UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UFRGS A GEOGRAFIA ATRAVÉS DO TEATRO DE FANTOCHES. UM COMPLEXO DESAFIO?

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1 KAREN ROBERTA SOARES DA SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UFRGS A GEOGRAFIA ATRAVÉS DO TEATRO DE FANTOCHES. UM COMPLEXO DESAFIO? INTRODUÇÃO Este estudo tem por objetivo propor a leitura dos conceitos Geográficos a partir do lúdico que o Teatro de Fantoches pode proporcionar ao aluno. Para esse intuito, privilegiaremos uma análise nos princípios da Complexidade, e para tanto, utilizaremos o pesquisador Edgar Morin (2007). Para trabalharmos com o Teatro de Fantoches a Complexidade torna-se efetiva, uma vez que estamos falando em ações, em interações, em acasos, em desordem, no caos, nas dúvidas e nas incertezas, o que implica num emaranhado de traços e teias onde tudo se interliga. Se não fizermos essas ligações não estamos construindo conhecimento, mas sim, no máximo, nos enganando quanto a essa construção. Pensamos no Teatro de Fantoches não como algo novo, mas como uma tentativa de diálogo entre duas áreas de conhecimento, o Teatro e a Geografia. Duas áreas diferentes, mas que podem ser complementares. Os Fantoches serão as engrenagens ou as partes que auxiliarão no movimento da máquina ou do todo, esse sendo a construção do conhecimento do sujeito aluno, que ao produzir o Fantoche, estará ao mesmo tempo se transformando; é a construção do conhecimento. 1

2 OBJETIVOS O objetivo de uma dissertação é o para quê da pesquisa, onde desejamos chegar, mesmo provisoriamente, com o trabalho. Se transferirmos para uma linguagem do teatro, seria a peça teatral o objetivo do ator, na busca possibilidades temporárias de representação para melhor interpretar o seu personagem e, assim, quem sabe, encenar uma boa apresentação teatral. Semelhante ao ator que busca possibilidades para a sua representação, nós pesquisadores procuramos caminhos para alcançarmos nossos objetivos, mesmo que provisoriamente. OBJETIVO GERAL Esta pesquisa tem como objetivo geral buscar possibilidades ou não para a construção do Conhecimento Geográfico a partir do lúdico que o Teatro de Bonecos pode proporcionar ao aluno. OBJETIVOS ESPECÍFICOS a. Compreender como a criança constrói o conhecimento, através da epistemologia genética. b. Discutir os conceitos geográficos a serem construídos pelos sujeitos alunos: espaço, lugar, território, paisagem e orientação. c. Avaliar se o Teatro de Fantoches é um facilitador ou não na construção do conhecimento geográfico por alunos do Ensino Fundamental d. Produzir oficinas com Teatro de Fantoches para verificar se são ou não facilitadores na construção do conhecimento geográfico. 2

3 METODOLOGIA a. COMPREENDER COMO A CRIANÇA CONSTRÓI O CONHECIMENTO, ATRAVÉS DA EPISTEMOLOGIA GENÉTICA Resgataremos conceitos teóricos da construção do conhecimento e aplicaremos aos alunos pesquisados. Será realizada uma avaliação inicial com os sujeitos alunos, por meio de questionários, para averiguar os conhecimentos prévios e o nível de cognição no qual se encontram. Por meio dessa compreensão acreditamos nesse momento que, ao realizar tal avaliação, encontraremos caminhos que talvez nos orientem para a melhor forma de mediar a construção do conhecimento dos sujeitos alunos. Quem subirá ao palco, neste momento? Becker (1998, 2003), Castrogiovanni(2003,2005,2006), Costella (2006), Rego(2007), Benjamin (1984), Coll (1999)e Piaget(1987,1990). b. DISCUTIR OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS A SEREM CONSTRUÍDOS COM OS ALUNOS: ESPAÇO, LUGAR, TERRITÓRIO,PAISAGEM E ORIENTAÇÃO Retomaremos os conceitos teóricos da geografia, por meio das bibliografias da ciência geográfica e das vivências dos sujeitos alunos. Porque a partir dessa discussão poderemos compreender os procedimentos que podem ser realizados para uma possível construção do conhecimento geográfico para os sujeitos alunos. Quem subirá no palco neste momento? Santos(1987,2004), Haesbaert(2002), Castrogiovanni (2006), Costella(2009), Moreira (2006), Castro (2007), Heidrich (2008) Rosendhal (2001), Suertegaray(2001), Claval(2001). c. AVALIAR SE O TEATRO DE FANTOCHES É UM FACILITADOR OU NÃO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO POR ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 3

