PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO
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1 ORDEM DOS ADVOGADOS CNEF / CNA Comissão Nacional de Estágio e Formação / Comissão Nacional de Avaliação PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO 18 de Julho de 2009 GRELHAS DE CORRECÇÃO RGF / RNE
2 DEONTOLOGIA PROF. 6 valores RGF e RNE A) Tema: Segredo Profissional a. Regra do SP e Ordem Pública do Dever de Segredo [(0,50) artºs 87º EOA e CDAE] b. Diferenças entre a previsão dos artºs 87º e 108º EOA. (0,75) c. Referência ao Regime da dispensa e autorização prévia do SP (0,25). Jurisprudência Correcta Factores de Valorização da alínea A) (sem exceder a sua pontuação máxima possível): Referência aos órgãos competentes e regime de recurso na dispensa. (0,25) Referência às consequências da violação do segredo profissional (Responsabilidades Disciplinar, Civil e Criminal) e os seus efeitos sobre a prova. (0,25) B) Tema 1: Autonomia e Independência Técnica Artºs 76º, nº 1 e 84º da EOA e 6º, nº 2 da Lei nº 3/99 LOFTJ O Advogado como o dominus litis isto é como único e exclusivo responsável quanto à orientação e decisões técnicas a tomar no aconselhamento e cada assunto que lhe é confiado pelo cliente. (0,35)
3 Referência aos afloramentos do principio nos artºs 68º, nº3 e 76º, nº4 do EOA (0,15) Jurisprudência Correcta Tema 2: Responsabilidade Civil Profissional Dever de Competência do Advogado Artºs 93º, nº2 e 95º, nº1, al. b) do EOA (0,50) Referência ao fundamento da responsabilidade civil profissional, consistente na acção ou omissão do Advogado, merecedores de censura deontológica, equivalente ao denominado erro de oficio ou falta indesculpável, apreciados segundo o critério de diligência de um bom pai de família. O dever de competência como dever de meios e não de resultado (0,50) Jurisprudência Correcta. Factores de Valorização do Tema 2 B) (sem exceder a sua pontuação máxima possível) Referência à natureza contratual ou extra-contratual da responsabilidade civil profissional (0,25) Referência ao afloramento constante da alínea i), do artº 86º EOA (0,25) C) Tema: Imunidades e Garantias Profissionais dos Advogados Necessidade da liberdade de expressão e livre actuação do advogado com uma exigência do Estado de Direito Democrático e da realização da Justiça. Preâmbulo do CDAE (0,25) Artº 208º CRP A lei assegura aos advogados as imunidades necessárias ao exercício do mandato e regula o patrocínio forense como elemento essencial à administração da Justiça (0,75)
4 Artº 114º, nº3 da LOFTJ, Lei nº3/99 de 13.JAN. garantia do direito ao livre exercício do patrocínio e ao não sancionamento pela prática de actos conformes ao estatuto da profissão (0,75) Licitude das expressões e imputações indispensáveis à defesa da causa (Artº 154º, nº2 do CPC) (0,50) Dever preponderante que impende sobre o Advogado de defesa do Estado de Direito (Artº 85º, nº1) e dos interesses legítimos do cliente (Artºs 92º, nº2, 105º, nº1, 2ª parte, EOA e 4.3 do CDAE) (0,50) Salvaguarda e garantia da independência do Advogado Artº 84º EOA (0,25) Factor de valorização da alínea C) (sem contudo exceder a sua pontuação máxima possível) Referência ao nº20 dos Princípios Básicos Relativos à Função dos Advogados aprovada pela Assembleia da ONU: Os advogados gozam de imunidade civil e penal por todas as afirmações pertinentes feitas de boa fé, por escrito ou em alegações orais ou no âmbito das suas intervenções profissionais perante um tribunal judicial ou outro ou uma autoridade administrativa (0,50)
5 II P.P. CIVIL 7 valores RGF 5,5 valores - RNE I QUESTÃO (4,5 valores) Pretende-se a elaboração de contestação à petição constante da prova. Na valoração global de 4,5 valores, deverão ser, concretamente, ponderadas as questões seguintes, para as quais se sugerem cotações parciais, com o propósito de ser objectivada a respectiva correcção: Correcto endereçamento da peça ao tribunal.0,10 valores Correcta identificação das partes.0,10 valores Correcta dedução da excepção de incompetência territorial... 0,85 valores Correcta dedução da excepção de ilegitimidade passiva.0,85 valores Correcta dedução da excepção de caducidade...0,5 valores Correcta menção dajunção de procuração forense, comprovativo do pagamento da taxa de justiça e duplicado (excepto, quanto a este, se for indicado na peça que o acto é praticado via Citius)...0,15 valores II QUESTÃO Deduzir oposição, nos termos da alínea b) do art. 388º do C.P.C., alegando os factos ou produzindo as provas que não tenham sido tomadas em conta pelo Tribunal e que teriam originado decisão diferente. (0,5 valores) Nos termos do nº 2 do art. 388º do CPC, o Tribunal aprecia os novos factos e provas e profere decisão que constitui complemento e parte integrante da inicialmente proferida. Esta decisão é passível de recurso (0,5 valores)
