CONTEÚDO DO PRIMEIRO BIMESTRE - FILOSOFIA

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1 CONTEÚDO DO PRIMEIRO BIMESTRE - FILOSOFIA AS ORIGENS DA FILOSOFIA - A PALAVRA FILOSOFIA A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita. Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (a festa mais importante da Grécia): as que iam para comerciar durante os jogos, ali estando apenas para servir aos seus próprios interesses e sem preocupação com as disputas e os torneios; as que iam para competir, isto é, os atletas e artistas (pois, durante os jogos também havia competições artísticas: dança, poesia, música, teatro); e as que iam para contemplar os jogos e torneios, para avaliar o desempenho e julgar o valor dos que ali se apresentavam. Esse terceiro tipo de pessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo. Com isso, Pitágoras queria dizer que o filósofo não é movido por interesses comerciais - não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa para ser comprada e vendida no mercado; também não é movido pelo desejo de competir - não faz das idéias e dos conhecimentos uma habilidade para vencer competidores ou "atletas intelectuais"; mas é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a vida: em resumo, pelo desejo de saber. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito) para vê-la. * A FILOSOFIA É GREGA 1

2 A Filosofia, entendida como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego. Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Também não quer dizer que todos esses povos não tivessem desenvolvido o pensamento e formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e desenvolvem. Quando se diz que a Filosofia é um fato grego, o que se quer dizer é que ela possui certas características, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelece certas concepções sobre o que sejam a realidade, o pensamento, a ação, as técnicas, que são completamente diferentes das características desenvolvidas por outros povos e outras culturas. Vejamos um exemplo. Os chineses desenvolveram um pensamento muito profundo sobre a existência de coisas, seres e ações contrários ou opostos, que formam a realidade. Deram às oposições o nome de dois princípios: Yin e Yang. Yin é o princípio feminino passivo na Natureza, representado pela escuridão, o frio e a umidade; Yang é o princípio masculino ativo na Natureza, representado pela luz, o calor e o seco. Os dois princípios se combinam e formam todas as coisas, que, por isso, são feitas de contrários ou de oposições. O mundo, portanto, é feito da atividade masculina e da passividade feminina. Tomemos agora um filósofo grego, por exemplo, o próprio Pitágoras. Que diz ele? Que a Natureza é feita de um sistema de relações ou de proporções matemáticas produzidas a partir da unidade (o número 1 e o ponto), da oposição entre os números pares e ímpares, e da combinação entre as superfícies e os volumes (as figuras geométricas), de tal modo que essas proporções e combinações aparecem para nossos órgãos dos sentidos sob a forma de qualidades contrárias: quente-frio, seco-úmido, áspero-liso, claro-escuro, grande-pequeno, doce-amargo, duro-mole, etc. Para Pitágoras, o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática, enquanto nossos sentidos ou nossa percepção alcançam o modo como a estrutura matemática da Natureza aparece para nós, isto é, sob a forma de qualidades opostas. * O LEGADO DA FILOSOFIA GREGA PARA O OCIDENTE EUROPEU 2

3 Por causa da colonização européia das Américas, nós também fazemos parte - ainda que de modo inferiorizado e colonizado - do Ocidente europeu e assim também somos herdeiros do legado que a Filosofia grega deixou para o pensamento ocidental europeu. Desse legado, podemos destacar como principais contribuições as seguintes: -> A idéia de que a Natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais, isto é, os mesmos em toda a parte e em todos os tempos. Assim, por exemplo, graças aos gregos, no século XVII da nossa era, o filósofo inglês Isaac Newton estabeleceu a lei da gravitação universal de todos os corpos da Natureza. A lei da gravitação afirma que todo corpo, quando sofre a ação de um outro, produz uma reação igual e contrária, que pode ser calculada usando como elementos do cálculo a massa do corpo afetado, a velocidade e o tempo com que a ação e a reação se deram. Essa lei é necessária, isto é, nenhum corpo do Universo escapa dela e pode funcionar de outra maneira que não desta; e esta lei é universal, isto é, válida para todos os corpos em todos os tempos e lugares. Um outro exemplo: as leis geométricas do triângulo ou do círculo, conforme demonstraram os filósofos gregos, são universais e necessárias, isto é, seja em Tóquio em 1993, em Copenhague em 1970, em Lisboa em 1810, em São Paulo em 1792, em Moçambique em 1661, ou em Nova York em 1975, as leis do triângulo ou do círculo são necessariamente as mesmas. -> A idéia de que as leis necessárias e universais da Natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento, isto é, não são conhecimentos misteriosos e secretos, que precisariam ser revelados por divindades, mas são conhecimentos que o pensamento humano, por sua própria força e capacidade, pode alcançar. -> A idéia de que nosso pensamento também opera obedecendo a leis, regras e normas universais e necessárias, segundo as quais podemos distinguir o verdadeiro do falso. Em outras palavras, a idéia de que o nosso pensamento é lógico ou segue leis lógicas de funcionamento. Nosso pensamento diferencia uma afirmação de uma negação porque, na afirmação,atribuímos alguma coisa a outra coisa (quando afirmamos que "Sócrates é um ser humano", atribuímos humanidade a Sócrates) e, na negação, retiramos alguma coisa de outra (quando dizemos "este caderno não é verde", estamos retirando do caderno a cor verde). 3

