Cosmologia Básica. Laerte Sodré Jr. April 15, 2009

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Cosmologia Básica. Laerte Sodré Jr. April 15, 2009"

Transcrição

1 April 15, 2009

2 objetivos: abordagem rápida da cosmologia, focando no modelo cosmológico padrão uma abordagem mais completa requeriria aulas sobre a Teoria da Relatividade Geral veremos como interpretar e calcular algumas quantidades importantes

3 Figure: A composição do universo no modelo ΛCDM.

4 O modelo de trabalho atual: ΛCDM o universo é plano e dominado por energia escura e matéria escura fria (Cold Dark Matter) a matéria bariônica constribui com apenas 4% do conteudo de matéria e energia do universo a constante cosmológica Λ é a forma mais simples de energia escura a energia escura é necessária para explicar a aceleração do universo, descoberta a partir da observação de supernovas distantes

5 O modelo de trabalho atual: ΛCDM a matéria escura fria (CDM) explica as galáxias e as estruturas em grandes escalas CDM- principais propriedades: ela é escura, não interage com os fótons ela só interage gravitacionalmente ela é não-bariônica ela é fria ela é estável (algumas dessas propriedades podem ser relaxadas...)

6 A Teoria da Gravitação Teoria da Relatividade Geral (TRG) (Einstein, 1915) Porquê a gravitação? em grandes escalas é a gravitação que determina a dinâmica dos objetos no universo apenas as interações gravitacionais e eletromagnéticas são de longo alcance como a matéria é em média eletricamente neutra, em grandes distâncias apenas a gravitação é cosmologicamente relevante

7 A Teoria da Gravitação TRG: matéria+energia determinam a geometria do ET equações de Einstein: G µν = 8πG c 4 T µν Gµν : tensor de Einstein- depende da geometria do espaço-tempo através de g µν, o tensor métrico Tµν : o tensor de energia-momentum- depende da distribuição de matéria+energia lado esquerdo: depende apenas da geometria lado direito: distribuição de matéria+energia a distribuição de matéria e energia pode distorcer a geometria

8 A Teoria da Gravitação Figure: A matéria distorce o espaço-tempo, como neste exemplo de lente gravitacional.

9 A Teoria da Gravitação testes da TRG: sistema solar; pulsar binário; lentes gravitacionais mal testada no limite de campos fortes (como buracos negros) ou muito fracos (halo das galáxias) limitação da TRG: não incorpora efeitos quânticos incompleta em escalas menores que a escala de Planck: r Pl = ( ) 1/2 Gh c 3 = cm. ou antes do tempo de Planck: t Pl = ( ) 1/2 Gh c 5 = s. precisamos de uma teoria quântica da gravitação

10 O Princípio Cosmológico em escalas suficientemente grandes o universo é homogêneo e isotrópico homogêneo: todos os lugares são equivalentes isotrópico: todas as direções são equivalentes evidências: em escalas muito grandes (centenas de Mpc), a distribuição de galáxias é bastante uniforme (a uniformidade aumenta com a escala) homogeneidade da radiação cósmica de fundo: as flutuações de temperatura têm uma amplitude muito pequena

11 O Princípio Cosmológico Figure: Mapa com as flutuações de temperatura da radiação cósmica de fundo medida pelo satélite WMAP. Este mapa é notavelmente uniforme; a amplitude média das flutuações é 10 5.

12 A cosmologia newtoniana modelo cosmológico baseado na gravitação newtoniana as equações que descrevem a dinâmica do universo são muito parecidas com as da Cosmologia Relativística modelo proposto por Milne e McCrea em 1934 problema: aparecem algumas dificuldades conceituais que não são comportadas pela física newtoniana

13 A cosmologia newtoniana vamos supor que o universo é ocupado por um fluido: o fluido cosmológico as partículas deste fluido seriam, por exemplo, as galáxias esse fluido obedece ao Princípio Cosmológico: deve estar em repouso ou em expansão ou contração isotrópica - observamos a expansão os observadores que estão localmente em repouso com o fluido, que o acompanham em sua expansão, são chamados de observadores comóveis

14 A cosmologia newtoniana para que as leis de Newton sejam válidas, os referenciais usados devem ser inerciais suponha que nossa galáxia seja um referencial inercial PC: todos os observadores que participam da expansão (os observadores comóveis) têm a mesma visão do universo Logo, todos os observadores comóveis são inerciais, embora possam apresentar acelerações entre si!

15 A cosmologia newtoniana Cosmologia Newtoniana: o universo deve ser infinito, caso contrário o PC não seria válido (nos bordos, por exemplo) mas em um universo infinito e isotrópico, qual é a direção da aceleração gravitacional g? lei de Gauss: a aceleração da gravidade produzida por uma região esférica homogênea de massa M centrada num ponto O é g = G r 2 ρdv = GM r 2 se g = 0 em todos os lugares, então ρ = 0: o único universo que satisfaz o PC é um universo completamente vazio!

16 A cosmologia newtoniana Regra de Birkhoff: a velocidade (radial) v de qualquer galáxia vista por um observador em O a uma distância r depende apenas da atração gravitacional das galáxias dentro da esfera de raio r centrada em O não tem justificativa na teoria newtoniana, mas permite o desenvolvimento de uma cosmologia newtoniana...

17 A cosmologia newtoniana O fator de escala galáxias A e B: num certo instante t1 elas estão separadas por uma distância r 1 e, num outro instante t, a separação entre elas é r fator de escala R(t): r = R(t) R(t 1 ) r 1 mede as variações nas escalas produzidas pela expansão (ou contração) do universo.

18 A cosmologia newtoniana lei de Hubble: v = dr dt = r 1 dr(t) = R(t) R(t 1 ) dt R(t 1 ) r 1 1 R(t) Sendo temos H(t) = 1 dr(t) = Ṙ R(t) dt R v = H(t)r dr(t) dt nesta formulação, H não é constante, mas uma função do tempo: o parâmetro de Hubble H mede a taxa de expansão no instante t t 0 : idade do universo; H 0 = H(t 0 ) fator de escala normalizado em relação ao valor atual: a(t) = R(t) R(t 0 ) a(t 0 ) = 1

19 A cosmologia newtoniana A densidade da matéria o fluido cosmológico é não-viscoso: caracterizado pelo campo de velocidades v(r, t) e pelas distribuições de densidade, ρ(r, t), e pressão, p(r, t) homogeneidade em grande escala (PC): ρ(r, t) e p(r, t) devem ser os mesmos para todos os observadores comóveis em um tempo t - ρ(r, t) = ρ(t) - p(r, t) = p(t) na cosmologia newtoniana assumimos p(t) = 0: os efeitos dinâmicos da pressão da matéria são muito pequenos hoje

20 A cosmologia newtoniana evolução da densidade de matéria com o tempo: devido à expansão comóvel, uma certa quantidade de matéria, M, que num instante t 0 ocupava uma esfera de raio r 0, num instante t ocuparia uma esfera de raio r ρ(t 0 ) = 3M/4πr 3 0 ρ(t) = 3M/4πr 3 ou ρ(t) = ρ 0 [r 0 /r(t)] 3 ou, em termos do fator de escala: ( ) 3 R0 ρ(t) = ρ 0 = ρ 0 a(t) 3 R

21 A cosmologia newtoniana A equação de evolução do universo regra de Birkhoff: a dinâmica de uma galáxia de massa m, observada a uma distância r de um observador comóvel num ponto O, depende apenas da massa dentro da esfera de raio r centrada em O: M(r) = 4 3 πr 3 ρ força de atração gravitacional que essa massa exerce sobre a galáxia: F = m r = GmM(r) r 2 = 4π 3 Gmρr ou, r = 4πGρr 3

22 A cosmologia newtoniana Introduzindo o fator de escala vem e temos que r = R(t) R 0 r 0 = a(t)r 0 r = ä(t)r 0 ä = 4πG 3 ρa nessa equação não aparece r: a dinâmica da expansão, descrita pelo fator de escala a(t), é determinada apenas pela densidade de matéria ρ(t) (na cosmologia relativística depende também da pressão)

23 A cosmologia newtoniana Conservação de energia e o futuro da expansão a gravitação tende a desacelerar a expansão. Mas será a gravitação suficientemente forte para interromper a expansão e revertê-la? newtonianamente, o universo é gravitacionalmente ligado?

24 A cosmologia newtoniana galáxia de massa m a uma distância r de O energia total dessa galáxia (que deve se conservar durante a expansão): E = 1 2 mv 2 GMm r = constante E < 0: o universo é ligado, e à expansão deve se suceder uma fase de contração E > 0: o universo não é gravitacionalmente ligado e a expansão será perpétua E = 0: caso crítico, onde a expansão diminuirá sempre mas sem entrar numa fase de contração

25 A cosmologia newtoniana E = 0: ou ou H 2 r 2 2 v 2 2 = GM r = G r ρ πr 3 ρ = 3H2 8πG densidade crítica ρ c : a densidade que o universo deveria ter para que E = 0 ρ c = 3H2 0 8πG = h 2 g cm 3 onde h H 0 /(100 km/s/mpc) ρ 0 > ρ c, então E < 0; ρ 0 < ρ c, então E > 0

26 A cosmologia newtoniana equação de conservação de energia: E = 1 2 mv 2 GMm r = constante como v = (ȧ/a)r, M = 4πr 3 ρ/3 e r = r 0 a, onde K é uma constante ȧ 2 = 8πG 3 ρ(t)a2 K

27 A cosmologia newtoniana resumo: equações básicas da cosmologia newtoniana: ä = 4πG 3 ρa ȧ 2 = 8πG 3 ρ(t)a2 K

28 Cosmologia Relativística equações de Einstein: estabelecem uma relação entre a geometria do espaço-tempo e a distribuição de matéria e energia G µν = 8πG c 4 T µν a geometria é caracterizada pelo tensor de Einstein, G µν, que depende dos coeficientes da métrica e de suas derivadas até segunda ordem

29 Métrica e curvatura de superfícies métrica de superfícies bi-dimensionais métrica: distância entre dois pontos vizinhos, num dado sistema de coordenadas por exemplo, numa superfície plana ds 2 = dx 2 + dy 2 = dr 2 + r 2 dφ 2 =... (em coordenadas cartesianas, polares,...) coordenadas (x 1, x 2 ): ds 2 = ij g ij (x 1, x 2 )dx i dx j ds 2 não depende do sistema de coordenadas: é um invariante

30 Métrica e curvatura de superfícies coordenadas (x 1, x 2 ): ds 2 = ij g ij (x 1, x 2 )dx i dx j g ij : são as componentes do chamado tensor métrico, que caracteriza a geometria e depende da curvatura superfície esférica de raio R: superfície de curvatura constante e positiva coordenadas esféricas: ds 2 = R 2 dθ 2 + R 2 sin 2 θdφ 2

31 Métrica e curvatura de superfícies superfície esférica de raio R: superfície de curvatura constante e positiva coordenadas esféricas: ds 2 = R 2 dθ 2 + R 2 sin 2 θdφ 2 sistema de coordenadas onde A = R sin θ: ds 2 = da2 + A 2 dφ 2 1 A2 R 2

32 Métrica e curvatura de superfícies reescrevendo como [ ] dσ ds 2 = R kσ 2 + σ2 dφ 2 vale para qualquer superfície de curvatura constante! k = 0: plano; k = +1: superfície esférica k = 1 superfície de curvatura constante negativa não cabe num espaço tri-dimensional, mas podemos projetá-la sobre um plano

33 Métrica e curvatura de superfícies Figure: Superfícies de curvatura nula, positiva e negativa.

34 Métrica e curvatura de superfícies Figure: Obra de Escher, representando a projeção de uma superfície de curvatura negativa constante sobre um plano.

