PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE GOIÁS
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- Giulia Amado Vilarinho
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1 1 de 5 11/03/ :58 DECISÃO SÔNIA BEATRIZ BENÍCIO ajuizou a presente AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE GOIÁS IPASGO, partes devidamente qualificadas. mensalmente paga sua contribuição. Afirma a autora que é vinculada ao IPASGO, contrato nº e que Relata que em janeiro do ano corrente foi diagnosticado com Carcinoma Lobular da Mama Câncer de Mama em fase avançada; que o seu caso exige urgência: no uso de medicamentos como Doxorrubicina e Ciclosfosfamida, com intervalo de 21 (vinte e um) dias; Paclitaxel 12 (doze) doses; de cirurgia para retirada da mama e tratamento complementar com Radioterapia. Continua relatando que deu início ao tratamento no Hemolabor; que segundo o médico que acompanha seu caso, tal centro é o mais indicado para continuidade em seu tratamento; que a parte requerida se nega a arcar com as despesas no referido hospital que faz parte da rede conveniada do IPASGO. Aduz que, o plano não cobre a totalidade do tratamento, sendo-lhe exigido o pagamento no percentual de 30%(trinta por cento) do tratamento; em razão de sua precariedade financeira, recorreu ao Programa de Apoio Social PAS do IPASGO, onde sequer pode realizar o cadastro com a justificativa de que tal programa só atende aos titulares. Assim, pleiteia a antecipação dos efeitos da tutela para que o IPASGO seja compelido a dar a cobertura total do tratamento hospitalar do câncer de mama, em sua integralidade radioterapia/quimioterapia, medicamento de uso contínuo doxorrubicina, ciclosfosfamida, paclitaxel; tratamento de fisioterapia, com psicólogo e nutricionista, ou qualquer outro profissional indicado no tratamento, a ser feito no hospital hemolabor, sob os cuidados do médico Dr. Augusto Ribeiro Gabriel, CRM
2 2 de 5 11/03/ :58 Os autos vieram conclusos. Brevemente relatado. Decido. O pedido é lícito e não defeso em Lei. A parte suplicante encontra-se patrocinada por advogado, e demonstrou ter interesse e legitimidade para promovê-lo. O Art. 273 do Código de Processo Civil faculta ao juiz, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. No que diz respeito à prova inequívoca, ensejadora da verossimilhança da alegação, concluo que os elementos trazidos aos autos são suficientes para ensejar a probabilidade do direito invocado pelo postulante, uma vez que a parte autora junta documentos que comprovam seus argumentos, tais como: relatórios médicos que dispõe sobre sua situação atual e que especificam a forma como deverá ser tratada sua doença. O judiciário tem adotado o entendimento no sentido de que uma vez demonstrada a urgência da situação da postulante, não restando dúvidas quanto à sua hipossuficiência financeira, não podendo este pagar pelo medicamento e tratamento necessário, o Estado deve custear as despesas decorrentes de tratamento. Nesse sentido, transcrevo: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. DIREITO À SAÚDE. DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL E DIFUSO, CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. DESCENTRALIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. UNIÃO FEDERAL, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. I - A União Federal, solidariamente com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, está legitimada para as causas que versem sobre o fornecimento de
3 3 de 5 11/03/ :58 medicamento, em razão de, também, compor o Sistema Único de Saúde - SUS. Precedentes. II - A saúde, como garantia fundamental assegurada em nossa Carta Magna, é direito de todos e dever do Estado, como na hipótese dos autos, onde o fornecimento gratuito de medicamentos para o adequado tratamento é medida que se impõe, possibilitando aos doentes necessitados o exercício do seu direito à vida, à saúde e à assistência médica, como garantia fundamental assegurada em nossa Carta Magna, a sobrepor-se a qualquer outro interesse de cunho político e/ou material. Precedentes. III - Agravo regimental desprovido. (AGRAC /BA; 5ª Turma, Des. Souza Prudente, DJe 18/04/2012) PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SAÚDE. TRATAMENTO DE SAÚDE/FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. COMPETÊNCIA SOLIDÁRIA ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS. 1. A responsabilidade pelo fornecimento de remédio e tratamento necessário ao cidadão, que decorre da garantia do direito fundamental à vida e à saúde, é constitucionalmente atribuída ao Estado, assim entendido a União, em solidariedade com os demais entes federativos (CF, arts. 6º, 196 e 198, 1º). 