4 Nosso pensamento distingue quando uma afirmação é verdadeira ou falsa. Se alguém apresentar o seguinte raciocínio: "Todos os homens são mortais. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal", diremos que a afirmação "Sócrates é mortal" é verdadeira, porque foi concluída de outras afirmações que já sabemos serem verdadeiras. -> A idéia de que as práticas humanas, isto é, a ação moral, a política, as técnicas e as artes dependem da vontade livre, da deliberação e da discussão, da nossa escolha passional (ou emocional) ou racional, de nossas preferências, segundo certos valores e padrões, que foram estabelecidos pelos próprios seres humanos e não por imposições misteriosas e incompreensíveis, que lhes teriam sido feitas por forças secretas, invisíveis, sejam elas divinas ou naturais, e impossíveis de serem conhecidas. -> A idéia de que os acontecimentos naturais e humanos são necessários, porque obedecem a leis naturais ou da natureza humana, mas também podem ser contingentes ou acidentais, quando dependem das escolhas e deliberações dos homens, em condições determinadas. Dessa forma, uma pedra cai porque seu peso, por uma lei natural, exige que ela caia natural e necessariamente; um ser humano anda porque as leis anatômicas e fisiológicas que regem o seu corpo fazem com que ele tenha os meios necessários para a locomoção. No entanto, se uma pedra, ao cair, atingir a cabeça de um passante, esse acontecimento é contingente ou acidental. Por quê? Porque, se o passante não estivesse andando por ali naquela hora, a pedra não o atingiria. Assim, a queda da pedra é necessária e o andar de um ser humano é necessário, mas que uma pedra caia sobre minha cabeça quando ando é inteiramente contingente ou acidental. Todavia, é muito diferente a situação das ações humanas. É verdade que é por uma necessidade natural ou por uma lei da Natureza que ando. Mas é por deliberação voluntária que ando para ir à escola em vez de andar para ir ao cinema, por exemplo. É verdade que é por uma lei necessária da Natureza que os corpos pesados caem, mas é por uma deliberação humana e por uma escolha voluntária que fabrico uma bomba, a coloco num avião e a faço despencar sobre Hiroshima. Um dos legados mais importantes da Filosofia grega é, portanto, essa diferença entre o necessário e o contingente, pois ela nos permite evitar o fatalismo - "tudo é necessário, temos que nos conformar e nos resignar" -, mas também evitar a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos, se alguma força extranatural ou sobrenatural nos ajudar, pois a Natureza segue leis necessárias que podemos conhecer e nem tudo é possível por mais que o queiramos. 4

5 -> A idéia de que os seres humanos, por Natureza, aspiram ao conhecimento verdadeiro, à felicidade, à justiça, isto é, que os seres humanos não vivem nem agem cegamente, mas criam valores pelo quais dão sentido às suas vidas e às suas ações. A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da Natureza, os acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma. Em suma, a Filosofia surge quando se descobriu que a verdade do mundo e dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrário, podia ser conhecida por todos, através da razão, que é a mesma em todos; quando se descobriu que tal conhecimento depende do uso correto da razão ou do pensamento e que, além da verdade poder ser conhecida por todos, podia, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos. 1. Item Aspectos Introdutório ao Estudo da filosofia AS DISCIPLINAS DA FILOSOFIA 1. ÉTICA A ética é uma matéria teorética, e o filósofo moral está preocupado com a natureza da vida virtuosa, nos valores morais, na validade de determinadas ações e estilos de vida. É uma atividade analítica e está em busca de significados para os termos que aparecem em declarações éticas, do tipo: bom, errado, certo, responsável, deve, deveria, quem mandou fazer assim etc. 2. A FILOSOFIA SOCIAL E POLÍTICA Na filosofia ética o filósofo se preocupa com as ações isoladas dos indivíduos. Na filosofia social os filósofos se preocupam com as ações dos grupos ou 5

6 sociedades. As reflexões filosóficas acerca da sociedade, se dividem em duas classes distintas: A que procura examinar por que a sociedade é como se apresenta. Por que a guerra, o crime, a pobreza existem? etc. A segunda classe de reflexões filosóficas sonda os alvos da sociedade e o papel que o estado deve desempenhar para alcançar estes alvos, no suprimento das necessidades dos indivíduos. Todos estes questionamentos e preocupações estão relacionados com outras ciências, como a psicologia, a sociologia, a antropologia, a ciência política e as ciências econômicas. A filosofia social e política analisa os conceitos como a autoridade, o poder, a justiça e os direitos individuais. Está preocupada com perguntas do tipo: Quem deve governar a sociedade? A obrigação política é comparável com outros tipos de obrigação? Qual o significado da democracia? Qual deve ser o papel do governo numa comunidade organizada? etc. 3. A ESTÉTICA A estética faz parte da teoria de valores e em alguns pontos aborda as questões éticas, sociais ou políticas. É interessante para este segmento da filosofia a análise de idéias como beleza, gosto, arte etc. 4. A LÓGICA A lógica é a parte mais fundamental da filosofia, porque a filosofia é uma pesquisa lógica em que sistematicamente se aplica as leis do pensamento e do argumento. Para avaliarmos argumentos informais é necessário a aplicação de princípios lógicos, sem os quais se tornaria impossível chegar-se a uma conclusão coerente. Dentre as falácias mais comuns encontramos as pessoas apelando à autoridade ao invés de apelar à evidência para sustentar seus argumentos. Por exemplo, apelar a autoridade do pai para defender a crença na existência de Papai Noel. Este tipo de apelo não é válido porque a autoridade não é qualificada para avaliar a questão, o pai do indivíduo jamais viu Papai Noel, logo não é argumento evidente para afirmar a sua existência. A lógica se baseia mais nos casos de argumentos formalizados, que são os tipos dedutivo e indutivo. O dedutivo consiste na aplicação de uma premissa maior, uma premissa menor, e uma conclusão. 5. A FILOSOFIA DA RELIGIÃO 6

