AGRAVO DE INSTRUMENTO n /7-00, da Comarca de SÃO. PAULO, em que são agravantes BANCO ESPIRITO SANTO S/A,

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1 J TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO A TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃC PAULO. \ ACÓRDAO/DECISAG MONOCRATICA ^ ACÓRDÃO REGISTRADO(A) SOB, J ^ lülhillulllllliliuim» "" *0Q946210* S2 Vistos, relatados e discutidos estes autos de ^ AGRAVO DE INSTRUMENTO n /7-00, da Comarca de SÃO PAULO, em que são agravantes BANCO ESPIRITO SANTO S/A, DEUTSCHE TRUSTEE COMPANY LIMITED, RAIFFEISENLANDESBANK OBEROSTERREICH LINZ E OUTROS sendo agravado PARMALAT PARTICIPAÇÕES DO BRASIL LTDA: ACORDAM, em Câmara Especial de Falências e Recuperações Judiciais de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores BORIS KAUFFMANN (Presidente, sem voto), JOSÉ ROBERTO LINO MACHADO e ROMEU RICUPERC São Paulo, 15 de março de 200fe. [EREIRA CALÇAS Relator 03

2 Comarca Agravante(s) Agravado(a)(s) : São Paulo - 1 a Vara Cível : Banco Espírito Santo S/A e Outros : Parmalat Participações do Brasil Ltda. VOTO N "Recuperação Judicial. Agravo de Instrumento. Alegação de preclusão afastada, em face da impreclusividade "pro judicato" em matéria de prazo aplicável a todos os credores, por ser de ordem pública. Prazo de 30 dias para a apresentação de objeção ao plano de recuperação judicial. O termo inicial do prazo para objeções ao plano conta-se da publicação do edital com a relação dos credores feita pelo Administrador Judicial ou do edital contendo aviso sobre o recebimento do plano, iniciando-se a sua fluência da publicação que ocorrer por último. Necessidade da publicação da relação dos credores

3 feita pelo Administrador Judicial para formular objeção ao plano de recuperação. Legitimidade de qualquer credor para apresentar a objeção ao plano de recuperação judicial, seja o que constar da relação de credores formulada pelo devedor, bem como os que apresentarem habilitação ou divergência, independentemente de terem sido, ou não, atendidos na relação do administrador judicial." Vistos. 1. Trata-se de agravo de instrumento manejado por BANCO ESPÍRITO SANTO S/A e OUTROS no pedido de recuperação judicial que está em processamento e foi formulado por PARMALAT PARTICIPAÇÕES DO BRASIL LTDA., insurgindo-se contra a r. decisão que, atendendo solicitação da devedora ao apresentar o plano de recuperação judicial, deferiu a publicação do aviso previsto no artigo 55, parágrafo único da LRF, constando que o prazo de objeções ao plano começará a correr do aviso de entrega do plano. Esclarecem os agravantes que a r. decisão foi justificada ante a "necessidade de cumprimento do/ prazo

4 legal para eventual assembléia de credores e ainda estar em curso o prazo para o administrador judicial apresentar a sua relação de credores (artigo 7 o, 2 o, da LRF)". Interpostos embargos de declaração, os mesmos ainda não foram apreciados, pelo que, interpuseram o presente agravo de instrumento, postulando a anulação ou reforma da decisão, seja em virtude da preclusão, seja porque ela afronta o artigo 55 "caput" da LRF. Fundamentam a argüição de preclusão afirmando que o MM 0 Juiz, ao deferir o processamento da recuperação judicial e ordenar a publicação do edital do artigo 52, parágrafo primeiro, III, da LRF, fez constar a advertência do prazo "para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do artigo 55 desta Lei", tendo decidido expressamente sobre a questão proclamando: "Por isso, visando evitar a formação de tumulto e ante a imprecisão dos prazos para objeção estabelecidos no inciso III do 1 o do art. 52 da LRF, em conjunto com o parágrafo único do artigo 55 da LRF, determino, desde já, que o prazo de 30 (trinta) dias para as objeções ao plano de recuperação se iniciará a partir da publicação da lista de credores que será publicada na forma do 2 o do artigo 7 o da LRF". Como não houve interposição de qualquer recurso contra tal decisão, sustentam que a mesma restou preclusa (artigo 183, CPC), mercê do qjfffe, a

