre essas formas de engajamento. Indivíduos identificados como pós-materialistas e os que manifestam orientações próprias de um posicionamento ideológico de esquerda tendem a se envolverem mais em modalidades contestatórias. A confirmação dessas hipóteses relacionadas ao nível micro ou individual, entretanto, não conduz a desconsideração da dimensão estrutural do fenômeno, pois os autores também identificaram que os efeitos dos recursos e valores são diferenciados em distintos contextos políticos e econômicos. Cidadãos de países democráticos com níveis elevados de desenvolvimento econômico têm maior probabilidade de se envolverem em ações de protesto do que os cidadãos de nações com regimes mais fechados e com níveis inferiores de desenvolvimento material, ainda que esses dois grupos de pessoas possuam os mesmos recursos. Ou seja, economic development and open democratic institutions facilitate the translation of individual resources into political action. (Ibid., 72) Os achados presentes nesse trabalho são muito interessantes, todavia, por se tratar de uma análise integrada envolvendo dados de mais de 70 países, algumas particularidades regionais não podem ser exploradas. Sobretudo no caso das nações latino-americanas em desenvolvimento, entre as quais os níveis de desigualdade social são ainda muito elevados e os efeitos da mudança cultural pós-materialista atingem apenas uma reduzida parcela da população, algumas das questões apontadas pelo mencionado estudo precisam ser esclarecidas. Em países como o Brasil, por exemplo, a questão da insatisfação com o regime democrático continua sendo um fator aparentemente muito relevante e que merece ser analisado cuidadosamente. Essas e outras particularidades

11 nos inspiraram a conduzir a investigação dessa relação entre fatores estruturais e individuais na determinação dos níveis de ativismo contestatório entre o público latinoamericano, cujos resultados apresentamos a seguir. Questões Metodológicas Utilizamos nessa investigação os dados produzidos pela onda de 2005 do Latinobômetro para um conjunto de dezessete países latino-americanos 5. Essa base traz uma bateria de questões relativas ao envolvimento nas seguintes modalidades de contestação: abaixo-assinados, manifestações autorizadas, saques, ocupações, protestos não autorizados, bloqueio de tráfego. Para operacionalizar os testes compatíveis com nossos objetivos, o primeiro procedimento adotado foi a redução das variáveis relativas a cada uma dessas formas a uma única medida integrada ou índice. Para tanto, inicialmente recorremos à técnica de análise fatorial, na verdade um conjunto de procedimentos multivariados úteis quando se pretende a redução de dimensionalidade de um conjunto de medidas supostamente relacionadas (Hair, Anderson & Tathan, 1987). Os resultados indicaram que a redução das seis variáveis a uma única medida latente resultaria em 45% de explicação da variação conjunta. Além disso, todas elas apresentaram cargas fatoriais superiores a 0.5 nesse primeiro fator (componente) gerado. Confirmando a pertinência dessa redução, o coeficiente Alpha de Cronbach de 0.7 claramente justifica a utilização do que denominamos de Índice de Protesto Político, resultado do somatório dos valores das seis variáveis originais. Como cada uma delas comporta os valores 0, 1 e 2, como a medida integrada possui valores que vão de 0 a 12. Nesses termos, um indivíduo que não se envolveu em nenhuma dessas formas de contestação, nem pretende se envolver, terá pontuação final igual a 0 e aquele que declarou envolvimento efetivo em todas terá atingido o ponto máximo da escala. No campo das variáveis independentes procuramos selecionar aquelas medidas disponíveis na mencionada base que melhor representam as principais hipóteses explicativas acerca do comportamento contestatório. Como expomos na seção anterior, entre as abordagens de nível macro podemos 5 As bases de dado e informações técnicas podem ser obtidas através do endereço Os países são: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e República Dominicana.