7 A filósofo da religião está interessado em analisar e avaliar as informações acerca das religiões, com vistas a descobrir o que significam e se são verdadeiras. Ao tratar da natureza e do conhecimento religioso, tanto o filósofo quanto o teólogo têm interesses idênticos, contudo na interpretação do texto bíblico já não existirá convergência de argumentos. Os assuntos principais que interessam ao filósofo da religião, são as perguntas acerca da natureza da religião; as características definidoras das crenças que se acham em todas as religiões; os argumentos em prol da existência de Deus; os atributos de Deus; a linguagem religiosa; e o problema do mal. No século XVIII Kant, argumentou a existência de três argumentos racionais em prol da existência de Deus. São os argumentos ontológico, cosmológico, e teológico. Mais tarde os filósofos da religião acrescentaram o argumento moral. Dentro dos filósofos da religião existe um grupo conhecidos como ateólogos, que desenvolveram várias provas e argumentos que procuram comprovar a inexistência de Deus. 6. A HISTÓRIA DA FILOSOFIA A história da filosofia é uma tentativa no sentido de demonstrar como as influências ideológicas levaram a certas filosofias e a forma pela qual estas filosofias influenciaram sociedades e instituições; e de aprender acerca dos homens que fizeram a história da filosofia. O historiador da filosofia procura demonstrar a formulação e o desenvolvimento de escolas do pensamento, como o racionalismo e o empirismo. Por exemplo, ilustrar a filosofia de René Descartes, faz parte da história da filosofia, é preciso portanto que o historiador relate o que Descartes disse, e se é verdadeiro ou não; ou de que maneira Descartes influenciou racionalistas subsequentes como Kant e outros. 7. A FILOSOFIA DA CIÊNCIA O filósofo da ciência está interessado no exame e avaliação crítica de conceitos-chaves científicos e na metodologia científica. As maiores perguntas dentro da filosofia da ciência são: Como as teorias científicas devem ser construídas e avaliadas? Quais as justificativas e quais os critérios necessários para as teorias científicas? 8. A FILOSOFIA... 7

8 As filosofias da religião, da história, e da ciência, nos ensinam acerca da pesquisa filosófica. É possível examinar criticamente os termos e métodos primários de qualquer disciplina. Assim, há uma filosofia do direito, da matemática, da educação, da educação cristã, pregação evangelística e muitas outras disciplinas. 9. A EPISTEMOLOGIA A investigação da origem e da natureza do conhecimento, é um dos campos principais da filosofia. Como conhecemos alguma coisa? Qual a justificativa para a alegação de que alguém sabe? A percepção sensória nos dá informações fidedignas acerca de um mundo de objetos físicos? Temos consciência direta do mundo físico? Nossas percepções dos objetos são idênticas a esses objetos? 10. A METAFÍSICA A palavra metafísica vem de um vocábulo grego que significa depois da física ou além do físico, daí alguns filósofos defenderem que a metafísica é o estudo do ser ou da realidade. Dentro da metafísica alguns filósofos como Aristóteles e Platão, defendiam que os elementos fundamentais da realidade poderiam ser reduzidos ao ar, ao fogo, à água, e à terra. Com base nos conceitos destes filósofos os antigos acreditavam que estes elementos em combinação e interação davam conta da totalidade da realidade. As grandes perguntas da metafísica tradicional são as seguintes: Quais são as partes constituintes fundamentais e objetivas da realidade? Qual é a natureza do espaço e do tempo? Todo evento deve ter uma causa? Há alguma substância ou entidade que sempre permanece constante? O homem tem livre arbítrio? As intenções causam alguma coisa? 11. A FILOSOFIA DA MENTE A filosofia da mente era parte tradicional da metafísica de onde se desvinculou para assumir lugar de maior destaque na discussão filosófica. Em decorrência de nosso maior conhecimento do cérebro humano e da física, a filosofia da mente tem recebido maior atenção e destaque nos últimos anos. As principais perguntas da filosofia da mente são: Existe um nível de realidade que podemos chamar de mental? Se for assim, quais são as marcas distintivas do mental? A consciência está meramente associada com estados do cérebro? Qual o 8

9 relacionamento entre a mente e o corpo? Até onde as máquinas são iguais aos homens? Podemos construir inteligências artificiais que possam funcionar como mentes? 12. A TEORIA DA AÇÃO A teoria da ação se relaciona com todos os demais campos da filosofia, como a filosofia da ética, a filosofia da linguagem, a filosofia da mente etc. Qualquer avanço nessas diversas correntes filosóficas se confrontará com as perguntas cruciais da teoria da ação. Por exemplo: antes de se poder elucidar a natureza da mente, é necessário entender-se o relacionamento entre os estados mentais e as ações. Bem como, as distinções entre os diversos tipos de fala, e seus mútuos relacionamentos que são de valor considerável na investigação da linguagem. Da mesma forma as questões de responsabilidade não podem ser discutidas sem observar-se os critérios de capacidade e incapacidade dos indivíduos, e de uma análise entre atos intencionais e involuntários; e assim por diante. Os questionamentos da teoria da ação são os seguintes: O que é um ato, e como está relacionado com um agente? Qual a conexão entre o ato e o desejo? Baseado em Augusto Bello de Souza Filho 1. O Método da Filosofia: A Lógica. A coerência ou a conclusão de algo a partir de conhecimentos suficientes pode ser caracterizada por algo lógico ou ilógico. Tendo origem da Filosofia grega, quando a palavra logos significando linguagem e discurso e pensamento-conhecimento conduziram os filósofos a indagar se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A lógica surge como que para solucionar questões de contradição humana, através da dialética, que seria um diálogo entra dois interlocutores que discutem e argumentam sobre determinado assunto, dividindo os contrários para saber quais das imagens seria a falsa e outra a verdadeira. A dialética seria um debate, uma discussão, um diálogo entre opiniões contrárias e contraditórias para que o pensamento e a linguagem passem da contradição entre as aparências à identidade de uma essência. 9