6 III QUESTÃO (RGF) Nos termos do nº 3 do art. 490º do C.P.C. o desconhecimento, pela parte, de factos que lhe são pessoais (como é, indiscutivelmente, o facto de ter assinado um documento) equivale a confissão, pelo que terá decidido mal o Senhor Juiz. (1 valor) O despacho sobre as reclamações só poderá ser objecto de impugnação no recurso que venha a ser interposto da decisão final (art. 551º, nº 3 do C.P.C.) (0,5 valores)
7 III P.P. PENAL 7 valores RGF 5,5 valores - RNE I a) Requerer a abertura da instrução ou aguardar pela notificação do despacho que designa dia para a audiência de julgamento e apresentar contestação (arts. 287º, n.º 1, al. a), 312º e 315º do C.P.P.). COTAÇÃO: 1 valor b) Requerimento de abertura da instrução (arts. 287º, n.º 1, al. a) do C.P.P.). - Dirigido ao Juiz de Instrução Criminal. Requerimento não carece de forma articulada, contudo, deve conter os requisitos constantes do n.º 2 do art. 287º do C.P.P.. Taxa de justiça (art. 8º, n.º 2 a contrario, n.º 5 e Tabela III do Regulamento das Custas Processuais). COTAÇÃO: 1 valor c) - Deduzir pedido de indemnização civil (arts. 71º e 74º do C.P.P.), nos prazos previstos no art. 77º, n.ºs 2 ou 3, consoante a verificação das circunstâncias aí descritas. COTAÇÃO: 0,5 valores - Elaboração da peça processual (arts. 71º, 74º, 77º e 79º do C.P.P. e 483º do Código Civil). COTAÇÃO: 2 valores
8 II (RNE) / III (RGF) - Trata-se de julgamento na ausência. - A sentença não transita em julgado antes da notificação pessoal da sentença (art. 333º, n.º 5 C.P.P.), e a prisão só pode ser executada depois do trânsito em julgado (art. 467º, n.º 1 do C.P.P.). - Providência de Habeas Corpus: art. 222º, n.º s 1 e 2, al. b) do C.P.P.. COTAÇÃO: 1,5 valores - O efeito pretendido é o de um meio célere que ponha fim à prisão ilegal - é essa a finalidade da petição de habeas corpus. A interposição de recurso não seria, por isso, o meio mais adequado. Todavia, a elaboração do recurso será valorada com a cotação de 0,5 valores, tendo em atenção a seguinte grelha: - arts. 399º, 401, n.º 1, al. b), 406º, n.º 1, 407º, n.º 2, al. a) e 408º, n.º 1, al. a) do C.P.P.. Taxa de justiça (art. 8º, n.º 5 e Tabela III do Regulamento das Custas Processuais). II (RGF) Explicação sumária de que imediatamente solicitaria prazo para consulta e exame dos autos e para conferenciar com o arguido e, subsequentemente, em requerimento ditado para a acta, nos termos do art. 67º, n.ºs 2 e 3 do C.P.P., requereria o adiamento do acto processual, por não se revelar suficiente a interrupção, para conferenciar com o arguido e examinar um processo com 3 volumes principais e 5 apensos, e muito embora aquele arguido não fosse o requerente da instrução, esta fase aproveita a todos os arguidos, quer a tenham requerido ou não, como resulta do art. 307º, n.º 5 do CPP. COTAÇÃO: 1,5 valor
9 IV ÁREAS OPCIONAIS (RNE) P.P. TRIBUTÁRIAS 1,5 valores a) O meio processual de reacção é a reclamação prevista no artigo 276.º do CPPT. O prazo é de 10 dias a contar da notificação da decisão [art. 277.º, n.º 1 do CPPT]. 0,5v b) Ultrapassando o valor da causa a respectiva alçada da 1ª instância, o recurso sobre matéria de facto em matéria tributária é da competência do Tribunal Central Administrativo, secção do contencioso tributário [art. 280.º n.º 1 e n.º 4 do CPPT e art. 38.º n.º 1 alínea a) do ETAF]. 0,5v c) Sim. O meio processual é o processo de impugnação judicial (artigo 99.º do CPPT). O prazo de impugnação judicial, relativamente aos responsáveis subsidiários, é de 90 dias a contar da citação para a execução fiscal [art. 102.º, n.º 1, alínea c), do CPPT]. 0,5v P.P. ADMINISTRATIVAS 1,5 valores Critérios de Correcção 1) 1,00 v Acção administrativa especial de impugnação de acto (artº 46º, 2-a) 0,10 CPTA) Competência do STA (art. 24º, a-iii) ETAF) 0,20 Legitimidade activa (art. 9º, 1 e 55º, 1, a) CPTA) 0,05 Legitimidade passiva do Conselho de Ministros (art. 10º, 2 CPTA) 0,05
