APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO UNIÃO FEDERAL MYCHELLY RODRIGUES BRAGA

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1 PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: UNIÃO FEDERAL APELADO: MYCHELLY RODRIGUES BRAGA (e outros) ADVOGADO: GABRIEL VALE BEDÊ RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA RELATÓRIO 1. Trata-se de Embargos de Declaração manejados pela União, em face do Acórdão prolatado nos presentes autos, onde a Turma, por unanimidade de votos, negar provimento à apelação e dar parcial provimento à remessa oficial, tendo o Acórdão recebido a seguinte ementa: ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. PENSÃO POR MORTE. MENOR SOB GUARDA. CANCELAMENTO DO BENEFÍCIO. LEI 9.717/98. REVOGAÇÃO DO ART. 217, II, b, DA LEI 8.112/91. INOCORRÊNCIA. RESTABELECIMENTO. PRECEDENTES. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA 111 DO STJ. 1. Apelação contra sentença que condenou a ré a restabelecer o benefício de pensão temporária em favor dos demandados, menores sob guarda, a teor do art. 217, II, "b" da Lei 8.112/90, bem como ao pagamento das verbas retroativas. 2. Deve-se afastar a aplicação da Lei 9.528/97 ao caso em tela, uma vez que esta modificou o rol de beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (Lei 8.213/91), enquanto que a hipótese vertente versa sobre pensão estatutária, regida pela Lei 8.112/90, a qual, diferentemente da Lei 8.213/91, não teve o rol de beneficiários expressamente alterado para excluir o menor sob guarda. 3. Mostra-se equivocada a interpretação dada, no sentido de que a Lei 9.717/98 teria revogado diversas alíneas do art. 217, II, da Lei 8.112/90, de modo a equiparar o rol de beneficiários do regime estatutário ao do regime previdenciário. 4. Precedentes: STF, MS 25823/DF, Tribunal Pleno, Rel. p/ acórdão Min. CARLOS BRITTO, DJe 28/08/2009; TRF5, Rel. Des. Federal VLADIMIR CARVALHO, Segunda Turma, DJE 19/12/2013, p. 247; TRF1, AC /MG, Segunda Turma. Rel. Juiz Fed. Conv. MURILO FERNANDES DE ALMEIDA, E-DJF1 08/05/2013 e TRF2, APEL/REEX , Sétima Turma Especializada, Rel. Des. Fed. LUIZ PAULO DA SILVA ARAÚJO FILHO, E-DJF2R 04/09/ Não há que se falar que o Ministério da Previdência teria regulamentado a matéria por meio da Portaria MPS n.º 402, de , e da Orientação Normativa MPS/SPS n.º 2, de , segundo as quais os benefícios do RPPS devem ter os mesmos beneficiários dos benefícios concedidos pelo RGPS, dado que tais instrumentos normativos não tem o condão de revogar lei anterior, restando, portanto, incólume o art. 217, II, b, da Lei 8.112/90.

2 6. Manutenção dos honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, consoante o art. 20, 4º do CPC, devendo-se respeitar, todavia, os limites da Súmula 111 do STJ. 7. Apelação da União Federal não provida. Remessa Oficial parcialmente provida, tão somente quanto aos limites da Súmula 111 do STJ. 2. Alega a parte embargante que o acórdão padece de omissão, por não haver observado a cláusula constitucional de reserva de plenário (CF/88, art. 97), relativamente aos juros de mora e correção monetária. No que se refere ao alcance da declaração de inconstitucionalidade, aduz que o STF declarou parcialmente inconstitucional a norma apenas para a correção monetária dos precatórios já expedidos. Alega, ainda que, inexistiu o devido pronunciamento acerca de dispositivos de lei que regem a matéria, art. 5º da Lei nº 9.717/98; art. 16 da Lei 8.213/91, modificado pela Lei 9.032/95; art. 33 da Lei 8069/ Requer, deste modo, o provimento dos presentes Declaratórios, para sanar as omissões acima apontadas. 4. Contrarrazões apresentadas. 5. É o que havia de relevante para relatar. VOTO 1. Compulsando os autos, observa-se assistir, parcialmente, razão à parte embargante. 2. No caso em exame, alega a União que o acórdão padece de omissão relativamente aos juros de mora e correção monetária. No que se refere ao alcance da declaração de inconstitucionalidade, aduz que o STF declarou parcialmente inconstitucional a norma apenas para a correção monetária dos precatórios já expedidos. Alega, ainda que, inexistiu o devido pronunciamento acerca de dispositivos de lei que regem a matéria, art. 5º da Lei nº 9.717/98; art. 16 da Lei 8.213/91, modificado pela Lei 9.032/95.

3 3. Com efeito, é dever do Juiz ou Tribunal se pronunciar, ex officio, sobre os preceitos de ordem pública. Neste caso, mesmo não tendo havido pronunciamento anterior, por serem os juros de moratórios e a correção monetária consectários legais da condenação e matéria de ordem pública, seu exame de ofício não implica em reformatio in pejus. 4. É neste sentido que o Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZA PREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N /09, QUE ALTEROU O ART. 1º-F DA LEI N /97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N /91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE. 1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectários legais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício, bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do non reformatio in pejus. 2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, por força do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei nº , de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp /SC, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdão proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei /2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRg no REsp /SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravo regimental improvido. (AgRg no AgRg no REsp /PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 21/08/2014, DJe 28/08/2014). 5. Ainda assim, não obstante a inexistência de pronunciamento anterior, com escopo de uniformizar as decisões prolatadas, esta Primeira Turma passou adotar o entendimento consignado pela decisão do Pleno desta Corte Regional (sessão do dia ). 6. Desta forma, os juros moratórios são devidos, a contar da citação e sem necessidade de modulação (aplicável apenas ao pagamento de precatórios), no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês (art. 1º-F da Lei 9.494/97), ainda que se trate de demanda previdenciária.