10 Cabe à Filosofia conhecer como e porque as coisas, assim, substituindo a dialética por um conjunto de procedimentos de demonstração e prova, Aristóteles criou a lógica, que ele chamava de analítica. Esta lógica é um instrumento que antecede o exercício do pensamento e da linguagem, oferecendo-lhes meios para realizar o conhecimento e o discurso. Para Aristóteles, a lógica é um instrumento para o conhecer. A Educação e a Racionalidade. A lógica que rege o pensamento científico na atualidade está centrada na idéia de demonstração e prova, construindo o objeto do conhecimento por suas propriedades e funções e de sua posição. Empregar a racionalidade no ensinar significa empregar formas lógicas na busca do conhecimento pelo aluno, mas esta racionalidade fora adaptada ao movimento de administração científica em que a educação profissional começa como resposta às necessidades específicas de treinamento para o trabalho apresentado pelo empresariado. Em um movimento que antecede a Primeira Grande Guerra, a escola secundária através de inúmeras crianças da classe trabalhadora passou a um sistema de estratificação. A manutenção de certas disciplinas e a eliminação de outras com base no desempenho e dos chamados testes vocacionais de viés classista encaminhavam estudantes a cursos diferentes da mesma escola secundária, com base em suas aptidões profissionais aparentes, ou seja, a racionalidade empregada a serviço das classes dominantes. A Educação e a formulação de juízos sobre a realidade. O pensar investigativo é uma questão de sobrevivência e para que o indivíduo possa acertar nas escolhas durante sua vida. Mas será que a criança tem condições de investigar de maneira acertada dentro de um processo de educação? O aprender a pensar e o aprender a investigar devem ser aprendidos no processo educacional, fazer escolhas com base em um entendimento sólido (usando a lógica), e não em informações prontas, acabadas, mas provocar na criança as etapas de um raciocínio, estimular a irem à luta pelas informações, pelos dados, estimulando-os a construir entendimentos ou explicações (conhecimentos) que os ajudem na orientação de suas formas de agir, incentivando-os a realizar investigações sobre suas realidades e a formar juízos acertados. 10

11 Pensar bem e investigar são aprendidos e a ajuda educacional deve ser competente: isto colabora para a máxima Saber fazer algo correto. Desenvolver algumas habilidades nos alunos é corresponder aos métodos de uma investigação científica, torna o aprendizado produtivo e estimula a educação escolar. Assim, desenvolver nos alunos o observar bem, fazer com que eles formulem hipóteses para algumas questões e dúvidas, buscar comprovações e torná-los dispostos a autocorreção são algumas formas para que no futuro as crianças possam saber fazer escolhas com base em seus entendimentos sobre a realidade. Textos Complementares Lógica Reparei que os povos que, tendo sido outrora semi-selvagens, civilizaram-se pouco a pouco fazendo leis senão à medida que a pressão dos crimes e querelas a isso os obrigou, não poderiam ser tão bem policiados como aqueles que, a partir do momento em que se organizaram, observaram as constituições de prudente legislador. Julgo que se Esparta foi outrora florescente, não o deveu à bondade de cada uma das leis em particular algumas muito extravagantes mas ao fato de, tendo sido inventadas apenas por um só, tendem todas para um mesmo fim. Lembrando-me disto persuadi-me de que, na verdade, não fazia sentido que um simples particular intentasse reformar um Estado, mudando-lhe tudo desde os alicerces, derrubando-o para o levantar do novo. Não aprovo estes temperamentos e iniciativas conflituosas e inquietas que, não sendo convocadas nem pelo nascimento nem pela fortuna à administração dos negócios públicos, jamais prescindem de neles introduzir qualquer reforma. E se este escrito contiver algo que possa ser suspeito de semelhante loucura, desgostarme-ia muito. Nunca meu intento foi mais longe que procurar reformar meus próprios pensamentos. A simples resolução de nos libertarmos de todas as opiniões que antes aceitávamos como verdadeiras não é exemplo bastante. O mundo é quase composto de duas espécies de espíritos: aqueles que, julgando-se mais hábeis do que são, não resistem a precipitar seus juízes, nem têm paciência bastante para conduzir por ordem 11

12 seus pensamentos, e os outros que, por razão ou modéstia, achando que não são menos capazes, contentam-se em seguir as opiniões dos outros. De minha parte acho que nada se pode criar ou imaginar de tão estranho que já não tenha sido criado ou pensado anteriormente por artistas ou filósofos. Ao viajar pelo mundo percebi que os que têm sentimentos contrários aos nossos nem por isso devem ser chamados de bárbaros. Muitos desses povos usam, tanto ou mais do que nós, da razão. Como um homem que anda só e na treva, resolvi ir lentamente, o que me levou a imaginar um método diferente dos até então usados (lógica análise e álgebra). Como a diversidade das leis serve muitas vezes de desculpa aos vícios, de sorte que um Estado é muito melhor administrado quando, tendo embora muito poucas, se aplicam rigorosamente, julguei conveniente tomar emprestados da lógica apenas quatro postulados: o primeiro consistia em nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa sem a conhecer evidentemente como tal; o segundo dividir cada uma das dificuldades no maior número de parcelas; terceiro, conduzir meu pensamento ordenadamente, começando pelos mais simples para chegar aos mais difíceis; quarto fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão amplas que impeçam alguma omissão. Isto me sugere que todas as coisas que podem cair sob o conhecimento do homem se encadeiam da mesma maneira e que, contanto que nos abstenhamos de aceitar como verdadeiro algo que não o seja e que observemos sempre a ordem necessária para deduzir uma coisa da outra, nenhuma razão pode estar tão abastada a que ela não se chegue por fim, nem tão oculta que não se descubra. Estabeleci então três máximas: a primeira conduzir-me segundo as opiniões mais afastadas do exagero e dos extremos. Em especial, incluía entre os extremos todas as diminuições por menores que sejam da liberdade; a segunda consistia em ser o mais firme e resoluto nas minhas ações, imitando os viajantes que perdidos numa floresta caminham decididamente para um determinado rumo ao invés de vagar tontamente; a terceira vencer a mim próprio antes de vencer a fortuna, modificando meus desejos e paixões antes de modificar o mundo. É nisto que reside o segredo dos antigos filósofos que souberam outrora se subtrair ao império da fortuna. Ocupando-se constantemente em considerar os limites que eram prescritos pela natureza, persuadiu-se de que nada estava em seu poder além dos próprios 12