2. Incensurável, assim, a decisão que determinou ao Estado do Piauí, em solidariedade com a União e o Município de Teresina, o fornecimento de medicamento HERCEPTIN, imprescindível ao tratamento de paciente, portadora de neoplasia maligna de alto risco na porção central da mama esquerda, e que não possui recursos financeiros para custear o tratamento, sendo representada judicialmente pela Defensoria Pública da União. 3. Agravo interno do estado do Piauí a que se nega provimento. (AGTAG /PI; 5ª Turma, DJe 24/02/2010). Cumpre acrescentar que a vida é um direito qualificado como de absoluta prioridade, sendo que, em princípio, deixa de integrar o universo de incidência da reserva do possível, já que a sua possibilidade é obrigatoriamente fixada pela Constituição. Sobre o tema, confira-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
4 4 de 5 11/03/ :58 ADMINISTRATIVO. DIREITO À SAÚDE. DIREITO SUBJETIVO. PRIORIDADE. CONTROLE JUDICIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. ESCASSEZ DE RECURSOS. DECISÃO POLÍTICA. RESERVA DO POSSÍVEL. MÍNIMO EXISTENCIAL. (...) 5. A reserva do possível não configura carta de alforria para o administrador incompetente, relapso ou insensível à degradação da dignidade da pessoa humana, já que é impensável que possa legitimar ou justificar a omissão estatal capaz de matar o cidadão de fome ou por negação de apoio médico-hospitalar. A escusa da "limitação de recursos orçamentários" frequentemente não passa de biombo para esconder a opção do administrador pelas suas prioridades particulares em vez daquelas estatuídas na Constituição e nas leis, sobrepondo o interesse pessoal às necessidades mais urgentes da coletividade. O absurdo e a aberração orçamentários, por ultrapassarem e vilipendiarem os limites do razoável, as fronteiras do bom-senso e até políticas públicas legisladas, são plenamente sindicáveis pelo Judiciário, não compondo, em absoluto, a esfera da discricionariedade do Administrador, nem indicando rompimento do princípio da separação dos Poderes. 6. "A realização dos Direitos Fundamentais não é opção do governante, não é resultado de um juízo discricionário nem pode ser encarada como tema que depende unicamente da vontade política. Aqueles direitos que estão intimamente ligados à dignidade humana não podem ser limitados em razão da escassez quando esta é fruto das escolhas do administrador" (REsp /SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe ). 7. Recurso Especial provido. (Resp /RS, T2, Min. Herman Benjamin,DJe08/03/2012). De acordo com o relatório médico que acompanha o pedido, a autora precisa realizar o procedimento adequado para satisfação no tratamento. Portanto, no que diz respeito à eficácia do tratamento, há que ser levado em consideração os relatórios médicos que indicam quais os medicamentos e materiais necessários para o caso do (a) autor (a). Ante o exposto, sem maiores delongas, face a relevância e urgência do pedido, DEFIRO PARCIALMENTE a tutela pleiteada, determinando ao IPASGO que dê a cobertura total do tratamento da autora, assim como custear medicamentos e profissionais decorrentes desde, dispensando-a do pagamento dos 30% exigidos para dependentes agregados, limitado ao valor de Alçada deste
5 5 de 5 11/03/ :58 Juizado. Determino que expeça-se mandado de citação para a parte requerida nos termos do artigo 277 do Código de Processo Civil e agende-se audiência de conciliação observando o prazo mínimo de 30 dias, nos termos do art. 7º da Lei /09. A parte requerida deverá apresentar contestação até o dia da audiência de Conciliação, podendo apresentar proposta de acordo que será recebida apenas para efeito de conciliação, sem força de confissão quanto a matéria de fato. Caso haja apresentação da contestação no dia da audiência de conciliação, inicia-se a partir daí o prazo de 10 (dez) dias para impugnação dos documentos e pedido de produção de provas. Cite-se. Intime-se. Cumpra-se. Goiânia, 11 de Março de 2014 Fernando César Rodrigues Salgado Juiz de Direito pj.
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