LIMA DE OLIVEIRA e apelado ESTADO DO PARANÁ.

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1 Certificado digitalmente por: NILSON MIZUTA APELAÇÃO CÍVEL Nº , DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA. Apelante: JORGE LIMA DE OLIVEIRA Apelado: ESTADO DO PARANÁ Relator: DES. NILSON MIZUTA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. SERVENTIA EXTRAJUDICIAL. ASSUNÇÃO DE VAGA DE REMOÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. AUSÊNCIA DE APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO EPECÍFICO. ILEGITIMIDADE. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 236 E PARÁGRAFOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DECISÃO MANTIDA. O ingresso na atividade de registro depende de concurso público de provas e títulos tanto para ingresso inicial como para a remoção. RECURSO NÃO PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Apelação Cível nº , do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, 2ª Vara Cível, em que são apelante JORGE LIMA DE OLIVEIRA e apelado ESTADO DO PARANÁ. Página 1 de 10

2 Apelação Cível nº fls. 2 RELATÓRIO Jorge Lima de Oliveira ajuizou ação ordinária contra o Estado do Paraná, arguindo que foi investido como Escrivão Distrital de Rio da Prata, distrito integrante da Comarca de Laranjeiras do Sul, mediante concurso público, em , pelo Decreto nº 188/96. Noticia que exerceu suas funções até abril de 2001, quando foi desativado o serviço no Distrito devido à pequena quantidade de atos lavrados. Alega que, em abril de 2004, foi designado para assumir a vaga resultante da aposentadoria do titular do Registro de Imóveis de Laranjeiras do Sul. Ressalta que foi realizada consulta prévia perante este Tribunal, que não se opôs à designação. Aduz que preenche duas condições legais e necessárias para o direito de remoção, ou de opção para provimento de serventia vaga, pois houve a extinção ou perda em parte da delegação ou serviço, constituindo-se em desmembrar ou desdobrar o serviço. Pugna pelo deferimento de antecipação de tutela para manter o autor na designação no Registro de Imóveis da Comarca de Laranjeiras do Sul, no mérito, o provimento do pedido. A tutela antecipada foi indeferida (fl. 32). Em contestação, o Estado do Paraná salienta que ocorrendo a vacância, exige-se a realização de concurso de provas e títulos para o ingresso na atividade notarial e de registros. Defende a necessidade de concurso público para a atividade Página 2 de 10

3 Apelação Cível nº fls. 3 notarial tanto para o ingresso inicial quanto na remoção, conforme norma constitucional, legislação federal e estadual. Busca a improcedência da demanda (fls. 37/42) Após regular trâmite, sobreveio a r. sentença, na qual o MM. Juiz João Henrique Coelho Ortolano julgou extinto o processo, ante a impossibilidade jurídica do pedido. Condenou o autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, arbitrados em R$ 1.000,00. (fls. 64/67) foram providos (fl. 72). Os embargos de declaração opostos pelo autor não Não conformado, o autor apela sustenta que não há incompatibilidade com nenhuma norma constitucional ou legal. Afirma que é assegurado ao servidor, na extinção do cargo ou desnecessidade, o direito a ficar em disponibilidade ou aproveitá-lo em outro cargo. Aduz que a Lei nº 8.935/94 não trata sobre a extinção, porém se extingue ou se perde parcialmente ao se desmembrar ou desdobrar o serviço. Ressalta que com a omissão da Lei para o aproveitamento como modalidade ou espécie de provimento ou delegação do serviço, deve-se aplicar a norma constitucional, art. 41, 3º, concedendo o direito à opção, como reparação pela extinção do serviço, sem afrontar a exigência de concurso público. Pugna pelo provimento do pedido inicial. (fls. 74/79) Foram apresentadas as contrarrazões (fls. 83/88). Página 3 de 10

