RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DE TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA. Mandioquinha-salsa Amarela de Senador Amaral
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- Bianca Maria de Begonha Câmara
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1 1 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DE TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA Nome da tecnologia: Mandioquinha-salsa Amarela de Senador Amaral Ano de avaliação da tecnologia: 2018 Unidade: Embrapa Hortaliças Responsável pelo relatório: Líder: Flávia Maria Vieira Teixeira Clemente Carlos Eduardo Pacheco Lima Murilo Felipe Bueno Marcelo Mikio Hanashiro Nirlene Junqueira Vilela (apoio na análise econômica) Brasília, fevereiro de 2019.
2 2 RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA 1. IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA 1.1. Nome/Título Mandioquinha-Salsa Amarela de Senador Amaral 1.2. Eixos de Impacto do VI Plano Diretor da Embrapa Indique em qual eixo de impacto do VI PDE se enquadra a tecnologia avaliada: Eixo de Impacto do VI PDE Avanços na busca da Sustentabilidade Agropecuária Inserção estratégica do Brasil na Bioeconomia Suporte à Melhoria e Formulação de Políticas Públicas Inserção Produtiva e Redução da Pobreza Rural Posicionamento da Embrapa na Fronteira do Conhecimento Não se aplica 1.3. Descrição Sucinta Destaque as principais características da tecnologia e as suas vantagens relativamente à tecnologia anterior: Também conhecida como batata-baroa, a mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) é excelente fonte de carboidratos, tem fácil cozimento e ausência de fatores antinutricionais, o que facilita a digestão. É boa fonte de vitamina A, vitamina C e vitaminas do complexo B, além de apresentar cálcio, magnésio, fósforo e ferro, segundo a nutricionista Cristiane Perroni (GLOBO ESPORTE, 2017). Segundo a Embrapa Hortaliças (2008), a mandioquinha-salsa é uma planta tipicamente sulamericana. O seu centro de origem é a região andina da Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia. Foi introduzida no Brasil no início do século XX, provavelmente a partir da Colômbia. A cultivar de mandioquinha-salsa Amarela de Senador Amaral (ASA) foi desenvolvida a partir de clones originários de sementes botânicas coletadas em áreas de produtores do Sul de Minas Gerais. Conforme informações disponibilizadas no site da Embrapa Hortaliças (2018), as características principais da tecnologia ASA são a cor amarelo-intensa e comprimento médio de raízes de 15 a 20 centímetros. As principais vantagens em relação às cultivares tradicionais são a boa produtividade (chegando a 18,6 t/hectare em campo), qualidade e uniformidade das raízes, e a precocidade, com ciclo de produção entre 7 e 8 meses. Este material está há quase duas décadas no mercado, com grande sucesso. Recentemente, novas cultivares como a BRS Rubia 41, a BRS Catarina 64 e a BRS Acarijó 56, desenvolvidas recentemente pela Embrapa Hortaliças e parceiros, estão gradativamente ocupando as áreas plantadas pela ASA. É fato consolidado que a ASA ainda possui grande participação (até 95% de participação no mercado, segundo alguns especialistas), mas está comprometido pela má qualidade do material vegetativo disponível. Há necessidade de limpeza prévia do material de propagação e disponibilização de material saudável em grandes quantidades, para fins comerciais. Assim, estes materiais farão parte de nossas discussões porque a tendência é de substituir totalmente a ASA em alguns anos.
3 Ano de Início da geração da tecnologia: Ano de Lançamento: Ano de Início da adoção: Abrangência da adoção: Selecione os Estados onde a tecnologia selecionada está sendo adotada: Nordeste Norte Centro Oeste Sudeste Sul AL AC DF ES PR BA AM GO MG RS CE AP MS RJ SC MA PA MT SP PB RO PE RR PI TO RN SE 1.8. Beneficiários Informe os principais beneficiários da tecnologia, adotando a classificação mais apropriada. No caso de resultados de centros temáticos, informe os principais usuários dos resultados gerados (laboratórios, institutos de pesquisa, universidades, indústrias, etc.). São beneficiários desta tecnologia: produtores de mudas de mandioquinha-salsa, agricultores de base familiar (principalmente), lavadores de mandioquinha-salsa (galpões onde são lavadas, selecionadas e embaladas essas raízes), atacadistas, agroindústrias, varejistas, restaurantes/cozinhas industriais e consumidores de mandioquinha-salsa, ou seja, toda a cadeia produtiva. Também, fazem parte do grupo de beneficiários órgãos parceiros da área de extensão e pesquisa, que orientam a produção da hortaliça no campo e realizam inúmeros ensaios junto aos produtores. Informe da Embrapa Hortaliças (2014) destaca que há inúmeros parceiros como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais - Emater/MG, Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater/PR, o atual Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Epagri, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro Pesagro/RJ, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Ceará EPACE, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CATI/SP e Casas da Agricultura deste Estado. Detalhes de como estão inseridos os beneficiários em cada elo da cadeia produtiva serão descritos no item seguinte. 2. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA Identifique os principais impactos detectados e analise sucintamente a cadeia produtiva em que se insere a tecnologia, considerando os principais segmentos ou componentes da mesma (produtores de insumos, produtores rurais, processamento, distribuição e consumo). Devem ser relacionados os diversos tipos de impactos detectados ou esperados (econômicos, sociais, ambientais, avanço do conhecimento, capacitação e/ou político-institucionais).