35 A métrica de Robertson-Walker (MRW) Teoria da Relatividade Restrita: métrica de Minkowski, ds 2 = c 2 dt 2 (dx 2 + dy 2 + dz 2 ) separação entre dois eventos (pontos no espaço-tempo, ET) próximos TRG: distribuição arbitrária de matéria pode levar a um espaço de curvatura arbitrária PC: espaços de curvatura constante métrica de Robertson-Walker: [ ] dσ ds 2 = c 2 dt 2 R(t) kσ 2 + σ2 (dθ 2 + sin 2 θdφ 2 )

36 A métrica de Robertson-Walker MRW: [ ] dσ ds 2 = c 2 dt 2 R(t) kσ 2 + σ2 (dθ 2 + sin 2 θdφ 2 ) t: tempo R(t): fator de escala σ, θ, φ: coordenadas comóveis k: sinal da curvatura (-1, 0, +1) R(t) determina como a distância entre 2 observadores comóveis varia com o tempo observadores comóveis: em repouso em um sistema de coordenadas comóveis

37 A métrica de Robertson-Walker Figure: Coordenadas comóveis.

38 A métrica de Robertson-Walker tempo próprio τ: ds cdτ observador comóvel: dσ = dθ = dφ = 0 ds = cdt dt = dτ o tempo t é o tempo próprio dos observadores comóveis TRG: as trajetórias das partículas livres são geodésicas no ET Geodésicas: linhas de comprimento mínimo (ou máximo) entre 2 eventos no ET a luz segue geodésicas nulas, ds 2 = 0, enquanto que partículas com massa seguem trajetórias time-like: ds 2 > 0

39 O desvio espectral desvio espectral observado no espectro das galáxias: uma medida direta da expansão do universo coordenadas comóveis: observador O: na origem - (σg, θ G, φ G ) = (0, 0, 0) galáxia G: (σ G, θ G, φ G ) = (σ G, 0, 0) t 0 : o observador recebe um fóton que foi emitido por G no tempo t t 0 + t 0 : o observador recebe um outro fóton que foi emitido por G no tempo t + t

40 O desvio espectral Figure: Linhas de mundo de fótons emitidos por uma galáxia G.

41 O desvio espectral como a luz viaja por geodésicas nulas (ds 2 = 0): e, portanto, σg 0 c dt R(t) = dσ 1 kσ 2 dσ 1 kσ 2 = c t0 t dt R(t) para o segundo fóton emitido em t + t e recebido em t 0 + t 0 : logo, σg 0 dσ 1 kσ 2 = c t0 + t 0 t0 t t+ t dt t0 + t 0 R(t) = t+ t dt R(t) dt R(t).

42 O desvio espectral vamos supor que t e t 0 são muito menores que t e t 0 : t R(t) t 0 R(t 0 ) vamos associar a t e t 0 o período da radiação emitida e recebida os comprimentos de onda correspondentes são λ e = c t e λ 0 = c t 0 Então, λ 0 λ e = R(t 0) R(t) = R 0 R = 1 a(t)

43 O desvio espectral temos desvio espectral: portanto, λ 0 = R(t 0) λ e R(t) = R 0 R = 1 a(t) z λ 0 λ e λ e a(z) = R R 0 = z

44 O desvio espectral relação entre desvio espectral e fator de escala: 1 + z = 1 a z depende apenas da razão entre os fatores de escala quando a luz foi emitida e quando foi recebida e, portanto, é uma medida de quanto o universo se expandiu desde que a luz foi emitida Ex.: z = 1 a = 1/2 - as escalas no universo eram metade do que são hoje universo em expansão: R(t 0 ) > R(t) (ou a < 1) z > 0 e λ 0 > λ e a radiação sofre redshift Hoje (a = 1): z = 0 Big-Bang (a = 0): z =

45 Equações de Friedmann - Lemaître (EFL) as equações de evolução do fator de escala que derivamos na cosmologia newtoniana são, na forma, parecidas com a que se obtém das equações de campo da TRG, com a MRW tensor de energia-momentum: depende da distribuição de matéria e energia (ρ(t) e p(t)) (note que na TRG p contribui para a energia!) Equações de Friedmann - Lemaître: (ȧ ) 2 = 8πG a 3 ρ Kc2 a 2 ( ä a = 4πG ρ + 3p ) 3 c 2

46 Equações de Friedmann - Lemaître Equações de Friedmann - Lemaître (EFL): (ȧ a ) 2 = 8πG 3 ρ Kc2 a 2 ä a = 4πG 3 K = k/r 2 0 dessas equações vem que: EXERCÍCIO: MOSTRAR ISSO ( ρ + 3p c 2 ) d dt (ρa3 ) = p d c 2 dt (a3 )

47 A equação de estado relação entre a pressão e a densidade: p = p(ρ) com a relação d dt (ρa3 ) = p d c 2 dt (a3 ) temos, por exemplo: matéria ( poeira, p = 0): ρm a 3 radiação (p = ρr c 2 /3): ρ r a 4 vácuo: p = ρv c 2, ρ v = Λ/(4πG) (pressão negativa) modelo simples para energia escura: p = wρc 2, com w constante diferentes equações de estado diferentes modelos e comportamentos para a(t)

48 A constante cosmológica universo onde, além de matéria e radiação (com densidade e pressão ρ e p), tem também a energia do vácuo (w = 1) ρ ρ + ρ v e p p + p v com p v = ρ v c 2, (ȧ ) 2 = 8πG a 3 ρ Kc2 a 2 + Λ 3 e onde ( ä a = 4πG ρ + 3p ) 3 c 2 + Λ 3 Λ 4πGρ v é a chamada constante cosmológica note que, se p e ρ são positivos, não existe solução estática das EFL sem constante cosmológica

49 A constante cosmológica proposta por Einstein (1919) para se obter uma solução estática (isto é, independente do tempo) a lei de Hubble só seria descoberta em 1929 Einstein: o maior erro de sua vida hoje é associada à energia do vácuo (equação de estado com pressão negativa) vácuo: o estado de menor energia de um certo campo físico é a explicação mais simples para a energia escura

50 A constante cosmológica mas w pode depender do desvio espectral z! modelo simples: z w == w 0 + w a [1 a(z)] = w 0 + w a 1 + z, com w 0 e w a constantes este tipo de modelo deverá ser testado nos surveys dos próximos anos

51 Parâmetros cosmológicos parâmetro de Hubble: parâmetro de densidade: H(t) = ȧ a Ω = ρ(t) ρ c (t) onde é a densidade crítica ρ c (t) = 3H2 8πG

52 Parâmetros cosmológicos Quando se tem várias espécies simultaneamente, pode-se definir um parâmetro de densidade para cada espécie, Ω i = ρ i (t)/ρ c (t) Por exemplo, para os bárions: Ω b = ρ b(t) ρ c (t)

53 Parâmetros cosmológicos parâmetro de densidade do vácuo (ou constante cosmológica): parâmetro de curvatura: Ω λ = Λ 3H 2 parâmetro de desaceleração: Ω k kc2 H 2 R 2 q = äa ȧ 2 = ä ah 2 todos esses parâmetros dependem do tempo

54 Parâmetros cosmológicos valores atuais desses parâmetros, de acordo com a equipe do WMAP (Hinshaw et al. 2008; assumindo Ω k = 0): H0 =70.1 km s 1 Mpc 1 ρc,0 = h 2 g cm 3 = g cm 3 Ωm,0 = 0.28 Ω λ = 0.72 Ω b,0 =

55 Dinâmica dos universos de Friedmann modelos de Friedmann: dominados pela matéria (ρ = ρ m ), com constante cosmológica e pressão nulas nesse caso, q = Ω/2 (EXERCÍCIO: MOSTRAR ISSO) 3 soluções possíveis: se q > 1 2 ou Ω > 1, então k = +1 universo fechado e oscilante se q = 1 2 ou Ω = 1, então k = 0 universo aberto em expansão perpétua se q < 1 2 ou Ω < 1, então k = 1 universo aberto em expansão perpétua

56 Dinâmica dos universos de Friedmann Figure: Evolução do fator de escala nos modelos de Friedmann: (i) k=-1; (ii) k=0; (iii) k=+1.