4 Avaliando as possibilidades de construção do conhecimento geográfico com o Teatro de Fantoches, por meio de bibliografias geográficas e teatrais, do conhecimento prévio respeitando as vivências dos sujeitos alunos. Através dessa avaliação poderemos esclarecer quais os procedimentos mais adequados para trabalhar nas oficinas. Quem subirá ao palco? Stanislavsky(1996), Santos D.(2006), Shakespeare (1998), Dolci (2003), Ladeira (1993), Reverbel (2007), Rodrigues (1997), e os grupos de teatro de fantoches, Gira Mundo e De Pernas Pro Ar. d. PRODUZIR OFICINAS COM TEATRO DE FANTOCHES PARA VERIFICAR SE SÃO OU NÃO FACILITADORES NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO A partir de construções de oficinas, onde o sujeito aluno será avaliado desde a construção dos fantoches, a criação das histórias, a montagem do palco, as relações entre grupo e espaço até as apresentações finais. Porque por meio dessa produção talvez seja possível observar as relações que os sujeitos alunos fazem por meio do Teatro de Fantoches com os conceitos geográficos, averiguando se atingimos ou não nosso objetivo. Quem subirá ao palco, neste momento? Todos autores trabalhados até o momento RESULTADOS PRELIMINARES Para o estudo do Teatro de Fantoches no Ensino da Geografia, será utilizada a abordagem qualitativa de pesquisa. Os aspectos essenciais da pesquisa qualitativa [ ] consistem na escolha correta de métodos e teorias oportunos, no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas, nas reflexões dos pesquisadores a respeito de sua pesquisa como parte do processo de produção de conhecimento, e na variedade de abordagens e métodos. (FLICK, 2004, p. 20) 4

5 Refletir as possibilidades de trabalho utilizando como ancora a Complexidade sob uma perspectiva pautada pela Pesquisa Quantitativa, não nos dará uma única resposta, mas nos levará a várias respostas ao longo da pesquisa. Para atingirmos o objetivo proposto será realizado um estudo de caso, para Duarte e Barros (2006), a grande função desse estudo está em: Visando à descoberta, o pesquisador trabalha com o pressuposto de que o conhecimento não é algo acabado, mas que está sempre em construção e por isso faz parte de sua função indagar e buscar novas respostas ao longo da investigação. (DUARTE e BARROS, 2006, p. 233) Dessa forma a união da Complexidade com a pesquisa qualitativa sob o olhar do estudo de caso, nos parece nesse momento a forma mais adequada para trabalhar questões como a realidade dos sujeitos alunos, de forma mais profunda e detalhada sob diferentes perspectivas, possibilitando que os leitores deste trabalho tirem suas próprias conclusões, ou vejam neste trabalho a possibilidade de abrir novos caminhos nas questões que circundam a alfabetização geográfica. Ainda, trabalharemos com os seguintes princípios que permeiam o pensamento complexo. O principio hologramático, que, segundo Morin (2003, p.94) não apenas a parte está no todo, como o todo está inscrito na parte, assim, precisamos compreender cada sujeito, como uma parte, para então compreendermos a sociedade, como um todo. Nessa perspectiva o principio do ciclo retroativo que, para Morin (2003, p.94) rompe com o princípio da causalidade linear: a causa age sobre o efeito, e o efeito age sobre a causa, nesse caso, esperamos que tal trabalho possa provocar nesses sujeitos a construção do conhecimento geográfico. Por conseguinte utilizaremos o principio da auto-ecoorganização. Palavras de Morin (2003, p. 95) os seres vivos são seres auto-organizadores, 5