12 localizar dois grandes fatores impulsionadores. O primeiro deles é a estrutura política das nações que, ao oferecerem canais para a participação e formulação de demandas, poderiam colaborar para a contenção ou ampliação das ações de protesto (Tarrow, 1998; Dalton e Rohrschneider, 2002; Kitschelt, 1986; Brockett, 1991). Apontamos que existe significativa discordância quanto ao caráter positivo ou negativo dos efeitos da abertura política sobre o protesto, todavia, a estrutura de oportunidades oferecida pela engenharia institucional de cada país aparece como importante condicionante em boa parte da literatura sobre o tema. Como medida da abertura política dos sistemas políticos dos países latino-americanos selecionamos o indicador Voice and Accountability, desenvolvido pelo Banco Mundial como um de suas ferramentas de análise sobre governança mundial e que diz respeito ao quanto os cidadãos efetivamente participam da seleção de seus governos e qual o nível de liberdade de expressão e de associação 6. O segundo fator de ordem estrutural é o desenvolvimento socioeconômico das nações. Aqui também existe considerável divergência quanto à natureza dos efeitos dessa dimensão econômica. Conforme mencionamos anteriormente, enquanto autores como Robert Gurr (1968, 1970) afirmam que pobreza e privação econômica impulsionariam as atividades de protesto, outros defendem que a contestação depende de um conjunto de recursos impulsionadores da mobilização que só existiriam em sociedades economicamente desenvolvidas (McCarthy e Zald, 1977; Norris, 2007; Inglehart e Catterberg, 2003). Para testar essas diferentes hipóteses no contexto latino-americano, selecionamos como medida de desenvolvimento o Produto Interno Bruto (PIP) per capita 7. Entretanto, como é notória a persistente manutenção de altas taxas de desigualdade econômica nessa região, optamos também por incluir o Índice de Gini com o objetivo de analisar em que medida essa distribuição assimétrica dos frutos dos frutos do desenvolvimento econômico impactam nossa variável dependente. Em se tratando dos condicionantes ou determinantes de nível micro, uma das abordagens mais recorrentes afirma a relevância do descontentamento individual. Para autores já mencionados como Gurr (1968) e Loveman (1998) as experiências de privação relativa dos indivíduos em condições desfavoráveis conduziriam ao envolvimento em modalidades alternativas de expressão das suas demandas e anseios, algumas delas de 6 Maiores informações sobre esse indicador podem ser obtidas no endereço 7 A fonte para esses dados foi a base de dados do Banco Mundial, que pode ser consultada no endereço

13 natureza contestatória. Sobre esse ponto, selecionamos para compor nosso modelo quatro variáveis que se relacionam a distintas dimensões do descontentamento individual. A primeira delas, de natureza bastante ampla diz respeito o nível de satisfação dos entrevistados em relação à sua vida em geral. Mais específica, a segunda variável diz respeito à avaliação dos indivíduos em relação à situação econômica nacional. Tratando da dimensão política, a terceira medida diz respeito à avaliação que fazem os cidadãos do funcionamento concreto da democracia em seus países. Finalmente, também sobre o aspecto político, a quarta variável incluída é um índice de confiança nas principais instituições democráticas 8. A segunda abordagem de nível micro enfatiza os recursos individuais e associa o ativismo político geral a atributos como escolaridade, classe social, status de maioria étnica e nível de inserção social (Verba, Scholozman & Brady (1995); McDonough; Shin e Moisés, 1998). Para verificar o impacto dos recursos individuais sobre o envolvimento em protestos incluímos a escolaridade como medida dos recursos intelectuais e também materiais, uma vez que está fortemente associada à renda 9. Para além dessa concepção restrita de recursos, resolvemos incluir também as variáveis relativas aos níveis de informação política, interesse por política e eficácia política subjetiva. Por fim, incluímos uma medida integrada de envolvimento dos indivíduos em organizações e associações, como uma medida dos recursos associativos e do envolvimento em redes de mobilização, concebidos pela literatura recente como relevantes impulsionadores do engajamento político tanto tradicional, quanto contestatório. Na seção anterior incluímos entre as abordagens de nível micro as pesquisas sobre mudança cultural que tendem a associar o ativismo de protesto à adesão aos chamados valores pós-materialistas (Inglehart, 1977; 1990; 2001; Inglehart e Welzel, 2009). Em razão da falta de dados sobre essa questão da base por nós utilizada, somos obrigados a assumir essa deficiência em nosso trabalho. Na realidade, a identificação do impacto dessas novas prioridades valorativas sobre o fenômeno objeto de nossa atenção demandaria a utilização da base de dados do projeto World Values Survey, entretanto, o volume de países latino-americanos cobertos por essa organização é pequeno se comparado ao coberto pelo Latinobarometro (9 contra 18). Além disso, a bateria de 8 Apêndice metodológico contendo informações sobre as perguntas que geraram as variáveis e suas respectivas codificações podem ser solicitados aos autores por meio do endereço ednaldorip@uol.com.br. 9 Na base de dados utilizada a variável renda não está disponível.

