EXPERIÊNCIA 9 DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA DE OPERAÇÃO DO REATOR IPEN/MB-01
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- Luiz Henrique Cipriano
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1 EXPERIÊNCIA 9 DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA DE OPERAÇÃO DO REATOR IPEN/MB TEORIA A potência P dissipada no núcleo de um reator nuclear ou num dado volume V de seu núcleo é dada pela equação abaixo, sendo G a energia recuperável por issão, N o número de átomos ísseis no volume considerado, σ a seção de choque de issão dos átomos ísseis em todo espectro de energia dos nêutrons e φ o luxo de nêutrons em todo espectro de energia. P = G N ( r) ( r, E) φ( r, E) dvde VE σ (1) Se considerarmos que a queima de combustível seja desprezível ou mesmo homogênea no núcleo, N será independente da posição r no núcleo do reator e poderá ser retirado da integral, bem como os parâmetros neutrônicos σ e φ se trabalharmos, respectivamente, com os valores médios de seção de choque e luxo de nêutrons ao longo do volume considerado do reator e do espectro neutrônico. Assim, a expressão (1) é modiicada para uma nova expressão (2) mais concisa dada a seguir. P = G. N.. φ = G. Σ. φ = G. R σ (2) Assim da expressão acima, constatamos que basta obtermos experimentalmente o valor médio da taxa de reação de issão nuclear no combustível do reator ou algum parâmetro proporcional à mesma, para obtermos experimentalmente a potência de operação. Neste experimento estaremos mostrando duas técnicas experimentais utilizadas na obtenção da potência de operação do reator IPEN/MB-01, no entanto devemos ter em mente que outros métodos são utilizados em reatores de pesquisa e potência como o método de balanço térmico, decaimento do nitrogênio, etc. 2. TÉCNICA DE ATIVAÇÃO DE FOLHAS DE OURO
2 2.1. Introdução O valor médio do luxo de nêutrons térmicos medido no elemento moderador (água) é um parâmetro neutrônico proporcional à potência do reator. Se irradiarmos uma série de olhas de ativação espalhadas criteriosamente no moderador (interior do núcleo), podemos medir os valores do luxo de nêutrons em cada um dos locais de irradiação e após uma análise dos dados, obter o valor médio do mesmo, através da utilização da equação (2). Obviamente que algumas correções se arão necessárias, tendo em vista que estaremos medindo o luxo de nêutrons no moderador e não no combustível onde são geradas as reações de issão nuclear e conseqüentemente a potência. No nosso caso, usaremos olhas de ouro, elemento com alta seção de choque de ativação de nêutrons térmicos (valor médio da seção de choque térmica de 73,64 barn - obtida pelo grupo de Física de Reatores a partir de cálculos celulares ). Além disso, estamos medindo o luxo de nêutrons térmicos e não o luxo de nêutrons integral em todo o espectro de energia, assim temos que reescrever a equação (2), incorporando a mesma dois atores de correção, o ator F conhecido como ator de desvantagem térmico ( Razão entre o luxo médio no combustível para o luxo médio no moderador- no caso do Reator IPEN/MB- 01, F= 0,769) e o ator R que levará em conta a parcela das issões nucleares devido a nêutrons rápidos (no caso do Reator IPEN/MB-01, R=1,155). Assim, teremos: P = G. N. σ. φ. R. F = G. Σ. φ. R. F = G. R. R F (3). Essa expressão será utilizada na obtenção experimental da potência de operação do reator IPEN/MB-01 pela técnica de ativação de olhas de ouro Irradiação no Núcleo do Reator IPEN/MB-01 O experimento consistirá na irradiação de olha de ativação de ouro nua e coberta com cádmio na posição central (M14) do núcleo do reator, sob idênticas condições de irradiação (potência, posição das barras de controle, período do reator durante a rampa de subida de potência, posicionamento no núcleo, etc). Conhecido o valor da razão de cádmio nesta posição, será possível determinarmos o luxo de nêutrons térmicos a partir das expressões dadas a seguir. sendo, A 0 λ. C.exp( λ. t e ). F ε. I.(1 exp( λ. t = R c )) (4)