6 que para não pararem de se auto-produzir e, por isso mesmo, despendem energia para manter sua autonomia. Os sujeitos fazem trocas com o ambiente numa forma de se recriar para assegurar sua autonomia. Dessa forma, exploraremos amplamente a discussão a respeito do conhecimento geográfico sob o olhar da complexidade. Fatiar o todo para encontrarmos as partes que compõem a estrutura da construção do conhecimento desses sujeitos, para assim, talvez, compreende-los, para melhor orientá-los. A pesquisa será realizada em duas escolas, uma pública e outra particular, ambas em Porto Alegre. Os sujeitos da pesquisa serão os alunos de 3ª série do Ensino Fundamental, com idades entre 9 e 11 anos, uma parte trabalhará com o Teatro de Fantoches e a outra ficará na sala de aula, trabalhado com a professora. Além dos sujeitos alunos, também optamos em trabalhar com os sujeitos professores, determinantes na obtenção de informações que serão pertinentes para o andamento desta pesquisa. Para atingirmos os objetivos deste trabalho, utilizaremos como coleta de evidências a entrevista em profundidade de natureza semi-aberta, com os sujeitos professores e sujeitos alunos. Observação direta, como compreender as atividades que os sujeitos alunos farão com os fantoches. A fim de ampliar o debate a cerca deste trabalho e permitir identificar e descrever os fenômenos desta pesquisa, optamos por uma entrevista em profundidade. Segundo Duarte e Barros (2006): A entrevista em profundidade é uma técnica dinâmica e flexível, útil para apreensão de uma realidade tanto para tratar questões relacionadas ao íntimo do entrevistado, como para descrição de processos complexos nos quais está ou esteve envolvido. (DUARTE e BARROS, 2006, p. 64). As entrevistas em profundidades poderá nos dar suporte para trabalhar 6

7 com entrevistas de modelo semi-abertas. A entrevista semi-aberta com um roteiro orientado nos possibilita comparações entre os entrevistados, de sermos mais flexível nas questões, nos deixando livres no andamento dessas, orientando a entrevista exploraremos ao máximo as respostas obtidas, assim, talvez possamos obter uma qualidade e avaliação mais fidedigna para um legitimo andamento da pesquisa. REFERÊNCIAS BECKER, Fernando. A Origem do conhecimento e a aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, BECKER, Fernando; FRANCO, Sérgio R.K. Revisitando Piaget. Porto alegre: Mediação, BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus, BLOIS, Marlene Montezi; BARROS, Maria Alice Ferreira. Teatro de Fantoches na Escola Dinâmica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A, CASTRO, Iná Elias; GOMES, Paulo César da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato. Geografia: conceitos e temas. 10 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 4 ed. Porto Alegre: Mediação, CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; COSTELLA, Roselane Zordan. Brincar e 7

8 cartografar com os diferentes mundos geográficos: A Alfabetização Espacial. Porto Alegre: EDIPUCRS, CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. et al. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 4 ed. Porto Alegre: UFRGS, O estágio continuado e a (re) construção do fazer pedagógico geográfico o lugar da escola. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Cadernos do Aplicação. Porto Alegre: Colégio de Aplicação. V1, n.1, julho a dezembro de CARMO, Vlademir do; KLUGE, Denise; ALMEIDA, Marcus. O ato de fazer teatro: na experimentação da linguagem expressiva. 3 ed. São Paulo: Paulinas, CLAVAL, Paul. A Geografia Cultural. 2 ed. Florianópolis: UFSC, COLL, César. et al. O construtivismo na sala de aula. 6 ed. São Paulo: Ática, CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (Org). Paisagem, imaginário e espaço. Rio de Janeiro: UERJ, COSTA, Marco Antonio F.da; COSTA, Maria de Fátima Barrozo da. Metodologia da Pesquisa: conceitos e técnicas. Rio de Janeiro: Interciência, COSTELLA, Roselane Zordan. O Significado das Representações Espaciais na Construção do Conhecimento Geográfico f. Tese (Doutorado em Geografia), Curso de Pós-Graduação em Geociência, 8

