maria luiza maia t o d o s os nós Editora Penalux

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Elisa Batista Frade
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1 maria luiza maia t o d o s os nós Editora Penalux Guaratinguetá, 2019

2 Rua Marechal Floriano, 39 Centro Guaratinguetá, SP CEP: edição: França & Gorj capa e editoração eletrônica: Karina Tenório revisão: Marcela Güther e Elder Malaquias imagem capa: Depositphotos Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M217t MAIA, Maria Luzia Todos os nós / Maria Luzia Maia. Guaratinguetá, SP: Penalux, p.: 19 cm. ISBN: Poesia I. Título. CDD: B869.1 Índice sistemático: 1. Literatura Brasileira Todos os direitos reservados. A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux.

3 escrevo aos poetas Salvador, 10 de outubro de 2018 resolvi acreditar em todos aqueles poetas os melancólicos que sempre disseram que a escrita é um refúgio enquanto espero que cada palavra aqui transposta me tome inteira ou simplesmente me proteja do que pode vir do outro lado e do medo que vem daqui de dentro. também coloco minha fé à disposição daqueles poetas os outros os otimistas que sempre disseram que as palavras, uma vez num papel, conseguem alcançar pessoas muitas pessoas e diante de tudo isto destas crenças construídas de última hora aqui dentro todos os nós 13

4 eu peço a todos eles os poetas os melancólicos e os otimistas que me ensinem a fazer das minhas palavras escritas um refúgio e, principalmente, que a minha escrita seja passível de alcance não a uma grande quantidade de pessoas, não. preciso apenas de uma só. 14 todos os nós

5 Salvador, 26 de fevereiro de 2019 depois de alguns tantos caracteres colecionados agora e ao longo da vida eu digo: poetas, vocês todos os melancólicos e os otimistas vocês estavam errados. todos os nós 15

6 estrutura não sabe precisar a data mas diz que é como se praticamente tivesse nascido com esse nó bem no meio das vísceras. se ela o desamarra depois de uma vida inteira o que acontece? 16 todos os nós

7 para Clara pegue uma agulha, Clara a menor que encontrar e uma linha da cor que mais gosta cuidado para não se perder no buraco pequeno e costure de volta os pedaços de seu corpo que se perderam nos últimos meses. agora você sabe onde encontrá-los. costure a si mesma com o cuidado de um pano fino despedaçado prestes a se desfazer no próximo uso. costure a si mesma com o cuidado de um pano fino elegante e enfeitado daqueles que a gente deixa guardado esperando um momento importante para ser usado. todos os nós 17

8 meu corpo corre a rampa vazia me permite que eu a desça correndo despreocupada enquanto não passam carros ou pessoas me bater com alguma delas nesse momento seria a parte mais preocupante. ainda é cedo e me espanto com o vazio da rua com o barulho do vento em meus ouvidos e o assanhado em meu cabelo mas que me avisa que em breve, tão breve estarei naquele quarto, do jeito que o deixei: quieto, silencioso, me esperando. procuro a cafeteira mais velha e preparo, o quase meio litro da única refeição que escolhi ter nas próximas horas, até o amanhecer. me apronto para as madrugadas como se fossem eventos cheios de pessoas queridas e abraços. 18 todos os nós

9 a madrugada é a minha pessoa querida, é ela quem me abraça. se corro ao voltar do trabalho da vida em sociedade das satisfações do barulho da poeira do medo é por elas, para que chegue naquele quarto em tempo suficiente para me preparar para o nosso encontro. todos os nós 19

10 Este livro foi composto em Sabon LT Std pela Editora Penalux e impresso em papel pólen bold 90 g/m², em julho de 2019.

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