5 teor dos artigos 471 e 473 do diploma de ritos, não poderia o magistrado decidir a questão novamente. Por isso, nula a decisão hostilizada, já que decide, outra vez, questão anteriormente decidida e irrecorrida. Relativamente ao mérito, invocam o artigo 55 "caput 1 ' e o seu parágrafo único, da LRF, que assim estão redigidos: Art "Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30 dias contado da publicação da relação de credores de que trata o 2 o do art. 7 o desta Lei. Parágrafo único - Caso, na data da publicação da relação de que trata o "caput" deste artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o prazo para as objeções". Sustentam que a regra geral é a de que o prazo de 30 dias para a objeção ao plano somente deve fluir a partir da publicação da relação de credores a ser elaborada pelo Administrador Judicial, após a conclusão da fase administrativa de verificação e habilitação de créditos, prevista no artigo 7 o, 2 o, da LRF. Tal exigência deriva da circunstância de que o plano deve demonstàar a

6 viabilidade econômica da recuperação, a qual, somente será aferida mediante a comparação da capacidade de geração de caixa com o fluxo de pagamentos, que só pode ser realizada com a informação do passivo esperado. Em suma, sem o exame da relação de credores confeccionada pelo Administrador Judicial, torna-se inviável formular objeção ao plano de recuperação. Enfatizam que o parágrafo único do artigo 55 estabelece regra alternativa de fluência do prazo para objeções ao plano, que apenas será aplicável nos casos em que a relação de credores já tenha sido apresentada e publicada, mas o edital com aviso de recebimento do plano ainda esteja pendente de publicação, invocando doutrina que conforta sua tese. Postulam o efeito suspensivo e, a final, pedem o provimento do recurso (fls.2/13). O recurso foi distribuído ao eminente Desembargador ELLIOT AKEL, que antecipou, em parte, os efeitos da tutela recursal para manter a eficácia da decisão agravada, mas possibilitando aos agravantes a apresentação de eventual objeção ao plano somente após o conhecimento da relação de credores elaborada pelo Administrador Judicial (fls.102/103). (fls.112/130). O recurso foi contraminutado

7 O Desembargador ELLIOT AKEL representou à E. Presidência da Seção de Direito Privado, em face da anotação de prevenção (fls.133/134), seguindose decisão de que a competência, para a relatoria dos recursos interpostos na Recuperação Judicial da Parmalat, é deste Relator (fls.136). regimental (fls.142). A agravada interpôs agravo Relatados. 2. Aprecia-se, primeiramente, a preliminar de falta de interesse recursal, invocada pela agravada, sob o argumento de que a decisão atacada foi expressa ao possibilitar a todos os credores, indistintamente, reconhecidos ou não pela devedora, o direito de apresentar objeções ao plano de recuperação. "Data venia", o interesse recursal está presente, eis que, não se está alegando que a decisão recorrida obsta aos credores, não incluídos na relação apresentada pela devedora ou que tiveram seus créditos impugnados, de formular suas objeções ao plano. O que se afirma no recurso é diferente: sustenta-se que qualquer credor tem o direito de aguardar a apresentação da relação de credores elaborada pelo Administrador Judicial, nos

