Foram apresentadas as contrarrazões pela agravada dentro do prazo legal.

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1 PROCESSO Nº: AGRAVO DE INSTRUMENTO RELATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento manejado pelo ESTADO DE SERGIPE contra decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária de Sergipe que, nos autos de ação ordinária, reconsiderara a anterior decisão prolatada, para agora deferir a antecipação de tutela no sentido de determinar que o Estado agravante providenciasse o fornecimento gratuito do medicamento TERIPARATA, na dosagem indicada pelo médico (uso contínuo, subcutâneo, 1 dose diária) que acompanha o tratamento da autora, ora agravada, ERCILIA FERREIRA SANTOS SANTANA, portadora de Osteoporose avançada e de Ostroartrite, bem como a entrega de tal fármaco à paciente, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de multa diária fixada no patamar de R$ 1.000,00 (mil reais). Nas razões recursais, sustenta o Estado agravante, em resumo, que não há demonstração de que somente o referido medicamento é servil ao tratamento da autora, ora agravada. Assim, sem histórico ou comprovação da ineficácia do tratamento ofertado pelo SUS, através de médico da rede pública, o deferimento da antecipação de tutela, da forma como feito, vai de encontro à previsão no Decreto º /2011, regulamentador da Lei nº /90 e da Lei nº /2011, os quais tratam da porta de entrada do SUS e incorporação de novas tecnologias. Observa, também, que o relatório médico acostado aos autos se olvidou de especificar quais as razões técnicas conclusivas pela necessidade da utilização do específico tratamento em substituição ao fornecido regularmente pelo SUS, limitando-se a apontar, de forma simplista, a necessidade da marca apontada, sem bases científicas e médicas plausíveis. Alega, ademais, que a pretensão da autora não pode ser acolhida quando exsurge evidente a necessidade de completa instrução probatória, em especial a prova pericial. Foram apresentadas as contrarrazões pela agravada dentro do prazo legal.

2 É o relatório. PROCESSO Nº: AGRAVO DE INSTRUMENTO VOTO A ora agravada é portadora de Osteoporose avançada e de Ostroartrite, necessitando realizar tratamento à base do medicamento TERIPARATA, na dosagem indicada pelo médico (uso contínuo, subcutâneo, 1 dose diária) que acompanha o tratamento da autora, ora agravada, para controlar a doença e garantir melhor sobrevida. Em razão de apresentar-se inacessível a utilização do medicamento por dificuldades materiais, procura as vias judiciais. É patente que se reconheça a presença dos requisitos autorizadores da tutela antecipada, máxime quando a própria Carta Maior impõe que o Estado assegure o direito à saúde a todo cidadão. Ademais, a responsabilidade pela manutenção da saúde, o que no caso se traduz pelo fornecimento de medicamento essencial ao tratamento de osteoporose, é dever do Estado, compreendidos aí todos os entes políticos que compõem o sistema federativo. Precedentes desta Corte e do STJ. D'outra banda, a respeito da cominação da multa, sua fixação tem o nítido objetivo de constranger o devedor a cumprir a obrigação. Visa minar-lhe a resistência, afastar a teimosia, dobrar-lhe a têmpera. Pressupõe, portanto, o ânimo de resistir ao cumprimento da obrigação, e ânimo, resistência, teimosia, são atributos das pessoas físicas.

3 Definida a finalidade e a natureza das astreintes, fácil é de ver-se seu descabimento quando em jogo o cumprimento de obrigação pelo Estado, principalmente quando o cumprimento exige recursos financeiros nem sempre existentes. Houvesse, na hipótese, a demonstração de que o descumprimento decorre de má vontade do administrador, pensar-se-ia defensável a tese da aplicação de multa ao desidioso. Mas disso não se cogita. O cumprimento da obrigação reclama a atuação de vários servidores, inclusive depende da receita tributária do exercício e das forças do orçamento. O administrador tem seu agir integralmente balizado por dispositivos legais, mercê da natureza fechada do princípio da legalidade em Direito Administrativo. Assim, nem sempre basta o desejo. Portanto, incabível a cominação das astreintes quando está em evidência o cumprimento de obrigações por parte da Fazenda Pública. Em virtude do alegado, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, apenas afastar a aplicação da multa. É como voto. PAULO MACHADO CORDEIRO Desembargador Federal Relator Convocado PROCESSO Nº: AGRAVO DE INSTRUMENTO - SE

4 EMENTA PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FIXAÇÃO DE ASTREINTES CONTRA O ESTADO DE SERGIPE. DESCABIMENTO. 1. Agravo de instrumento do ESTADO DE SERGIPE contra decisão que, nos autos de ação ordinária, reconsiderara a anterior decisão prolatada, para agora deferir a antecipação de tutela no sentido de determinar que o Estado agravante providenciasse o fornecimento gratuito do medicamento TERIPARATA, na dosagem indicada pelo médico (uso contínuo, subcutâneo, 1 dose diária) que acompanha o tratamento da autora, ora agravada, ERCILIA FERREIRA SANTOS SANTANA, portadora de Osteoporose avançada e de Ostroartrite, bem como a entrega de tal fármaco à paciente, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de multa diária fixada no patamar de R$ 1.000,00 (mil reais). 2. É patente que se reconheça a presença dos requisitos autorizadores da tutela antecipada, máxime quando a própria Carta Maior impõe que o Estado assegure o direito à saúde a todo cidadão. Ademais, a responsabilidade pela manutenção da saúde, o que no caso se traduz pelo fornecimento de medicamento essencial ao tratamento de osteoporose, é dever do Estado, compreendidos aí todos os entes políticos que compõem o sistema federativo. Precedentes desta Corte e do STJ. 3. D'outra banda, a respeito da cominação da multa, sua fixação tem o nítido objetivo de constranger o devedor a cumprir a obrigação. Visa minar-lhe a resistência, afastar a teimosia, dobrar-lhe a têmpera. Pressupõe, portanto, o ânimo de resistir ao cumprimento da obrigação, e ânimo, resistência, teimosia, são atributos das pessoas físicas. Portanto, incabível a cominação das astreintes quando está em evidência o cumprimento de obrigações por parte da Fazenda Pública. 5. Agravo de instrumento parcialmente provido, apenas para afastar a aplicação da multa. ACÓRDÃO Vistos, Relatados e discutidos os presentes autos, em que figuram como partes as acima indicadas.

5 DECE a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por maioria, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, nos termos do voto do Relator e das notas taquigráficas, que passam a integrar o presente julgado. Recife, 21 de outubro de PAULO MACHADO CORDEIRO Desembargador Federal Relator Convocado