4 4 A cadeia produtiva da mandioquinha-salsa se compõe da seguinte forma: a) Envolve fornecedores de insumos, tais como fertilizantes orgânicos e/ou minerais, defensivos, sistemas de irrigação, e a sua rede de distribuidores. Ainda podem ser enquadrados nessa categoria os fornecedores de mudas de mandioquinha-salsa. Vale destacar que inúmeros defensivos ainda não estão registrados para a cultura da mandioquinha-salsa que, por outro lado, é mais rústica que a batata-inglesa e necessita de menor controle fitossanitário. Nesse sentido, são visíveis os impactos econômicos (comercialização de mudas com valor agregado e em grande quantidade: conforme a Eagle (2018), estavam previstas mudas disponibilizadas de ASA por 05 licenciados), ambientais (ao produzir e multiplicar materiais originalmente sadios, a necessidade de tratamento fitossanitário no campo é ainda menor) e sociais (geração de empregos no âmbito dos viveiristas e aumento da renda para cada um destes agentes). Segundo Madeira (2018), as atividades de preparar mudas da mandioquinha-salsa, plantar e colher as raízes exigem grandes cuidados no manuseio e isso justifica a especialização da mão-de-obra para a cultura. Em entrevistas realizadas no Sul do Estado de Minas Gerais, foi informado por parte dos produtores que caixas de mudas de 22 Kg, contendo cerca de mudas, estavam sendo comercializadas com o preço médio de R$ 140,00. São utilizadas cerca de 35 caixas/alqueire, ou 14,5 caixas/hectare (com o alqueire = 2,42 hectares). Segundo Rodrigues e Alencar (2018), com relação às mudas da hortaliça, as variedades BRS Catarina 64 e BRS Rubia 41 foram licenciadas pela empresa Eagle Flores, Frutas & Hortaliças, responsável pela comercialização das mudas certificadas. Para obter a certificação, a empresa registrou os campos de produção de mudas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No caso da variedade BRS Acarijó 56, ela foi apresentada, no dia 22 de junho, durante o Painel de Inovação e Negócios, realizado no Auditório da Feira Hortitec em Holambra. b) Os produtores de hortaliças são o principal segmento a ser analisado nessa cadeia, e estão distribuídos em todos os Estados da Região Sudeste, da Região Sul, em Goiás e no Distrito Federal. A grande maioria destes produtores é composta por agricultores familiares. O principal produtor é Minas Gerais, principalmente o Sul deste Estado. Nessa região, no 2º semestre do ano de 2018, foram visitados, in loco, produtores e empresas dos municípios de Bueno Brandão, Espírito Santo do Dourado, Ipuiuna, Munhoz, Pouso Alegre, Senador Amaral, Santa Rita de Caldas, Toledo. Foram entrevistados, para as avaliações socioeconômicas e ambientais, 09 produtores e 01 distribuidor de insumos, no formato de estudo de caso. Para Madeira (2018), a mandioquinha-salsa é uma cultura destinada para a agricultura familiar, com grande contratação de colaboradores. Entretanto, tem ocorrido uma concentração de área por produtor, mas a ASA ocupa ainda mais de 90% das áreas (havendo estimativas que mencionam até 95%). É uma cultura de ciclo médio (colheita a partir de 7-8 meses). Nesse contexto, para esta cultura, tem ocorrido o uso crescente de mecanização e irrigação, maior valorização na gastronomia, e maior pressão dos consumidores no que se refere à qualidade. Como problemas sérios para o setor, tem sido relatados o descuido com os princípios básicos de propagação, crescentes problemas fitossanitários e problemas de mercados devido à desorganização da cadeia produtiva. Além da aceitação pelo consumidor brasileiro, elevado valor de mercado e menor custo de produção comparado com a batata-inglesa, por exemplo, a mandioquinha-salsa é uma alternativa de emprego e renda para pequenos produtores, em especial da agricultura familiar, devido à necessidade de mão-de-obra da cultura. A produtividade relatada por um dos entrevistados no
5 acompanhamento da safra de 2018 no Sul de Minas Gerais para a ASA chegou a 17,35 t/hectare (a produtividade é maior porque no Estado se faz uso da irrigação em áreas produtivas), sendo o Centro-Sul o local de maior concentração do cultivo, onde há condições climáticas semelhantes ao seu local de origem, principalmente em áreas de altitude elevada e clima mais ameno. Os Estados mais relevantes na produção de mandioquinha-salsa, pela ordem de relevância, são: Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, e Rio Grande do Sul. Ver Tabela 1. Segundo a apresentação de Madeira (2018), em 2018, o Distrito Federal e o Rio de Janeiro apresentariam áreas individuais menores que 10 hectares e suas produções seriam inferiores a 100 toneladas; já os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia teriam menos de 5 hectares cada um, com produções inferiores a 50 toneladas. Por não possuírem estatísticas mais precisas e pela pequena dimensão de suas áreas e produções, tais Estados não foram incorporados nessas análises. Cabe ainda lembrar que muitos dos dados consolidados de 2018 não estavam disponíveis para a entrega da Tabela-Síntese de Impactos ao final de cada ano, sendo necessário trabalhar com as informações mais recentes disponibilizadas até então. 5 UF Ano Produção (t) Área (ha) Produtividade (t/ha) MG 2017/ ,0 17,000 PR ,0 11,795 SC 2017/ ,0 12,851 SP ,7 18,750 ES 2017/ ,0 14,654 RS ,0 15,000 total 2017/ ,7 14,770 Tabela 1: Produção, área e produtividade de mandioquinha-salsa no Brasil (2018) Fonte: compilado por Hanashiro (2018), a partir de Silveira (2018), Hamerschmidt (2018), Zanella (2018), IEA- SP (2018), Moreira (2018) e Copatti (2018). Os dados abaixo estão relacionados a um panorama bastante dinâmico, que variam de ano a ano, conforme o preço dessa cultura e das culturas alternativas existentes para cada Estado. Embora representem dados gerais de mandioquinha-salsa (ou batata-baroa), entre 90 a 95% da área plantada ainda é ocupada pela ASA. Há alguns anos, a ASA substituiu com sucesso a mandioquinha Amarela Comum. Ver a Figura 1. E, atualmente, a Senador Amaral está sendo substituída pelas novas cultivares BRS Catarina 64, BRS Rubia 41 e BRS Acarijó 56, desenvolvidas pela Embrapa, em conjunto com parceiros. Figura 1. Mandioquinha-salsa Amarela Comum e Amarela de Senador Amaral Autor: imagem compilada por Nirlene Vilela. Segundo informações divulgadas por Silveira (2018), da Emater/MG, no Estado de Minas Gerais, foram contabilizados cerca de 700 produtores para o ano de 2018, sendo que a grande