13 pensamentos. E sendo senhores apenas de seus pensamentos podiam considerar-se mais ricos e poderosos, livres e felizes que quaisquer outros que, não tendo esta filosofia, por muito que sejam favorecidos pela natureza e fortuna nunca chegam a este poder. (Descartes, René. Banco de Dados, Folha de São Paulo. Galerias, jul-2003) Razão [...] Enganam-se redondamente os sábios que supõe apenas agrupar e descrever fatos, os fatos em si mesmos não são da menor utilidade para a ciência, mesmo para ciências como a zoologia, a botânica, a história, a geografia. A ciência precisa de teorias, isto é, do que miraculosamente transforma os acontecimentos uma vez, o que aos olhos vulgares é apenas contingente em necessário. Negar à ciência esse direito soberano é derrubá-la de seu pedestal, é torná-la impotente. A mais singela descrição do mais vulgar dos fatos pressupõe a suprema prerrogativa, a prerrogativa do juízo final. A ciência não verifica, julga. Não reflete a verdade: cria-se na conformidade de suas leis autônomas, por ela mesma estabelecida. Em outras palavras: a ciência é a vida perante o tribunal da razão. É a razão que decide o que deve e o que não deve ser. E decide não esqueçamos segundo as suas próprias leis, sem levar em conta o que ela chama de humano, demasiado humano (alusão a Nietzche). ( ) A razão conduziu o homem ao cume de uma alta montanha e, fazendo-o contemplar o universo inteiro, disse-lhe: Tudo o que vês te darei, se ajoelhado aos meus pés me adorares. O homem ajoelhouse, adorou e recebeu o que lhe fora prometido. Mas nem tudo. Desde então, o dever prioritário do homem passou a ser a razão. É impossível conceber que não seja assim. Quanto a Deus, há um mandamento: ama a Deus sobre todas as coisas. A razão dispensa mandamentos, porque os homens devem amá-la de modo próprio. A teoria do conhecimento canta a audácia de interrogar ou duvidar de seus direitos soberanos. [...] (Chestov, Leon. Banco de Dados), Folha de São Paulo. Galerias, jul-2003) Conhecer 13

14 Desde seus primórdios, a Filosofia se ocupou do problema do conhecimento. Os primeiros filósofos na Grécia que questionaram sobre o mundo (cosmos), sobre o homem, a natureza e etc., tentaram encontrar a verdade em um princípio único (arché) que abarcasse toda a realidade, isto é, sobre o Ser. Confiantes de que somos seres capazes de conhecer o universo e sua estrutura, os gregos se perguntavam como era possível o erro, a falsidade e a ilusão, já que não era possível falar sobre o Não-Ser e sim somente sobre o Ser. Foi preciso, pois, estabelecer a diferenciação entre o mero opinar e o conhecer verdadeiro, entre o que percebemos pelos sentidos e aquilo que compreendemos pelo pensamento, raciocínio ou reflexão, estabelecendo, assim, graus de conhecimento e até mesmo uma hierarquia entre eles. Isso porque o conhecimento não era entendido como a mera apreensão particular de objetos (pois isso seria conhecimento de algo), mas pretendido como o modo universal de apreensão (não o conhecimento de várias coisas, mas o que é realmente o conhecer). Com o advento do cristianismo, a verdade que os homens poderiam conhecer estava sujeita à autoridade da fé revelada. Na concepção cristã, que vê o homem como um degenerado do paraíso, sua salvação depende de Deus e não da sua mera vontade e só através da fé o homem poderia compreender o mundo e a si mesmo, alcançando, assim, a verdade. O homem, tido como um duplo corpo/alma, tem acesso a duas realidades, uma temporal e finita (corpo) e a outra eterna e semelhante ao divino (alma) pela qual poder-se-ia chegar à verdade e à salvação. A fé auxilia a razão para que não sofra desvios por conta da vontade e liberdade de uma alma encerrada em um corpo. Mas foi somente com a Modernidade que a questão do conhecimento foi devidamente sistematizada. Retomando os antigos, a Filosofia procurou não só saber quantos conhecimentos existiam nem de quantos objetos, mas questionar a sua possibilidade e condições de realização. Eis as perspectivas mais adotadas nesse período: Ceticismo posição filosófica que afirma a impossibilidade do homem conhecer seja qual for o objeto, negando a verdade do saber e que tudo em que acreditamos não passa de hábitos. (Hume); Dogmatismo posição que afirma ser nossa razão portadora de capacidades inatas para conhecer o mundo, capacidades estas independentes da experiência sensorial. Aqui, o sujeito do conhecimento é valorizado em detrimento da experiência sensível (Descartes, Leibniz); 14

15 Empirismo doutrina que nega a existência de ideias em nossa mente antes de qualquer experiência. Além disso, afirma que tudo que conhecemos tem origem nos dados dos sentidos. Nessa filosofia o objeto determina por suas características o conhecimento do sujeito (Hobbes, Locke); Criticismo posição que visa ao mesmo tempo criticar as anteriores, porém sintetizando-as. Desenvolvida pelo filósofo alemão Immanuel Kant, visa mostrar as condições de possibilidades que um sujeito tem para conhecer um objeto. Para Kant, não podemos conhecer os objetos em si mesmos, mas somente representá-los segundo formas a priori de apreensão da nossa sensibilidade (tempo e espaço). Significa dizer que conhecemos o real não em si, mas como podemos organizá-lo e apreendê-lo segundo modelos esquemáticos próprio do nosso intelecto. Todo esse desenvolvimento dos filósofos modernos culminou com o debate contemporâneo sobre o conhecer. Até aqui, percebe-se que o conhecimento necessitava de provas e demonstrações racionais tendo um correspondente na realidade que seguisse leis como causalidade, reversibilidade, publicidade etc. Hoje, a ciência cada dia mais especializada se preocupa não em provar uma teoria, mas refutá-la ou falseá-la, pois os critérios de cientificidade dependem da ação do homem ao construir seu mundo e não mais desvendar as leis ocultas da natureza, já que em todos os períodos da história esses critérios são elaborados segundo paradigmas vigentes que influenciam nossa visão de mundo. Por João Francisco P. Cabral Ser O Problema do Ser - Introdução INTRODUÇÃO De todos os problemas da filosofia, aquele que constitui o ponto capital, por onde se definem os sistemas e divergem as escolas é o problema do ser. Uma filosofia se apóia tanto mais sobre o senso natural, sobre a experiência quotidiana e sobre os primeiros princípios da Inteligência, quanto mais se orienta para uma ontologia realista. E se afasta tanto mais do senso natural e dos princípios da Inteligência quanto mais se encaminha para o subjetivismo idealista e para o materialismo, duas atitudes no fundo correlatas, que traduzem igualmente uma negação do ser substancial ou da faculdade 15