4 Apelação Cível nº fls. 4 não intervenção no feito. A Douta Procuradoria Geral de Justiça opinou pela VOTO Busca o recorrente a reforma da sentença a fim de que seja determinada a manutenção da designação do autor no Registro de Imóveis da Comarca de Laranjeiras do Sul. O pleito não merece provimento. O apelante foi investido, em , como Escrivão do Serviço Distrital do Rio da Prata da Comarca de Laranjeiras do Sul, mediante concurso público, pelo Decreto nº 188/96. Exerceu suas funções até abril de 2001, quando foi desativado o serviço no Distrito devido à pequena quantidade de atos lavrados. Em abril de 2004, foi o apelante designado para assumir a vaga resultante da aposentadoria do titular do Registro de Imóveis da Comarca de Laranjeiras do Sul. Verifica-se, portanto, que o requerente assumiu as funções do Registro de Imóveis na qualidade de interino e lá permanecendo até os dias atuais. Ocorre, todavia, que para o provimento da vaga o candidato deve necessariamente ter sido aprovado em prévio concurso público específico. expressamente que: O art. 236, 3º, da Constituição Federal estabelece Página 4 de 10

5 Apelação Cível nº fls. 5 Art Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (...) 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses. A Lei nº 8.935/94, regulamenta o artigo 236 da Constituição Federal e, sobre o provimento derivado o art. 16, com redação dada pela Lei nº /2002, prevê: Art. 16. As vagas serão preenchidas alternadamente, duas terças partes por concurso público de provas e títulos e uma terça parte por meio de remoção, mediante concurso de títulos, não se permitindo que qualquer serventia notarial ou de registro fique vaga, sem abertura de concurso de provimento inicial ou de remoção, por mais de seis meses. De igual forma está direcionada a Lei Estadual nº /04, que também regulamenta o artigo 236 da CF ao estabelecer normas e critérios para concursos de remoção nos serviços notariais e de registro do Poder Judiciário. O artigo 3º dispõe: Página 5 de 10

6 Apelação Cível nº fls. 6 Art. 3. O concurso de remoção consistirá em provas de títulos e a ele poderão inscrever-se notários ou registradores que se encontrem no efetivo exercício da atividade no Estado do Paraná, por mais de 2 (dois) anos, na data da primeira publicação do edital do certame. Ainda estipula o art. 5º: Art. 5. A forma de provimento da serventia vaga, se por concurso de ingresso ou de remoção, será estabelecida pelo Presidente do Tribunal de.justiça, ouvido o Corregedor-Geral da Justiça e obedecidos os critérios previstos no artigo 16 e parágrafo único da Lei Federal de 18 de novembro de O fato do requerente ter sido aprovado no concurso para o Serviço Distrital do Rio da Prata não lhe confere direito à opção pela vaga do Registro de Imóveis como requer. Não houve desdobramento ou desmembramento do Serviço do Registro de Imóveis. Ademais, a desativação do Serviço Distrital do Rio da Prata não gerou a extinção do serviço, este apenas parou de funcionar. Por conseguinte, sem cabimento o pleito de reparação e/ou compensação pela alegada perda da delegação em virtude da extinção do serviço. Página 6 de 10

7 Apelação Cível nº fls. 7 Infere-se, portanto, que o apelante não pode assumir a vaga da Serventia sem aprovação em concurso público, por ofensa ao regramento normativo e aos princípios constitucionais. Em recente decisão, o Eminente Corregedor da Justiça Desembargador Robson Marques Cury, ao analisar pedido do ora apelante, nos autos nº , julgado em , asseverou: (...) A determinação da desativação se dá por decisão do Desembargador Corregedor-Geral da Justiça, quando presentes os requisitos anteriormente indicados, que implica no encerramento das atividades do serviço e na entrega de seus livros ao serviço de mesma natureza mais próximo ou àquele localizado na sede da Comarca. O serviço não deixa de existir na desativação, apenas para de funcionar. Caso evidenciado no caso do Serviço Distrital do Rio do Prata da Comarca de Laranjeiras do Sul. A reativação, de sua sorte, é um ato administrativo voltado ao desfazimento de uma desativação anteriormente determinada (não há extinção do serviço), cuja competência está afeta ao Desembargador Corregedor-Geral da Justiça. Em resumo, compreende o ato administrativo que desfaz a desativação, resultando na devolução do acervo transferido e demais providências necessárias ao funcionamento do serviço pelo titular. Evidenciada, por tais razões, a natureza administrativa do ato e a sua competência. Passemos adiante. Página 7 de 10