6 maioria (587) é de agricultores familiares. A maior parte dos agricultores está na região Sul do Estado (546 agricultores), seguida pela região Central (83 agricultores) e pela região Campo das Vertentes (54 agricultores). Há cerca de 48 municípios com esta cultura, e entre os anos de 2013 a 2018, a área plantada em Minas Gerais variou de a hectares. A produtividade da cultura na Região tem variado muito, de 10 a 35 toneladas/hectare, com a média de 17 toneladas/hectare. O custo de produção varia de R$ 0,70 a 0,90/Kg, sendo que o item mais oneroso é a mão-de-obra, que corresponde a 32% do total, seguido pelos insumos, com 12% e arrendamento do terreno, com 9%. Os 04 municípios que mais produziram a cultura em 2017 foram, respectivamente, Ipuiuna (com hectares plantados e toneladas produzidas); Espírito Santo do Dourado (com 570 hectares e toneladas); Caldas (com 300 hectares e toneladas) e Santa Rita de Caldas (com 200 hectares e cerca de toneladas). A respeito dos preços praticados na Ceasa/MG, os valores pagos por quilo não chegaram a R$ 3,00, na média. Foram registrados os valores médios de R$ 2,23 em 2015, R$ 2,86 em 2016 e R$ 2,25 em Na região do Sul de Minas Gerais, verificou-se que a área plantada com a mandioquinhasalsa ainda é bem significativa, também em virtude da cultura se apresentar como alternativa à batata-inglesa, cujos preços no segundo semestre de 2018 estavam abaixo do custo de produção, de acordo com técnicos da Emater-MG que foram entrevistados. Isso fez com que os produtores buscassem alternativas mais viáveis. Já no Paraná, segundo dados da Emater/PR (Hamerschmidt, 2018) para a safra 2016/2017, havia produtores plantando a mandioquinha-salsa, em 42 municípios. Neste Estado, o número atingiu o apogeu nos anos 1999/2000, com produtores, a partir do qual começou a oscilar para baixo. A média dos preços mensais pagos ao produtor entre abril de 2017 e abril de 2018 foi de R$ 2,07. Conforme Zanella (2018), no caso do Estado de Santa Catarina, há cerca de 900 famílias envolvidas, cujas propriedades têm tamanho médio de 1,5 hectare. Cerca de 54,2% da área de produção no Estado (1.245 hectares) está na Grande Florianópolis (675 hectares). Sobre o Estado de São Paulo, Binoti (2018) informa que a mandioquinha é o 34º produto mais comercializado na Ceagesp. Em 2016, as cidades paulistas que mais comercializaram este produto foram, em ordem decrescente: Piedade, Pedra Bela, Socorro e Tapiraí. Em Socorro, mais de 80% dos produtores estavam sob o regime de agricultura familiar e a produtividade em algumas propriedades chegou a 826 caixas de 34 Kg, o equivalente a 28,1 toneladas/hectare. Predomina o plantio e a colheita manual, com o uso de irrigação para atender exigências hídricas em períodos críticos. Conforme Moreira (2018), no Espírito Santo, em 2018, a área plantada de mandioquinhasalsa foi de apenas 295 hectares, tendo sofrido decréscimos contínuos desde 2013, quando a área foi de 424 hectares. Da mesma forma, ocorreu um decréscimo contínuo da produção desde 2015 (4.992 toneladas), chegando a toneladas em Por outro lado, a produtividade tem se mantido estável, e em 2018, foi de 14,65 toneladas/hectare. O preço médio pago ao produtor que foi de R$ 5,23 no ano de 2016, caiu para R$ 2,81 em 2018 (média dos três primeiros meses). Finalmente, no Rio Grande do Sul, de acordo com Copatti (2018), estimava-se a área plantada em 50 hectares e a produção de 750 toneladas para Os preços nas Ceasas atingiram R$ 11,00/Kg em
7 7 Há outros Estados (DF, RJ, GO, MS e BA) com uma representação de menos que 0,4% da área total plantada, somando todos eles, de acordo com a estimativa de Madeira (2018). De qualquer forma, tomando o exemplo do Distrito Federal, o custo total por hectare de uma área produtora de mandioquinha-salsa é de R$ ,97. Como a produtividade média é de 750 caixas de 20Kg por hectare, ou 15 toneladas/hectare, o custo médio por caixa é de R$ 27,37 e por quilo, de R$ 1,37 (EMATER-DF, 2018). Por ser uma cultura muito importante para a agricultura familiar, que envolve até propriedades nacionalmente (Carvalho, 2018), é inegável a sua importância social em termos de manutenção de pessoas no campo e mesmo na geração de empregos no âmbito das pequenas propriedades. Neste elo da cadeia, há relatos que o maior impacto ambiental positivo em decorrência do uso da cultivar de mandioquinha-salsa ASA foi observado para os indicadores de Uso de Agroquímicos, onde houve citação unânime por parte dos entrevistados de redução da frequência de aplicação de agrotóxicos em função do uso da tecnologia (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2014). c)há os chamados lavadores, que compram a mandioquinha junto aos produtores e vendem aos atacadistas, após lavagem, seleção e embalagem. Em nossas visitas no Sul de Minas Gerais, alguns desses agentes foram contatados. Neste segmento da cadeia, ainda há atacadistas como as Ceasas, que comercializam diretamente às agroindústrias de diversos tipos (segmento descrito a seguir), ao Varejo (feirantes, supermercados e comerciantes de pequeno porte), mercado institucional (cozinhas industriais, restaurantes e hospitais) e ao consumidor final. Conforme informações disponibilizadas na Tabela 2, a partir de Ceasa (2019), verificou-se a situação em diversos entrepostos, onde foram relatados os seguintes preços médios praticados. DATA UF AL CE ES GO MG MS RJ RS SC SP MÉDIA 15/01/2019 2,50 13,00 3,83 4, ,00 5,00 10,00 1,93 5,38 6,56 02/01/ ,00 4,00 4, ,00 10,00 1,93 4,81 6,18 18/12/2018 2,50 13,00 4,13 4,37 3,75 11,00 5,00 10,00 2,00 4,81 6,06 Tabela 2: Preços médios (R$/Kg) de mandioquinha-salsa em Ceasas de diversos Estados, por data. Fonte: elaborado por Hanashiro (2018), a partir de a partir de A partir da Tabela acima, verifica-se grande amplitude de preços de comercialização praticados nos diversos Estados, variando de R$ 1,93 a R$ 13,00. Vale ressaltar que o valor relatado é bem superior ao pago ao produtor, até pelas consideráveis margens aplicadas por estes canais (atacadistas/ceasas) e pelos serviços sucessivos de logística e ação de atravessadores. Por isso mesmo, tal informação não representa a rentabilidade no âmbito do segmento de produção agrícola; d) Quanto ao segmento das agroindústrias, há: I) indústrias que vendem equipamentos para embalagem, corte, resfriamento e processamento (entre outras operações) de mandioquinha-salsa, ou seja, que fornecem insumos para as agroindústrias propriamente ditas, que processam esta hortaliça; II) agroindústria de processamento mínimo de hortaliças (produtos frescos cortados, embalados e refrigerados, presentes com frequência em gôndolas de