14 questões sobre protesto nessa última base de dados é significativamente maior. Desta forma, contrastando os limites de cada coleção de dados, optamos por essa última. Para tentar contornar a falta de informações sobre a mudança cultural incluímos em nosso modelo uma medida sobre o apoio individual à democracia. Ainda que essa variável não seja equivalente ao índice de pós-materialismo, os pesquisadores vinculados a essa abordagem tem afirmado repetidamente que essa reorientação cultural estaria associada à adoção de valores e atitudes congruentes com a democracia (Inglehart e Welzel, 2009). Para finalizar, verificamos anteriormente que alguns pesquisadores procuram vincular a atividade de protesto à orientação ideológica individual. As evidências apresentadas mostram que o envolvimento em modalidades de contestação são mais frequentes entre os identificados com a esquerda (Powell, 1982; Dalton e Sickle, 2005). Para testar o impacto dessa dimensão, incluímos em nossas análises uma medida do posicionamento ideológico dos indivíduos. Como nossa proposta de análise envolve a combinação de variáveis geradas no nível individual e nacional, optamos por um modelo hierárquico linear que se adequa a complexidade dessa estrutura de dados (Raudenbush & Bryk, 2002; Steenbergen & Bradford, 2002). 10 Determinantes do protesto Com o objetivo de determinar a quantidade de variação no Índice de Protesto associada ao primeiro (indivíduos) e segundo (países) níveis que compõem nossa matriz de dados, especificamos inicialmente um modelo de efeitos aleatórios de Anova, que também pode ser denominado de modelo nulo. Esse procedimento oferece uma série de informações fundamentais para a verificação da pertinência da estruturação hierárquica dos dados e para posteriores comparações com os modelos mais complexos que serão especificados a seguir (Raudenbush & Bryk, 2002; Steenbergen & Bradford, 2002). Na primeira linha da Tabela 1 podemos observar a grande média do índice de protesto, independente de qualquer outra variável dos diferentes níveis. Como nossa medida de envolvimento em modalidades de protesto possui uma escala que vai de 0 a 12, o valor 1.46 releva média bastante reduzida levando em consideração a totalidade dos entrevistados latino-americanos. A variância interindividual encontrada é de 3.68, o pode 10 Os modelos foram estimados com o uso do software HLM 6.08.

15 servir de incentivo à investigação dos fatores individuais que poderiam explicar essas diferenças no comportamento de protesto. A variância na média dos países em relação ao índice é de 0.18, significativamente menor do que a anterior. Essa inferioridade também fica clara com o cálculo do coeficiente de correlação intraclasse 11 de 0.05, indicando que 5% da variância total no índice se devem ao efeito de nível dois, ou seja, relacionado às variáveis nacionais. Todavia, essa variância associada ao segundo nível, apesar de reduzida, é estatisticamente significativa em um nível bastante exigente (0.000), o que indica ser possível rejeitar a hipótese de que os países apresentam as mesmas médias de protesto. Essa informação revela a pertinência estatística de uma análise sobre os fatores estruturais envolvidos no fenômeno da contestação política. TABELA 1. MODELO ANOVA DE EFEITOS ALEATÓRIOS PARA DETERMINAR A PRESENÇA DE ESTRUTURA HIERÁRQUICA NO PROTESTO POLÍTICO ENTRE OS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA Protesto Coeficiente Erro-padrão Valor t p Intercepto , Componente de Desvio-padrão χ 2 P variância Média dos países Efeito ao nível dos indivíduos Fonte: Latinobarometro Coeficiente de correlação intraclasse =0.05 (5%) Na Tabela 2 apresentamos os resultados de dois modelos construídos para identificar os determinantes de nossa variável dependente. O Modelo 1 contem apenas as variáveis do primeiro nível, relacionadas ao que definimos como abordagens de nível micro ou individual, enquanto o Modelo 2 incluí as variáveis de segundo nível, que dizem respeito às unidades nacionais. 11 Esse coeficiente (rho) é encontrado com a fórmula 3.68/( )=.05

