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Transcrição

1 Editora Penalux Guaratinguetá, 2017 miolo-revoada.indd 3

2 Rua Marechal Floriano, 39 Centro Guaratinguetá, SP CEP: Edição: França & Gorj Revisão: Claudia Manzolillo Capa e diagramação: Guilherme Peres Arte sobre fotos: Pedro Mazzei Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M477r MAZZEI, Sonia Maria Revoada / Sonia Maria Mazzei Penalux: Guaratinguetá, p.: 18 cm. ISBN: Poesia I. Título CDD B869.1 Todos os direitos reservados. A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux. miolo-revoada.indd 4

3 Dois olhares sobre Revoada À primeira leitura de Revoada, de Sonia Maria Mazzei, a impressão que se tem é de que é uma obra singela, própria para uma tarde despretensiosa que nos leva a ler o livro olhando pela janela, vendo o tempo passar. No entanto, quando lemos os poemas com o objetivo de penetrar surdamente no reino das palavras, encontramos uma obra densa, lírica, muitas vezes, cubista, com a marca do cotidiano, em que a autora passeia tranquilamente encontrando nele a sua receita na tentativa de escrever um livro, / Páginas rabiscadas, versos soltos, ( Receita poética ), ou ainda, quando busca a folha em branco /.../ Ao encontro de um poema. ( Presente ). A poesia está em qualquer lugar, os elementos água, terra, fogo e ar permeiam-na contribuindo para o fazer poético: é a passagem do tempo, o esgarçar dos retalhos que se repete na festividade junina, a ida do miolo-revoada.indd 11

4 trem, a realidade do mundo, a lembrança do matrimônio e muito mais. Quanto ao título, Revoada, ele, antes de nomear um poema, encontra-se encoberto no poema Passado Perfeito : Um vento sopra / E, em revoada, / O passado escapa / Pela janela aberta / Do sexto andar. Esse passado transformado em pássaros separa as folhas picotadas/ mortas para que somente voltem ao presente as folhas da criação: Quem sabe hoje Pássaros retornem à janela Fechada outrora para balanço. Quem sabe hoje A poda seja feita E o vento sopre de leve Varrendo as folhas mortas. A autora usa uma linguagem simples, fluida, própria do falar cotidiano, entendível por qualquer um, mas as metáforas não são para qualquer um; nota- -se nela uma rica infinidade de recursos poéticos, incluindo a métrica e a rima populares. Ou seja, a elamiolo-revoada.indd 12

5 boração de sua poesia exigiu-lhe o cuidado próprio da luta vã com as palavras, obtendo uma harmonia total de um estilo pessoal que, muitas vezes, me fez sorrir. E disso eu gosto! Maria do Carmo Cardoso da Costa Professora Associada da Faculdade de Letras UFRJ. Pesquisa o Romanceiro Ibérico. Mestra e Doutora em Literatura Espanhola FL- UFRJ * Se, em REVOADA, de Sonia Maria Mazzei, o eu lírico diz: Eu danço com as palavras é porque exprime a consciência do ofício literário através de um lirismo encantador. A começar pelo título que remete a Poemas de Mario Quintana, a autora proporciona uma grande viagem ao leitor. Página a página, encanta-o com uma beleza arrebatadora. E, por ser a palavra a ferramenta essencial à literatura, não poderia a poeta Sonia Maria Mazzei se esquivar do viés metalinguístico em vários textos como Conmiolo-revoada.indd 13

6 vite, Persistência, Presente, isso para citar apenas alguns. Nessa seção, vale ressaltar que, de madrugada, Um verso avulso / Sobrevoa meu quarto (...) / Pousa sobre minha mão esquerda / E me guia / Ao encontro de um poema porque lhe é impossível fugir ao desígnio de produzir literatura. Não se mostra contrária às intempéries do tempo nem à possibilidade da morte, como se lê em: Mas se um dia eu perco a dança / E esse dia vai chegar / Me despeço e sem alarde / Vou dançar noutro lugar. E, se, em Eu e elas, a morte das camélias poderia representar uma dor profunda, de ordem individual, Sonia Maria sabe transformá-la em arte, numa prova da universalidade do texto literário. Em voo, a poeta passeia pela temática do tempo em Memória, Armadilha e Álbum, poema no qual evoca: Para onde foram todos / Que me fitam hoje / Como faziam outrora? Adentra também o universo do social no contundente Esperança no qual o eu lírico revela que, apesar de Fome, míngua, omissão, / Pânico, sobressalto, / Assombro, desordem, / Luto em meio a um cenário caótico onde (...) os grilos insistem em cantar / Sob o flúmen de prata da lua, e a poeta continua miolo-revoada.indd 14

7 a escrever porque sabe que a palavra é uma arma contra a tirania. E, após a aterrissagem, fica o desejo, tanto para Sonia Maria Mazzei quanto para os leitores da poeta de: Que as palavras sempre se debrucem sobre ela. Luiz Otávio Oliani Poeta, professor de Língua Portuguesa, Literatura e Produção Textual. Possui 12 títulos publicados: nove de poemas e três peças teatrais. miolo-revoada.indd 15

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9 Sumário CONVITE 19 ITINERÁRIO 21 PERSISTÊNCIA 22 TECITURA 23 A NOITE ENGANA A GENTE 25 CAMINHO 26 RETALHOS 27 PONTUALMENTE 29 ESPERANÇA 30 DESPEÇO-ME 31 MARINHA 33 RETRATO 34 EU E ELAS 35 FOLHAGEM 37 ÚLTIMA CEIA 38 RESSACA 39 DESESPERANÇA 40 A DANÇA 41 PROCISSÃO 43 BLEFE 44 AO LEITOR 45 VISAGEM 47 PRESENTE 48 INFÂNCIA 49 VIAGEM INTERIOR 50 MEMÓRIA 53 JUNINA 54 SONORIDADES 55 EM ALGUM LUGAR, UMA CASA 56 SEM MAIS 57 DISFARCE 58 RECEITA POÉTICA 59 SARAU 60 QUEM SABE 61 ANIVERSÁRIO 62 ÁLBUM 64 FUGAZ 65 DESATENTO 67 A MORTE, ESSA DESCONHECIDA 68 SINA 70 SOLITUDE 71 MOTIVO 72 VIGÍLIA 73 HORAS VAGAS 74 ARMADILHA 75 DÚVIDA 76 PASSADO PERFEITO 77 CANÇÃO NOTURNA 79 REVOADA 80 miolo-revoada.indd 17

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