8 supermercados); III) processamento propriamente dito de mandioquinha-salsa para cremes, purês, chips, farinhas, congelados, e pré-cozidos. A mandioquinha-salsa pode ser utilizada tanto in natura, como disponibilizada industrializada ou fazendo parte de um mix com outras hortaliças em restaurantes. A empresa Vapza, cujos produtos estão presentes em gôndolas de supermercados, embala os alimentos a vácuo, cozinha em vapor dentro da própria embalagem e esteriliza os mesmos, eliminando os micro-organismos. A cocção à vácuo e esterilização em embalagem de alta resistência permitem que os alimentos não necessitem de conservantes ou refrigeração para manterem um shelf life longo à temperatura ambiente (Vapza, 2018). Um de seus produtos presentes em seu portfólio é a mandioquinha ou batata-baroa, cuja unidade com 500 gramas estava sendo comercializada no site ao preço de R$ 10,30, na data de 30/12/2018. Por quilo, o valor deste produto chegaria, portanto, a R$ 20,60; e) Os varejistas constituem o segmento da cadeia mais forte, responsável por ditar o comportamento dos demais, tanto no que se refere aos preços praticados, como na qualidade do produto, quantidade, diversidade e rastreabilidade. Composto principalmente por redes de supermercados, este segmento adquire diretamente de produtores, atacadistas, agroindústrias de diversos níveis de processamento, e oferta diretamente aos restaurantes e ao consumidor final. Veja a Figura 2, no que toca à agregação de valor do mesmo produto citado no item anterior (mandioquinha Vapza). Embora esteja com desconto para clientes fiéis, o valor real do produto é R$ 13,99 ou R$ 27,98 por quilo (ou seja, 35,83% sobre o preço original). 8 Figura 2: Mandioquinha (baroa) em supermercado no município de São Paulo. Autor: Hanashiro (2018). f) Restaurantes, hospitais, cozinhas industriais que disponibilizam a mandioquinha-salsa processada aos consumidores finais, sob o formato de sopas, cremes, purês, chips, etc. A mandioquinha-salsa é consumida nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, nas refeições de almoço e jantar, como acompanhamento, substituindo arroz, outros tubérculos (batata inglesa, batata doce, aipim), macarrão, cuscuz e quinoa. Aparece na forma de creme, purê e sopas. As preparações mais indicadas são assadas, cozidas e grelhadas (GLOBO ESPORTE, 2017). g) Os consumidores finais podem adquirir a mandioquinha-salsa in natura ou processada de diversos elos da cadeia: diretamente do produtor, das agroindústrias, dos atacadistas, dos
9 varejistas e através dos restaurantes. Pelas qualidades nutricionais e pelo seu sabor característico, esta hortaliça tem tido grande procura por parte dos consumidores que comem fora de casa e mesmo no lar. Todos os segmentos acima envolvem diversas hortaliças ao mesmo tempo, mas onde há maior facilidade de acompanhamento é o de produção agrícola, onde é possível se estimar com mais precisão os impactos socioeconômicos e ambientais, e também a geração de empregos. O nosso recorte (estudo de caso) gerou diversos indicadores socioambientais e econômicos que foram coletados naquela região, mas que em sua maioria podem ser ajustados para o âmbito nacional. Quanto aos valores que a cadeia produtiva da mandioquinha-salsa movimenta, há estimativas de que no ano de 2014 este valor chegou a R$ 2 bilhões de reais e o número de famílias chegou a 5.000, nacionalmente (CARVALHO, 2018). Tais dados são corroborados pela UMV (2018), em termos de famílias envolvidas e por Globo Rural (2018), quanto ao valor movimentado pela cadeia em Atualmente, o Pesquisador Nuno Madeira estima que o montante esteja em R$ 1,5 bilhão de reais, com base no conhecimento de cada sistema produtivo estadual para esta cultura e, mais especificamente, para a ASA. Além dos tradicionais impactos, também há relevância da geração de conhecimentos e capacitações, como a ocorrência do IX Encontro Nacional de Mandioquinha-Salsa (de 08 a 09 de maio de 2018) em Pouso Alegre e Senador Amaral e do I Encontro Latino-Americano de Arracacha (em 10 de maio de 2018) em Pouso Alegre, envolvendo especialistas do Brasil, Colômbia, Venezuela, Peru, Equador, Bolívia e Porto Rico e instituições como a Embrapa e a Emater/MG. Em termos de público-alvo, o IX ENMS foi direcionado a produtores, estudantes, técnicos de empresas de extensão, de cooperativas e de empresas comerciais. Foram tratadas questões relacionadas aos principais problemas que diminuem a produtividade das lavouras, sistemas de preparo de mudas e de plantio, manejo e tratos culturais, cultivares tradicionais e melhoradas, e canais de comercialização. Já o I Encontro Latino Americano de Arracacha foi a ocasião em que especialistas da área de ciência e tecnologia de diversos países tiveram a oportunidade de falar sobre o panorama da pesquisa e da produção em suas nações, com a expectativa de estabelecer uma rede de pesquisa e desenvolvimento em torno desta cultura, tendo como subsídio as demandas dos produtores (conforme observou o Pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças, um dos coordenadores dos Eventos). Parceiros como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais - Emater/MG, Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater/PR, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural Incaper, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Epagri, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro Pesagro/RJ, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Ceará EPACE, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CATI/SP e Casas da Agricultura do Estado de São Paulo contribuíram significativamente nos aspectos ligados à capacitação e geração de conhecimento da tecnologia. Devido a esta ampla rede, vários indicadores ligados ao desenvolvimento institucional foram positivos e serão discutidos nos itens correspondentes, que virão a seguir. 9
