PAIS VAMOS BRINCAR?!? RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROGRAMA
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- Ágatha Tuschinski Lombardi
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1 PAIS VAMOS BRINCAR?!? RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO AOS ADULTOS RESPONSÁVEIS DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS ESCOLARES. Evelyn de Paula Souza, Rosiane de Fatima Ponce, Irineu Aliprando Tuim Viotto Filho Universidade Estadual Julio Mesquista Filho UNESP/Presidente Prudente 10) Família de sujeitos públicos-alvo da educação especial Palavras-chaves: Pais e Responsaveis, Teoria Historico-Cultural, Dificuldades de Aprendizagem. 1. Introdução O presente trabalho é o relato de experiência referente a um projeto de extensão universitária desenvolvido por bolsistas (Proex) e coordenado por uma professora doutora da FCT/UNESP-Pres. Prudente. Neste projeto, recebemos crianças de 05 a 10 anos de idade diagnosticadas por especialistas da área da saúde ou advindas de encaminhamentos pedagógicos com a queixa de dificuldades de aprendizagens. O projeto de extensão visa, a partir de práticas diferenciadas de ensino-aprendizagem e utilizando jogos e brincadeiras de cunho ludo-pedagógico, as quais evidenciam as questões motoras no desenvolvimento humano juntamente com as questões cognitivas, sociais e emocionais das crianças, possibilitar o enfrentamento do fenômeno queixas escolares e contribuir para com a minimização dessas dificuldades de aprendizagens escolares. Visando orientar aos pais, familiares e adultos que são responsáveis pelas crianças que participam de nossos projetos, elaboramos o projeto pais, vamos brincar no lar e na escola? Com o objetivo de apresentar e dialogar com esses responsáveis sobre temas ligados ao desenvolvimento infantil, sobre os temas de alguns fenômenos escolares que levam aos diagnósticos de patologias infantis que estariam, conforme laudos médicos, dificultando o aprendizado dos conteúdos escolares, como, por exemplo, a questão das queixas escolares, do TDAH, e etc. Durante os encontros ocorrem mensalmente e conta com agenda definida com antecedência, sendo em média duas horas de reunião na qual realizamos atividades de jogos e brincadeiras com os adultos para que compreendam e vivenciem a metodologia adotada por nosso grupo (GEIPEE) e que realizamos com as crianças durante os projetos (PIP Programa de Intervenção Psicomotora). Parte das reuniões é destinada para apresentação teórica dos
2 temas abordados e nesses momentos contamos com a experiência de professores doutores, mestrandos e doutorandos que participam do projeto (e do grupo GEIPEE) para desenvolverem palestras interativas. São, ainda, levantados temas de interesse dos responsáveis pelas crianças para que nas próximas reuniões possamos abordar e dialogar. Enfim, o projeto visa transmitir aos responsáveis conhecimentos científicos sobre temas que perpassam os fenômenos escolares e dificultam o aprendizado dos conhecimentos científicos por parte das crianças, assim como fortalecer os adultos para que possam implementar diálogos junto à equipe escolar e aos médicos que, em geral, patologizam as dificuldades de aprendizagens das crianças e diagnosticam como sendo de ordem médica/de saúde o que na realidade está mais para as questões de metodologia de ensino dos conteúdos escolares. Esse projeto visa o integral processo de formação humana e temos como referencial a teoria histórico-cultural sobre o desenvolvimento humano, na qual nos apoiamos para elaborar as atividades ludo-pedagógicas voltadas ao desenvolvimento das funções psicológicas superiores de crianças com dificuldades escolares. Nesta compreensão de formação humana, de acordo com a teoria histórico-cultural, para que o homem se forme, enquanto genérico, é preciso que o mesmo tenha oportunidade para se apropriar dos bens culturais, materiais e humanos que a humanidade já desenvolveu. Ou seja, compreende-se o homem como fruto do processo histórico social humano, produto de suas apropriações e das objetivações humanas, sempre dentro das relações concretas com os outros indivíduos. (DUARTE, 1999). As funções psicológicas superiores, como atenção, memória, imaginação, entre outras, que auxiliam no processo de desenvolvimento e aprendizagem de crianças com transtornos escolares, são transformadas de sua funcionalidade elementar a uma condição superior através da mediação de signos e instrumentos criados pelo ser humano. Os signos influem na conduta do individuo, em auxilio a alguma ação psicológica; enquanto que os instrumentos favorecem a realização da ação do trabalho, se tornando em ferramentas de mediação que agem no meio inter e intrapessoal da atividade humana, ampliando a capacidade psíquica do homem (FACCI, 2004) Vygotski (2001) explicita que é através de indivíduos mais desenvolvidos que os processos de formação humana se tornam possível, isso porque, apenas seu sistema maturacional não lhe garante a efetivação de seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. Ou seja, é a partir da mediação do outro ser humano mais desenvolvido que a criança poderá realizar o percurso de sua humanização. Portanto, com o aporte da teoria histórico-cultural,
