UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA BIANCA AMARAL BATISTA FLÁVIA EDUARDA BORGES KAUANY DE SOUZA PEREIRA MAYRA GEANNE DA SILVA VALENTIM PRODUÇÃO DIDÁTICA ALFENAS/MG 2018
2 BIANCA AMARAL BATISTA FLÁVIA EDUARDA BORGES KAUANY DE SOUZA PEREIRA MAYRA GEANNE DA SILVA VALENTIM PRODUÇÃO DIDÁTICA Trabalho apresentado ao professor Luiz Antônio Sabeh, para a disciplina de História Moderna I, como requisito parcial para obtenção de nota para o segundo semestre do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Alfenas. ALFENAS/MG 2018
3 INTRODUÇÃO O ensino de História, além de tema recorrente nas pesquisas, é também uma prática que exige do profissional da educação uma preocupação cotidiana. Dessa forma, se torna necessário, talvez, a busca por meios que visam aproximar a História dos alunos em sala de aula. No livro História na sala de aula, Pinsky diz que é preciso, nesse momento, mostrar que é possível desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos (e alunos) (PINSKY, J; PINSKY, C, 2004, p. 17). Pensando nisso, propõe-se, neste trabalho, uma produção didática com viés alternativo, a qual objetiva uma aproximação da produção do conhecimento em sala de aula com a identidade dos alunos. Para isso, buscamos abordar como se deu a escolha- os motivos e preocupações- do objeto de aprendizagem, além de como aplicá-lo em sala de aula. ESCOLHA DO OBJETO DE APRENDIZAGEM Como dito por Lilia Moritz Schwarcz, a imagem sempre ocupou uma posição subalterna em relação ao documento escrito, como se existisse uma hierarquia. Nesse pensamento, a imagem teria utilidade apenas como um complemento aos textos escritos, como uma espécie de enfeite: a própria palavra vem do termo ilustrar, do latim ilustro, que significa lançar luz, tornar claro, dar brilho, enfeitar, ver. (SCHWARCZ, 2014, p. 391). Entretanto, assim como Schwarcz, discordamos dessa convenção e achamos que a imagem é sim suficiente para explicitar o conhecimento/informação que se deseja, sem haver, necessariamente, a dependência de um documento escrito. Assim, é evidente que, ao criticarmos o uso das imagens apenas como ilustração, ter-se-á uma medida de intervir nesse pensamento limitador que, nesse caso, se dá pelo uso de pinturas como uma das protagonistas do desenvolvimento do objeto de aprendizagem. Na prática, isso significa que a imagem seria utilizada de maneira a fazer referência ao momento histórico que será trabalhado, ou seja, seria tema de toda uma discussão acerca das artes desenvolvidas no período, além de ser também a base de todo o objeto de aprendizagem. Sendo assim, pautamos nossa escolha de produção didática optando pela criação de imagens ao invés de produzirmos material convencional. Pensando nisso, precisávamos escolher que tipo de imagem produziríamos a fim de instigar o interesse dos alunos ao assunto Renascimento, que é o tema proposto para este trabalho. Deste modo, definimos que o recurso para a construção de um objeto que mais se aproximaria do universo escolar atual
4 seria o que chamamos de meme, que se utiliza de imagens e de conteúdo humorístico. Vale a pena levar o humor, nesse caso, em consideração, já que didaticamente ele contribuiria para provocar uma reação instigante nos discentes. Para sustentar essa alternativa de produção, recorremos ao livro A atividade de ensino de História: processo de formação de professores e alunos, de Olavo Soares. Nele, o autor defende uma metodologia de ensino a ser utilizada que não se esgota e não se completa em si mesma, mas propõe um caminho, uma alternativa que permite articular a realidade vivenciada pelos alunos, as teorias de ensino e procedimentos didáticos (SOARES, 2008, p. 38). Dessa forma, os conhecimentos produzidos em sala devem levar em conta a bagagem já existente no aluno, para que haja uma aproximação com sua cultura. Portanto, ao escolher o meme, houve a preocupação em considerar essa mesma cultura, defendida por Soares: a cultura do aluno não é algo que o docente deve apenas valorizar, mas compreender, pois é a partir das suas características culturais que os alunos desenvolvem procedimentos de aprendizagem e estabelecem relação com o conhecimento escolar. (SOARES, 2008, p. 44) Outro fator que desencadeou nesta escolha foi a percepção de que, na medida em que consideramos a cultura midiática de nossos alunos nas suas possibilidades de diálogo com o mundo, com o conhecimento, com a história (SOARES, 2008, p. 46), é que podemos compreender que, já que a difusão midiática interfere e se relaciona com o cotidiano dos alunos, deveríamos trazer para o ambiente escolar algo que já faz parte do seu ambiente habitual. Antes de nos determos em como este objeto deve ser aplicado, é preciso considerar que a probabilidade dos alunos não entenderem imediatamente a mensagem transmitida pelo meme e, consequentemente, seu tom humorístico, é altíssima (por questões óbvias: seria o primeiro contato dos mesmos com a temática a ser discutida). Entretanto, conforme o conteúdo for sendo desenvolvido, espera-se que a construção do humor seja concomitante à construção do conhecimento. Essa construção se daria, primeiramente, através do entendimento do que a imagem representa para o momento histórico. Depois, a parte escrita se responsabiliza por desmistificar a visão tradicional acerca do Renascimento. Em seguida e finalmente, com um caráter mais amplo, seria dada a explicação do que foi, de fato, o momento histórico Renascimento. Destarte, conforme o conteúdo fosse sendo discutido e explicado, o tom humorístico da imagem estaria cada vez mais explícito aos alunos e, ao final, o meme estaria, de fato, construído- já que o que o torna meme é justamente o humor.