3 A nua A0 = (1 exp( λ. t )) i (5) Assim, obtido experimentalmente os valores da atividade da olha de ouro ao término da irradiação (A 0 ), podemos calcular o valor da atividade de saturação da olha de ouro nua (A nua) que corresponderia a atividade da olha àquele nível de potência se a mesma osse irradiada por um tempo ininito. Sabemos que A nua é numericamente igual ao valor da taxa de reação nuclear na olha de ouro. Esta taxa de reação nuclear de ativação neutrônica é proporcional ao luxo de nêutrons térmicos no ponto de irradiação, conorme equação (6) dada a seguir e conseqüentemente à potência de operação do reator (vide equação 3). Logo, o luxo de nêutrons térmicos (φ th ) medido na posição central M14 do núcleo do reator IPEN/MB-01 será dada pela expressão: φ th = A (1 F N. σ nua Au act / R. F cd P cd ) (6) Há uma razão entre o valor do luxo de nêutrons térmicos medido na posição central do núcleo (M14) e outras posições anteriormente medidas e criteriosamente deinidas, dadas a seguir na Tabela 1 dos anexos. Elas servirão para a obtenção dos valores absolutos do luxo de nêutrons térmicos nas demais posições do núcleo e possibilitarão a obtenção do valor médio do luxo no núcleo do reator correspondente a certo nível de corrente do canal 5 (canal calibrado em potência) do reator.todavia, para acilitar o trabalho adiantamos que a razão entre o luxo de nêutrons térmicos no centro do reator e o luxo médio de nêutrons térmicos no núcleo, para a coniguração quadrada é de 1,73. Os parâmetros que aparecem nas expressões (4), (5) e (6) são deinidos a seguir: λ C F R t i t e Constante de desintegração do Au-198 ( 2, s-1); Contagem líquida do otopico do Au-198 centrado a energia de 411,80 KeV; Fator de correção de rampa de subida de potência (unção do período T de supercriticalidade). Será unitário se o período or igual na irradiação da olha nua e coberta com cádmio. Caso contrário pode ser estimado pela expressão FR = ti / ti + T, onde T = tempo da rampa (s) / ln (P inal (watts)/p inicial (watts)); Tempo de irradiação (3600 s); Tempo de espera do termino da irradiação até a contagem (espectrometria gama da olha de ouro);
4 t c Tempo de contagem (s) da olha durante a espectrometria gama; ε Valor absoluto da eiciência global de contagem para a energia do otopico gama considerado (411,80 KeV) na posição pré-estabelecida de contagem; valor ornecido pelas curvas de eiciência em energia dadas pelo proessor. I Probabilidade de emissão do otopico gama de 411,80 KeV do 198 Au (I = 0,956); Fcd Fator de Cádmio que nos dá a ração de nêutrons epitérmicos absorvidos na caixa de cádmio ( Para espessura de cádmio de 0,5 mm Fcd 1,098 ); Rcd Razão de cádmio que nos dá a razão das atividades entre as olhas de ouro nuas e com cádmio de massas iguais, Rcd = A nua / A cd, para o caso das olhas ininitamente diluídas, ou seja em orma de liga 1%Au-99%Al, com átomos de ouro dispersos numa matriz de alumínio; No caso de olhas puras as atividades das olhas devem ser corrigidas quanto ao eeito de auto-blindagem (perturbação); F P Fator de perturbação de luxo devido principalmente ao eeito de autoblindagem do luxo de nêutrons térmicos nas camadas internas da olha de Au. No caso de olhas ininitamente diluídas (átomos de ouro dispersos numa matriz de alumínio) F P = 1 e no caso de olhas puras de espessura d (cm) e secção de choque macroscópica de ativação média Σ act (cm-1), F P será dado pela expressão (7) dada a seguir. 1 1 FP = E 3 ( Σ act. d). d (7) 2 act Sendo a unção exponencial de terceira ordem E 3 ( Σ se necessária pelos instrutores. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1. Preparação e Irradiação da Folha de Ouro act.d) tabelada e ornecida a) Escolha a olha a ser irradiada. Meça a sua massa numa balança de precisão. M (g) = b) Estime a quantidade de átomos N 0 de Au-197, existente na olha, lembrando que a percentagem isotópica do isótopo 197 é de 100%. Utilize para tal a equação (8) dada a seguir. Peso atômico do Au, A= 196,967. N M. = (8) A N 0 = átomos.
