VOTO RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE CONCESSÕES E AUTORIZAÇÕES DE GERAÇÃO SCG

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1 FL. 1 de 6 VOTO PROCESSO: / INTERESSADO: Companhia Energética de São Paulo - Cesp RELATOR: Diretor André Pepitone da Nóbrega RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE CONCESSÕES E AUTORIZAÇÕES DE GERAÇÃO SCG ASSUNTO: Pedido de outorga de autorização para a empresa Companhia Energética de São Paulo - Cesp implantar e explorar a Pequena Central Hidrelétrica São José, localizada no município de São José do Rio Pardo, estado de São Paulo. I. R E L A T Ó R I O A Portaria n o 388, de 4 de março de 1995, emitida pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica DNAEE, aprovou o Projeto Básico do aproveitamento hidrelétrico denominado São José, apresentado pela Companhia Energética de São Paulo Cesp, com 19 MW de capacidade instalada, composto de 2 unidades geradoras de 9,5 MW, situado no rio Pardo, no município de São José do Rio Pardo, estado de São Paulo. Por falta de manifestação da Cesp, o Processo foi arquivado em abril de Em 29 de abril de 2009, por meio da Carta CESP OF/E/806/2009 1, a Cesp voltou a manifestar interesse no Empreendimento, solicitando a reanálise do Processo com vistas à obtenção da autorização para implantar e explorar a Usina. 3. A Empresa reiterou o pleito mediante a Carta CESP OF/E/2257/2009 2, de 30 de dezembro de 2009, na qual solicitou à Superintendência de Autorizações e Concessões da Geração SCG esclarecimentos sobre em qual ambiente regulatório deveria ser conduzido o processo de outorga sob os procedimentos definidos na Resolução n o 395, de 4 de dezembro de 1998, ou os da Resolução n o 343, de 9 de dezembro de No Memorando n o 667/2010-SGH/ANEEL, de 20 de agosto de 2010, a Superintendência de Gestão e Estudos Hidroenergéticos - SGH esclareceu que à época da aprovação do Projeto Básico da PCH São José, os estudos de inventário e viabilidade eram conduzidos conjuntamente. Além disso, informou que a 1 SIC: / SIC: /

2 FL. 2 de 6 outorga de recursos hídricos pela Interessada deveria ser precedida da obtenção da DRDH, conforme a legislação de recursos hídricos. 5. Pelo Ofício n o 795/2010-SCG/ANEEL, de 16 de setembro de 2010, a SCG informou à Cesp que, para a retomada do processo de outorga, seria necessário o encaminhamento da documentação prevista na Resolução Normativa n o 395, de A Cesp, por intermédio da Carta CESP OF/E/1710/2010, de 27 de outubro de 2010, cientificou que o licenciamento ambiental se encontrava vencido desde 2006, e retomara os entendimentos com os órgãos responsáveis no âmbito do estado de São Paulo para a obtenção de nova licença. Diante disso, solicitou à SCG a concessão de 6 meses adicionais para continuar o processo de obtenção da outorga de autorização. 7. Em 13 de abril de 2011, na Carta CESP OF/E/747/2011, a Cesp comunicou que tomara as providências necessárias para a obtenção da Informação de Acesso na Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista - CTEEP e para a renovação do licenciamento ambiental na CETESB. A Cesp solicitou à ANEEL novo prazo adicional, de 12 meses, para a obtenção e a consolidação de todas as informações necessárias à obtenção da outorga. 8. Por meio da Carta CESP OF/EPP/953/2011, de 10 de maio de 2011, a Interessada esclareceu que, em 6 de abril de 2011, solicitou à CETESB vista do processo de licenciamento ambiental das PCH São José e Carrapatos, objetivando reavaliar o processo de licenciamento ambiental que estava vencido, e que essa análise seria concluída em 90 dias. Após o exame, caso verificada a viabilidade técnica, a Empresa solicitaria a renovação da Licença de Instalação - LI do Empreendimento. 9. Segundo a Cesp, o prazo estimado para análise e manifestação da CETESB sobre a renovação da LI seria de 270 dias. O Órgão Ambiental, contudo, poderia solicitar complementação de documentos, ou decidir pela instauração de novo processo de licenciamento do Empreendimento, o que poderia demandar prazo maior para a apresentação da documentação exigida pela ANEEL.