8 Apelação Cível nº fls. 8 Das informações extraídas da ficha funcional do Sr. Jorge de Lima Oliveira, verifica-se que, em 1996, foi-lhe outorgada, em virtude de habilitação em concurso público, a titularidade do Serviço Distrital do Rio do Prata da Comarca de Laranjeiras do Sul, assumindo suas funções em (Decreto Judiciário nº 188/1996, publicado no Diário da Justiça nº 4.643, de 08 de maio de 1996). Entretanto, dos cadastros de referido serviço, consta que o agente nunca praticou nenhum ato como agente delegado titular. Ou seja, o requerente nunca colocou o serviço em funcionamento. Além disso, consta também que, em que pese a ausência de determinação de desativação, os livros do Serviço Distrital do Rio do Prata foram recolhidos junto ao Serviço de Registro de Imóveis da Comarca, serviço esse pelo qual o requerente responde, atualmente, como interino, nos termos da Portaria nº 09/2004-Juiz, referendada pelo Órgão Especial desta Corte em grau de Recurso - autos n /0. Frise-se, por oportuno, que essa designação ostenta caráter precário, provisório. Nesse sentido, o pedido de permanência no Serviço de Registro de Imóveis de Laranjeiras do Sul, formulado pelo requerente, ofende o art. 236, 3º da Constituição Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, de modo que, a partir de , a aprovação em concurso público é condição sine qua non para a outorga de delegação notarial ou de registro. Página 8 de 10

9 Apelação Cível nº fls. 9 Portanto, a designação em questão há de perdurar, apenas e tão somente, até o provimento do serviço por concurso público. Nesse particular, destaque-se o oferecimento à remoção do Serviço de Registro de Imóveis da Comarca de Laranjeiras do Sul no certame regido pelo Edital n. 01/2014. Ademais, o vínculo que o agente detém com este Poder Judiciário é proveniente de sua aprovação em concurso como agente delegado titular do Serviço Distrital do Rio do Prata, e é seu dever adotar as providências necessárias ao efetivo funcionamento de referido serviço. (...) Assim, o Edital de Concurso nº 01/2014, que se encontra na última fase de prova de títulos, e incluindo a Comarca de Laranjeiras do Sul em seu rol, determinou: CONSIDERANDO que nos termos do 3º, do artigo 236 da Constituição Federal, o ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses; I - Da vacância das unidades dos serviços notariais e registrais Art. 1 É declarada a vacância dos serviços notariais e de registro cujos atuais responsáveis não tenham sido investidos por meio de concurso público de provas e títulos específico para a Página 9 de 10

10 Apelação Cível nº fls. 10 outorga de delegações de notas e de registro, na forma da Constituição Federal de 1988; Dessa forma, a r. sentença não merece reforma. Do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de apelação interposto por JORGE LIMA DE OLIVEIRA. ACORDAM os Senhores Desembargadores integrantes da Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade, em negar provimento ao recurso de apelação interposto por JORGE LIMA DE OLIVEIRA. A sessão foi presidida pelo Desembargador LUIZ MATEUS DE LIMA, sem voto, e participaram do julgamento os Senhores Desembargadores CARLOS MANSUR ARIDA e LEONEL CUNHA. Curitiba, 14 de fevereiro de NILSON MIZUTA Relator Página 10 de 10