4 7. A correção monetária deverá seguir as orientações do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal vigente à época do trânsito em julgado do título executivo. 8. Quanto ao argumento de que não houve pronunciamento acerca das Leis 9.717/98; 9.528/97; art. 16 da Lei 8.213/91, modificado pela Lei 9.032/95, melhor sorte não socorre à embargante, visto que as questões foram devidamente enfrentadas nos itens 2, 3 e 6 do Voto. 9. As demais omissões alegadas pela embargante não restam configuradas, não se vislumbrando a existência de nenhum vício no acórdão proferido por esta Turma. A apresentação de novos argumentos, em reforço aos já anteriormente deduzidos, para, em seguida, concluir-se com o pedido de reforma do julgamento é atitude incompatível com a via estreita dos declaratórios. 10. Impende frisar que não se prestam os embargos de declaração para questionar a interpretação ou aplicação de dispositivos legais, papel este destinado a outras modalidades recursais. 11. Cumpre registrar, ainda, que a simples falta de referência expressa aos dispositivos legais aplicáveis ao caso não configura omissão, bastando, para o pleno conhecimento da lide, o exame das questões jurídicas a ela subjacentes (EREsp. nº /SP, STJ. Corte Especial, Min. Eduardo Ribeiro, DJ 16/08/99, p. 37). 12. Constata-se que o que a embargante pretende, na verdade, é rediscutir a matéria já devidamente debatida no acórdão vergastado, para o que os presentes embargos de declaração não se prestam, como tem entendido o egrégio STF, dado que eles são destinados apenas a remediar omissões, obscuridades ou contradições em proposições intrínsecas do ato decisório. Precedentes: AI AgRr-ED, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJU ; RE AgRED, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJU ; AI AgR-ED, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJU ; AI AgR-ED, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, DJU Diante do exposto, dou parcial provimento aos embargos de declaração, apenas para adequar o acórdão embargado à decisão do Pleno desta Egrégia Corte Regional, quanto aos juros de mora e correção monetária. 14. É como voto. PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO

5 APELANTE: UNIÃO FEDERAL APELADO: MYCHELLY RODRIGUES BRAGA (e outros) ADVOGADO: GABRIEL VALE BEDÊ RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA EMENTA PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. PENSÃO. MENOR SOB GUARDA. UROS DE MORA DE 0,5% AO MÊS. CORREÇÃO MONETÁRIA. MANUAL DE ORIENTAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA OS CÁLCULOS NA JUSTIÇA FEDERAL. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS. PRECEDENTE. PARCIAL PROVIMENTO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS. 1. No caso em exame, alega a embargante que o acórdão padece de omissão relativamente aos juros de mora e correção monetária. No que se refere ao alcance da declaração de inconstitucionalidade, aduz que o STF declarou parcialmente inconstitucional a norma apenas para a correção monetária dos precatórios já expedidos. Alega, ainda que, inexistiu o devido pronunciamento acerca de dispositivos de lei que regem a matéria, art. 5º da Lei nº 9.717/98; art. 16 da Lei 8.213/91, modificado pela Lei 9.032/ Com efeito, é dever do Juiz ou Tribunal se pronunciar, ex officio, sobre os preceitos de ordem pública. Neste caso, mesmo não tendo havido pronunciamento anterior, por serem os juros de moratórios e a correção monetária consectários legais da condenação e matéria de ordem pública, seu exame de ofício não implica em reformatio in pejus. 3. Contudo, não obstante a inexistência de pronunciamento anterior, com escopo de uniformizar as decisões prolatadas, esta Primeira Turma passou adotar o entendimento consignado pela decisão do Pleno desta Corte Regional (sessão do dia ). 4. Desta forma, os juros moratórios são devidos, a contar da citação e sem necessidade de modulação (aplicável apenas ao pagamento de precatórios), no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês (art. 1º-F da Lei 9.494/97), ainda que se trate de demanda previdenciária. 5. A correção monetária deverá seguir as orientações do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal vigente à época do trânsito em julgado do título executivo.

6 6. Quanto ao argumento de que não houve pronunciamento acerca das Leis 9.717/98; 9.528/97; art. 16 da Lei 8.213/91, modificado pela Lei 9.032/95, melhor sorte não socorre à embargante, visto que as questões foram devidamente enfrentadas nos itens 2, 3 e 6 do Voto. 7. As demais omissões alegadas pela embargante não restam configuradas, não se vislumbrando a existência de nenhum vício no acórdão proferido por esta Turma. A apresentação de novos argumentos, em reforço aos já anteriormente deduzidos, para, em seguida, concluir-se com o pedido de reforma do julgamento é atitude incompatível com a via estreita dos declaratórios. 8. Impende frisar que não se prestam os embargos de declaração para questionar a interpretação ou aplicação de dispositivos legais, papel este destinado a outras modalidades recursais. 9. Constata-se que o que a embargante pretende, na verdade, é rediscutir a matéria já devidamente debatida no acórdão vergastado, para o que os presentes embargos de declaração não se prestam, como tem entendido o egrégio STF, dado que eles são destinados apenas a remediar omissões, obscuridades ou contradições em proposições intrínsecas do ato decisório. Precedentes. 10. Embargos Declaratórios parcialmente providos, apenas para adequar o acórdão embargado à decisão do Pleno desta Egrégia Corte Regional, quanto aos juros de mora e correção monetária. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em dar parcial provimento aos embargos de declaração, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. Recife, 3 de setembro de 2015.

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