3 FL. 3 de Em 28 de setembro de 2011, em reunião na ANEEL, a SCG solicitou à Cesp esclarecimentos sobre o andamento do processo de licenciamento ambiental da Usina. Conforme o registro da reunião 3, a Cesp informou que identificara potência de 26 MW para o Aproveitamento, superior à aprovada no Projeto Básico, de 19 MW, e que avaliaria se o licenciamento ambiental seria solicitado com base no projeto original ou no com a nova potência. 11. Em 12 de janeiro de 2012, em razão da ausência de manifestação do Empreendedor, a SCG pediu novamente à Cesp esclarecimentos quanto ao licenciamento ambiental do Aproveitamento. 12. Mediante a Carta OF/G/239/2012, de 10 de fevereiro de 2012, a Cesp informou que protocolizara na CETESB Plano de Trabalho para elaboração do EIA/RIMA e que o Órgão Ambiental indeferira o pedido de renovação da LI, exigindo o início de novo procedimento para a obtenção do licenciamento ambiental. 13. Diante dessa situação, a SCG concedeu mais 12 meses para a Cesp apresentar o licenciamento ambiental. 14. Por intermédio do Ofício n o 55/2013-SCG/ANEEL, de 18 de janeiro de 2013, a SCG notificou a Cesp para que, caso esta não apresentasse o licenciamento ambiental em até 10 dias, a Empresa deveria apresentar defesa prévia no Processo de revogação do Despacho de Aprovação do Projeto Básico. 15. Na Carta OF/G/168/2013, de 30 de janeiro de 2013, a Empresa cientificou que realizara várias tratativas no Órgão ambiental em 2012, porém ainda não havia obtido o licenciamento ambiental. Apresentou a Carta de 5 de dezembro de 2012 na qual o Órgão ambiental solicitava à Cesp esclarecimentos quanto ao EIA/RIMA apresentado pela Empresa. 16. Em 7 de fevereiro de 2013, por meio dos Memorandos n os 209/2013-SCG/ANEEL e 210/2013-SCG/ANEEL, a SCG consultou, respectivamente, a Procuradoria-Geral da ANEEL - PGE quanto à possibilidade de abertura de procedimento administrativo para revogação do Projeto Básico da Central Geradora, e a SGH sobre a adequação do Projeto Básico da PCH São José às condições do inventário do rio Pardo. 3 Documento Sicnet nº /

4 FL. 4 de A PGE, pelo Parecer n o 133/2013-PGE/ANEEL/PGF/AGU, de 15 de março de 2013, opinou pela possibilidade jurídica da revogação da aprovação do Projeto Básico da PCH São José. A PGE ressalvou que, anteriormente à eventual tomada de decisão no sentido da revogação do Ato, a Cesp deveria ser intimada a se manifestar nos autos, visando à preservação das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório. 18. Além disso a PGE recomendou que, caso a Interessada apresentasse em sua defesa a documentação faltante e a atualização do Projeto Básico, a Área Técnica responsável deveria avaliar a conveniência e a oportunidade de manter o Projeto Básico aprovado com vistas à instauração de novo procedimento, visando à outorga. 19. A SGH, por sua vez, mediante o Memorando n o 222/2013-SGH/ANEEL, de 25 de março de 2013, comunicou a impossibilidade de avaliar se o Projeto Básico aprovado há 18 anos era coerente com o aproveitamento ótimo do rio Pardo, uma vez que este não possuía estudo de inventário aprovado. 20. Por intermédio da Nota Técnica n o 114/2014-SCG/ANEEL, de 22 de abril de 2014, a SCG recomendou indeferir o requerimento de outorga de autorização para implantar e explorar a PCH São José formulado pela Cesp e, posteriormente, encaminhar o Processo à SGH para que esta adotasse as providências necessárias objetivando a inativação do respectivo Projeto Básico. II. F U N D A M E N T A Ç Ã O 21. Trata-se da análise do pedido de outorga de autorização em nome da Cesp visando implantar e explorar a Pequena Central Hidrelétrica São José, localizada no município de São José do Rio Pardo, estado de São Paulo. 22. Segundo a SCG, no período entre a aprovação do Projeto Básico do Aproveitamento e o arquivamento do Processo em abril de 2002 o Empreendimento não se viabilizou pelas seguintes razões: a) entre outubro e novembro de 1995 os relatórios técnicos e contábeis do Empreendimento estavam em desacordo com o plano de contas do Setor Elétrico vigentes à época;