57 O modelo de Einstein-de Sitter modelo cosmológico muito simples: universo plano, apenas com matéria: k = 0, Λ = 0, p = 0 ρ = ρ m = ρ 0 a 3 a primeira das EFL fica: (ȧ ) 2 = 8πG a 3 ρ = 8πG 3 ρ 0a 3 esta equação é fácil de resolver e dá logo, a(t) = (6πGρ 0 ) 1/3 t 2/3 ρ(t) = 1 6πGt 2 H(t) = 2 3t ρ c (t) = 3H2 8πG = 1 = ρ(t) 6πGt2 Ω = 1 EXERCÍCIO: verifique essas equações

58 As 4 eras do Universo O paradigma cosmológico atual sugere que o universo passou por 4 etapas distintas: o Big-Bang e a inflação a era da radiação a era da matéria a era da energia escura

59 A inflação Big-Bang: t = 0 e a = 0 singularidade nas equações possivelmente vai requerer uma nova física (do tipo gravitação quântica) inflação : fase muito curta, de expansão muito rápida (exponencial) teria ocorrido logo após o Big-Bang, talvez logo após a quebra espontânea de simetria da grande unificação t s (num certo cenário)

60 A inflação dinâmica do universo inflacionário: durante um breve intervalo de tempo o universo pode ser considerado dominado pela energia do vácuo de um campo escalar (o inflaton), agindo como uma constante cosmológica então, e, portanto, ρ ρ I = cte ρ r ȧ 2 8πG 3 ρ I a 2 a exp(h I t) onde H I = (8πGρ I /3) 1/2 (parâmetro de Hubble) é constante EXERCÍCIO: MOSTRAR ISSO

61 A inflação o problema da planura (flatness): WMAP: o universo tem curvatura nula, Ω = 1 para se ter Ω entre 0.95 e 1.05 hoje, na época da recombinação (z 10 3 ) se deveria ter Ω entre e , a menos que a curvatura seja estritamente nula (k = 0)

62 A inflação a inflação produz um universo localmente plano Figure: Esfera inflada por um fator 3 entre 2 imagens sucessivas

63 A inflação o problema do horizonte a informação viaja no máximo à velocidade da luz: há uma distância limite a que se tem acesso causal: raio do horizonte ( ct) radiação cósmica de fundo: notavelmente uniforme na época em que ela foi emitida (z 1000), o tamanho do horizonte era muito menor que o universo observável hoje nem todo o universo observável estava dentro de uma região causalmente conexa e, portanto, não se esperaria que os fótons da radiação de fundo vindo de regiões diferentes do céu tivessem essencialmente a mesma temperatura!

64 A inflac a o I soluc a o : com a inflac a o o horizonte tambe m cresce exponencialmente e todo o universo observa vel hoje estaria dentro de uma regia o causalmente conexa antes da inflac a o Laerte Sodre Jr. Cosmologia Ba sica

65 A inflação flutuações primordiais de densidade: a inflação produz flutuações quânticas que são amplificadas: as amplitudes dessas flutuações são aproximadamente independente da escala a gravidade amplifica estas flutuações, produzindo galáxias, aglomerados, etc. este cenário ajusta bem as observações

66 A era da radiação logo após o Big-Bang (e a inflação ) o universo é extremamente quente sua dinâmica é regida pela radiação: p = ρc 2 /3 nesse caso, ρ a 4 No expoente, 3 é devido à variação na densidade de fótons e 1 é devido à variação da energia de cada fóton considera-se que a radiação está em equiĺıbrio termodinâmico: o espectro da radiação é planckiano e depende apenas da temperatura T

67 A era da radiação densidade de radiação, em erg cm 3 : em g cm 3 : u = at 4 = T 4 erg cm 3 K 4 ρ = 4σ SB c 3 T 4 = T 4 g cm 3 K 4 logo, a temperatura varia com o fator de escala como: T a 1 fator de escala: ȧ 2 8πG 3 ρa2 pois no começo do universo, a densidade é muito grande. Daí, a t 1/2

68 A origem da matéria supõe-se que a matéria seja formada a partir do campo de radiação : interconversão de partículas pares de partícula e antipartícula de massa m estão em equiĺıbrio termodinâmico se kt >> mc 2 : p + p 2γ quando a temperatura cai abaixo de kt 2mc 2, o par se desacopla do campo de radiação : p e p se aniquilam e as partículas que sobrevivem constituem as reĺıquias

69 A nucleosíntese primordial e a abundância dos bárions abundâncias típicas (em massa) observadas no universo hoje: H: 75%; He 25%; o resto: 1% abundância do hélio: 25% estrelas: a nucleosíntese estelar só pode converter 5% da massa em He Gamow (anos 40)- nucleosíntese primordial: nucleosíntese do He no começo do universo

70 A nucleosíntese primordial

71 A nucleosíntese primordial depois da aniquilação sobra mais matéria que anti-matéria (porquê?) p e n que sobram ficam em equiĺıbrio, via interações fracas: p + e n + ν n + e + p + ν a densidade relativa de p e n é dada pelo fator de Boltzmann baseado na diferença de massa m = m n m p : r = n n /n p = exp( mc 2 /kt ) exp( K/T )

72 A nucleosíntese primordial os n livres são instáveis (tempo de decaimento = 890 s): a razão pela qual os n existem é que estas interações fracas desacoplam logo e a nucleosíntese primordial ocorre poucos minutos depois disso, de modo que a maior parte deles termina no núcleo de He e de outros elementos leves série de reações nucleares: p e n se combinam para formar núcleos atômicos mais pesados que o do 1 H têm o deutério D como intermediário: p + n D + γ D + D 3 He + n 3 H + p 3 H + D 4 He + n

73 A nucleosíntese primordial deutério: pode ser formado via n + p D é frágil: facilmente destruído acima de 10 9 K por fotodissociação : D + γ n + p mas abaixo de 10 9 K o D pode sobreviver abundância em massa do He prevista: Y 0.24 além do 4 He e do D, na nucleosíntese primordial forma-se um pouco de 3 He, 7 Li, 7 Be elementos mais pesados não se formam porque não há núcleos estáveis com massa atômica 5 e 8 quando t 3 min a nucleosíntese primordial termina

74 A nucleosíntese primordial Figure: Síntese dos elementos leves no universo primordial.

75 A nucleosíntese primordial parâmetro η: número de bárions sobre o número de fótons η n p + n n n γ densidade numérica de fótons para um corpo negro: n γ = 2ζ(3) π 2 ζ(x): função zeta de Riemann daí, ( ) 3 kb T T 3 cm 3 c η (T /2.73K) 3 Ω b h 2 Ω b : parâmetro de densidade dos bárions

76 A nucleosíntese primordial a abundância dos elementos leves depende fundamentalmente de η: conhecendo-se η, a temperatura da radiação cósmica de fundo e H 0, pode-se determinar Ω b η (T /2.73K) 3 Ω b h 2 EXERCÍCIO: MOSTRE ISSO.

77 A nucleosíntese primordial Figure: Abundância dos elementos leves produzidos na nucleosíntese primordial em função da abundância de bárions (e de η).

78 A nucleosíntese primordial dos elementos leves formados na nucleosíntese primordial, qual é o melhor bariômetro? que isótopo é melhor para se determinar η? a abundância do 4 He é pouco sensível a η 3 He: sua formação e destruição em estrelas é pouco conhecida a abundância do D parece ser a melhor opção pois apresenta forte dependência com η, além dele não ser produzido em estrelas 7 Li: apresenta um comportamento com η não-monotônico

79 A nucleosíntese primordial Estimativas de abundâncias primordiais deutério observações no UV (Ly-α); espectroscopia de alta resolução isótopo frágil: só é destruído: sua abundância deve decrescer com o tempo meio interestelar local: D/H = (1.32 ± 0.08) 10 5 nuvem protosolar (4.6 Ganos atrás): D/H = (2.1 ± 0.5) 10 5 linhas de absorção em quasares (produzidos em nuvens Ly-α ) D/H = (2.6 ± 0.4) 10 5 (Kirkman et al. 2003)

80 A nucleosíntese primordial Figure: Observação de uma linha do D no espectro do quasar

81 A nucleosíntese primordial ĺıtio estimativas a partir do plateau de Spite (Li/H vs metalicidade): 7 Li/H = (2.6 ± 0.4) 10 5 (em número; Ryan et al. 2000) Figure: Abundância do Li (em massa) em função da metalicidade (abundância do Fe).

82 A nucleosíntese primordial Figure: Observações de uma linha do Li em 5 estrelas do aglomerado globular NGC6397, com modelos sobrepostos.

83 A nucleosíntese primordial 4 He observações de regiões HII extrapolação de Y em função da metalicidade Yp = ± (Izotov & Thuan 2004) Figure: Relação entre a abundância do 4 He com a metalicidade de regiões HII. A abundância do He foi determinada a partir da intensidade das linhas λλ4471, 5876 e 6678 Å do He I.

84 A nucleosíntese primordial abundância dos bárions, obtida pela determinação das abundâncias dos elementos leves (Kneller & Steigman, 2004): 4 He: Ω b h 2 = ± D: Ω b h 2 = ± Li: Ω b h 2 = ± se Ω b h e h = 0.7, temos que Ω b note que Ω m 0.3, ou seja, a maior parte da matéria é não bariônica! É a matéria escura.

85 A era da matéria depois da era radiativa segue-se a era dominada pela matéria num universo dominado pela matéria: p ρv 2 então, v é a velocidade típica das galáxias v c p ρc 2 e pode ser desprezado nas EFL ρ m a 3

86 A época da recombinação voltemos à era radiativa o universo se expande e a densidade de radiação varia como ρ r a 4 enquanto que a de matéria varia como ρ m a 3 assim, embora a radiação domine o começo da evolução do universo, depois de um certo tempo a matéria vai dominar época da igualdade : quando ρ r = ρ m z eq Ω m0 h 2 T

87 A época da recombinação Figure: Definição da época da igualdade.

88 A época da recombinação durante a era radiativa, como o universo era muito quente, a matéria era ionizada após o começo da era da matéria a temperatura cai abaixo do potencial de ionização do hidrogênio e torna possível a formação de átomos: é a época da recombinação: z rec 1100 o universo, que era opaco aos fótons, fica transparente e a matéria bariônica fica praticamente neutra para z a reionização ocorrerá, quando as primeiras estrelas começarem a se formar

89 A era da energia escura observações de SNs tipo Ia distantes levaram à descoberta de que o universo está se acelerando (ä < 0) EFL ( ä a = 4πG ρ + 3p ) 3 c 2 para isso acontecer, é necessário ter-se pressão negativa essa aceleração seria produzida por uma energia escura modelo simples para a equação de estado da energia escura: p = wρc 2 onde w pode depender do tempo (e talvez da posição) modelo mais simples: constante cosmológica, w = 1 outras opções : energia fantasma (w < 1) paredes de domínio (w = 2/3) cordas cósmicas (w = 1/3)...