5 COMO APLICAR Parte 1 Essa produção é direcionada aos alunos de Ensino Médio, visto que, assim, a proposta da atividade será compreendida e realizada de forma mais perspicaz, considerando seu nível de dificuldade. O meme seria aplicado, em primeiro momento, como uma ferramenta principiante de uma discussão. Assim, começaríamos fazendo referência à imagem, visto que os memes utilizados tem como base pinturas renascentistas, ou seja, houve o cuidado na busca por imagens que fizessem referência ao momento histórico (Renascimento). Com isso, a discussão adquiriria uma direção, voltada, por exemplo, ao lado artístico do Renascimento, falando de seus agentes promotores e fazendo relação com o próprio impulso que os artistas sofreram a partir daí. Em seguida, a atenção se voltaria à parte escrita do material, que se responsabilizaria pela desconstrução da visão historiográfica tradicional referente ao tema, como por exemplo o pensamento de que a Europa passou a ser antropocêntrica a partir do Renascimento. Dessa forma, a partir da parte escrita, se desencadearia o restante da discussão, à medida em que um subtema do Renascimento fosse levando a outro. Por exemplo, a partir da frase Aquele movimento que já foi visto em todos os lugares da Europa, a qual faz referência ao Renascimento como um fenômeno europeu, pode-se falar da relação do Renascimento com a Expansão Marítima, já que foi esta a responsável pela difusão do Renascimento em toda a Europa, e assim por diante. A essa altura, deve ficar explicito qual é o papel do professor nessa dinâmica: a utilização de mecanismos alternativos que possam romper, ao menos minimamente, a rotina escolar muitas vezes cansativa. No entanto, é importante frisar que a maneira de abordar a discussão é extremamente importante, visto que a mudança na rotina não pode se limitar apenas a uma diversão. Ou seja, o intuito primordial é causar o interesse dos discentes sem esquecer de transmitir o conhecimento do conteúdo a ser trabalhado. Só assim o objeto criado e aqui abordado faria sentido. Parte 2 Assim que o conteúdo já houvesse sido explicado, partiríamos para uma segunda etapa. Esta propõe uma atividade de revisão ou até mesmo avaliativa, em que os alunos produziriam seus próprios memes, tendo como base aqueles apresentados a eles no início da discussão (servindo, agora, de exemplo) e o conhecimento que fora adquirido. Além de
6 estimular a criatividade, essa segunda parte da atividade tem por finalidade proporcionar um aprendizado ativo dos alunos, já que eles seriam os protagonistas do conhecimento elaborado. Tal atividade deve ser realizada em grupos de, em média, 4 alunos. Afinal, esse contato é importante à medida em que se considera o compartilhamento e troca de informações e pensamentos além de, consequentemente, facilitar o desenvolvimento da atividade proposta. Dado o nível de dificuldade, o tempo requerido, a estrutura escolar muitas vezes deficiente e a necessidade de meios tecnológicos (smartphones, computadores, etc) para a elaboração da tarefa, não seria adequado a realização dessa atividade em sala de aula. Assim, pediríamos que os alunos fizessem em suas casas e daríamos um prazo. Ao final deste prazo, haveria a socialização das criações, sendo que cada grupo explicaria ao restante da sala, por exemplo, o que consideraram ao construir aquele meme. REFERÊNCIAS PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma história prazerosa e consequente. In: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula. 2. ed. São Paulo: Contexto, p SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lendo e agenciando imagens: o rei, a natureza e seus belos naturais. Sociologia & Antropologia, v. 4, n. 2, p. 391, SOARES, Olavo Pereira. A atividade de ensino de história: processo de formação de professores e alunos Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
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