8 termos do artigo 7 o, parágrafo 2 o, da LRF, para formular suas objeções ao plano, pois, referida relação é indispensável para a aferição, de modo mais seguro, da viabilidade econômico-financeira daquele, mediante a comparação da capacidade de geração de caixa com o fluxo de pagamento do passivo. preliminar de não conhecimento do agravo. Por tais razões, rejeita-se a 3. Examina-se, a seguir, a alegação de preclusão, suscitada pelos agravantes. Cumpre, "venia concessa", afastar a alegação de que a questão a respeito do prazo para a formulação de objeção ao plano de recuperação estaria preclusa, uma vez que o magistrado, ao deferir o processamento da recuperação judicial e ordenar a publicação do edital do artigo 52, parágrafo 1 o, expressouse da seguinte forma: "Nesse tópico, deve ser resolvida questão de prazos, pois Fábio Ulhoa Coelho (Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas, 2 a ed., Ed. Saraiva, 2005, p. 165, item 134) anota que a lei se confundiu na definição do prazo para a apresentação de

9 objeção, no mesmo sentido que é observado por Manoel Justino Bezerra Filho (Nova Lei de Recuperação e Falências Comentada, 3 a ed., RT, 2005, p. 164), ou seja, que a lei, quando determinou a contagem de prazos para objeção, será fonte certa de tumulto processual. Assim, há que se acolher a sugestão que Manoel Justino Bezerra Filho (ob. e p. cit.), com a finalidade de dirimir tal questão. Por isso, visando evitar a formação de tumulto e ante a imprecisão dos prazos para objeção estabelecidos no inciso III do parágrafo I o do art. 52 da LRF, em conjunto com o parágrafo único do art. 55 da LRF, determino, desde já, que o prazo de 30 (trinta) dias para objeções ao plano de recuperação se iniciará a partir da publicação da lista de credores que será publicada na forma do parágrafo 2 o do art. 7 o, da LRF. " (fls. 84). Posteriormente, apresentado o plano de recuperação, atendendo ao requerimento da devedora, o digno juiz proferiu a decisão hostilizada, vazada nos seguintes termos: "]. Expeça-se o edital, observandose que fica aberto o prazo de 30 dias para impugnação, a

10 contar da data da publicação do aviso de entrega do plano, para aqueles já com crédito reconhecido, bem como para aqueles sem o crédito reconhecido e que estão postulando a habilitação deles, bem como aqueles que tem impugnação aos créditos declarados. 2. Justifica-se tal decisão na necessidade de cumprimento do prazo legal para eventual assembléia de credores e ainda estar em curso o prazo para o administrador apresentar a sua relação de credores (art. 7, parágrafo 2 o, da Lei /05)". Aparentemente, como sustentam os agravantes, a segunda decisão, objeto deste recurso, não poderia ter sido proferida, uma vez que a questão do prazo para as objeções ao plano de recuperação já teria sido decidida, de forma expressa, pelo magistrado no momento em que deferiu o processamento da recuperação judicial, conforme decorre dos artigos 183, 471 e 473, todos do Código de Processo Civil. Com a devida vênia, não está caracterizada a preclusão, pois, tratando-se de decisão sobre o prazo para a apresentação de objeção ao plano de recuperação judicial, matéria de ordem pública que afeta o direito de todos os credores, enquanto o juiz não acabar o seu ofício jurisdicional na causa, com a decisão definitiva

11 sobre a concessão ou denegação da recuperação judicial, inexiste preclusão. Nesta senda, tratando de pressupostos e condições da ação, o Colendo Supremo Tribunal Federal tem amparado a tese da impreclusividade "pro judicato" da matéria constante dos incisos IV, V e VI, do artigo 267 do Código de Processo Civil, mesmo quando a decisão declaratória de saneamento do processo se torna irrecorrida. Nesse sentido, decisão da lavra do Ministro Alfredo Buzaid (Ação Civil Originária n 268-DF, Agravo Regimental: "... o Código de Processo Civil adotou o princípio de que a verificação dos pressupostos processuais e das condições da ação fosse feita desde o despacho que aprecia a petição inicial e em qualquer momento posterior no processo civil, até o julgamento definitivo da lide que exaure o ofício jurisdicional (CPC, art. 267, par. 3 o ). Acerca dos pressupostos processuais e das condições da ação não há preclusão para o Juiz enquanto não acabar seu ofício jurisdicional na causa, pela prolação da sentença definitiva. A preclusão é sanção imposta à parte, porque consiste na perda de uma faculdade processual; mas não se aplica ao Juiz, qualquer que seja o grau de jurisdição ordinária. Para o Juiz só se opera a preclusão maior, ou seja, a coisa julgada". (RTJ, vol. 101/901, referência feita em RT, vol. 640/24) (JTJ-Lex, 207/10).