9 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, DOLCI, Luciana Netto. A influência do teatro no desenvolvimento do aluno f. Dissertação(Mestrado em Educação), Programa de pós-graduação em educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (org). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. 2 ed. São Paulo: Atlas, FERREIRA, Taís. A escola no teatro e o teatro na escola. Porto Alegre: Mediação, FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2 ed. Porto Alegre: Brokman, FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saber necessários à prática educativa. 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra, Educação como prática da liberdade. 11ª de. Rio de Janeiro: Paz e Terra, FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, HAESBAERT, Rogério. Territórios alternativos. São Paulo: Contexto, HEIDRICH, Álvaro Luiz; et al. A Emergência da Multiterritorialidade: A Ressignificação da Relação do Humano com o Espaço. Canoas: ULBRA; Porto Alegre: UFRGS,

10 LADEIRA, Idalina; CALDAS, Sarah. Fantoche e Cia. 2 ed. São Paulo: Scipione, MOREIRA, Ruy. Para Onde vai o Pensamento Geográfico? Por uma epistemologia crítica. São Paulo: Contexto, MORIN, Edgar. A Cabeça bem feita. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, Introdução ao Pensamento Complexo. 3 ed. Porto Alegre: Sulina, NUNES, Celso. A Paisagem como teatro. In:Yázigi (org.). Turismo e Paisagem. São Paulo: Contexto, PIAGET, Jean; CHOMSKY, Noam. Teorias da linguagem: teorias da aprendizagem. Lisboa, Portugal: Edições 70, Epistemologia Genética. São Paulo: Editora Martins Fontes, REGO, Nelson.(Org); et al. Um pouco do mundo cabe nas mãos. Porto Alegre: Ed. Martins Fontes, REGO, Nelson; CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; KAERCHER, Nestor André. Geografia: práticas pedagógicas para o ensino médio. Porto Alegre: Artmed, REVERBEL, Olga. Um Caminho do Teatro na Escola. 2ed. São Paulo: Scipione,

11 RODRIGUES, Nelson. Flor de Obsessão. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, coleção primeiros passos; 103. SANTOS, Dilaina Paula dos. Psicopedagogia dos Fantoches: jogos de imaginar, construir e narrar. São Paulo: Vetor, SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, A natureza do espaço: técnica e tempo. razão e emoção. 4 ed. São Paulo: Edusp, SANTOS, Vera Lucia Bertoni dos. Brincadeira e Conhecimento: do faz-deconta à representação teatral. 2 ed. Porto Alegre: Mediação, SAQUET, Marco Aurélio; SPOSITO, Eliseu Savério (org).território e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular, SHAKESPEARE, William. Shakespeare de A a Z: livro da citações. Porto Alegre: L&PM, STANISLAVSKI, Constantin. A Construção da Personagem. 8 ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, A Preparação do Ator. 13 ed. Rio de Janeiro: 11

12 Civilização brasileira, SUERTEGARAY, Dirce. Espaço geográfico uno e múltiplo. Revista Electrónica de Geografia y Ciências Sociales, Barcelona, n 93, p.1-11, jul TRYPHON, Anastasia; PARRAT, Silvia (org). Jean Piaget: Sobre Pedagogia. São Paulo: Casa do Psicólogo, VERDUM, Roberto; BASSO, Luis Alberto; SUERTEGARAY, Dirce. (Org). Rio Grande do Sul: paisagens e territórios em transformação. Porto Alegre; BRASIL. Lei n , de 24 de setembro de Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Parâmetros curriculares nacionais : introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental, Brasília : MEC/SEF, p. YÁZIGI, Eduardo (org). Turismo e paisagem. São Paulo: Contexto, introdução, Objetivos, Metodologias, Resultados preliminares e bibliografia 12