90 O modelo padrão: ΛCDM modêlo canônico : ΛCDM um universo dominado por matéria escura fria com uma constante cosmológica com a equação de Friedmann (ȧ a ) 2 = 8πG 3 ρ Kc2 a 2 é fácil verificar que num universo com matéria, radiação e constante cosmológica temos EXERCÍCIO: MOSTRE ISSO Ω m + Ω r + Ω λ + Ω k = 1

91 O modelo padrão: ΛCDM seja H(z) = H 0 E(z) E(z) caracteriza a dependência em redshift do parâmetro de Hubble vamos reescrever o parâmetro de densidade de cada espécie: Ω m = ρ m ρ c = 8πGρ m 3H 2 Como ρ m = ρ m0 (R 0 /R) 3 = ρ m0 (1 + z) 3 e H = H 0 E(z), temos: Ω m = 8πGρ m0(1 + z) 3 3H0 2E 2 = Ω m0(1 + z) 3 E(z) 2

92 O modelo padrão: ΛCDM Analogamente, Ω r = Ω r0(1 + z) 4 E(z) 2, Ω λ = Ω λ0 E(z) 2, Ω k = Ω k0(1 + z) 2 E(z) 2, de modo que fica fácil ver que E(z) = [Ω m0 (1 + z) 3 + Ω r0 (1 + z) 4 + Ω λ0 + Ω k0 (1 + z) 2 ] 1/2 observações do WMAP e SNIa mais as considerações teóricas da inflação sugerem que o universo tem curvatura nula (k = 0, Ω k = 0) e é dominado por matéria escura, Ω m0 0.3, e energia escura, Ω λ0 0.7 Ω r0 é muito pequeno e a radiação pode ser desprezada (exceto na era radiativa, claro!)

93 O modelo padrão: ΛCDM modelo para o universo atual: k = 0, matéria e constante cosmológica ( ) ( ) 1/3 Ωm0 a = sinh 2/3 3H0 Ω 1/2 λ0 t 2 Ω λ0 Figure: Expansão para diferentes valores de Ω m e Ω λ. De cima para baixo as curvas descrevem (Ω m, Ω λ ) = (0.3, 0.7), (0.3, 0), (1, 0), (4, 0).

94 O modelo padrão: ΛCDM o universo passou a maior parte de sua vida em expansão desacelerada mas, mais recentemente, a constante cosmológica sobrepujou a densidade de matéria, produzindo uma fase de expansão acelerada inflexão desaceleração - aceleração : ä = 0 a I = ( ) 1/3 Ωm0 2Ω λ0 isso acontece em t I = 2 3H 0 Ω 1/2 λ0 arcsinh [ ] 1 2 t 0 /t I 1.84; z I 0.7

95 O modelo padrão: ΛCDM num universo com k = 0, a densidade da energia escura (Ω λ ) domina a da matéria (Ω m ) para z < z c, onde z c = (Ω λ0 /Ω m0 ) 1/

96 A idade do universo relação entre tempo e redshift H = H 0 E(z) E(z) = [ Ω m0 (1 + z) 3 + Ω k0 (1 + z) 2 ] 1/2 + Ω λ0 (onde desprezamos a radiação) como H = ȧ/a e a = (1 + z) 1, temos ou, H = ż 1 + z dt = dz (1 + z)h

97 A idade do universo a idade do universo (t 0 ) é então dada por ou t 0 = 1 H 0 t0 0 dt = onde τ H é o tempo de Hubble: 0 0 dz (1 + z)h dz (1 + z)e(z) = τ dz H 0 (1 + z)e(z) τ H = H 1 0 = 9.78 h 1 Ganos Einstein-de Sitter (Ω λ0 = 0, Ω m0 = 1): t 0 = 2 3 τ H

98 A idade do universo idade do universo no redshift z: t(z) = τ H z dz (1 + z )E(z ) look-back time de um objeto no redshift z: t l (z) = t 0 t(z) = τ H z 0 dz (1 + z )E(z )

99 A idade do universo universo de curvatura nula: [ ( t(z) = 2 ) ] 3 τ HΩ 1/2 Ω 1/2 λ0 λ0 arcsinh Ω m0 (1 + z) 3 no intervalo de interesse (0.1 < Ω m0 < 1, Ω λ0 < 1), a solução exata pode ser aproximada dentro de alguns % por (Peacock, 1999): t τ H (0.7Ω m0 0.3Ω λ ) 0.3 note que o universo não pode ser mais jovem que os objetos que contém: isso permite por limites nos valores dos parâmetros cosmológicos.

100 A idade do universo Turn-off da Sequência Principal de Aglomerados Globulares revisão: Demarque, 1997, The ages of globular star clusterstem no Level 5 turn-off (TO): a estrela termina de queimar H no núcleo e vai para o ramo das gigantes no diagrama HR limite de Schemberg-Chandrasekhar (1942): a queima do H termina quando 10% da massa da estrela é convertida em He t TO : depende principalmente da massa da estrela, mas também de Y, Z, convecção, rotação... t TO M 2 Maeder (XEAA): modelos com rotação aumentam as estimativas de idade dos AG até 25%!

101 A idade do universo Chaboyer et al. (1998): t AG = 11.5 ± 1.3 Ganos t 0 : depende da época de formação dos AGs Peacock: t 0 está entre 12 e 16 Ganos Figure: Isócronas superpostas ao diagrama cor-magnitude do aglomerado globular M15.

102 A idade do universo Figure: Estimativas de idade do universo e dos objetos mais velhos da galáxia (Lineweaver, 1999, Sci. 284, 1503; tem no Level 5).

103 A idade do universo Figure: Idade do universo e lookback time (em unidades do tempo de Hubble) em função do redshift para vários modelos cosmológicos (Ω m0, Ω λ0 ). Linha sólida: (1,0); pontilhada: (0.05,0); tracejada: (0.2,0.8).

104 Distâncias Hogg (1999): Distance Measures in Cosmology, astro-ph/ o conceito de distância não é único em um espaço-tempo dinâmico medidas de distância relacionam 2 eventos em geodésicas separadas que estão em um mesmo cone de luz; podem ser caracterizados pelos tempos t e e t 0 de emissão e observação, ou pelo fator de escala nesses tempos, R(t e ) e R(t 0 ), ou pelos redshifts correspondentes, z e e z 0

105 Distância própria e comóvel distância própria entre dois eventos ao longo de uma geodésica, D p note que não se mede D p! elemento de distância própria: dd p = cdt como dt = dz/[(1 + z)h], é fácil verificar que dd p = D H dz/[(1 + z)e(z)], onde D H = c H h 1 Mpc é a distância de Hubble

106 Distância própria e comóvel distância própria entre dois eventos em z 1 e z 2 : D p = D H z2 dz z 1 (1 + z )E(z ) toda a cosmologia está embutida em E(z) distância comóvel D c dd p = (R/R 0 ) dd c distância comóvel entre z 1 e z 2 : z2 dz D c = D H z 1 E(z )

107 Distância própria e comóvel como a luz viaja por geodésicas nulas (ds 2 = 0), c dt R = dd c R 0 = dσ 1 kσ 2. então, distância comóvel entre um observador na origem e outro na coordenada radial σ: D c = R 0 σ 0 dσ 1 kσ 2 = R 0S(σ) assim, para os vários sinais da curvatura temos: k = +1: Dc = R 0 arcsin σ k = 0: Dc = R 0 σ k = 1: D c = R 0 arcsinh σ

108 Distância própria e comóvel note que não se pode medir diretamente nem as distâncias próprias nem as distâncias comóveis entre as distâncias que se medem, as mais importantes são as de luminosidade e de diâmetro

109 Distância própria e comóvel Figure: Distância comóvel entre O e G, D c, sobre um círculo.

110 Distância de luminosidade D l : medida por métodos baseados na luminosidade aparente classicamente, fluxo, luminosidade e distância estão relacionados como f = L 4πD 2 elemento de área (hoje) na métrica de RW: da = R 2 0 σ 2 sin θdθdφ = R 2 0 σ 2 dω área de uma esfera de raio σ hoje é A = 4πR 2 0 σ 2

111 Distância de luminosidade L(ν, t)dν: energia emitida por uma galáxia G por segundo com frequência ν entre ν e ν + dν no instante t esses fótons são recebidos com energia menor, devido ao redshift: hν 0 = hν 1 + z além disso, essa energia é recebida em um intervalo de tempo maior: t 0 = (1 + z) t energia recebida por cm 2 por s (fluxo) no intervalo [ν 0, ν 0 + dν 0 ]: f (ν 0, t 0 )dν 0 = L(ν, t)dν L(ν, t)dν 4πR0 2 = σ2 (1 + z) 2 4πDl 2

112 Distância de luminosidade onde f (ν 0, t 0 )dν 0 = L(ν, t)dν L(ν, t)dν 4πR0 2 = σ2 (1 + z) 2 4πDl 2 D l = R 0 σ(1 + z) D l é denominada distância de luminosidade

113 Distância de luminosidade Figure: Distância de luminosidade normalizada em função do redshift para três modelos de mundo: (Ω m, Ω λ ) = (1, 0), linha sólida; (0.05,0), pontilhada; (0.2, 0.8), tracejada.

114 Distância de diâmetro distância de diâmetro (D A ; A de aperture): obtida pelos métodos baseados no tamanho aparente sendo θ o tamanho aparente de um corpo de diâmetro D, a distância de diâmetro D A é tal que θ = D D A diâmetro próprio: D = Rσ θ como 1 + z = R 0 /R, temos D A = R 0σ 1 + z = D l (1 + z) 2

115 Distância de diâmetro em estudos de lentes aparece a distância de diâmetro entre o redshift z 1 e z 2 (z 1 < z 2 ), que é dada por: D A (z 1, z 2 ) = R 2 σ 12 = R 0σ z 2 onde σ 12 é a distância de coordenadas entre z 1 e z 2

116 Distância de diâmetro em um universo dominado apenas por matéria, vale a relação de Mattig (1959): D A (z) = 2c H 0 Ω 2 m0 (1 + z)2 [Ω m0z + (Ω m0 2)( 1 + Ω m0 z 1)]

117 Distância de diâmetro Figure: Distância de diâmetro normalizada em função do redshift para três modelos de mundo: (Ω m, Ω λ ) = (1, 0), linha sólida; (0.05,0), pontilhada; (0.2, 0.8), tracejada.