10 Impugnabilidade do acto (art. 51º CPTA) 0,15 Prazo de impugnação (art. 58º CPTA) 0,20 Suspensão da eficácia (art. 112º, 2, a) CPTA + artº 128º CPTA e 0,25 outras referências em matéria cautelar. 2) - 0,50 v Caracterização da intimação para protecção de direitos, liberdades e 0,15 garantias (artº 109º CPTA) e sua subsidiariedade em relação à tutela cautelar decretamento provisório da providência (artº 131º CPTA) Providência cautelar adequada ao caso: Intimação para abstenção de 0,15 comportamentos (art. 112, 2, f)cpta) Forma de processo adequada ao caso: acção administrativa comum 0,10 de tipo inibitório (art. 37, 2, c)cpta) Prazo de impugnação (artº 41º CPTA) 0,10 P.P. LABORAIS 1,5 valores 1) O empregador pode requerer a exclusão da reintegração nas situações previstas no art. 392.º, CT. No caso concreto, não se trata de uma microempresa (art. 100.º, n. 1, al. a), CT). No entanto, se o trabalhador ocupar um cargo de administração ou direcção o empregador poderá fazer tal requerimento. Deste modo, a afirmação é incorrecta. (0, 5 v) 2) Nos termos do art. 194.º, n.º 2, CT, qualquer acordo relativo a esta matéria caduca ao fim de dois anos se não tiver sido aplicado, pelo que, no caso
11 concreto, dado que o acordo não foi aplicado nesse período, o empregador só poderá transferir o trabalhador nos termos gerais previstos na lei. Deste modo, a afirmação é incorrecta. (0, 5 v) 3) A afirmação é correcta pois a situação referida determina a suspensão do contrato de trabalho por facto respeitante ao trabalhador (art. 296.º, n.º 1, CT), e, nesse caso, o valor do subsídio de Natal é proporcional (art. 263.º, n.º 2, al. c), CT). (0, 5 v) P. INSOLVÊNCIA 1,5 valores 1) O contrato de trabalho não se suspende, nem cessa com a declaração de insolvência, nos termos do artigo 347º do Código de Trabalho. Aquando da assembleia de apreciação do relatório, os contratos de trabalho poderão cessar com uma eventual deliberação de encerramento do estabelecimento (artigo 156º nº2 a contrario). 2) Solicitaria uma procuração, com poderes especiais, para poder participar e votar validamente nas assembleias de credores e para apresentar a reclamação de créditos; solicitaria ainda cópia do contrato de trabalho; cópia dos recibos de vencimento e pediria nome morada e profissão de testemunhas para, caso viesse a ser necessário, poder provar que o trabalhador exerce a sua actividade na sede da empresa. Poderia ainda apresentar um requerimento no Fundo de Garantia Salarial para receber de forma mas célere os créditos salariais. 3) Apresentaria através de requerimento a reclamação de créditos nos termos do artigo 128º do CIRE, em que especificaria a origem, natureza, montante de capital e de juros do crédito. Juntaria documentos e indicaria testemunhas. A reclamação seria apresentada no domicílio profissional do Administrador de
12 Insolvência ou para aí remetida por via postal nos termos do artigo 128º nº 2 do CIRE). CONTRATOS 1,5 valores a) Em razão de o trespasse estar sujeito a escrito particular (art. 1112º, nº 3 CC), também a promessa de trespasse se encontra sujeita à mesma forma (art. 410º, nº 2 CC). Não se preenchem os requisitos exigidos pelo art. 413º CC para que se possa falar de uma promessa real (o estabelecimento comercial é um bem móvel não sujeito a registo e não está a sua aquisição sujeita a registo). A promessa terá sempre mera eficácia obrigacional. b) Há incumprimento definitivo do contrato-promessa, por efeito da recusa séria e definitiva em cumprir, não sendo aqui necessária qualquer interpelação admonitória para provocar o incumprimento definitivo e a resolução do contrato. O valor entregue pelo promitente-comprador configura um sinal, à luz do art. 441º CC (trata-se da compra e venda de um estabelecimento comercial). É admissível a exigência do dobro do sinal (art. 442º, nº 2, 2ª parte CC), tendo o promitente-comprador direito de retenção, pois estão preenchidos os pressupostos do art. 755º, nº 1, al. f) CC. Questionar-se-á se o dobro do sinal ( ) é adequado. É susceptível de invocação, com sucesso (embora aqui haja a relevar igualmente opinião contrária), o art. 812º CC, relativo à redução equitativa da cláusula penal, em virtude de aí se estabelecer um princípio mais vasto que visa impedir abusos ao nível do exercício de sanções compulsórias.
