Agosto Dourado: uma ação promovida pelos membros da Liga Acadêmica Norte Mineira de Saúde da Criança (LANSAC)

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1 113 Agosto Dourado: uma ação promovida pelos membros da Liga Acadêmica Norte Mineira de Saúde da Criança (LANSAC) Débora Guimarães Cunha 1 Douglas Wilson Campos de Carvalho 2 Joice Silva Araújo 3 Juliana Marcelo Franco 4 Lucas de Andrade Huber 5 Luis Eugênio Gomes Freitas 6 Luiza Helena Scarpanti 7 Maria Alice Miranda Fortes 8 Maria Luiza Fagundes Cardoso 9 Sara Rogério Brandão de Araujo 10 INTRODUÇÃO O mês de Agosto Dourado foi instituído pela lei nº , de 12 de abril de 2017(BRASIL, 2017). O artigo 1º da lei supracitada estipula em parágrafo único que No decorrer do mês de agosto serão intensificadas ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno, através de realização de palestras e eventos; divulgação nas diversas mídias e reuniões com a comunidade, dentre outras ações possíveis. O leite materno é comprovadamente superior a leites de outras espécies. Estudos apontam que a amamentação é capaz de evitardiarreia (BOCCOLINI, 2012), infecção respiratória (CESAR, 1999), risco de alergias (VAN ODIJK, 2003), hipertensão, diabetes, colesterol alto (HORTA, 2007), obesidade (DEWEY, 2003), além de benefícios no desenvolvimento intelectual (HORTA, 2007) e desenvolvimento bucal (BRASIL, 2015). Traz também benefícios para a mãe, ao proteger contra câncer de mama (COLLABORATIVE GROUP ON HORMONAL FACTORS IN BREAST CANCER,2002), evitar nova gravidez (GRAY, 1990),menor gastos financeiros (BRASIL, 2015a) e melhorar o vínculo afetivo entre mãe e filho (BRASIL, 2015). Estudos revelam ainda que a amamentação reduz a mortalidade 1 Acadêmica de Medicina, UNIMONTES, debguimaraes2@gmail.com. 2 Acadêmico de Medicina, UNIMONTES, douglas.carvalho15@etec.sp.gov.br. 3 Acadêmica de Medicina, UNIMONTES, joicearaujocp@gmail.com. 4 Acadêmica de Medicina, UNIMONTES, juliana_ers@hotmail.com. 5 Acadêmico de Medicina, UNIMONTES, lucashuber@gmail.com. 6 Acadêmico de Medicina, UNIMONTES, luiseugeniogomesfreitas@gmail.com. 7 Acadêmica de Medicina, UNIMONTES, luiza.scarpanti@gmail.com. 8 Acadêmica de Medicina, UNIMONTES, maria.alicemirandafortes@gmail.com. 9 Acadêmica de Medicina, UNIMONTES, malu_cardoso_@hotmail.com. 10 Acadêmica de Medicina, UNIMONTES, sarabrandaoaraujo@gmail.com.

2 114 infantil em até 13% das mortes por causas preveníveis em menores de 5 anosno mundo (JONES, 2003). A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)recomendam que a amamentação seja mantida por no mínimo 2 anos, sendo exclusiva nos primeiros 6 meses. (BURNS, 2017; BRASIL, 2015b). Para o MS, é papel de profissionais da Atenção Básica, com apoio da comunidade, a promoção de políticas públicas que propiciem a prática do aleitamento materno exclusivo por 6 meses e continuado por 2 anos ou mais com alimentação complementar saudável, considerando as identidades culturais, regionais e locais (BRASIL, 2010). Neste sentido, a Portaria nº 1.920, de 5 de setembro de 2013instituiu a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de qualificar ações e os profissionais de saúde na promoção do aleitamento materno dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Dessa forma, o Agosto Dourado está em acordo com as atuais políticas públicasbrasileiras neste assunto, e é de fundamental importância para a fomentação e ampliação da amamentação infantil. Portanto, com base nestes aspectos, ciente dos impactos da amamentação na saúde pública, a Liga AcadêmicaNorte Mineira de Saúde da Criança da Universidade Estadual de Montes Claros (LANSAC-UNIMONTES) desenvolveu no mês de Agosto de 2018, com o apoio de professores e da Prefeitura de Montes Claros atividades em prol da capacitação de acadêmicos na orientação adequada de gestantes, puérperas e agentes de saúde a respeito daamamentação materna. MÉTODOS Entre os meses de julho e agosto de 2018 os acadêmicos de medicina membros da LANSAC e da LigaAcadêmica Norte Mineira de Ginecologia e Obstetrícia (LANGO) da UNIMONTES planejaram a ação Agosto Dourado. Primeiramente, os alunos solicitaram apoio à Prefeitura de Montes Claros através da Secretaria de Saúde, obtendo uma resposta positiva desta, a fim de promover a conscientização sobre a importância da amamentação.as preceptoras Ana Paula Figueiredo Guimarães de Almeida (Médica de Saúde da Família e Comunidade, Docente do curso de Medicina da Unimontes e Universidades Integradas Pitágoras) e Katyane Benquerer Oliveira

3 115 de Assis (Médica de Saúde da Família, Docente do curso de Medicina da Unimontes) auxiliaram na organização da ação. Foram confeccionados dois banners contendo a arte do projeto (Figura 1) que foram afixados no painel de avisos das UBS Antônio Pimenta e José Corrêa Machado. Também foram entregues 50 convites aos agentes comunitários de saúde para que estes fizessem a busca ativa das gestantes e puérperas dos respectivos bairros. É válido ainda ressaltar que essa divulgação também se deu pelas redes sociais. Por fim, no dia 07 de agosto de 2018, a professora Ana Paula Figueiredo de Almeida realizou uma capacitação aos alunos sobre o tema na Unimontescom base no material intitulado Promovendo o aleitamento materno (Ministério da Saúde, 2007). Figura 1. Modelo de arte utilizada nos banners e convites de divulgação da ação. Fonte: elaborado pelos autores do trabalho. RESULTADOS A ação Agosto Dourado foi desenvolvida com pauta em ação educativa realizada em 2 momentos na UBS Antônio Pimenta (Figura 2) e José Corrêa Machado (Figura 3), onde foi delineada uma exposição acerca da importância do aleitamento materno.