16 TABELA 2. PREDITORES INDIVIDUAIS E ESTRUTURAIS DO PROTESTO POLÍTICO Modelo 1 Modelo 2 Intercepto (0.1175)*** (0.3152) PIB per capita (0.0000)*** Gini (0.0053) Voice & Accountability (0.0438)*** Satisfação com a vida (0.0218)*** (0.0215)*** Avaliação da economia nacional (0.0216)** (0.0216)*** Satisfação com a democracia (0.0233) (0.0233)** Índice de confiança nas instituições políticas (0.0093) (0.0092)** Escolaridade (0.0044)*** (0.0043)*** Informação política (0.0213)*** (0.0215)*** Interesse por política (0.0206)*** (0.0207)*** Eficácia política subjetiva (0.0364)** (0.0367)* Índice de participação (0.0235)*** (0.0232)*** Apoio à democracia (0.0245)** (0.0244) Identificação ideológica (E/D) (0.0071)*** (0.0070)*** Observações Número de Grupos - 18 Nota: *** p<0.001 **<0.05 *p<0.1 Fonte: Latinobarometro Considerando os resultados do primeiro modelo, podemos verificar inicialmente que dentre as variáveis relacionadas a satisfação/descontentamento não se verificam efeitos estatisticamente significativos naquelas que dizem respeito a dimensões políticas, ou seja, o nível de satisfação com o funcionamento da democracia nacional e a confiança depositada nas principais instituições políticas não afetam a medida de envolvimento em modalidades de protesto entre o público em questão. Situação distinta pode ser verificada em relação à satisfação com vida e ao nível de satisfação com a situação econômica nacional, que apresentaram efeito significativo e no sentido esperado, uma vez que níveis mais elevados de satisfação e avaliações mais favoráveis produzem reduções na medida de contestação. Pode ser questionar a magnitude desses efeitos, uma vez que os

17 coeficientes encontrados foram e , respectivamente, todavia, é preciso olhar mais atentamente para essas informações. No caso da primeira variável, cujos valores se dispõem em uma escala de dez pontos, a diferença entre os mais insatisfeitos e os mais satisfeitos é de 0.8 no índice que mede o envolvimento nas formas de protestos, o que não é algo desprezível diante da reduzida média verificada na região (1.46). Quanto à dimensão dos recursos, o primeiro modelo revela que todas as variáveis selecionadas impactam significativamente e de forma positiva a variável dependente. Níveis mais elevados de escolaridade, maior informação e interesse sobre política, sentimento mais forte de eficácia política subjetiva e, sobretudo, maior participação em organizações e atividades voluntárias produzem elevação na medida integrada de protesto. Merece destaque essa última, pois como se trata de uma variável medida em uma escala de dez pontos, a distância entre os indivíduos que menos participam e os mais participativos chega a 3.41 pontos no Índice de Protesto Político. No caso da escolaridade, medida em anos de estudo e tendo como valor máximo 17, verificamos que a diferença entre os menos e os mais escolarizados é de aproximadamente 0.7, o que também é algo expressivo considerando a média para a região. As duas últimas variáveis desse modelo inicial também se mostraram preditores relevantes e com efeitos nos sentidos por nós esperados. A medida de apoio à democracia produz efeito positivo sobre a variável dependente, indicando que o envolvimento em atividades de contestação no contexto latino-americano está associado a uma postura democrática, ou seja, a contestação ocorre em paralelo ao sentimento de que a forma de governo democrática é a melhor dentre as opções disponíveis. A identificação ideológica dos entrevistados, por sua vez, produziu efeito negativo sobre o índice, indicando que os que se consideram de direita tendem a se envolverem menos em atividades de contestação. Passando aos resultados do modelo completo, produzido com a adição das variáveis de segundo nível, destacamos o reduzido efeito (0.0001) da medida de desenvolvimento econômico sobre o índice de protesto, apesar de estatisticamente significativo (p=0.000). Esse dado revela que a variação encontrada no nível individual não pode ser explicada de maneira relevante por essa característica verificada no nível nacional. Esse resultado contraria o que Dalton, Sickle e Weldon (2009) encontraram em sua análise envolvendo tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Ao