5 FL. 5 de 6 b) em 1996, as PCHs São José e Carrapatos foram licitadas sem sucesso, o que implicou a revogação da correspondente licitação pelo DNAEE em 30 de maio de 1996; c) em setembro de 1998, a empresa PCH Performance Centrais Elétricas demonstrou interesse na PCH São José, solicitando vistas ao Projeto Básico, objetivando parceria com a Cesp na construção do Empreendimento. Por falta de manifestação da Performance, o Processo foi novamente arquivado em outubro de 1998; d) em setembro de 2001, a Cesp demonstrou interesse no Empreendimento, solicitando à antiga Superintendência de Potenciais Hidráulicos - SPH confirmar a condição do Projeto Básico e orientar o encaminhamento da solicitação para autorizar a implantação. Em março de 2002 a SPH notificou que, segundo as normas da época, as usinas exploradas sob o regime de serviço público só poderiam ter direito à outorga por meio de licitação. A Cesp informou que se avaliaria a situação, porém não se manifestou. Diante disso, o Processo foi arquivado em abril de Após 2009, apesar do interesse demonstrado na autorização, a Cesp não atendeu às exigências regulamentares para a emissão da outorga para implantar e explorar a PCH São José. A Empresa não comprovou avanços para a obtenção da Licença de Instalação LI e da Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica DRDH, documentos indispensáveis à emissão da outorga. 24. Diante disso e do fato de que o Projeto Básico, aprovado há mais de 18 anos, anterior ao procedimento estabelecido pela Resolução n o 395, de 1998, parece estar defasado, entende-se que a recomendação da SCG, de indeferir o requerimento da Cesp de outorga de autorização para implantar e explorar a PCH São José, deve ser acatada. 25. Além disso, a SGH, seguindo as recomendações constantes do Parecer n o 133/2013- PGE/ANEEL/PGF/AGU, deve adotar as providências necessárias à inativação do respectivo Projeto Básico e à disponibilização do eixo do aproveitamento ao público. III. D I R E I T O 26. A análise encontra fundamentação nos seguintes dispositivos normativos: a) Lei n o 9.074, de 7 de julho de 1995; b) Lei n o 9.427, de 26 de dezembro de 1996;

6 FL. 6 de 6 c) Decreto n o 4.932, de 23 de dezembro de 2003; d) Resolução Normativa n o 389, de 15 de dezembro de 2009; IV. D I S P O S I T I V O 27. A partir de tal análise e das considerações apresentadas no Processo n o / , voto por : a) indeferir o requerimento da Companhia Energética de São Paulo - Cesp de outorga de autorização para implantar e explorar a PCH São José. b) determinar à SGH adotar as providências necessárias à inativação do respectivo Projeto Básico e à disponibilização do eixo do aproveitamento ao público, intimando a Cesp a se manifestar nos autos, visando à preservação das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Brasília, 19 de novembro de ANDRÉ PEPITONE DA NÓBREGA Diretor

7 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL DESPACHO Nº, DE DE DE O DIRETOR GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, tendo em vista a deliberação da Diretoria e o que consta do Processo nº / , decide por i) indeferir o requerimento da Companhia Energética de São Paulo - Cesp de outorga de autorização para implantar e explorar a PCH São José e ii) determinar à SGH adotar as providências necessárias à inativação do respectivo Projeto Básico e à disponibilização do eixo do aproveitamento ao público, intimando à Cesp a se manifestar nos autos, visando-se a preservação das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório. ROMEU DONIZETE RUFINO