16 que tem a inteligência de penetrá-lo na sua objetividade essencial. Em linhas gerais, três diversas atitudes diante do problema do ser produzem respectivamente o realismo, o idealismo e o materialismo. Estas três atitudes respectivamente teocêntrica, antropocêntrica e materialista se caracterizam: o realismo pela afirmação dos seres e do Ser, seja sob a forma do realismo natural ou do realismo crítico; o fundo comum de todo realismo é o reconhecimento da existência de cousas reais independentes da consciência do sujeito do conhecimento. O idealismo pela negação ou a problematização do ser substancial, seja sob a forma do idealismo psicológico, para o qual a realidade não existe fora da consciência do sujeito; seja sob a forma do idealismo lógico, para o qual a realidade é um produto do pensamento, um sistema de juízos, não existindo fora da consciência geral do conhecimento; o fundo comum de todo idealismo é considerar o objeto do conhecimento como ideal e não como real e o seu ponto de partida está na subordinação do ser ao conhecer e da realidade às formas a priori da razão. O materialismo, a seu turno envolve a negação pura e simples do ser subsistente como realidade ou mesmo como problema: considera a filosofia superada pela ciência e afirma o relativo com a negação do absoluto e os acidentes com a negação da substância. Como é evidente, toda ontologia não realista, todo idealismo e todo materialismo, vêm desde sua origem falseados pela afirmação implícita do ser que negam, desde que não se pode pensar sem pensar o ser e desde que não se pode afirmar um ou outro dos aspectos da realidade, sem afirmar essa realidade como subsistente em si mesma como ser e como existência. Historicamente, estas três atitudes representam e acompanham o gradual declínio do homem religioso para o homem político e deste para o homem econômico. Mas isto não significa que as atitudes da filosofia tenham uma explicação histórica, porque o fundamento da filosofia são os primeiros princípios da Inteligência, não susceptíveis de transformações históricas, pelo que se vê que a ciência progride sempre, mas a filosofia gira sempre em torno dos mesmos problemas. Os problemas da filosofia têm uma natureza permanente porque são problemas cujo centro está precisamente no que É e o desenvolvimento da filosofia se processa no sentido da profundidade e não no sentido da horizontalidade, como as técnicas e as ciências. Não há um "progresso" da filosofia por substituição, mas sim um aprofundamento dos mesmos problemas. Assim uma doutrina fundada na realidade ôntica e nos princípios primeiros da Inteligência, será sempre a mesma filosofia e o seu desenvolvimento não será um progresso por substituição, mas um crescimento do 16

17 interior para o exterior, como num processo de assimilação gerado por uma série de perspectivas sempre novas da mesma realidade: augere non addere. Incorporando o vir-a-ser no ser, a filosofia terá que explicar o próprio progresso técnico-científico, o progresso por substituição, revelando a interior unidade da variedade e a permanência do que É no fluxo do que vai se tornando. Assim a filosofia pode explicar o progresso das ciências, mas as ciências não podem explicar o desenvolvimento da filosofia. Caso contrário, os problemas da filosofia poderiam ter alguma suposta explicação histórico-sociológica, as teorias seriam expressões de classes dominantes ou dominadas (Marx); haveria moral de senhores e moral de escravos (Nietzsche); explicar-se-ia paradoxalmente Sócrates pela sua origem plebléia e Platão pela sua ascendência aristocrática; dir-se-ia que o idealismo é uma filosofia burguesa; o intuicionismo bergsoniano a expressão do desespero de uma ordem social em vias de ruína, e o materialismo histórico a filosofia natural da classe operária. Interpretações essas, totalmente absurdas, totalmente insubsistentes e dignas unicamente de espíritos perturbados pela sociologia de Durkheim e o positivismo de Comte. Em primeiro lugar a mesma sociologia atual rejeita essas falsas interpretações com as leis da capilaridade social e da circulação das elites, com a análise da estrutura da sociedade, enquanto por outro lado se sabe hoje claramente que a interpretação econômica da história se funda numa crassa ignorância dos fatos históricos e do verdadeiro papel (negativo e não positivo) dos fatores econômicos e geográficos na história. E em segundo lugar porque tais interpretações grosseiras do pensamento filosófico confundem a essência da filosofia, com a ossatura das suas manifestações históricas, e partem de uma esquematização, de uma "racionalização" da realidade, que pretende reduzir a experiência humana à menor e menos significativa de suas partes, qual seja, a experiência sensível, que não tem nenhum sentido fora dos primeiros princípios do Ser e da inteligência. Essas interpretações "científicas", peculiares aos dias fúteis que estão acabando de correr, longe de explicar, em tudo falsificam as verdades do espírito, fazendo da realidade concreta um mito matemático, do homem que pensa, quer e sente, um animal puramente econômico e da existência dos seres e do Ser uma pura invenção social, explicável sociologicamente (Durkheim). A extrema degradação a que chegou a filosofia com o positivismo, o materialismo, o sociologismo e todos os filosofismos correlatos, combatendo as verdades da consciência natural pela utopia das fórmulas físico-químicas, gerou toda a angústia contemporânea, cujo único remédio consiste precisamente em sair do círculo vicioso de um pensamento que nega verbalmente o ser com os seus princípios e depois reduz o ser aos acidentes e os princípios da inteligência aos princípios da matemática para completar a falsificação 17