5 c) Monte a olha de ouro no suporte de acrílico ixado no dispositivo experimental a ser inserido no núcleo do reator. Certiique-se o correto posicionamento para que a mesma seja inserida exatamente na posição central M14 do núcleo do reator. d) Insira o dispositivo com a olha no núcleo do reator. Veriique se o tipo de coniguração geométrica do núcleo e anote abaixo. Tipo de coniguração: e) Inspecionado o núcleo, deixe a célula crítica e inicie os procedimentos experimentais para a irradiação da olha de ouro. ) Utilizando um cronômetro meça o tempo de rampa de subida de potência de 0, até o nível de corrente do canal 5 em que se deseja medir a potência do reator. Anote o nível desejado do canal 5, o período de subida de potência (T) pelo canal de potência 3 e o tempo de rampa em segundos. Anote também o horário de início da irradiação, lembrando que a olha será irradiada por 1 hora (3600 s). Corrente do canal 5 (A) Período do canal 3 (s) Tempo de rampa (s): Horário de início: : : dia: / /. g) Após 1 hora de irradiação proceder ao desligamento do reator apenas por queda de barras de controle e segurança, utilizando o scram experimental. Acionar o cronômetro para determinar o tempo de espera (te) para o início da contagem da olha irradiada (espectrometria gama). Horário de término: : : dia: / /. h) Após autorização da Proteção Radiológica e da cheia da instalação, adentrar a célula crítica para retirada do dispositivo com a olha de Au. Após monitoração da proteção radiológica levar o dispositivo para o setor de descontaminação e proceder a desmontagem da olha no suporte de irradiação Espectrometria Gama da Folha de Ouro
6 a) Posicionar a olha no suporte de acrílico, inserindo-a na gaveta mais distante do detetor de germânio hiper-puro (N. 7) ou em outra segundo orientação do instrutor. Gaveta N. : Suporte N. : b) Programar o programa Maestro para realizar contagens de 1 em 1 hora, aim de obtermos pelo menos 15 espectros gravados para posterior análise. Os arquivos de espectro gerados ter o nome registrado abaixo. Início de contagem: : : dia: / /. Tempo de espera para contagem (te) : Nome do arquivo do espectro: c) Os espectros serão então coletados até o dia seguinte. Após o término da coleta, os espectros serão analisados e as contagens dierenciais líquidas do otopico do ouro (411,80 KeV), bem como os tempos de contagem descontados o tempo morto (LT- Live time ), tempos de espera (te), deverão ser anotados na Tabela 4. As janelas de contagem do otopico serão deinidas automaticamente no programa Maestro, no primeiro espectro e serão mantidas constantes nos demais. Registre abaixo o limite inerior e superior das mesmas, bem como o tempo morto do primeiro espectro (menor te). Limite inerior da janela (canal): Limite superior da janela (canal): Tempo morto do primeiro espectro (%) 3.3. Análise dos resultados a) A partir dos dados da Tabela 4, utilizando o programa Origin, construa o gráico das contagens líquidas integradas no oto pico (Net) do Au-198, divididas pelos respectivos valores de LT (Tempo de contagem descontado o tempo morto) em unção dos respectivos tempos de espera (te). b) Ajuste uma unção exponencial do tipo y = a.exp(bx), ornecendo como valor inicial do coeiciente b a constante de decaimento do Au-198, na unidade h -1, pois o valor da abscissa no eixo x é o tempo dado em horas ( sabendo que a