12 O saudoso Theotônio Negrão, acolitado por José Roberto F. Gouvêa, anota: "Nas instâncias ordinárias não há preclusão para órgão julgador enquanto não acabar o ofício jurisdicional na causa pela prolação da sentença definitiva". (RSTJ 64/156 e JTJ 207/9) (CPC e Legislação Processual em Vigor, Ed. Saraiva, 36 a ed., pág.522). Relativamente ao prazo para a formulação de objeçoes ao plano de recuperação, classificado como prazo endoprocessual, próprio e preclusivo, a norma que disciplina seu termo inicial, fluência e contagem é de ordem pública, haja vista que interessa a todos os credores do devedor em recuperação judicial (concurso de credores), mercê do que, trata-se de prazo indisponível. Nesta linha de raciocínio, caso o magistrado tenha fixado o termo da fluência do prazo para as objeçoes ao plano por decisão expressa que resulte irrecorrida, e t posteriormente, de ofício ou provocado por qualquer dos interessados, entender que se equivocou, nada impede que reexamine a questão, em face da impreclusividade "pro judicato".

13 Rejeita-se, portanto, a argüição de prectusao, bem como a alegação de nulidade da decisão hostilizada. 4. Relativamente ao mérito, a questão, efetivamente é tormentosa e, ao que me consta, inexistem ainda precedentes dos Tribunais. O artigo 52, parágrafo 1 o, III, da LRF, preceitua que o juiz, ao deferir o processamento da recuperação judiciai, ordenará a expedição de edital que conterá: "a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos na forma do art. 7 o, parágrafo 1 o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei". Lei consta: Por outro lado, mais adiante da Art. 55: "Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30 dias contado da publicação da relação de credores de que trata o parágrafo 2 o do art. 7 o desta Lei".

14 13 Parágrafo único: "Caso, na data da publicação da relação de que trata o "caput" deste artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o prazo para as objeções". A disciplina dos prazos na recuperação judicial, com certeza, gerará inúmeros problemas para sua correta interpretação. Conciliar o prazo improrrogável de 180 dias da suspensão das ações (art. 6, 4 o ); o prazo improrrogável de 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, para apresentar o plano de recuperação (art. 53 "caput"); a data da designação da assembléia-geral não excedente a 150 dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial (art. 56, 1 o ); e o prazo para apresentação de objeção ao plano, será praticamente impossível nos casos de recuperação judicial de grandes empresas, como o caso "sub judice". Em que pesem as dificuldades acima suscitadas, é de rigor que se dê a interpretação aos dispositivos que regem o tema. A questão rprincipal para se decidir neste recurso é a de se verifiiar se^-e^objeção ao

15 14 plano de recuperação só pode ser apresentada após a publicação da relação dos credores elaborada pelo Administrador Judicial (artigo 7, parágrafo 2 o ), ou, se referida relação não é essencial para a formulação das objeções. Do exame do artigo 7, parágrafos 1 o e 2 o em conjunto com o artigo 53 da Lei de Recuperações e Falências, constata-se que o legislador teve a intenção de que os prazos previstos nos referidos dispositivos legais coincidissem. Assim é que, o prazo para os credores apresentarem suas habilitações ou divergências é de 15 dias, contado da publicação do edital previsto no artigo 52, parágrafo 1 o, sendo certo que o administrador judicial terá o prazo de 45 dias, contado do fim do prazo de 15 dias, para publicar o edital com a relação de credores por ele elaborada. Portanto: 15 dias para habilitar ou divergir, mais 45 dias para publicar o edital com a segunda relação de credores, perfaz o prazo de 60 dias. Por outro lado, consoante prevê o artigo 53 da Lei n /2005, o plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízofx no prazo improrrogável de 60 dias da publicação da tíecisão que deferir o processamento da recuperação judicia\j sob pena de convolação em falência.