18 do mundo e da vida. A solução deve consistir na restauração da filosofia autêntica do ser, fundada na experiência quotidiana, esclarecida pelos princípios imutáveis da inteligência, os quais nos conduzem à essência do ser, princípios esses que se nutrem da experiência sensível, da experiência volitiva que intui a existência do ser, da experiência emotiva que intui o valor do ser e da vida. A restauração da filosofia do ser não é outra cousa senão o retorno ao senso natural, a abolição do esforço contranaturam do pensamento moderno com suas raízes cartesianas e do pensamento contemporâneo com suas raízes kantianas. No entanto, esta restauração teria parecido geralmente impossível, enquanto se acreditasse na infalibilidade dos métodos matemáticos do conhecimento científico, com a sua visão físico-química e homogênea da realidade. Mas depois da revisão do valor filosófico da ciência contemporânea, pela crítica principalmente de Boutroux e Bergson, havendo caído o castelo de cartas sobre o qual se apoiava todo positivismo e todo materialismo, juntamente com o sociologismo e o fenomenismo evolucionista, o caminho que se abre, não é o de uma nova contradictio in adiecto, qual por exemplo a do "existencialismo" que toma por necessária uma existência contingente. O caminho que se abre é o de um retorno, não à filosofia do passado, (porque a filosofia verdadeira ou é perene ou não é filosofia) e sim um retorno à filosofia da consciência natural, esclarecida pelos princípios da inteligência, apoiada pela tríplice intuição intelectiva, volitiva e emotiva do mundo e da vida: aquela filosofia em suma, que não pretende forjar e sim descobrir a verdade, reabilitando a razão contra o racionalismo e levando a intuição intelectiva da realidade até suas últimas conseqüências, sem se confinar ao matematismo, no qual redundou toda visão racionalista da realidade. Valores Miguel Reale e o sentido da vida POR JOSÉ MAURICIO DE CARVALHO Tudo o que o homem concebe só é possível porque ele existe primeiro. Esta experiência das manifestações espontâneas naturais do viver comum Husserl cognominou Lebenswelt. O mundo do existente é resultado de escolhas contínuas e irreversíveis que 18

19 se faz sobre este alicerce. Esta questão formulada por Husserl no final de sua existência aparece como um desafio para Miguel Reale. Nosso mundo é único porque o construímos sobre base singular. Além deste mundo vivido, cada qual faz escolhas que também o distingue dos demais. A diversidade biológica e de temperamento igualmente diferenciam as pessoas. No entanto, o homem possui algo que o aproxima dos demais. O que faz dele partícipe de uma humanidade comum é a capacidade de realizar o seu dever-ser, isto é, trazer para a vida pessoal os valores da comunidade em que vive. Ao componente existencial que a análise fenomenológica da vida feita por Reale revela soma-se, pois, o dever-ser, uma espécie de comportamento ideal que expressa "a conduta desejável ou exigível". Esta tese remonta a Emannuel Kant. Os desdobramentos desta compreensão lhe permitem falar da pessoa como liberdade. Como ele explica a liberdade? Ser e dever-ser são considerados, inicialmente, como categorias lógicas, espécie de paradigma com o qual cada um pensa a realidade. Aristóteles, usando a fórmula ato e potência, foi quem primeiro afirmou que o ser segue um caminho na direção de sua realização. Este roteiro é diverso quando se trata de uma semente de laranja e da vida de um homem, diferenciam os filósofos de hoje. Para Reale, o assunto ganha outras implicações e uma dimensão: intelectual, intuitiva, volitiva e imaginativa O valor é fundamental nas escolhas. Miguel Reale entende que esse é um assunto inalcançável pela ciência positiva. O motivo é porque a escolha do valor envolve a liberdade individual, capacidade que o homem tem de optar na circunstância em que se encontra. Embora seja um problema que a ciência não resolva, ele é relevante para o funcionamento da vida social. Entendida a forma de conhecer o problema, podemos apresentar então o objeto da Ética. Segundo afirma Reale em Introdução à Filosofia (1989), "o problema do valor da conduta ou do valor da ação, do bem a ser realizado constitui capítulo do estudo denominado Ética" (p. 26). Na perspectiva ôntica, o valor é o "que constitui o ser de certos objetos. Reale afirma que existem seres como a justiça que só podem ser conhecidos por juízos axiológicos e, finalmente, que há correlação entre valor e ação. Há ainda uma dimensão teleológica do valor que pode ser percebida quando se cria uma universidade, por exemplo. O propósito dos criadores é concretizar valores ligados ao conhecimento, à pesquisa e à dignidade humana. A universidade agrega determinados ideais de nossa cultura. 19