7 meia-vida (T 1/2 ) do Au-198 é de 2,695 dias e que λ = ln2/t 1/2 ). Anote a seguir os valores dos coeicientes, o adotado (caso b, mantido ixo no ajuste) e o valor obtido do ajuste do coeiciente a. O coeiciente a corresponderá a taxa de contagem C 0 da olha de ouro ao término da irradiação (te = 0). b = h -1 a = C 0 = contagens / s. c) A partir da expressão (4), determine a atividade da olha de Au ao término da irradiação (A 0 ), a partir dos valores de eiciência obtidos das curvas de eiciências das gavetas 7 ou 6, ornecidas pelos instrutores. Anote abaixo os valores de eiciência em valores absolutos, bem como o valor de A 0 obtido. ε (Gaveta ) =. A 0 (s -1 ) = Bq d) anote abaixo o valor da Razão de Cádmio (R cd ) medida na posição M14. R cd = A nua / A Cd) =. e) A partir do valor da atividade ao término da irradiação (A 0 ) e da razão de cádmio (R cd ), determine os valores da atividade de saturação, taxa de reação e luxo de nêutrons térmicos através das equações (5) ou (6). A (Bq) = R (Fissões/s).. φ th = n/cm 2.s ) Determine o valor do luxo de nêutrons térmicos médio no núcleo do Reator IPEN/MB-01, sabendo que a razão entre os valores de luxo térmico de nêutrons na posição central em relação ao valor médio do núcleo é conhecido. φ = n/cm 2.s th g) Conirme o resultado acima calculando o mesmo a partir dos dados da Tabela 1, onde são apresentados 105 valores relativos medidos em metade do núcleo do Reator IPEN/MB-01. Considere a simetria do núcleo geométrica e a igualdade de composição entre as duas partes do núcleo (ace norte e sul).
8 φ th = n/cm 2.s h) A partir da expressão (3), calcule a potência de operação do reator para o nível de corrente do canal 5 especiicado no item. Dado: G = 200 MeV = 3, J P (watts) =
9 Tabela 1 Valores do Fluxo de Nêutrons Térmicos no Núcleo do Reator IPEN/MB-01 Coniguração Retangular 28x28 - Normalizados em Relação à Posição Central M14. Posição Radial Cota Axial (Z) - mm A B C D E F G H I J K L M N O
10 Tabela 2 Tabela com Parâmetros de Contagem para Obtenção Através do Programa Origin do Valor da Atividade da Folha de Au ao Término da Irradiação (A 0 - Equação 4). Dia Hora Min. Te (h) LT(s) RT(s) Net Gross Centróide (KeV) FWHM (KeV)
11 Tabela 3 Tabela da Função Exponencial de Terceira Ordem (E 3 ). X= Σ th. d E 3 (X) 0,000 0, ,001 0, ,002 0, ,003 0, ,004 0, ,005 0, ,006 0, ,007 0, ,008 0, ,009 0, ,010 0, ,020 0, ,050 0, ,080 0, ,100 0, ,500 0,221604
12 Cota X Cota Y aa A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T U V X Y Z za zb A B C D E F G H I J K L M N O * * * Figura 1 Posicionamento das Folhas de Ouro nos planos x-y na direção radial quando das medidas dos valores do Fluxo de Nêutrons Térmicos. Cota Z 673 mm 546 mm 455 mm 364 mm 273 mm 182 mm 91 mm Tanque Moderador Figura 2 Posicionamento das Folhas de Ouro Segundo a Direção Axial (cotas) ao Núcleo do Reator IPEN/MB-01 (Início do Comprimento Ativo: Cota 91 mm e Final do Comprimento Ativo: Cota 673 mm).
13 4. QUESTÕES 4.1. Compare e comente o valor obtido no experimento com aquele da mesa de operação do reator para a corrente do canal Caso a medida tivesse sido realizada com olhas de ouro hiper-puras (100%) de espessura 0,013 mm e 8 mm de diâmetro. Qual seria o valor da razão de cádmio, sabendo que neste caso, a razão de cádmio corrigida (Rcd*) seria dada abaixo pela equação 8? Dado: Σ = 1 th 4,36cm ; E 3 (4,36. 0,0013) = vide tabela 3; Gth= Expressão (7) ; Gepit = 0,347; Cnua= Cth+Cepit = 40747±204 (LT=396s, te=194,73 h ); C Cd = ± 245 (LT=1002, te= 192,38 h) C + C C th epi t th Rcd = = Fcd +. CCd Cepit G G epith th (8)
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