118 Cálculo das distâncias distância comóvel transversal : D M R 0 σ então, D l = (1 + z)d M e D A = D M /(1 + z) logo, se conhecermos D M (z) podemos calcular D l (z) e D A (z) distância comóvel de um objeto no redshift z: então, se D c = D H z k = +1: DM = R 0 sin(d c /R 0 ) k = 0: DM = D c k = 1: D M = R 0 sinh(d c /R 0 ) 0 dz E(z ) = R 0S(σ)

119 Cálculo das distâncias Ω k0 = kc 2 /(H0 2R2 0 ), de modo que, se k for diferente de zero, R 0 = D H / Ω k0 juntando tudo, temos: k = +1: D M = D H / ( Ωk0 ) Ω k0 sin D c /D H k = 0: DM = D c k = 1: DM = D H / ( Ωk0 ) Ω k0 sinh D c /D H onde D c /D H = z 0 dz /E(z )

120 Volumes espaço euclidiano: o elemento de volume é dv = r 2 dωdr espaços curvos, com a MRW, dv = R2 σ 2 dωrdσ 1 kσ 2 substituindo Rdσ/ 1 kσ 2 por cdt = cdz/[(1 + z)h], o elemento de volume fica: elemento de volume comóvel: dv = D HD 2 A dωdz (1 + z)e(z) dv c = (1 + z) 3 dv

121 Volumes contagem de objetos: qual é o número de objetos dentro de dω e dz? dn = n(z)dv onde n(z) é a densidade de objetos no redshift z

122 Volumes Figure: Elemento de volume comóvel normalizado,(1/d H ) 3 (dv c /dz), em função do redshift para três modelos de mundo: (Ω m, Ω λ ) = (1, 0), linha sólida; (0.05,0), pontilhada; (0.2, 0.8), tracejada.

123 Exercícios 1. Mostre que, com a constante cosmológica, é possível obter-se uma solução estática para o universo: o universo de Einstein. Como Λ se relaciona com ρ? Em termos de curvatura, que tipo de universo é esse? Qual é seu raio? 2. Um quasar em z = 1 varia com uma escala de tempo observada de 1 ano. Qual é a escala de tempo de variabilidade no referencial do quasar? Esse resultado depende do modelo cosmológico? 3. Suponha que k = 0 e Λ = 0. Calcule H(t) para um universo dominado apenas por radiação e apenas por matéria. 4. Suponha que a densidade de energia e a pressão estão relacionadas como p = wρc 2, com w constante. Mostre que ρ R 3(1+w).

124 Exercícios 5. Mostre que, se k = 0 e p = wρc 2, com w constante, então R t 2 3(1+w). 6. Mostre que η (T /2.73K) 3 Ω b h Suponha que o modelo de Einstein-de Sitter esteja correto e que os aglomerados globulares tenham pelo menos 12 Ganos. O que voce diria sobre H 0? 8. Calcule t l e t(z) para o modelo de Einstein-de Sitter. Verifique, em termos do tempo de Hubble, o valor dessas quantidades em z = 1 e z = 15.

125 Exercícios 9. Mostre que [ ( t(z) = 2 ) ] 3 τ HΩ 1/2 Ω 1/2 λ0 λ0 arcsinh Ω m0 (1 + z) 3 é a idade do universo num redshift z para um universo de curvatura nula com matéria e constante cosmológica. Verifique, em termos do tempo de Hubble, o valor dessa quantidade em z = 1 e z = 15. Compare com Einstein-de Sitter. 10. Friaça, Alcaniz & Lima (2005) estudaram o quasar APM , em z = A razão de abundância Fe/O observada é 3.3 em unidades solares. Usando um modelo de evolução químio-dinâmico do quasar, concluem que sua idade é t q =2.1 Ganos. Discuta as implicações disso para a constante de Hubble, supondo um universo plano com Ω m0 = 0.3 e Ω λ0 = Mostre que num universo de Einstein-de Sitter, o diâmetro aparente em função do redshift tem um mínimo. Determine o redshift onde isso ocorre.

126 Exercícios 12. Use Einstein-de Sitter para estimar a quanto corresponde, em minutos de arco, um diâmetro de 1Mpc em z igual a 0.5, 1., 1.5 e Faça um programa para reproduzir as figuras que mostram as idades, e as distâncias de luminosidade e diâmetro em função do redshift. 14. Use o site icosmo ( para estudar um modelo onde a energia escura pode ser descrita como w = w 0 + w a (1 a) Suponha que w 0 = 1 e w a = ±0.1. Que variação isso produz nas distâncias de diâmetro e luminosidade em z = 0.8 em relação ao modelo ΛCDM convencional ( w 0 = 1 e w a = 0)?

127 Referências Hinshaw, G. et al., 2008, arxiv: Hogg, D.W., 1999, astro-ph/ Kneller, J.P., Steigman, G., 2004, astro-ph/ Peacock, J.A., 1999, Cosmological Physics, CUP Steigman, G., 2007, arxiv: um site muito útil é o Level 5: A Knowledgebase for Extragalactic Astronomy and Cosmology

Introdução à Cosmologia: 1 - a cosmologia newtoniana

Introdução à Cosmologia: 1 - a cosmologia newtoniana 1 Introdução à Cosmologia: 1 - a cosmologia newtoniana Laerte Sodré Jr. August 15, 2011 objetivos: abordagem rápida dos principais conceitos de cosmologia foco no modelo cosmológico padrão veremos como

Leia mais

Cosmologia Básica: 4 - as eras do universo

Cosmologia Básica: 4 - as eras do universo 1 Cosmologia Básica: 4 - as eras do universo Laerte Sodré Jr. August 17, 2011 As 4 eras do Universo O paradigma cosmológico atual sugere que o universo passou por 4 etapas distintas: o Big-Bang e a inflação

Leia mais

Cosmologia Básica: 2 - as equações de Friedmann-Lemaitre

Cosmologia Básica: 2 - as equações de Friedmann-Lemaitre 1 Cosmologia Básica: 2 - as equações de Friedmann-Lemaitre Laerte Sodré Jr. August 15, 2011 Cosmologia Relativística equações de Einstein: estabelecem uma relação entre a geometria do espaço-tempo e a

Leia mais

Cosmologia Básica. 2 A Teoria da Gravitação. 3 O Princípio Cosmológico

Cosmologia Básica. 2 A Teoria da Gravitação. 3 O Princípio Cosmológico Cosmologia Básica 1 Introdução O objetivo deste capítulo é apresentar uma abordagem rápida da cosmologia e de como algumas quantidades importantes para este curso podem ser calculadas. Focaremos no modelo

Leia mais

COSMOLOGIA RELATIVÍSTICA

COSMOLOGIA RELATIVÍSTICA COSMOLOGIA RELATIVÍSTICA A GEOMETRIA DO ESPAÇO Idéias da Teoria da Relatividade Geral! Não se define intensidade da gravidade e sim CURVATURA DO ESPAÇO-TEMPO Deve-se pensar em termos de geometria do universo

Leia mais

O espectro medido da maior parte das galáxias, em todas as direções no céu, apresenta linhas com deslocamento para s

O espectro medido da maior parte das galáxias, em todas as direções no céu, apresenta linhas com deslocamento para s LEI DE HUBBLE O espectro medido da maior parte das galáxias, em todas as direções no céu, apresenta linhas com deslocamento para s maiores em relação ao em repouso (REDSHIFT). Efeito observado em grandes

Leia mais

Constante Cosmológica e Energia Escura

Constante Cosmológica e Energia Escura mailto:ronaldo@astro.iag.usp.br 11 de junho de 2007 1 As Supernovas e o Universo Acelerado Supernovas Como Indicadores de Distância Calibração das Curvas de Luz Supernovas e a Geometria do Universo O Universo

Leia mais

Noções de Astronomia e Cosmologia. Aula 15 Cosmologia Parte II

Noções de Astronomia e Cosmologia. Aula 15 Cosmologia Parte II Noções de Astronomia e Cosmologia Aula 15 Cosmologia Parte II Modelo cosmológico atual Parâmetros Cosmológicos São determinados experimentalmente Constante de Hubble Densidade de matéria Idade do universo

Leia mais

O COMEÇO DO UNIVERSO. O BIG-BANG Parte II

O COMEÇO DO UNIVERSO. O BIG-BANG Parte II O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG Parte II RESUMO DA HISTÓRIA DO UNIVERSO Era da radiação Época Tempo Densidade Temperatura Característica principal (após o Big- Bang) (kg/m 3 ) (K) Planck 0-10 -43 s - 10

Leia mais

INTRODUÇÃO À COSMOLOGIA

INTRODUÇÃO À COSMOLOGIA INTRODUÇÃO À COSMOLOGIA O UNIVERSO EM GRANDE ESCALA O mapa mostra a maior estrutura conhecida no universo: o Sloan Great Wall. Nenhuma estrutura maior do que 300 Mpc é observada. Esta distribuição de matéria

Leia mais

Cosmologia. Gastão B. Lima Neto. Hubble Ultra Deep Field-HST/ACS

Cosmologia. Gastão B. Lima Neto. Hubble Ultra Deep Field-HST/ACS Cosmologia Gastão B. Lima Neto IAG/USP Hubble Ultra Deep Field-HST/ACS AGA 210+215 08/2006 Cosmologia História e estrutura do universo Como se distribui a matéria? Onde estamos? Como isto se relaciona

Leia mais

O Universo Homogêneo II:

O Universo Homogêneo II: Parte III O Universo Homogêneo II: Breve História Térmica do Universo Equação de estado e temperatura Se kt >> mc 2 : relativístico p ρ/3 Se kt

Leia mais

o modelo cosmológico padrão

o modelo cosmológico padrão 19. Cosmologia 1 o que é cosmologia? é o estudo do universo como uma totalidade: sua estrutura, origem, evolução e destino do universo embora a cosmologia seja muito antiga, como teoria física ela é um

Leia mais

A radiação de uma estrela cai com quadrado da distância, enquanto o número de estrelas aumenta com o quadrado da distância,

A radiação de uma estrela cai com quadrado da distância, enquanto o número de estrelas aumenta com o quadrado da distância, Cosmologia Observação Cosmológicas : 1)Paradoxo de Olbers. A mais simple observação cosmológica e que a noite e escura. Este fato chamou a atenção de Kepler, Galileo, Halley. Olbers em 1826, explicou que

Leia mais

Curso de Cosmologia. 2013B Aula 2. M a r t í n M a k l e r CBPF. Tuesday, August 27, 13

Curso de Cosmologia. 2013B Aula 2. M a r t í n M a k l e r CBPF. Tuesday, August 27, 13 Curso de Cosmologia 2013B Aula 2 M a r t í n M a k l e r CBPF Lentes Gravitacionais Copyleft Martín Makler deformação da trajetória da luz pelo espaço-tempo curvo Lentes Gravitacionais Copyleft Martín

Leia mais

Cosmologia. Augusto Damineli IAG/USP

Cosmologia. Augusto Damineli IAG/USP Cosmologia Augusto Damineli IAG/USP 2006 http://www.astro.iag.usp.br/~gastao/extragal/extragal2008.pdf Mitos de origem em todas as culturas UNIVERSO = UNO e DIVERSO Diversidade atual teria tido origem

Leia mais

IMPLICAÇÕES DA LEI DE HUBBLE. A taxa na qual alguma galáxia se afasta é proporcional à distância lei de Hubble. vel. de recessão = H o distância

IMPLICAÇÕES DA LEI DE HUBBLE. A taxa na qual alguma galáxia se afasta é proporcional à distância lei de Hubble. vel. de recessão = H o distância COSMOLOGIA IMPLICAÇÕES DA LEI DE HUBBLE A taxa na qual alguma galáxia se afasta é proporcional à distância lei de Hubble vel. de recessão = H o distância Constante de Hubble H o = 70h km/s/mpc h entre

Leia mais

Medindo parâmetros cosmológicos. Introdução à Cosmologia 2012/02

Medindo parâmetros cosmológicos. Introdução à Cosmologia 2012/02 Medindo parâmetros cosmológicos Introdução à Cosmologia 2012/02 Até agora... Universo de Friedmann: Espacialmente homogêneo e isotrópico; Expande com fator de escala a(t): Obedece a Lei de Hubble: { Espaço-tempo

Leia mais

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 2 p. 1

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 2 p. 1 INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 2 Victor O. Rivelles Instituto de Física Universidade de São Paulo rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/ rivelles/ XXI Jornada de Física Teórica 2006 INTRODUÇÃO

Leia mais

Cosmologia 1. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP.