18 isolarmos apenas países membros desse segundo grupo econômico, constatamos que a capacidade explicativa desse fator se reduz drasticamente. Essa conclusão é corroborada pela observação dos efeitos da segunda variável relacionada a essa dimensão econômica nacional, o índice de Gini. Essa medida foi inserida no modelo como estratégia de identificação dos possíveis efeitos dos níveis de desigualdade sobre a incidência do protesto, mas sequer alcançou níveis mínimos de significância estatística (0.1) Situação distinta pode ser verificada no que diz respeito à dimensão do desenvolvimento político, uma vez que o efeito do indicador Voice & Accountability se mostrou significativo em um nível bastante exigente. O coeficiente de revela que na região analisada sistemas mais abertos tendem a reduzir o engajamento individual em modalidades de contestação. Esse resultado, também vai na direção oposta da que afirmam os autores do estudo mencionado no parágrafo anterior. É preciso alertar para o fato de que Dalton, Sickle e Weldon (2009) se valem de outra medida de desenvolvimento político, mais ligada à observância das leis pelas autoridades políticas, o indicador Rule of Law. Utilizando essa variável encontraram que sistemas políticos mais desenvolvidos tendem a favorecer comportamentos contestatórios. É justamente o contrário que verificamos entre as nações latino-americanas, ou seja, países com sistemas políticos nos quais os cidadãos tendem a participar mais efetivamente na escolha dos governantes e que dispõem de maiores garantias de liberdade de expressão e associação tendem a desfavorecer o engajamento individual nas atividades de protesto presentes em nosso índice. Neste sentido, nossos achados confirmam a hipótese de que sistemas mais fechados é que conduzem à contestação, enquanto aqueles que possuem canais para o encaminhamento das demandas e anseios dos seus cidadãos tentem a produzir efeito inverso (Kitschelt, 1986; Cuzan, 1991; Brockett, 1991). A inserção das variáveis de segundo nível também produziu alterações importantes nos impactos das variáveis de nível individual. No caso das medidas relacionadas ao descontentamento, constatamos aumento no impacto produzido pelo nível de satisfação com a vida (de para ) e pela avaliação da situação econômica nacional (de para ). A satisfação com o funcionamento da democracia, que no modelo inicial não produziu efeito significativo, passa agora a figurar entre os preditores relevantes, com efeito negativo, indicando que os mais satisfeitos tendem a se envolverem menos nas modalidades de contestação. A medida combinada de confiança nas

19 instituições políticas também passou a impactar a variável dependente, entretanto o seu efeito foi positivo, o que surpreendentemente indica que os que mais confiam tendem ao maior envolvimento em protestos. Ainda que a diferença entre os mais desconfiados e os mais confiantes seja de apenas 0.2 no índice de protesto, esse dado é algo intrigante, pois a expectativa inicial era de que a confiança estaria associada negativamente ao comportamento contestatório. Tais resultados envolvendo a hipótese do descontentamento divergem consideravelmente do encontrado por Dalton, Sickle e Weldon (2009) em sua análise envolvendo países de diferentes regiões, inclusive nove nações latino-americanas. Tomando a variável relativa à satisfação com a vida e uma medida de confiança no parlamento, os autores concluíram que o descontentamento não era um bom preditor do protesto em nível internacional. Entre os latino-americanos, todavia, o descontentamento com a democracia e principalmente a insatisfação com dimensões mais pessoais e econômicas afetam de forma considerável os níveis de contestação, como já afirmavam estudos sobre movimentos específicos, como o do Loveman (1998). Acreditamos que esses dados sejam compatíveis com uma realidade social própria dos países em desenvolvimento, marcados por profundas desigualdades na distribuição dos benefícios advindos do crescimento econômico e com democracias que ainda lutam para se consolidar. No que diz respeito às variáveis relativas às teorias dos recursos, a inserção das variáveis de nível nacional elevou o efeito produzido por escolaridade, interesse por política e a pelo índice de participação. O inverso ocorreu com informação política e eficácia política subjetiva, que tiverem seus impactos ligeiramente reduzidos, mas permanecendo estatisticamente significativos. Os resultados dos dois modelos propostos, portanto, confirmam a hipótese derivada do que chamamos anteriormente de teoria do voluntarismo cívico, uma vez que o envolvimento em modalidades contestatórias entre os latino-americano se apresenta claramente como uma questão de recursos intelectuais e, especialmente, sociais na medida em que o engajamento nas formas de contestação está fortemente relacionado ao pertencimento e participação em uma rede de organizações e atividades de adesão voluntária. A diferença mais significativa entre os dois modelos foi registrada na variável de apoio à democracia, que como vimos anteriormente apresentava efeito positivo reduzido