4 116 Figura 2. Ação realizada na UBS Antônio Pimenta. Fonte: elaborado pelos autores do trabalho. Figura 3. Ação realizada na UBS José Corrêa Machado. Fonte: elaborado pelos autores do trabalho. A ação objetivou a promoção da educação em saúde para a equipe e a comunidade por meio de exposição de temas, esclarecimento de dúvidas e orientações pertinentes aos temas abordados. Houve grande envolvimento do público abordado, que teve participação preponderante e passível de fortalecer o objetivo da atividade. Nessa perspectiva, o aleitamento materno é ator fundamental na promoção e proteção da saúde, tendo respaldo nos benefícios fisiológicos e psíquicos advindos com sua atuação. (DE OLIVEIRA, 2017). A atividade desenvolvida abrangeu cerca de 50 pessoas envolvendo a comunidade e os funcionários da UBS. Os temas abordados foram: vantagens para o bebê, a mãe, o pai e a

5 117 família; porque não usar chupeta, mamadeira, chuca ou protetor de mamilo (bico intermediário); não existe leite fraco; posicionamento, pega e técnica de amamentação; retirada do leite do peito; amamentação exclusiva; problemas mais frequentes na amamentação; mitos e tabus sobre a amamentação; legislação brasileira na proteção à amamentação e como os serviços de saúde podem apoiar a amamentação.as vantagens do aleitamento materno foram abordadas de forma congruente, reforçando os pontos de impacto na saúde do bebê, da mãe, do pai e da família. A dinâmica ocorreu, principalmente, pautada em perguntas pré-selecionadas pelos acadêmicos e lançadas ao púbico participante, esperando, dessa maneira, reconhecer o conhecimento prévio do grupo. Dessa forma, ao responder os questionamentos feitos à sua maneira, o grupo fora encorajado a participar ativamente da discussão e assim construir seu conhecimento de forma mais solidificada. Finalizando a dinâmica e demais explicações, foi salientado que os serviços e profissionais de saúde podem auxiliar no processo de aleitamento materno de modo contínuo, nos períodos pré-natal, no parto e no puerpério. Através de realizações de grupos de apoio à gestante e enfatizando que os profissionais de saúde devem acompanhar o processo de amamentação, crescimento e desenvolvimento da criança. CONCLUSÃO O projeto Agosto Dourado contribuiu para o esclarecimento das dúvidas e questionamentos impostos pelos participantes.a presente ação também proporcionou aos acadêmicos a oportunidade de aprendizado e desmitificação de crenças e tabus ligadas à amamentação, bem como uma melhor preparação para atendimentos futuros no serviço básico de saúde. Envolver os serviços de saúde é de fundamental importância para estimular a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade evitando, assim, o desmame precoce e contribuindo para a diminuição do índice de mortalidade e das doenças infecciosas.ainda assim, é necessário que haja uma maior divulgação e conscientização sobre a importância desta ação a fim de que o índice de amamentação aumente juntamente com a qualidade de vida dos bebês e de toda a família.

6 118 REFERÊNCIAS ARAUJO, Olívia Dias de et al. Aleitamento materno: fatores que levam ao desmame precoce. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 61, n. 4, p , Agosto, 2008 BOCCOLINI, C. S. et al. Padrões de aleitamento materno exclusivo e internação por diarréia entre 1999 e 2008 em capitais brasileiras. Ci. e Saúde Coletiva, v. 17, n. 7, p , BRASIL. lei nº , de 12 de abr. de Institui o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno. Brasília, DF, abr BURNS, D.A.R. et al. TRATADO DE PEDIATRIA: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. 4. ed.barueri, SP: Manole, CESAR, J. A. et al. Impact of breast feeding on admission for pneumonia during postneonatal period in Brazil: nested case-control study. B. M. J, v. 318, p ,1999. COLLABORATIVE GROUP ON HORMONAL FACTORS IN BREAST CANCER. Breast cancer and breastfeeding: collaborative reanalysis of individual data from 47 epidemiological studies in 30 countries, including women with breast cancer and women without the disease. Lancet, v. 360, p , DE OLIVEIRA, Camila Martins et al. Promoção do Aleitamento Materno: intervenção educativa no âmbito da Estratégia de Saúde da Família. EnfermagemRevista, v. 20, n. 2, p , DEWEY, K. G. Is breastfeeding protective against child obesity? J. Hum. Lact., v. 19, p. 9-18, GRAY, R. H. et al. Risk of ovulation during lactation. Lancet, v. 335, p , HORTA, B. L. et al. Evidence of the longterm effects of breastfeeding: systematic reviews and meta-analysies. Geneva: WHO, JONES, G. et al. How many child deaths can we prevent this year? Lancet, v. 362, p , 2003.

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8 120 infant mortality: effect of breastfeeding on infant and child mortality due to infectious disease s in less developed countries: a pooled analysis. Lancet, v. 355, p , 2000.