Cosmologia 1. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP. Aspectos históricos Princípio cosmológico Base teórica Expansão do Universo Lei de Hubble Parâmetros cosmológicos Evolução do Universo Cosmologia 1 Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP www.astro.iag.usp.br/~aga210

Leia mais

Cosmologia 1. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP.

Cosmologia 1. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP. Aspectos históricos Princípio cosmológico Base teórica Expansão do Universo Lei de Hubble Parâmetros cosmológicos Evolução do Universo Cosmologia 1 Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP www.astro.iag.usp.br/~aga210

Leia mais

Cosmologia 1 Vera Jatenco IAG/USP

Cosmologia 1 Vera Jatenco IAG/USP Cosmologia 1 Vera Jatenco IAG/USP Agradecimentos: Prof. Gastão B. Lima Neto - IAG/USP Hubble Ultra Deep Field-HST/ACS AGA 210 / 2010 Cosmologia História e estrutura do universo Como se distribui a matéria?

Leia mais

Aula - 2 O universo primordial

Aula - 2 O universo primordial Aula - O universo primordial Principios cosmologicos Considerando as grandes escalas do universo podemos assumir as seguintes hipóteses fundamentais: Homogeneidade: Toda e qualquer região do universo tem

Leia mais

INTRODUÇÃO À GRAVITAÇÃO E À COSMOLOGIA

INTRODUÇÃO À GRAVITAÇÃO E À COSMOLOGIA INTRODUÇÃO À GRAVITAÇÃO E À COSMOLOGIA Victor O. Rivelles Aula 2 Instituto de Física da Universidade de São Paulo e-mail: rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/~rivelles Escola Norte-Nordeste

Leia mais

Cosmologia 1. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP.

Cosmologia 1. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP. Aspectos históricos Princípio cosmológico Base teórica Expansão do Universo Lei de Hubble Parâmetros cosmológicos Evolução do Universo Cosmologia 1 Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP www.astro.iag.usp.br/~aga210

Leia mais

A Relatividade Geral e a Cosmologia

A Relatividade Geral e a Cosmologia mailto:ronaldo@astro.iag.usp.br 20 de abril de 2007 Fundamentos da Relatividade Geral Campo Gravitacional x Percurso da Luz O Redshift Gravitacional O Buraco Negro A Dilatação do Tempo Métrica e Gravitação

Leia mais

Capítulo 4 Resumo. Cosmologia estudo do Universo como um todo.

Capítulo 4 Resumo. Cosmologia estudo do Universo como um todo. ATENÇÃO: esses resumos visam a auxiliar o estudo de cada capítulo, enfatizando os principais pontos levantados em cada trecho do livro Extragalactic Astronomy and Cosmology: an Introduction, de Peter Schneider.

Leia mais

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 4 p. 1

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 4 p. 1 INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 4 Victor O. Rivelles Instituto de Física Universidade de São Paulo rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/ rivelles/ XXI Jornada de Física Teórica 2006 INTRODUÇÃO

Leia mais

Aula 2: Cosmologia Relativística

Aula 2: Cosmologia Relativística Aula 2: Cosmologia Relativística Primeira Escola de Ciências Física Brasil-Cabo Verde 3-13 de abril 2017 Oliver F. Piattella Universidade Federal do Espírito Santo Vitória, Brasil Abordagem matemática

Leia mais

Cosmologia. Antonio C. C. Guimarães. Departamento de Astronomia Universidade de São Paulo

Cosmologia. Antonio C. C. Guimarães. Departamento de Astronomia Universidade de São Paulo Cosmologia Antonio C. C. Guimarães Departamento de Astronomia Universidade de São Paulo São Paulo, 23/07/2010 O que é cosmologia? Cosmologia é a ciência que estuda o Universo. A cosmologia busca responder

Leia mais

Problemas Capítulo 2: Solução e Dicas

Problemas Capítulo 2: Solução e Dicas Problemas Capítulo : Solução e Dicas José Fernando de Jesus & Rodrigo Fernandes Lira de Holanda 4 de junho de 007.1 - A precisão máxima de paralaxe alcançada hoje, dada pelo satélite Hipparcus, é da ordem

Leia mais

Curso de Cosmologia. 2013B Parte I. Aula 5. M a r t í n M a k l e r CBPF. Thursday, September 5, 13

Curso de Cosmologia. 2013B Parte I. Aula 5. M a r t í n M a k l e r CBPF. Thursday, September 5, 13 Curso de Cosmologia 2013B Parte I Aula 5 M a r t í n M a k l e r CBPF Cosmologia - CBPF 2013 Parte Ic O Universo Homogêneo II: Breve História Térmica do Universo Equação de estado e temperatura Se kt >>

Leia mais

ESTRUTURA EM GRANDE ESCALA: Distribuição das galáxias no universo

ESTRUTURA EM GRANDE ESCALA: Distribuição das galáxias no universo ESTRUTURA EM GRANDE ESCALA: Distribuição das galáxias no universo Galáxias não estão distribuídas uniformemente no espaço Somente 20 ou 30 % das galáxias estão isoladas no espaço integaláctico Normalmente

Leia mais

O espaço-tempo curvo na teoria da relatividade geral. Felipe Tovar Falciano

O espaço-tempo curvo na teoria da relatividade geral. Felipe Tovar Falciano O espaço-tempo curvo na teoria da relatividade geral Felipe Tovar Falciano IFCE - 2013 O que é Relatividade? 1685 - Newton "Philosophiae naturalis principia mathematica" A. Einstein (1879-1955) 1890 -

Leia mais

13 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia

13 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia 13 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia Prova da final nacional PROVA TEÓRICA 25 de maio de 2018 Duração máxima 120 minutos Notas: Leia atentamente todas as questões. As primeiras 6 questões são de escolha

Leia mais

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL Victor O. Rivelles Instituto de Física da Universidade de São Paulo e-mail: rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/~rivelles ROTEIRO Relatividade Restrita Geometria

Leia mais

Relatividade Especial & Geral

Relatividade Especial & Geral Relatividade Especial & Geral Roteiro Relatividade Especial: Conceitos básicos e algumas conseqüências Paradoxo dos gêmeos Relatividade Geral: Conceitos básicos, conseqüências e aplicabilidade. Relatividade

Leia mais

13. Determinação das distâncias das galáxias

13. Determinação das distâncias das galáxias 13. Determinação das distâncias das galáxias 1 Indicadores de distância relações entre grandezas que dependem da distância (como o fluxo ou o tamanho aparente) e grandezas que não dependem da distância

Leia mais

Cosmologia. Sandra dos Anjos

Cosmologia. Sandra dos Anjos Cosmologia Sandra dos Anjos Vimos até aquí, em aulas anteriores, aspectos observacionais que ajudaram a construir modelos físicos que explicam, total ou parcialmente, as observações. Este foi o traçado

Leia mais

14. Determinação das distâncias das galáxias

14. Determinação das distâncias das galáxias 14. Determinação das distâncias das galáxias 1 Indicadores de distância relações entre grandezas que dependem da distância (como o fluxo ou o tamanho aparente) e grandezas que não dependem da distância

Leia mais

Problemas Capítulo 4: Solução e Dicas

Problemas Capítulo 4: Solução e Dicas Problemas Capítulo 4: Solução e Dicas José Fernando de Jesus & Rodrigo Fernandes Lira de Holanda 6 de junho de 2007 4. - Se estamos nos movimentando na direção do grande atrator, podemos dizer que nossa

Leia mais

O Big Bang e a Evolução do Universo

O Big Bang e a Evolução do Universo FSC1057: Introdução à Astrofísica O Big Bang e a Evolução do Universo Rogemar A. Riffel Modelos do Universo Universo estacionário (imutável no tempo). Herman Bondi (1919-2005), Thomas Gold (1920-2004)

Leia mais

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 3 p. 1

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 3 p. 1 INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL - Aula 3 Victor O. Rivelles Instituto de Física Universidade de São Paulo rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/ rivelles/ XXI Jornada de Física Teórica 2006 INTRODUÇÃO

Leia mais

Cosmologia 1 Gastão B. Lima Neto IAG/USP

Cosmologia 1 Gastão B. Lima Neto IAG/USP Cosmologia 1 Gastão B. Lima Neto IAG/USP www.astro.iag.usp.br/~aga101 Hubble Ultra Deep Field-HST/ACS AGA 101 2 semestre 2017 Cosmologia História e estrutura do universo Como se distribui a matéria? Onde

Leia mais

O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG

O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG ESTÁGIOS INICIAIS DO UNIVERSO No modelo padrão do Big-Bang, de acordo com as equações de Friedmann, os estágios iniciais do universo são caracterizados por condições de

Leia mais

Tópicos Especiais em Física

Tópicos Especiais em Física Tópicos Especiais em Física Vídeo-aula 2: cosmologia e relatividade geral Vídeo-aula 2: cosmologia e relatividade geral 18/06/2011 Cosmologia: aspectos históricos Fundamentos da Relatividade Geral Cosmologia

Leia mais

Aula 5: Gravitação e geometria

Aula 5: Gravitação e geometria Aula 5: Gravitação e geometria A C Tort 1 1 Departmento de Física Teórica Instituto Física Universidade Federal do Rio de Janeiro 12 de Abril de 2010 Tort (IF UFRJ) IF-UFRJ Informal 1 / 20 Massa Inercial