13 REGISTOS E NOTARIADO 1,5 valores a) Para concretizar o referido contrato a Ana e o João poderão recorrer ao contrato de compra e venda ou ao contrato de divisão de coisa comum. Será assim uma vez que o objecto do contrato tem a natureza de bem próprio; (artigo 875.º, 1403.º, 1413.º e 1722.º, todos do Código Civil) Um e outro contrato podem revestir a forma de escritura pública, documento particular autenticado ou, em alternativa, podem recorrer ao procedimento especial de transmissão e registo imediato de prédio urbano em atendimento presencial único. (artigo 875.º do Código Civil; artigo 22.º do DL 116/2008 de 4 de Julho e DL 263- A/2007 de 23 de Julho) (0,50) b) Proceder ao depósito electrónico do documento particular autenticado e de todos os documentos que o instruam através do sítio (n.º2 e n.º6 do art.º24, do DL 116/2008 e portaria 1535/2008 de 30 de Setembro); O autenticador deverá assegurar o pagamento do imposto de selo e o imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis. Facto que deve consignar no termo de autenticação onde deve constar o valor dos impostos e a data da liquidação, ou a disposição legal que preveja a sua isenção. (artigo 25.º do DL 116/2008, Verba 1.1. e 1.2 da TGIS; artigos 41.º, 23.º,n.º1 e 4 do Código do Imposto de Selo; Artigos 1.º, 4.º, 19.º todos do CIMT). (1 valor) DIREITO DAS SOCIEDADES 1,5 valores 1) A entrada da sócia D será no valor de ,00. A sócia D, não obstante ser titular de uma quota no valor de apenas 5.000,00, correspondente a 12,5% do capital social da sociedade, pode realizar a sua entrada
14 por um valor superior, atento o que resulta do artigo 25º, n.º 1 do CSC e, bem assim, da aplicação conjugada dos artigos 156º, n.º 2 e 195º, n.º 2, alínea a) e n.º 3, alíneas a) e b). 0,50 valores 2) O direito dos sócios à informação só será satisfeito se estes indicarem o motivo por que desejam obtê-la. O direito à informação dos sócios de uma sociedade por quotas encontra-se especificamente previsto nos artigos 214º e seguintes do CSC (concretização do direito reconhecido a todos os sócios na parte geral, no artigo 21º, n.º 1, alínea c)). Trata-se de um direito fundamental dos sócios que não carece de qualquer motivação para poder ser legitimamente exercido pelos respectivos titulares, ao contrário do que sucede, por exemplo, com o direito mínimo à informação previsto no artigo 288º, n.º1 do CSC para as sociedades anónimas. Deste modo, e apesar de o CSC permitir a regulamentação do direito à informação no contrato de sociedade, uma previsão como esta representaria uma restrição inaceitável ao exercício do direito à informação, o que faz com que a cláusula seja inválida artigo 214º, n.º 2 do CSC. 0,50 valores 3) A cessão de quotas é livre entre os sócios; no caso de cedência a estranhos a sociedade terá obrigatoriamente preferência na aquisição e se algum dos sócios pretender desistir da sua posição social sem alienar a quota ou não der o seu contributo para a realização do objecto social, pode ser excluído sem direito a indemnização, mediante deliberação dos votos correspondentes a 3/4 do capital social. A presente cláusula trata da cessão de quotas e da exclusão de sócio. No que respeita à cessão de quotas e ao estabelecimento de um direito de preferência, não se vislumbra qualquer violação da lei artigos 228º, 229º e 328º, n.º 2, alínea b) do CSC; artigos 414º e seguintes do CC. Já no que se refere à exclusão do sócio sem direito a indemnização, e nos termos vagos em que a cláusula está prevista, a mesma será inválida por atentar contra o regime imperativo previsto nos artigos 241º e 242º do CSC. 0,50 valores
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