20 Qual é a relevância dos valores? Sabemos que o filósofo distingue três tipos de objetos: os naturais, os ideais e os valores. Os primeiros são de duas ordens: físicos ou psicológicos; os ideais também se exprimem por dois modos: os matemáticos e os lógicos, enquanto que o terceiro tipo é constituído autonomamente pelos valores. Por que ele separa os valores dos outros objetos, dando ao seu estudo o status de ciência autônoma? Reale explica que essa distinção foi iniciada por Kant quando ele distinguiu Ser e dever ser. Kant empreou os verbos Sein e Sollen para indicar que o homem vive duas dimensões diferentes: a primeira, como membro da natureza e submetido às suas regras, e a outra, enquanto formulador de um projeto de correção do mundo natural, expresso como dever ser. Apesar dessa distinção básica que marcou a evolução do kantismo, ora apresentando-o como reflexão sobre os limites do conhecimento, ora como teoria da liberdade, não houve entre os neokantianos o reconhecimento da autonomia dos valores, como fez Reale, que justifica tal autonomia estudando a evolução do problema na história. O que Reale destaca nesta história? No final do século XIX, os estudos de Ética evoluíram para afirmar a autonomia dos valores. Quem mais contribuiu para isto foi Max Scheler, com sua obra O formalismo na Ética e a Ética material dos valores, livro em que estabelece as bases de uma Ética dos valores. Seguindo as indicações de Scheler, entende Reale que cada homem vive orientado por um foco de estimativa que organiza, a seu jeito, a hierarquia de valores sociais. Há aqueles que dão preferência a valores estéticos (os artistas), os que optam por valores econômicos (os empresários), os que se guiam pelos valores religiosos (os santos), os que respondem aos apelos da justiça (os juristas), etc. Todos estes valores mantêm um vínculo com um valor central. O que caracteriza os valores? Ao retirar os valores do mundo ideal e lançá-los à história, Reale assume-os como realidades autônomas, manifestação do dever ser sugerido por Kant. A autonomia permite identificar a sua bipolaridade, isto é, não se pode falar de algo como correto sem compará-lo ao incorreto. A bipolaridade significa a dupla implicação dos pólos opostos. Além dessas duas características mencionadas, nosso filósofo reconhece outras, hierarquia e graduação, aprendidas de Nicolai Hartmann; historicidade e objetividade retiradas do raciovitalismo de Ortega y Gasset e inexauribilidade ou reconhecimento de que o valor ganha novas formas no tempo e não se realiza perfeitamente nos seres. Esta característica ele acrescenta às anteriores. Em resumo, o que ele pensa dos valores? Para Reale, o valor não é um ser, não é espacial, não se realiza fora do tempo e não se resume aos objetos ideais. O valor existe apenas nas coisas, nos seres valiosos. Situa-se na ordem do dever ser; é bipolar, além de 20

21 implicar outros valores. Não é um fato, mas implica avaliação dos fatos. Ele tem como características: a referibilidade, pois se refere a um sujeito; a preferibilidade, porque se mostra numa ordem hierárquica. O valor é objetivo, histórico e inexaurível. Se existem muitos valores, e se eles constituem hierarquias diferentes para as pessoas, podemos dizer que há valores reconhecidos objetivamente como mais relevantes? Há algum que é central dentre eles? Miguel Reale entende que sim. Há valores que mudam com o tempo e a circunstância, mas para a cultura ocidental, a pessoa é o maior valor. O homem enquanto fonte de valor é pessoa e como pessoa dá signifi- cação ao mundo em que habita. Explica o filósofo: "Há um valor que deve ser reputado valor fundamental, ou valor fonte, como condição que é de todos os demais valores. Trata-se daquele que chamamos valor da pessoa humana". Porque motivo a pessoa é o valor fundamental? Por que os demais dependem dele. O ser humano tem capacidade de saber as razões da sua ação e pode escolher o rumo da sua vida. A liberdade de escolha, que tem os valores por referência e consciência de si, é a capacidade de perceber os limites nos quais se dá o viver. Assim pensando, Reale aprofunda o eixo central do raciovitalismo de Ortega, que ganha uma nova sistematização. Eu sou eu e minha circunstância e se não mudo ela não mudo também a mim, diz Ortega. Acrescenta Reale: sendo consciente de que minha vida ocorre na relação com a circunstância, entendo que ela é única. Nas palavras de Reale (1989), a singularidade vem da "autoconsciência primordial, em função da circunstancialidade em que vive". OS FILÓSOFOS CLÁSSICOS DA FILOSOFIA: SÓCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES SÓCRATES A Vida Quem valorizou a descoberta do homem feita pelos sofistas, orientando-a para os valores universais, segundo a via real do pensamento grego, foi Sócrates.. Nasceu Sócrates em 470 ou 469 a.c., em Atenas, filho de Sofrônico, escultor, e de Fenáreta, parteira. Aprendeu a arte 21

22 paterna, mas dedicou-se inteiramente à meditação e ao ensino filosófico, sem recompensa alguma, não obstante sua pobreza. Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre modelo irrepreensível de bom cidadão. Combateu a Potidéia, onde salvou a vida de Alcebíades e em Delium, onde carregou aos ombros a Xenofonte, gravemente ferido. Formou a sua instrução, sobretudo através da reflexão pessoal, na moldura da alta cultura ateniense da época, em contato com o que de mais ilustre houve na cidade de Péricles. Inteiramente absorvido pela sua vocação, não se deixou distrair pelas preocupações domésticas nem pelos interesses políticos. Quanto à família, podemos dizer que Sócrates não teve, por certo, uma mulher ideal na quérula Xantipa; mas também ela não teve um marido ideal no filósofo, ocupado com outros cuidados que não os domésticos. Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas, em geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu reto juízo. Julgava que devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos, temperados - diversamente dos sofistas, que agiam para o próprio proveito e formavam grandes egoístas, capazes unicamente de se acometerem uns contra os outros e escravizar o próximo. Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a sua atitude crítica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades pessoais, apesar de sua probidade. Diante da tirania popular, bem como de certos elementos reacionários, aparecia Sócrates como chefe de uma aristocracia intelectual. Esse estado de ânimo hostil a Sócrates concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele por Mileto, Anito e Licon: de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria introduzindo outros. Sócrates desdenhou defender-se diante dos juízes e da justiça humana, humilhando-se e desculpando-se mais ou menos. Tinha ele diante dos olhos da alma não uma solução empírica para a vida terrena, e sim o juízo eterno da razão, para a imortalidade. E preferiu a morte. Declarado culpado por uma pequena minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do tribunal, que o condenou à pena capital com o voto da maioria. Tendo que esperar mais de um mês a morte no cárcere - pois uma lei vedava as execuções capitais durante a viagem votiva de um navio a Delos - o discípulo Críton preparou e propôs a fuga ao Mestre. Sócrates, porém, recusou, declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria. E passou o tempo preparando-se para o passo extremo em palestras espirituais com os amigos. Especialmente famoso é o diálogo sobre a imortalidade da alma - que se teria realizado pouco antes da morte e foi descrito por Platão no Fédon com arte incomparável. Suas últimas palavras dirigidas aos discípulos, depois de ter sorvido 22

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