16 s: 15 prazos poderão não coincidir. No entanto, é evidente que tais É preciso verificar, pois, se t apresentado o plano de recuperação e ainda não publicada a relação de credores do artigo 7 o, parágrafo 2 o, elaborada pelo Administrador Judicial, poderia iniciar-se o prazo para a apresentação de objeção ao plano, contado da publicação do edital previsto no artigo 53, parágrafo único, da Lei de Recuperações e Falências. Do exame dos dispositivos acima referidos, conclui-se que a vontade do legislador foi a de estabelecer, como regra geral, que a publicação da relação de credores feita pelo Administrador Judicial é ato essencial para poder ser formulada objeção ao plano de recuperação. Em rigor, a publicação da relação dos credores feita pelo Administrador Judicial é necessária para se aferir a legitimidade dos credores para o fim de deduzir objeção ao plano de recuperação. Por isso, diz o artigro 55 que "qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua )bjeção ao plano no prazo de 30 dias contado da publicação ó$ relação de que trata o parágrafo 2 o do art. 7 o desl

17 Cumpre ressalvar, no entanto, que nada impede que credores não constantes da relação do Administrador Judicial, mas que tenham formulado suas habilitações ou divergências, mesmo não atendidas, apresentem objeções ao plano de recuperação. Por outro lado, o artigo 53, parágrafo único, preceitua que "o juiz ordenará publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções, observado o artigo 55 desta Lei". Isto significa que a publicação do edital com o aviso de que o plano foi recebido nos autos é pressuposto indispensável para começar a fluir o prazo para a formulação de objeções, até porque, enquanto tal edital não for publicado, os credores não terão ciência de que o plano já está juntado para submeter-se à análise de todos os credores. A questão posta nos autos, no entanto, é a seguinte: O prazo para a apresentação de objeções poderá começar a fluir a partir datoublicação do aviso do recebimento do plano (artigo 53, parágrafo único) caso o Administrador Judicial ainda não tenhaipubiicado a

18 relação de credores, consoante previsto no artigo 7, parágrafo 2, da Lei de Recuperações e Falências? A resposta é negativa, pois, da leitura do artigo 55 "caput" verifica-se que o prazo para a apresentação de objeções ao plano de recuperação deve iniciar sua fluência a partir da publicação da relação de credores confeccionada pelo Administrador Judicial. Tanto assim é que, segundo o parágrafo único do artigo 55 da Lei de Recuperações e Falências, "caso na data da publicação da relação de que trata o "caput" deste artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o prazo para as objeções ". De se concluir, portanto, que o prazo para a manifestação de objeção ao plano de recuperação judicial só pode ter início após a publicação do aviso do recebimento do plano, mas, referido prazo não fluirá antes de ser publicada a relação de credores do artigo 7 o, parágrafo 2 o, da Lei de Recuperações e Falências. O Professor Jorge LTOO, da UERJ, se manifesta no sentido de que "o prazo para awipresentação de objeções é de trinta dias, a contar da publicaçkio do edital

19 1 18 com a nova relação de credores ou do edital sobre o plano de recuperação judicial, o que ocorrer por último". (Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falências, obra coletiva, Ed. Saraiva, 2005, p.148), o que conforta o entendimento de que, sem a publicação do edital da relação de credores elaborada pelo Administrador Judicial, o prazo para a objeção ao plano não começa a fluir. Será, pois, dado provimento ao recurso, para se determinar que o prazo de 30 dias para as objeções ao plano de recuperação comece a fluir a partir da publicação da relação de credores apresentada pelo Administrador Judicial. 5. Isto posto, pelo meu voto, dou provimento ao recurso. Lf^^-N^ ^ DESEMBARGADOR MANOEL DE Q JEIROZ PEREIRA RELATO 1