10 10 3. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS E CUSTOS DA TECNOLOGIA 3.1. Avaliação dos Impactos Econômicos Estime os impactos econômicos gerados pela tecnologia em avaliação comparativamente à tecnologia adotada pelo produtor anteriormente. A metodologia proposta para esta avaliação é a do excedente econômico. Caso esta metodologia não seja adequada para avaliar os impactos econômicos da tecnologia, marque a opção "não se aplica" e justifique tal inadequação. Se aplica: sim ( x ) não ( ) Caso seja possível usar o método do excedente econômico, especifique os benefícios gerados. Dada a diferenciação entre os diversos tipos de impactos econômicos (incremento de produtividade, redução de custos, expansão da produção em novas áreas e agregação de valor) são propostas quatro diferentes tabelas para que os dados sejam coletados e os benefícios econômicos estimados. As planilhas referentes a cada tipo de impacto foram desenvolvidas em plataforma Excel e estão em anexo. Recomenda-se atenção especial aos dados de rendimento (atual), e aos preços, já que devem ser usados dados médios do ano objeto de avaliação e não dados fixos de anos passados. Depois de concluídos os cálculos, transfira os dados das planilhas utilizadas para as tabelas seguintes, como parte do texto do relatório. Atenção: No caso da participação da Embrapa, informe o percentual (%) e, no Item 3.1.5, as razões que o justificam, especialmente as deduções devidas a outros parceiros. A literatura sobre o tema recomenda que esse percentual não seja superior a 70%. Nota: Para algumas tecnologias, é possível estimar benefícios utilizando mais de um tipo de impacto econômico. Vale destacar que em 2018, o Analista Marcelo Mikio Hanashiro passou a fazer parte da equipe de avaliação de impactos de tecnologias da Embrapa Hortaliças, coletando e atualizando as informações referentes a este ano, nas diversas vertentes: socioambiental, econômica e sobre o desenvolvimento institucional, para a mandioquinha-salsa "Amarela de Senador Amaral" (ASA). Este Analista está dando continuidade e complementando os trabalhos dos responsáveis em 2017 por esta cultura, que são o Analista Murilo Bueno (impactos sociais), Pesquisadora Nirlene Vilela (impactos econômicos) e Pesquisador Carlos Pacheco Lima (impactos ambientais), coordenados pela Analista Flávia Clemente. Embora seja um material antigo (lançado em 1998), a ASA ainda ocupa uma posição de destaque principalmente na Região do Sul de Minas Gerais. Seu ciclo de produção é de 7 a 8 meses e é plantado nos Estados de Goiás, Distrito Federal, além de todos os Estados do Sul e do Sudeste. Estimativas mostram que entre 90 a 95% das áreas ainda apresentam a ASA como principal material de mandioquinha-salsa. Novos materiais de mandioquinha-salsa desenvolvidos na Embrapa Hortaliças como a BRS Catarina 64, BRS Rubia 41 e BRS Acarijó 56 mostram-se altamente promissores mas ainda não substituíram o material original (Senador Amaral). Segundo Rodrigues e Alencar (2018), tanto a BRS Catarina 64, a BRS Rubia 41 como a BRS Acarijó 56 são cultivares de mandioquinha-salsa desenvolvidas por seleção de clones provenientes de sementes botânicas coletadas em Canoinhas/SC. A BRS Catarina 64 destaca-se por ter grande potencial produtivo de raízes, mantendo características desejadas como formato cilíndrico, coloração amarela intensa, aroma e sabor característicos. Para os materiais Catarina e Rubia, a época de plantio ideal é de março a junho, mas sendo viável o ano inteiro em regiões de clima ameno. A cultura requer clima ameno para o seu pleno desenvolvimento, que é melhor em solos de textura média.
11 Quanto à questão das mudas, segundo a UMV (2018), estava previsto o plantio de quatro milhões de mudas de duas novas variedades do tubérculo amarelo para substituir a variedade Senador Amaral, que ocupa até 95% das áreas cultivadas. O plantio dessas mudas foi feito pela empresa Eagle Flores, Frutas & Hortaliças, que ganhou edital de oferta pública da Embrapa para propagação das novas variedades. As novas cultivares BRS Rubia 41 e BRS Catarina 64, desenvolvidas pela Embrapa, produzem até 80% a mais do que a ASA, que também tinha sido resultado de pesquisas da empresa. Conforme Juary Moreira, responsável pelo escritório local da Emater/MG em Munhoz, há expectativa de que, em três anos, as variedades Rubia e Catarina atinjam 50% do material que é plantado hoje na região. Rubia e Catarina estão sendo disponibilizadas ao mercado e, pela primeira vez nessa cultura, com mudas certificadas. A diversificação dos materiais é importante para a manutenção da cultura, pois a presença de uma única variedade fragiliza a cadeia produtiva ao torná-la suscetível a problemas ambientais e fitossanitários (Embrapa Hortaliças, 2018). Para os agricultores, isso se traduz diretamente em aumento de renda pela diminuição dos custos de produção. Quando a ASA foi lançada, ela apresentava boa produtividade, mas o material foi se desgastando nesse processo de multiplicação tradicional feito pelos agricultores e hoje apresenta problemas como falta de uniformidade e ocorrência de doenças. Para produzir 120 mil mudas para um alqueire, basta um pequeno campo com três a quatro mil mudas certificadas. Iniberto Hamerschmidt, coordenador de Olericultura da Emater-PR lembra que o Paraná já foi o maior produtor nacional de batata-salsa nos anos 90, com 75 mil toneladas por ano, boa parte obtida na região de Tijucas do Sul. Mas ao plantar a mesma cultivar na mesma área a Amarela de Carandaí (ou Amarela Comum), começaram a surgir