Leia mais

O Big Bang e a Evolução do Universo II

O Big Bang e a Evolução do Universo II Fundamentos de Astronomia e Astrofísica O Big Bang e a Evolução do Universo II Rogério Riffel http://astro.if.ufrgs.br Modelos do Universo Universo estacionário (imutável no tempo).herman Bondi (1919 2005),

Leia mais

O fundo de Microondas A era da Radiação A Nucleossíntese Primordial Problemas. O Big Bang. Ronaldo E. de Souza

O fundo de Microondas A era da Radiação A Nucleossíntese Primordial Problemas. O Big Bang. Ronaldo E. de Souza mailto:ronaldo@astro.iag.usp.br 21 de maio de 2007 1 O fundo de Microondas A era Arno Penzias & Robert Wilson A era COBE O corpo Negro anisotropia de Dipolo 2 Densidade de matéria e radiação Eq. de Friedmann

Leia mais

FIS Cosmologia e Relatividade

FIS Cosmologia e Relatividade FIS02012 - Cosmologia e Relatividade Profa. Thaisa Storchi Bergmann Bibliografia de consulta: Capítulo 3 do livro de Barbara Ryden, Introduction to Cosmology, e Cap. 3 do livro de Ronaldo de Souza, Introdução

Leia mais

Curso de Cosmologia. 2013B Parte I. Aula 7. M a r t í n M a k l e r CBPF

Curso de Cosmologia. 2013B Parte I. Aula 7. M a r t í n M a k l e r CBPF Curso de Cosmologia 2013B Parte I Aula 7 M a r t í n M a k l e r CBPF Resumo RCF Copyleft Martín Makler Universo recombinou em z ~ 1100 e reionizou em z ~ 10 Universo ~ plano, requer matéria e energia

Leia mais

FIS Cosmologia e Relatividade

FIS Cosmologia e Relatividade FIS02012 - Cosmologia e Relatividade Thaisa Storchi Bergmann Bibliografia de consulta: Introduction to Cosmology, de Barbara Ryden; Introdução à Cosmologia de Ronaldo E. de Souza; Wikipedia; ilustrações

Leia mais

Departamento de Astronomia - Instituto de Física Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Departamento de Astronomia - Instituto de Física Universidade Federal do Rio Grande do Sul Departamento de Astronomia - Instituto de Física Universidade Federal do Rio Grande do Sul FIS2001 - FUNDAMENTOS DE ASTRONOMIA E ASTROFÍSICA 3.a PROVA 2011/2 NOME: TURMA:C I. ( 0,2 pontos cada) Nas questões

Leia mais

COSMOLOGIA II. Daniele Benício

COSMOLOGIA II. Daniele Benício COSMOLOGIA II Daniele Benício Relembrando da aula passada... COSMOLOGIA: É o ramo da Ciência que se dispõe a estudar e propor teorias sobre a origem, estrutura e evolução do Universo Evidências do Big

Leia mais

15. A distribuição de galáxias

15. A distribuição de galáxias 15. A distribuição de galáxias 1 O Grupo Local (GL) a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda formam um sistema binário, cada uma acompanhada por suas galáxias satélites esta estrutura é denominada Grupo Local

Leia mais

O COMEÇO DO UNIVERSO. O BIG-BANG Parte I

O COMEÇO DO UNIVERSO. O BIG-BANG Parte I O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG Parte I A RADIAÇÃO CÓSMICA DE FUNDO Como podemos observar o universo a distâncias bem maiores do que o mais distante quasar detectado?! Resposta: através de um experimento

Leia mais

Fundamentos de Transferência Radiativa. Carlos Alexandre Wuensche Processos Radiativos I

Fundamentos de Transferência Radiativa. Carlos Alexandre Wuensche Processos Radiativos I Fundamentos de Transferência Radiativa Carlos Alexandre Wuensche Processos Radiativos I 1 1 O espectro eletromagnético Sabemos que a luz pode ser estudada, a partir de suas características ondulatórias

Leia mais

INTRODUÇÃO À GRAVITAÇÃO E À COSMOLOGIA

INTRODUÇÃO À GRAVITAÇÃO E À COSMOLOGIA INTRODUÇÃO À GRAVITAÇÃO E À COSMOLOGIA Victor O. Rivelles Aula 1 Instituto de Física da Universidade de São Paulo e-mail: rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/~rivelles Escola Norte-Nordeste

Leia mais

Cosmologia 2. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP

Cosmologia 2. Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP Época de Planck Inflação cósmica Bariogênese Nucleossíntese primordial Radiação cósmica de fundo Idade das Trevas História do Universo Modelo alternativo do Big Bang Cosmologia 2 Gastão B. Lima Neto Vera

Leia mais

Amanda Yoko Minowa 02/08/2014

Amanda Yoko Minowa 02/08/2014 CURSO DE ASTRONOMIA COSMOLOGIA (PARTE I) Amanda Yoko Minowa 02/08/2014 amandayoko@gmail.com O UNIVERSO E A HISTÓRIA DO COSMOS COSMOLOGIA (do grego κοσμολογία, κόσμος="cosmos"/"ordem"/"mundo" +- λογία="discurso"/"estudo")

Leia mais

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. FIS FUNDAMENTOS DE ASTRONOMIA E ASTROFÍSICA 3.a PROVA /1

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. FIS FUNDAMENTOS DE ASTRONOMIA E ASTROFÍSICA 3.a PROVA /1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul FIS2001 - FUNDAMENTOS DE ASTRONOMIA E ASTROFÍSICA 3.a PROVA - 2007/1 NOME: 1. A figura abaixo é uma representação artística da Via Láctea, como apareceria vista

Leia mais

Astrofísica Geral. Tema 22: O Big Bang

Astrofísica Geral. Tema 22: O Big Bang ema 22: O Big Bang Outline 1 Modelos cosmológicos 2 Expansão do universo 3 Big Bang 4 Evidências do Big Bang 5 Bibliografia 2 / 29 Índice 1 Modelos cosmológicos 2 Expansão do universo 3 Big Bang 4 Evidências

Leia mais

O LADO ESCURO DO UNIVERSO. Pedro Abreu LIP/IST, Lisboa Escola de Profs no CERN em Língua Portuguesa 2013

O LADO ESCURO DO UNIVERSO. Pedro Abreu LIP/IST, Lisboa Escola de Profs no CERN em Língua Portuguesa 2013 O LADO ESCURO DO UNIVERSO Pedro Abreu LIP/IST, Lisboa Escola de Profs no CERN em Língua Portuguesa 2013 (Heinrich Wilhelm Olbers, 1823) Universo Porque é que o Universo é escuro? E porque era isto um paradoxo?

Leia mais

Lista 3 - FIS Relatividade Geral Curvatura, campos de Killing, fluidos, eletromagnetismo.

Lista 3 - FIS Relatividade Geral Curvatura, campos de Killing, fluidos, eletromagnetismo. Lista 3 - FIS 404 - Relatividade Geral Curvatura, campos de Killing, fluidos, eletromagnetismo. 2 quadrimestre de 2017 - Professor Maurício Richartz Leitura sugerida: Carroll (seções 3.1-3.4,3.6-3.8),

Leia mais

A idade, a massa e a expansão do universo

A idade, a massa e a expansão do universo A idade, a massa e a expansão do universo 194 REVISTA USP, São Paulo, n.62, p. 194-199, junho/agosto 2004 Aidade do universo é discutida a partir dos diferentes indicadores: idade de aglomerados globulares,

Leia mais

Astrofísica Geral. Tema 22: O Big Bang

Astrofísica Geral. Tema 22: O Big Bang ig Bang Índice 1 Modelos cosmológicos 2 Expansão do universo 3 Big Bang 4 Evidências do Big Bang 5 Bibliografia 2 / 31 Índice 1 Modelos cosmológicos 2 Expansão do universo 3 Big Bang 4 Evidências do Big

Leia mais

COSMOLOGIA Ensino a Distância. Da origem ao fim do universo. Módulo 9. Gravitação quântica e os problemas do espaço e do tempo

COSMOLOGIA Ensino a Distância. Da origem ao fim do universo. Módulo 9. Gravitação quântica e os problemas do espaço e do tempo Ensino a Distância COSMOLOGIA 2015 Da origem ao fim do universo Módulo 9 Gravitação quântica e os problemas do espaço e do tempo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Esta imagem revela uma região

Leia mais

A Energia Escura. Eduardo Cypriano. June 24, 2009

A Energia Escura. Eduardo Cypriano. June 24, 2009 June 24, 2009 Aceleração Cósmica A evidêcias obtidas através da RCF e principalmente das SNe tipo Ia indicam que o Universo está numa fase de expansão acelerada. Esse tipo de comportamento não pode ser

Leia mais

Aglomerados de galáxias

Aglomerados de galáxias Aglomerados de galáxias I O grupo Local A figura 1 mostra a Galáxia que tem uma extensão de 200000 Anos Luz. O Sol esta localizado no braço de Orion a 26000 Anos Luz de distancia do Centro Galáctico. O

Leia mais

Aula 17: Cosmologia I. Henrique Dias Gomes

Aula 17: Cosmologia I. Henrique Dias Gomes Aula 17: Cosmologia I Henrique Dias Gomes hdias467@gmail.com Cosmologia wikipedia: Cosmologia (do grego κοσμολογία, κόσμος="cosmos"/"ordem"/"mundo"+ -λογία="discurso"/"estudo"); É o ramo da astronomia

Leia mais

Thaisa Storchi Bergmann

Thaisa Storchi Bergmann Thaisa Storchi Bergmann Membro da Academia Brasileira de Ciências Prêmio L Oreal/UNESCO For Women in Science 2015 3/11/16 Thaisa Storchi Bergmann, Breve história do Universo, Parte II 1 Resum0 da primeira

Leia mais

20. O lado escuro do universo

20. O lado escuro do universo 20. O lado escuro do universo 1 O paradigma cosmológico WMAP (Hinshaw et al. 2008) Para um universo de curvatura nula: Energia escura: 0.72 Matéria escura: 0.23 Matéria bariônica: 0.046 (em unidades da

Leia mais

Thaisa Storchi Bergmann

Thaisa Storchi Bergmann Thaisa Storchi Bergmann Membro da Academia Brasileira de Ciências Prêmio L Oreal/UNESCO For Women in Science 2015 3/9/16 Thaisa Storchi Bergmann, Uma breve história do Universo, Parte I 1 Uma brevíssima