20 sobre o índice de protesto. Esse efeito, na presença das variáveis estruturais deixa de ser significativo, fazendo com que essa medida deixe de figurar entre os preditores relevantes. Esse resultado contraria as conclusões de Inglehart e Welzel (2005), uma vez que esses pesquisadores verificaram uma forte associação entre adesão à democracia, valores pósmaterialistas e comportamentos de protesto. Entre o público latino-americano uma postura democrática em termos abstratos não está relacionada de forma relevante a posturas mais ou menos contestatórias. Finalmente, no que diz respeito ao posicionamento ideológico, os resultados do segundo modelo confirmam e fortalecem as evidências obtidas com o modelo contendo apenas variáveis de nível individual. Neste sentido, os resultados encontrados corroboram a hipótese de que o apoio ao protesto político continua sendo um comportamento típico dos identificados com a esquerda do espectro político, tal como Powell (1982) e também Dalton e Sickle (2005) afirmaram. Considerações Finais Os dados apresentados acima tanto corroboram quanto refutam algumas interpretações existentes na literatura sobre protesto político. Corroboram no sentido de reafirmar a importância dos recursos individuais e coletivos (como escolaridade, informação e os vínculos associativos) como importantes determinantes da participação política 12. Não é demais lembrar que esta associação tem sido encontrada desde os primeiros estudos empíricos sobre participação (Milbrath, 1965), tendo sido confirmada em estudos comparativos orientados por diferentes estratégias metodológicas (Della Porta, 2008; Verba, Schlozman & Brady, 1995; Teorell, Torcal & Montero, 2007). Nesse sentido, pode-se afirmar que a dimensão da centralidade social do indivíduo (que se materializa em maiores recursos individuais e coletivos), exerce efeitos sobre a propensão ao engajamento político independentemente do contexto em que se está inserido. Da mesma maneira, a dimensão identitária da participação 13 também foi reafirmada através do efeito exercido pela identificação ideológica. 12 Em estudos anteriores, com análises que tomavam como parâmetro apenas a dimensão individual já havíamos encontrado evidências empíricas bastante robustas sobre a importância da dimensão dos recursos individuais e coletivos para a participação. Ver Borba & Ribeiro (2010), Ribeiro & Borba (2010a), Ribeiro & Borba (2010b). 13 A dimensão da identidade política como determinante da participação foi explorada no trabalho já clássico de Alessandro Pizzorno (1966).

21 Por outro lado nossos dados refutam principalmente alguns efeitos comumente atribuídos pela literatura ao contexto. Contrariamente às conclusões de Dalton, Sickle e Weldon (2009) o nível de desenvolvimento e/ou de desigualdade econômica dos países explica pouco o engajamento em protesto na América Latina. Uma possível interpretação talvez esteja relacionada ao fato de que a variação em termos de desenvolvimento econômico quando consideramos apenas os países dessa região seja menor do que quando ampliamos nossa amostra, como foi o caso dos autores mencionados acima, cujo estudo abrangeu mais de 70 países. Um segundo efeito refutado do contexto foi aquele relativo ao desenvolvimento político. Conforme indicado acima, tanto Inglehart & Welzel (2009) quanto Dalton, Sickle e Weldon (2009), bem como Norris (2002), interpretam a expansão do protesto como expressão de uma cidadania mais crítica que estaria presente, sobretudo, nos países mais desenvolvidos economicamente e com maior solidez democrática. Em nosso estudo os resultados apontaram para o inverso no que se refere à dimensão do desenvolvimento democrático. No caso da América Latina, a propensão à participação em protesto diminui à medida que passamos dos países mais fechados politicamente àqueles com maiores liberdades e garantias individuais. Uma possível chave interpretativa para essa questão é que no caso da América Latina o protesto político parece surgir como uma defesa dos cidadãos dotados de maiores recursos contra iniciativas de fechamento do sistema político. Se nossa interpretação for correta, é possível falar então, de funções distintas para o protesto: 1) no contexto das democracias avançadas ele surge como resultado da difusão dos valores de auto-expressão, que se materializam em comportamentos críticos para com as instituições tradicionais da democracia representativa, no sentido de demandar participação mais direta nos negócios do Estado; 2) no caso de contextos onde as demandas materiais não estão resolvidas e de grandes desigualdades socioeconômicas, a luta dos portadores de maiores recursos é para que o sistema político não seja fechado e autoritário. Por fim, gostaríamos de destacar para o efeito positivo exercido pela variável confiança institucional na propensão ao protesto. Aqui também nossos resultados são contrários à interpretação dominante, que percebe justamente na desconfiança nas instituições democráticas um dos indicadores de uma cidadania mais crítica, tendo uma de suas manifestações comportamentais, o protesto político. Em nosso caso, como vimos, no modelo 2, confiança institucional se mostrou preditor significante. No atual estágio de

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