3 defendemos a necessidade de participação dos adultos responsáveis no desenvolvimento das crianças, sendo estes indivíduos fundamentais no processo de humanização e formação humana das crianças. Defendemos, então, que os adultos precisam ser orientados sobre os processos de mediação no desenvolvimento infantil, para que possam entender as situações geradoras de desenvolvimento da criança, como os jogos e brincadeiras ludo-pedagógicas orientados para esse fim. Assim, enfatizamos a necessidade de orientar estes indivíduos sobre o tempo histórico das crianças, possibilitando-os acesso e apropriação científica de temas relativos ao desenvolvimento humano e, em especial, ao desenvolvimento infantil. 2. Objetivo Orientar os adultos responsáveis por crianças avaliadas com distúrbios de aprendizagens; enfatizar a importância do uso de jogos e brincadeiras ludo-pedagógicas como metodologia de ensino no enfrentamento das dificuldades de aprendizagens escolares. 3. Metodologia Como salientamos acima, esse projeto é realizado mensalmente, sendo que é planejado e executado por professores e bolsistas-interventores do Geipee. O tempo das reuniões é de duas (02) horas e temos como dinâmica o uso de jogos/brincadeiras com os adultos responsáveis; sendo que parte da reunião é destinada para levantamento de perguntas junto aos participantes, para relato de situações que estão enfrentando nas escolas que as crianças frequentam, para apresentação teórica dos temas abordados. Em geral, os temas giraram em torno do fenômeno TDAH. Como dinâmica do projeto, realizamos encontros em que participam apenas os adultos responsáveis pelas crianças e há os encontros em que participam os adultos e as crianças, visando com isso aproximar adultos e crianças em ações coletivas que possam sensibilizar os adultos da importância do brincar no desenvolvimento infantil. De um encontro para o outro, os adultos são convidados a realizarem jogos e/ou brincadeiras populares junto com as crianças e relatarem no próximo encontro o que fizeram e como avaliam as sensações proporcionadas durante as atividades. Alguns dos adultos solicitam, nas reuniões, a realização dos jogos que fizeram com as crianças e o grupo vota/decide se realizamos naquela reunião ou se programamos como atividade do próximo encontro.
4 4.Resultados A partir dos relatórios de observação e vivências com os adultos responsáveis, destacamos a alteração das relações, de forma positiva, entre eles e as crianças avaliadas com distúrbios de aprendizagens escolares. Nossos encontros estão possibilitando a compreensão dos adultos responsáveis sobre o desenvolvimento infantil, bem como o desenvolvimento e fortalecimento das crianças que participam de projetos desenvolvidos pelo Geipee (FCT/UNESP). Visamos em nossas ações fortalecer a autoconfiança, autoestima e os laços de afetividade entre os adultos e as crianças por meio de intervenção psicomotora e ludo-pedagógica. Temos percebido nos relatos dos adultos que os mesmos estão participando com frequência nas atividades escolares das crianças, houve um aumento de interesse sobre suas dificuldades e no trabalho realizado nos projetos. Houve uma crescente participação dos adultos nos encontros, sendo que os diálogos se tornaram mais frequentes tomando conta de horários fora do estipulado, estamos vendo a ampliação destes momentos para além das reuniões mensais. Os adultos dialogam e refletem entre si, trocam informações de problemáticas em comum e buscam juntos algumas soluções visando o enfrentamento das dificuldades de aprendizagens escolares das crianças. 5. Conclusões Acreditamos que as ações do grupo Geeipe visam garantir apropriações histórico-culturais a favor da humanização e do desenvolvimento integral das capacidades psíquicas humanas. Nesta base temos visto a importância das interrelações sociais do individuo em processo de formação e o quanto a participação dos adultos responsáveis nas atividades escolares das crianças possibilitam uma maior compreensão das dificuldades de aprendizagens escolares. Para Vygotski (2001) a aprendizagem não é por si mesmo desenvolvimento, é preciso intencional organização e orientação na aprendizagem escolar da criança. Por isso o fundamental papel das mediações humanas e culturais no desenvolvimento infantil, tanto por parte da educação escolar, quanto por parte dos adultos responsáveis por essas crianças. Referências DUARTE, N. A individualidade para si: contribuição a uma teoria histórico-cultural da formação do individuo. 2 ed. Campinas: Autores Associados, 1999.
5 FACCI, M. G. D. Valorização ou Esvaziamento do Trabalho do Professor? um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia Vigotskiana. Campinas: Autores Associados, VYGOTSKI, L. S; LURIA, A. L; LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. In: VYGOTSKI, L. S. Aprendizagem e Desenvolvimento intelectual na idade escolar. São Paulo: Ícone, 2001.
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