pragas, e o cultivo foi se degenerando, de forma que metade dos produtores acabou abandonando a cultura (UMV, 2018). O eixo da produção da batata-salsa está em Minas Gerais, que atualmente produz quase 70 mil toneladas por ano e alcança produtividade de 20 a 22 mil kg por hectare, quase o dobro da produtividade paranaense (12 mil kg por hectare), devido ao uso da irrigação por aqueles (UMV, 2018). Por esta relevância, no Sul de Minas Gerais, no 2º semestre do ano de 2018, foram visitados, in loco, produtores e empresas dos municípios de Bueno Brandão, Espírito Santo do Dourado, Ipuiuna, Munhoz, Pouso Alegre, Senador Amaral, Santa Rita de Caldas e Toledo. Foram entrevistados, para nossas avaliações socioeconômicas e ambientais: 01 produtor em Bueno Brandão, 02 produtores em Espírito Santo do Dourado, 04 produtores em Munhoz, 01 distribuidor de insumos em Pouso Alegre, 01 produtor em Senador Amaral e 01 em Toledo, totalizando 10 entrevistados. De forma geral, as informações econômicas obtidas junto aos produtores mostraram que: a) Quanto à utilização de mudas, em média, são empregadas 35 caixas/alqueire de mudas, ou cerca de 14,5 caixas/hectare (tendo a equivalência de que 1 alqueire = 2,42 hectares); b) O preço da caixa de mudas está entre R$ 120,00 a R$ 160,00 (assim, o valor médio considerado será de R$ 140,00). Assim, são gastos cerca de R$ 4.900,00/alqueire ou R$ 2.030,00/hectare; c) Cada caixa pesa em torno de 22 Kg e possui em torno de mudas. Ou seja, são 770 Kg de mudas/alqueire ou 319 Kg de mudas/hectare; d) São plantadas mudas/alqueire, ou mudas/hectare; e) Segundo os entrevistados no Sul de Minas Gerais, os preços recebidos pelas caixas de mandioquinha-salsa variaram de R$ 15,00 a R$ 120,00 durante o ano, mas o relato dos 11
12 entrevistados é que o valor médio recebido pelos produtores no segundo semestre de 2018 se situou entre R$ 40,00 a R$ 70,00, ou seja, R$ 55,00/caixa de 30 a 35 Kg (33 Kg, em média), o que equivale a R$ 1,66/Kg. As produtividades constatadas na cultura da mandioquinha foram de 700 a caixas/alqueire, mas a produtividade média poderia ser considerada de caixas/alqueire (ou seja, 495,9 caixas/hectare). Isso equivale a 39,6 toneladas/alqueire, ou 16,4 toneladas/hectare; f) Além ser uma alternativa aos materiais antigos, cabe comentar que em alguns momentos (e o ano de 2018 é uma dessas ocasiões), a mandioquinha-salsa é substituta da batatainglesa (Solanum tuberosum L.) no campo; g) Uma questão primordial para a comparação com a batata-inglesa é que os custos de implantação e manutenção da mandioquinha-salsa estão diluídos em 07 meses, enquanto o ciclo da batata-inglesa é de 100 dias; h) Por outro lado, a batata-inglesa já tem um pacote tecnológico definido, mas o preço está muito ruim, no momento. Além disso, a mandioquinha-salsa utiliza menos insumos (inclusive, poucos são registrados para a cultura) e tem grande importância social; i) Um relato geral é que a cultura da mandioquinha-salsa possibilitou um maior investimento em estruturas e implementos. Em alguns casos, o ciclo pode durar até 13 meses; j) Na Região do Sul de Minas, estima-se que haja em torno de 500 produtores em hectares com o plantio da mandioquinha-salsa. Desses, 500 hectares estariam em Espírito Santo do Dourado; k) O prazo de pagamento pelos compradores (atravessadores, atacadistas ou mesmo varejistas) pode chegar a 150 dias. Mas o período mais comum se situa entre 30 a 60 dias. No âmbito dos lavadores: a) para um dos entrevistados, foi informado que o consumo de água diário da lavadora se situa em torno de litros; b) O ponto de equilíbrio do negócio para uma das lavadoras se situa em caixas a R$ 45,00, o que equivale a R$ ,00; c) Uma das lavadores recebe de 03 a 05 produtores, e vende para clientes como o Grupo Pão-de-Açúcar e Rede Hortifruti; d) Em Pouso Alegre, uma bandeja com 600 g de mandioquinha está a R$ 5,00, saindo então a R$ 8,33/Kg. Para os Atacadistas: a) Um dos entrevistados (proprietário de um lavador de mandioquinha-salsa) comercializa semanalmente para a Ceagesp caixas a R$ 7,00, totalizando R$ ,00. Mas o custo somente das caixas, sem contar o transporte, é de R$ 2,80. Assim, são R$ 4,20/caixa x caixas, totalizando R$ 8.400,00 em termos líquidos; b) Na Ceasa de Juiz de Fora, uma caixa de 10 Kg custa R$ 40,00; c) Há várias categorias de caixas e até 16 Kg podem ser colocados em seu interior. As caixas são vendidas em 5 categorias: Classe A R$ 55,00 a R$ 60,00; Classe B R$ 20,00 a R$ 30,00; Classe C R$ 10,00 a R$ 15,00; Classe D R$ 5,00 a R$ 7,00; Diversas: R$ 10,00 a R$ 15,00. No Sul de Minas Gerais, quanto ao valor do arrendamento e outros gastos, verifica-se que: a) para 03 dos entrevistados, este se situa entre os valores de R$ ,00 a R$ ,00/alqueire, ou seja, R$ ,00/alqueire em média. O valor máximo relatado chegou a R$ ,00/alqueire; b) Convertendo em hectares, os valores giram entre R$ 4.132,23 a R$ 4.958,68/hectare, com o valor médio de R$ 4.545,46/hectare; 12
13 c) A preparação da terra e aplicação de calcário tem um custo aproximado de R$ 4.000,00 a R$ 6.000, Tipo de Impacto: Incremento de Produtividade Se aplica: sim ( x ) não ( ) Tabela A - Benefícios Econômicos por Incremento de Produtividade (2001/18) Ano Rendimento Anterior/ UM Rendimento Atual/ UM Preço Unitário R$/UM Custo Adicional R$/UM (A) (B) (C) (D) Ganho Unitário R$/UM Participação da Embrapa % Ganho Líquido Embrapa R$/UM Área de Adoção Benefício Econômico E=[(B- A)xC]-D (F) G=(ExF) (H) I=(GxH) , , , , , , , , , , , , , , , , , Fontes: 1) Hanashiro (2018), a partir de entrevistas com produtores de Minas Gerais e dados apresentados no IX Encontro Nacional de Mandioquinha-Salsa; Vilela (de 2001 a 2017, a partir de entrevistas diretas com técnicos da Emater s/cati e produtores do Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná). Quanto à produtividade da mandioquinha-salsa Amarela Comum, os relatos dos 05 anos anteriores do relatório mostraram produtividade média ao redor de 12,37 t/hectare. Por outro lado, um trabalho de Heredia Zárate et al. (2009) chegou a relatar uma produtividade de 11,61 t/hectare para a Amarelo de Carandaí (que é outro nome pelo qual a Amarela Comum é conhecida), bem aproximada a que estamos utilizando para o ano de Sendo este um material quase não plantado em nível nacional (não estando mais sujeito ao nível de degeneração constante dos últimos anos), caso ainda houvesse material disponível e não oriundo de mudas de qualidade, seria esperada uma estabilidade em relação ao ano anterior, ou seja, de Kg/hectare (referente ao item "A - Rendimento Anterior"). Quanto ao cálculo de "B - Rendimento Atual", procedeu-se da seguinte forma, obtendo-se a produção nacional, tomando-se como base os principais estados produtores brasileiros (levando em conta que a produção nos demais é muito pequena) e os seus dados mais recentes, consolidados através de diversas fontes. As seguintes informações foram obtidas:
