Avaliação do Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) consorciado com Guandu (Cajanus cajun L. Millsp.) no sistema de aléias.
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1 Avaliação do Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) consorciado com Guandu (Cajanus cajun L. Millsp.) no sistema de aléias. Urbano Teixeira Guimarães e SILVA 1 ; Paulino da Cunha LEITE 2 ; Josimar Rodrigues OLIVEIRA 3 ; Francisco Vagner Pereira de SOUZA 4 ; Tiago Firmino Boaventura de OLIVEIRA 1 1 Graduando em Agronomia e bolsista de Iniciação Científica do IFMG Campus Bambuí 2 Professor do IFMG Campus Bambuí 3 Mestrando em Solos e Nutrição de Plantas e Bolsista do CNPq - UFV 4 Engenheiro Agrônomo IFMG Campus Bambuí Bambuí MG - Brasil RESUMO O cedro australiano é uma cultura de ciclo longo exigente em fertilidade do solo. Seu cultivo na região do cerrado é bastante promissor, tendo em vista a alta qualidade de sua madeira, potencial de crescimento rápido e resposta às adubações. Tem havido problemas em seu manejo cultural, especialmente para solos de baixa fertilidade. Uma alternativa seria a adubação verde através do consórcio do cedro australiano com o guandu. Para isso, foi conduzido um experimento no IFMG Campus Bambuí sob condições de campo, em área de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, com o objetivo de estudar as condições ideais de adubação mineral na manutenção do cedro australiano, e de adubação verde, em consórcio com leguminosa. As culturas utilizadas foram o guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp.) variedade BRS Mandarim e o cedro australiano (Toona ciliata var. australis) obtido por meio de sementes importadas do CSIRO (Austrália). O delineamento experimental utilizado foi o blocos casualizados, em esquema fatorial 3 x 2, com 4 repetições. São 3 níveis de adubações de manutenção do cedro australiano: sem adubação mineral; uma adubação de cobertura no início da estação chuvosa; três adubações de cobertura (início, meio, e final da estação chuvosa). E 2 combinações de adubação verde: com a presença do guandu; e ausência do guandu. Foi observado que o guandu nas entrelinhas melhorou de forma significativa as condições de cultivo do cedro australiano, com incremento de 32% na altura em relação ao tratamento sem guandu. A adubação mineral de cobertura não proporcionou maior desenvolvimento ao cedro australiano no primeiro ano. Palavras-chave: Silvicultura, sucessão ecológica, safe sites, fertilidade do solo
2 INTRODUÇÃO O cultivo de cedro australiano no Brasil surgiu como uma opção para os produtores que buscam diversificar suas atividades para ampliar suas fontes de renda. Em Minas Gerais, as áreas plantadas com espécies florestais têm se expandido rapidamente, principalmente na região Centro Oeste, onde tem se investido cada vez mais no cultivo do cedro australiano. O cedro australiano é uma cultura exigente em fertilidade do solo e de rotação longa. Esse fato, muitas vezes, impossibilita o pequeno agricultor na utilização de uma parte da propriedade para esse fim. Outro problema ainda enfrentado pelos produtores e assistentes técnicos diz respeito à carência de informações técnicas e científicas a respeito da implantação do cedro australiano na região. Pouco se sabe sobre a verdadeira necessidade nutricional do cedro australiano implantado em solos sob cerrado e quais os níveis de fertilização desses solos mais próximos da sua exigência. Para solucionar esse problema, é importante fundamentar ações de pesquisa que garantam o manejo racional dos fertilizantes para plantios florestais, que venham a ser estabelecidos em áreas de cerrado. O objetivo deste trabalho foi avaliar a dosagem adequada de cobertura na manutenção do cedro australiano consorciado com guandu e o efeito da adubação verde no desenvolvimento do cedro australiano. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, Campus Bambuí, sob condições de campo. A área experimental está localizada na sub-bacia do rio Bambuí, município de Bambuí-MG, região do alto São Francisco, em área de LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico, originário de calcário, com vegetação natural de cerrado subcaducifólio, pertencente à geologia do Grupo Bambuí, com altitude de 650 m. O solo estava sob pastagem de brachiaria semi degradada, implantada há cerca de 8 anos, sem renovação. O local foi desmatado há cerca de 30 anos, cultivado com milho no sistema convencional, recebendo calagem e adubações moderadas, ocupando a posição de terço superior da encosta com relevo suave ondulado. As culturas utilizadas foram o guandu (Cajanus cajan L. Millsp.) variedade BRS Mandarim desenvolvida pela Embrapa Sudeste (São Carlos, SP) e o cedro australiano (Toona ciliata var. australis) obtido por meio de sementes importadas do CSIRO (Austrália), cujas mudas, padronizadas, foram fornecidas por viveiro credenciado. O delineamento experimental