Leia mais

O Lado Escuro do Universo

O Lado Escuro do Universo O Lado Escuro do Universo Thaisa Storchi Bergmann Departamento de Astronomia, Instituto de Física, UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil Em 400 anos Telescópio Espacial Hubble (2.4m) Telescópio de Galileu (lente

Leia mais

Tópicos de Física Geral I Cosmologia: o que sabemos sobre a história do universo? Miguel Quartin

Tópicos de Física Geral I Cosmologia: o que sabemos sobre a história do universo? Miguel Quartin Tópicos de Física Geral I 2016 Cosmologia: o que sabemos sobre a história do universo? Miguel Quartin Instituto de Física, UFRJ Grupo: Astrofísica, Relatividade e Cosmologia (ARCOS) 1 Resumo do Seminário

Leia mais

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL p. 1

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL p. 1 INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL Victor O. Rivelles Instituto de Física Universidade de São Paulo rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/ rivelles/ XXI Jornada de Física Teórica 2006 INTRODUÇÃO

Leia mais

Astrofísica Geral. Tema 22: O Big Bang. Alexandre Zabot

Astrofísica Geral. Tema 22: O Big Bang. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 22: O Big Bang Alexandre Zabot Índice Modelos cosmológicos Expansão do universo Big Bang Evidências do Big Bang Bibliografia 1 30 Índice Modelos cosmológicos Expansão do universo

Leia mais

9. Galáxias Espirais (II)

9. Galáxias Espirais (II) 9. Galáxias Espirais (II) 1 A estrutura vertical dos discos Os discos das espirais são normalmente finos A espessura é produzida pela dispersão de velocidades na direção perpendicular ao plano do disco,

Leia mais

Teoria da Relatividade Restrita (1905) Parte III. Física Geral IV - FIS503

Teoria da Relatividade Restrita (1905) Parte III. Física Geral IV - FIS503 Teoria da Relatividade Restrita (1905) Parte III Física Geral IV - FIS503 1 Nesta aula: Efeito Doppler da Luz Momento Relativístico Energia Relativística Efeito Doppler do Som É a mudança na frequência

Leia mais

Simulação de um catálogo espectrofotométrico 4 os surveys J-PAS e SuMIRe. Laerte Sodré Jr. Fevereiro, 2011

Simulação de um catálogo espectrofotométrico 4 os surveys J-PAS e SuMIRe. Laerte Sodré Jr. Fevereiro, 2011 Simulação de um catálogo espectrofotométrico 4 os surveys J-PAS e SuMIRe Laerte Sodré Jr. Fevereiro, 2011 O que é o Pau Brasil Consórcio para organizar a participação brasileira no projeto J-PAS J-PAS:

Leia mais

FIS Cosmologia e Relatividade

FIS Cosmologia e Relatividade FIS02012 - Cosmologia e Relatividade Profa. Thaisa Storchi Bergmann Bibliografia: baseado no capítulo 4 do livro de Barbara Ryden Dinâmica Cósmica Num Universo isotrópico em expansão, as quantidades fundamentais

Leia mais

SÓ EU SEI O QUE VAI CAIR NA PROVA!

SÓ EU SEI O QUE VAI CAIR NA PROVA! O início de tudo E o que seria necessário para inventar o Universo? - Simples, um Big Bang. E o que seria um Big Bang? - O Big Bang (Grande expansão) é uma expressão utilizada pelos astrônomos para descrever

Leia mais

O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG

O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG O COMEÇO DO UNIVERSO O BIG-BANG ESTÁGIOS INICIAIS DO UNIVERSO No modelo padrão do Big-Bang, de acordo com as equações de Friedmann, os estágios iniciais do universo são caracterizados por condições de

Leia mais

CAP4 parte 1 RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA E SUA INTERAÇÃO COM A MATÉRIA. Alguns slides de P. Armitage, G. Djorgovski e Elisabete Dal Pino

CAP4 parte 1 RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA E SUA INTERAÇÃO COM A MATÉRIA. Alguns slides de P. Armitage, G. Djorgovski e Elisabete Dal Pino CAP4 parte 1 RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA E SUA INTERAÇÃO COM A MATÉRIA Alguns slides de P. Armitage, G. Djorgovski e Elisabete Dal Pino INTRODUÇÃO Estrelas mais importante fonte/sorvedouro de matéria na evolução

Leia mais

Medindo parâmetros cosmológicos Aula 2. Introdução à Cosmologia 2012/02

Medindo parâmetros cosmológicos Aula 2. Introdução à Cosmologia 2012/02 Medindo parâmetros cosmológicos Aula 2 Introdução à Cosmologia 2012/02 Aula passada Se conhecermos os valores de Ω para cada componente, podemos obter a(t) através da equação de Friedmann, e assim estudar

Leia mais

4 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia Prova Final Nacional 5 de Junho de :00

4 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia Prova Final Nacional 5 de Junho de :00 4 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia Prova Final Nacional 5 de Junho de 2009 15:00 Duração máxima 120 minutos Leia atentamente todas as questões. A questão 1 é de escolha múltipla. Nas restantes questões

Leia mais

Radiação Cósmica de Fundo

Radiação Cósmica de Fundo Radiação Cósmica de Fundo António Vale, CENTRA / IST 6ª Escola de Astronomia e Gravitação, IST, Setembro 2012 Radiação Cósmica de Fundo (CMB) O que é? Radiação relíquia, emitida após recombinação (~380000

Leia mais

Indicadores de distancia extragalácticos e lei de Hubble. Capitulo Indicadores de Distancia:

Indicadores de distancia extragalácticos e lei de Hubble. Capitulo Indicadores de Distancia: Indicadores de distancia extragalácticos e lei de Hubble Capitulo 3 3.1.1 Indicadores de Distancia: A determinação de distancia as galáxias é um problema que ainda esta em aberto e de sua solução dependem

Leia mais

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA

NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA NOTAS DE AULAS DE ESTRUTURA DA MATÉRIA Prof. Carlos R. A. Lima CAPÍTULO 12 ESTATÍSTICA QUÂNTICA Primeira Edição junho de 2005 CAPÍTULO 12 ESTATÍSTICA QUÂNTICA ÍNDICE 12-1- Introdução 12.2- Indistinguibilidade

Leia mais

Cosmologia Física Moderna 2 Aula 25 1

Cosmologia Física Moderna 2 Aula 25 1 Cosmologia Desde o tempo de Kepler, passando por Galileu, Newton e chegando ao início do séc. XX, o universo astronômico era considerado estático. A Terra parecia mover-se sobre um fundo imutável de estrelas,

Leia mais

Introdução à Cosmologia Física

Introdução à Cosmologia Física Introdução à Cosmologia Física Aulas 7/8: Distâncias Cosmológicas > Ryden, Capítulos 4-5-6-7 (É tudo misturado mesmo!) Medidas de distâncias cosmológicas Distância angular (ou: distância de diâmetro angular)

Leia mais

Das Galáxias à Energia Escura: Fenomenologia do Universo

Das Galáxias à Energia Escura: Fenomenologia do Universo Das Galáxias à Energia Escura: Fenomenologia do Universo Martín Makler ICRA/CBPF Fenomenologia Universo do Cosmólogo Teórico: Homogêneo e isotrópico Dominado por matéria/energia escura Universo do Astrônomo:

Leia mais

13 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia

13 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia 13 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia Prova da final nacional PROVA TEÓRICA 5 de maio de 018 Duração máxima 10 minutos Notas: Leia atentamente todas as questões. As primeiras 6 questões são de escolha

Leia mais

Evolução Estelar I. Prof. Jorge Meléndez Departamento de Astronomia, IAG/USP. AGA 0205 Elementos de Astronomia 2013-B

Evolução Estelar I. Prof. Jorge Meléndez Departamento de Astronomia, IAG/USP. AGA 0205 Elementos de Astronomia 2013-B Evolução Estelar I Prof. Jorge Meléndez Departamento de Astronomia, IAG/USP AGA 0205 Elementos de Astronomia 2013-B O que é uma estrela? É um corpo gasoso no interior do qual ocorrem reações de fusão nuclear

Leia mais

A Descoberta da Radiação Cósmica de Fundo

A Descoberta da Radiação Cósmica de Fundo A Descoberta da Radiação Cósmica de Fundo mailto:ronaldo@astro.iag.usp.br http://www.astro.iag.usp.br/ ronaldo/intrcosm/notas/index.html 21 de junho de 2007 Os Primeiros Passos Relevância do Estudo da

Leia mais

Cap. 10. Interiores Estelares. Fontes de energia. Transporte de energia: radiação. AGA 0293, Astro?sica Estelar Jorge Meléndez

Cap. 10. Interiores Estelares. Fontes de energia. Transporte de energia: radiação. AGA 0293, Astro?sica Estelar Jorge Meléndez Cap. 10. Interiores Estelares. Fontes de energia. Transporte de energia: radiação AGA 0293, Astro?sica Estelar Jorge Meléndez Equação de Conservação de Massa dm r = ρ dv dr Equilíbrio hidrostálco P+dP

Leia mais

Introdução à Astrofísica. Lição 21 Fontes de Energia Estelar

Introdução à Astrofísica. Lição 21 Fontes de Energia Estelar Introdução à Astrofísica Lição 21 Fontes de Energia Estelar A taxa de energia que sai de uma estrela é extremamente grande, contudo ainda não tratamos da questão que relaciona à fonte de toda essa energia.

Leia mais

11 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia

11 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia 11 as Olimpíadas Nacionais de Astronomia Prova da Final Nacional PROVA TEÓRICA 8 de abril de 2016 Duração máxima 120 minutos Notas: Leia atentamente todas as questões. Todas as respostas devem ser dadas

Leia mais

Paradoxo de Olbers. Porque é que o céu à noite é escuro? Renata Amado 6 de Fevereiro de 2018

Paradoxo de Olbers. Porque é que o céu à noite é escuro? Renata Amado 6 de Fevereiro de 2018 Paradoxo de Olbers Porque é que o céu à noite é escuro? Renata Amado 6 de Fevereiro de 08 Durante a procura de um tema para o Projeto em Matemática, surgiu uma pergunta que despertou, imediatamente, o

Leia mais

Estrelas Variáveis e Aglomerados de Estrelas

Estrelas Variáveis e Aglomerados de Estrelas Estrelas Variáveis e Aglomerados de Estrelas - Estrelas Variáveis: relação período-luminosidade (R-PL) - Aglomerados Abertos e Globulares: Idades Diagrama H-R e Diagrama cor-magnitude Sandra dos Anjos

Leia mais