14 a) O maior produtor brasileiro é o estado de Minas Gerais, onde se verifica uma área de aproximadamente hectares, produção de cerca de toneladas, e uma produtividade média de 17,00 t/hectare, para a safra de (SILVEIRA, 2018); b) O segundo maior produtor é o estado do Paraná, com hectares, produção de toneladas e produtividade de 11,80 t/hectare, para a safra de 2017 (HAMERSCHMIDT, 2018); c) O terceiro maior estado produtor é Santa Catarina, com hectares, produção de toneladas e produtividade de 12,85 t/hectare, para a safra de 2018 (ZANELLA, 2018); d) Em quarto lugar, fica o Estado de São Paulo, com 301,7 hectares, toneladas de produção e produtividade de 18,75 t/hectare, para o ano de 2017 (dados compilados pela Pesquisadora Nirlene Vilela, a partir de IEA, 2018); e) Espírito Santo está em quinto lugar, com 295 hectares, produção de toneladas estimadas e produtividade de 14,65 t/hectare, em estimativa para a safra de 2018 (MOREIRA, 2018); f) Na sexta colocação, está o Rio Grande do Sul, com cerca de 50 hectares, 750 toneladas de produção e produtividade de 15,00 t/hectare (COPATTI, 2018). Assim, em âmbito nacional, para o período , verifica-se uma área plantada de 8.468,7 hectares, com uma produção de ,95 toneladas, e 14,77 toneladas/hectare. Ou seja, "B - Rendimento Atual" é de Kg/hectare. Já o item "C - Preço Unitário - R$/Kg" praticado foi de aproximadamente R$ 2,20/Kg no ano de Este ano apresentou um valor pago ao produtor menor do que em relação ao ano anterior, mas ainda assim mostrando ser competitivo em comparação com a batata-inglesa, cujos custos de produção são bem mais elevados. No IX Encontro Nacional de Mandioquinha-Salsa, foram feitas apresentações explicando o panorama da produção desta cultura nos principais Estados brasileiros, e informações sobre os preços praticados em Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo foram trazidos pelos apresentadores para o ano de 2018, a saber: a) em Minas Gerais, os preços praticados para os 04 primeiros meses do ano foram R$ 2,05/Kg, R$ 1,93/Kg, R$ 2,07/Kg e R$ 2,05/Kg (SILVEIRA, 2018); pelas informações coletadas in loco pelas entrevistas, os valores recebidos pelo produtores do Sul do Estado nos demais meses girou em torno de R$ 1,66/Kg; assim, como média geral, praticou-se o valor de R$ 1,78/Kg no ano de 2018; b) no Paraná, conforme Hamerschmidt (2018), a média dos preços praticados para os 04 primeiros meses de 2018 foi de R$ 2,07/Kg (o que não destoa muito da média de R$ 1,80 para o período de 12 meses, entre maio de 2017 a abril de 2018, mostrando certa estabilidade de preços lá); c) no Espírito Santo, a média dos preços praticados nos 04 meses iniciais de 2018 foi de R$ 2,81/kg (MOREIRA, 2018). Em que pese que há outros Estados envolvidos, devido à precisão e atualidade dos dados, trazidos por estes especialistas que alimentam as informações dos órgãos oficiais da área agropecuária, o preço recebido por estes produtores seria de cerca de R$ 2,22/Kg. Como se verificou uma tendência bem pequena de queda de preços em alguns meses do segundo semestre, fez-se um arredondamento pontual para o valor de R$ 2,20/Kg (C - Preço Unitário - R$/Kg). No que se refere ao item "D - Custo Adicional R$/UM", não houve quaisquer relatos deste tipo de ônus durante o ano de 2018, tanto nas entrevistas, como nas referências bibliográficas. 14
15 O item "Ganho Unitário (R$/UM)": E=[(B-A)xC]-D mostrou um ganho de R$ 5.654,00/hectare, atribuindo-se 100% a uma única instituição, mas o que não ocorreu, de fato. Informe da Embrapa Hortaliças (2014) destaca que, além desta Empresa, há uma série de parceiros como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais - Emater/MG, Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater/PR, o atual Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural Incaper, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Epagri, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro Pesagro/RJ, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Ceará EPACE, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CATI/SP e Casas da Agricultura. Assim, a quota-parte atribuída à Embrapa seria de 60% em relação ao montante de recursos constatados no segmento da produção. Dessa forma, este valor já sugerido de 60% continuará a ser empregado como referência para este mercado no que se refere à "F - Participação da Embrapa (%)". Quanto ao "Ganho Líquido Embrapa (R$/UM): G=(E x F)", tem-se que R$ 5.654,00/hectare x 60% de participação da Embrapa equivalem a R$ 3.392,40/hectare atribuído a esta Empresa. Como já foi citado no item "B - Rendimento Atual", a "Área de Adoção - H" nacional em 2018 foi de hectares, arredondando-se. Engloba todos os Estados que têm produção significativa desta hortaliça. Assim, o "Benefício Econômico: I=(G x H)" será de R$ ,00, atribuídos à Embrapa. Entretanto, comparado com o valor do ano anterior de R$ ,00, houve sensível queda. Vale explicar que vários fatores têm contribuído para esta grande diferença quanto ao montante relatado, tais como: queda considerável de preços recebidos pelo produtor em relação ao ano anterior, diminuição de área plantada e da própria produtividade. Todos estes fatores têm um grande vínculo com a degeneração da cultura, composta principalmente pela ASA em cultivos sucessivos, sem utilização de mudas de