3 constou de blocos casualizados, em esquema fatorial 3 x 2, com 4 repetições, totalizando 24 unidades experimentais. São 3 níveis de adubações de manutenção do cedro australiano: sem adubação mineral; uma adubação de cobertura no início da estação chuvosa; três adubações de cobertura (início, meio, e final da estação chuvosa). E 2 combinações de adubação verde: com a presença do guandu; e ausência do guandu. Cada unidade experimental tem o dimensionamento de 100 m², contendo 25 plantas em espaçamento regular de 2 x 2 m. Foram utilizadas as 9 plantas centrais como parcela útil e as 16 periféricas como bordadura. Entre as unidades experimentais foram deixados carreadores de 2 m de largura. A fertilidade do solo foi avaliada previamente, por meio da análise do solo realizada no laboratório de solos do IFMG - Campus Bambuí. Não houve necessidade de calagem, pois o ph está em 5,8, e os níveis de cálcio e magnésio estão adequados. Foram utilizada a formulação composta ( Ca e S), misturada com FTE-BR 8, na proporção de 10 para 1 em peso, respectivamente, fornecendo todos os nutrientes (exceto o Mg). Cada adubação de cobertura do cedro australiano teve 200g dessa formulação composta por planta de cedro, aplicada em faixa sob a copa. O guandu foi cultivado durante 120 dias após o plantio das sementes no espaçamento de 2 m entre fileiras, 0,3 m entre plantas, utilizando uma fileira entre as linhas de cedro australiano, deixando uma faixa de 2 m de largura para plantio do cedro. Vencidos os 120 dias, o cedro foi plantado, replantado, e submetido a uma substituição parcial das mudas inferiores. O guandu foi podado em seus galhos mais finos, para servir de mulching sobre o solo, em ambos os lados das plantas de cedro australiano, deixando galhos grossos e a planta semi-intacta para nova brotação. A cada 60 dias, nova desrama foi feita no guandu, recobrindo o solo no entorno das plantas de cedro com sua palhada, perfazendo um total de 3 podas durante o período de chuvas. Foram avaliados os dados de crescimento do cedro australiano (altura de planta, diâmetro do caule e ralação altura/diâmetro de planta) aos 150 dias após o plantio. Todos os dados foram analisados estatisticamente, submetidos à análise de variância e comparados por meio de teste de médias. As análises estatísticas serão realizadas utilizando o programa estatístico SISVAR 5,0 (FERREIRA, 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 é apresentado o resumo do quadro da análise de variância (ANAVA para os parâmetros altura, diâmetro do coleto e relação altura/diâmetro do coleto). Pode-se observar que
4 houve diferenças significativas apenas para o parâmetro altura (p<0,05), tendo sido obtida somente quando analisado a variável adubação verde. Tabela 1 Resumo da análise de variância (p-valor) das características avaliadas no cedro australiano. FV Altura (H) Diâmetro (D) Relação H/D Adubação Verde (AV) * ns ns Adubação Mineral (AM) ns ns ns Interação AV*AM ns ns ns Bloco ** ns ns CV (%) * Significativo a 5% de probabilidade; ** Significativo a 1% de probabilidade; ns Não significativo Na tabela 2 é apresentado o resultado do teste de médias relativo a altura do cedro australiano submetido a presença e ausência da adubação verde. É possível observar que o tratamento com guandu nas entrelinhas a altura foi aproximadamente 32% superior ao tratamento sem guandu. Tabela 2 Análise estatística do consórcio do cedro australiano com o guandu. Tratamento Médias (cm) Resultado Com guandu nas entrelinhas 56,75 A Sem guandu 43,00 B Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tunkey a 5% de probabilidade Conforme Urbanska (2004), o guandu tem grande potencial como planta criadora de condições que favorecem o crescimento de espécies florestais, pelo fato de simular as condições naturais propícias ao seu desenvolvimento. Esse resultado também está de acordo com os resultados obtidos por Beltrame (2007) na utilização de sistemas agroflorestais com guandu na restauração de áreas degradadas. Já foram observados por Pinheiro, Lani e Couto (2003) cultivos bem sucedidos de cedro australiano na região da Zona da Mata de Minas Gerais em consórcio com leguminosas arbóreas. CONCLUSÕES O guandu melhorou de forma significativa as condições de cultivo do cedro australiano de maneira sustentável. A adubação mineral de cobertura não proporcionou maior desenvolvimento ao cedro australiano no primeiro ano.
5 AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Minas Gerais - Campus Bambuí pela concessão da bolsa para realização dessa pesquisa, aos funcionários do setor de transporte e mecanização pelo apoio técnico operacional; e ao viveiro Cerne Florestal pelo apoio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELTRAME, T. P.; RODRIGUES, E. Feijão guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp.) na restauração de florestas tropicais. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 28, n. 1, p FERREIRA, D.F. SISVAR Versão 5.0. Departamento de Ciências Exatas. UFLA, Lavras, MG, PINHEIRO, A. L.; LANI, J. L.; COUTO, L. Cedro Australiano: cultivo e utilização. 1. ed.viçosa, MG: UFV, p. URBANSKA, K. M. Safe sites: interface of plant population ecology and restoration ecology. In: URBANSKA, K. M.; WEBB, N. R.; EDWARDS, P. J. Restoration ecology and sustainable development. Cambridge: Cambridge University Press, p
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