qualidade. Fato semelhante ocorreu na década de 90 no Estado do Paraná e permitiu que a Amarela de Carandaí fosse substituída pela ASA. Ao se plantar a mesma cultivar na mesma área por muito tempo, começaram a surgir pragas, e o cultivo se degradou, de forma que metade dos produtores acabou abandonando a cultura. Duas frentes importantes têm tido forte atuação, que são: a disponibilidade de novos materiais (BRS Rubia, BRS Catarina e da BRS Acarijó) e a produção de mudas de boa qualidade fitossanitária (inclusive da ASA). Isso fará com que esta cultura possa sofrer um gradativo mas constante processo de substituição varietal sem perder a relevância nacional Tipo de Impacto: Redução de Custos Se aplica: sim ( ) não ( X ) Tabela B - Benefícios Econômicos por de Redução de Custos (Exemplo -2001/18) Ganho Custos Economia Participação Custo Atual Líquido Anterior Obtida da Embrapa Ano Kg/UM Embrapa Kg/UM R$/UM % R$/UM Área de Adoção Benefício Econômico (A) (B) C=(A-B) (D) E=(CxD) (F) G1=(ExF) ,00 0% 0,00 0, ,00 0% 0,00 0, ,00 0% 0,00 0,00
16 16 Nas avaliações realizadas desde o início (2001), o impacto de redução de custos não foi verificado. Os tratos culturais e demais operações são idênticas para o material original (Amarela de Carandaí) e o utilizado atualmente (ASA) Tipo de Impacto: Expansão da Produção em Novas Áreas Se aplica: sim ( ) não ( x ) Tabela C - Benefícios Econômicos devido a Expansão da Produção (Exemplo -2001/18) Renda com Renda com Renda Ganho Participação Produto Produto Adicional Líquido da Embrapa Ano Anterior Atual Obtida Embrapa % R$ R$ R$ R$/UM Área de Adoção Benefício Econômico (A) (B) C=(B-A) (D) E=(CxD) (F) G=(ExF) , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , Fontes: Vilela (de 2001 a 2017, a partir de entrevistas diretas com técnicos da Emater s/cati e produtores do Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná). Para o ano de 2018, estamos levando em conta o parecer contido no item Sugestões de melhoria para o relatório de impactos, do Documento Avaliação de Desempenho Institucional 2017: Resultados Finais, Fontes de Dados e Pareceres. De forma geral, o texto diz que no referido relatório, parece haver dupla contagem de benefícios econômicos quando a mesma área de adoção é considerada em termos de incremento de produtividade e expansão da produção. Tendo em vista a sensível diminuição da área plantada com a mandioquinha-salsa nestes últimos anos (áreas estão deixando de ser utilizadas para serem substituídas por outras culturas), de fato, não faz sentido que o impacto Expansão da Produção em Novas Áreas seja contabilizado para esta avaliação.
17 Tipo de Impacto: Agregação de Valor Se aplica: sim ( ) não ( x ) Tabela D - Benefícios Econômicos devidos à Agregação de Valor (Exemplo -2009/18) Renda com Renda com Renda Ganho Participação Produto Produto Adicional Líquido da Embrapa Ano Anterior Atual Obtida Embrapa % R$ R$ R$ R$/UM Área de Adoção Benefício Econômico (A) (B) C=(B-A) (D) E=(CxD) (F) G=(ExF) ,00 0% 0,00 0, ,00 0% 0,00 0, ,00 0% 0,00 0,00 Desde o início da avaliação (2001), tem-se que a mandioquinha-salsa Amarela Comum (ou de Carandaí) sempre foi um bom material, que foi superado pela ASA em termos de competitividade no campo. Entretanto, a entrada deste material não acarretou Agregação de Valor por características diferenciais em termos organolépticos, especificidade para o processamento ou vida de prateleira mais duradoura Análise dos impactos econômicos Comente os impactos econômicos estimados, considerando a adoção da tecnologia, sempre comparativamente aos ganhos obtidos com a tecnologia adotada pelo produtor anteriormente. Cite nos comentários o montante de benefícios econômicos estimados e, sobretudo, o papel na Embrapa na geração de tais impactos. Dentre os diversos tipos de impactos econômicos verificados para a mandioquinha-salsa, o único tipo que ainda é evidente é o de Incremento à Produtividade, que foi discutido no item referente. Cabe levantar que a ASA encontra-se atualmente em processo degenerativo, devido ao uso contínuo do material por anos a fio sem devido cuidado com material propagativo e sob pressão de pragas e doenças. A disponibilidade de mudas de qualidade da ASA poderá até ajudar a atrasar um pouco a substituição e convivência em relação às novas cultivares (BRS Rubia, BRS Catarina e BRS Acarijó), mas isso é um processo irreversível, pois elas têm produtividade muito superior (até 80% a mais que a ASA) e ajudam a diversificar a base genética atualmente disponível, calcada basicamente na ASA. Plantando-se a ASA dessa forma, ocorrerá uma queda contínua de produtividade que fará com que a vantagem sobre o material anterior (Amarela Comum) se anule. Ou seja, não serão verificados quaisquer tipos de impactos econômicos positivos, a médio prazo. Este decréscimo já começou a ocorrer, inclusive, e se tornou evidente no ano de 2018, se comparado com o ano anterior. Conforme lembram Rodrigues e Alencar (2018), a diversificação dos materiais é fundamental para a manutenção da cultura, pois o domínio de uma única variedade fragiliza a cadeia produtiva porque a torna suscetível a problemas fitossanitários ou à ocorrência de picos de temperatura. Dessa forma, o foco das pesquisas realizadas com mandioquinha-salsa é o desenvolvimento de novas variedades mais produtivas, vigorosas e resistentes, o que felizmente está ocorrendo por parte da Embrapa. Além do potencial produtivo, as novas variedades possuem outras características desejadas pelo setor, como formato cilíndrico, coloração intensa e aroma e sabor acentuados. As variedades BRS Rubia 41 e BRS Catarina 64 são destinadas para os mercados varejista ou atacadista, enquanto a BRS Acarijó 56 é mais recomendada para o processamento industrial na forma de chips ou outros produtos. 17
1 Lavouras. Cereais, leguminosas e oleaginosas. Área e Produção - Brasil 1980 a 2008
1 Lavouras 1.1 Produção de cereais, leguminosas e oleaginosas A quinta estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas 1, indica uma produção da ordem de 144,3 milhões de toneladas,
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